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História Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - Vingança


Escrita por: NinaKurumada

Capítulo 17 - Vingança


Fanfic / Fanfiction Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - Vingança

Eram quase três da tarde e Gaya continuava dormindo profundamente. Pela manhã, Kanon pediu o desjejum no quarto e acabou comendo sua parte e a dela. Depois, pediu o almoço, mas quando chamou Gaya para se levantar e comer, ela resmungou que estava muito cansada e voltou a dormir.

Sentado numa poltrona, Kanon a observava. Ela estava deitada de lado, de costas para ele, coberta até a cintura pelo lençol. Os cabelos vermelhos estavam presos em uma trança. Há muito o cavaleiro não se sentia tão bem. A ruiva lhe despertava os sentimentos mais primitivos, mas também o fazia se sentir mais vivo e... mais feliz. Vê-la ali em seu quarto, dormindo tranquila, dava uma sensação de que era um casal comum, vivendo uma vida comum, num lugar comum. Contudo, a situação não era nada comum. Kanon era um cavaleiro desertor, Gaya era uma guardiã destituída de seu cargo, Las Vegas era uma cidade louca e feita de ilusões, como se ali fosse outra dimensão, e a casa de Kanon era um quarto luxuoso num dos melhores hotéis da cidade.

O lutador se deitou ao lado da moça e a abraçou, falando baixinho ao pé do ouvido:

— Ei, precisa comer alguma coisa, já passam das três da tarde.

— Hum? Essa cama está tão boa, sei que quer que eu vá embora, mas me deixe ficar mais um pouco.

— Só quero saber se você está bem. Não é normal dormir tanto.

— Passei meses sem dormir. Preciso recuperar o sono perdido — ela falava com os olhos fechados, sussurrando.

— Meses sem dormir? Por quê?

— Era uma das minhas punições, tinha de me abster do sono.

Kanon franziu a testa, consternado.

— Que outras punições aplicaram em você?

— Fui acorrentada e o lugar onde eu fiquei não tinha noite, apenas dia. Não havia água, nem vento, nem seres vivos.

— O que você bebia e comia?

— Nada.

— E como sobreviveu?

— Fiquei cadavérica, mas sobrevivi. Forseti se encarregou de me manter viva. Me permitiu absorver a energia do sol e das rochas. Entretanto, sem a natureza completa, sobrevivo precariamente. Era isso o que ele queria, me enfraquecer.

— Você sentiu dor?

Ela demorou alguns segundo para responder:

— Ah, fofinho, já passou — disse, aconchegando seu corpo ao dele. — Agora estou aqui com você, e está tão bom!

O cavaleiro a abraçou mais forte.

— Por isso foi pra cama com ele? Para ter alimento?

— Minha vida não corpórea não provém de alimentos como os seus. Eu absorvo a energia da natureza. Só preciso me alimentar quando estou na forma humana. Toda vez que me deitava com ele, Forseti me presenteava com um vaso de flores, ou um copo de água, ou um aquário cheio de peixinhos... Assim eu fui me fortalecendo.

— Filho da mãe!

— Isso mesmo, um filho da mãe! Me desejava há séculos, mas nunca me interessei por ele. Enquanto eu era guardiã, me fazia visitas constantes, tentando me persuadir. Prometia me dar um status mais elevado no panteão e me ajudar a proteger a natureza. Nunca dei ouvidos. Não precisava de ajuda com minha missão e nunca me passou pela cabeça conquistar um lugar de primeira dama entre os deuses.

— Quer dizer que ele tentou te comprar?

— Tentou e conseguiu. No meu cativeiro, Forseti encontrou uma maneira de me ter pra ele. Se não fossem os presentes dele, eu mal conseguiria me levantar do chão. Acredite, Kanon, você não me reconheceria se me visse. Eu estava como um cadáver.

— É isso que os deuses chamam de justiça? Não parece nada justo para mim.

— O panteão está uma loucura. Você lutou ao lado de Atena, sabe bem disso. As virtudes dos deuses são apenas mitos. Os deuses estão cada vez mais parecidos com os homens. São cruéis, ambiciosos, egoístas e invejosos.

— Então Forseti deixou você definhar para conseguir o que queria... Canalha!

— Só não contava que eu fosse mais esperta. Pedi um vaso de Whitania, disse que gostava das flores. Ele não sabia que eu poderia fazer um sonífero potente com ela.

Kanon beijou o ombro, o pescoço e as costas de Gaya.

— Fico feliz que tenha conseguido escapar. Eu detesto você, mas não quero que morra.

Gaya sorriu e se remexeu, encontrando uma posição mais confortável.

— Seu sarcasmo me emociona, Kanon. Mas agora me deixe dormir. Sinto meus olhos pesados, preciso descansar e aproveitar essa cama maravilhosa.

O cavaleiro soltou a trança, desprendendo os cabelos ruivos e enterrando seu rosto entre os fios que cheiravam a rosas.

— Gaya... Por que não esquece esse seu plano? Se te pegarem de novo, seu castigo será muito pior.

— Que plano?

— De tomar o Lugar de Atena.

Gaya sorriu e se virou para ele.

— Não tem plano nenhum. — Ela fechou os olhos e recostou a cabeça em seu peito, abraçando-o.

O coração do cavaleiro se agitou.

— Não minta. Odeio quando tenta me fazer de bobo.

— Eu estava brincando, lindinho. Você ia mesmo me ajudar?

— Gaya... não estou entendendo.

— Não quero tomar o lugar de Atena. Gosto dela. Além disso, como eu e você poderíamos vencer todos os cavaleiros? Não sou tão forte como antes. Meus poderes agora são quase nulos.

Ele se afastou e sentou na cama, apertando a testa.

— Está tentando me enlouquecer?

— Ah, fofinho, estou tão cansada... Podemos conversar mais tarde?

Ficando de pé, Kanon falou com a voz severa, obrigando Gaya a abrir os olhos.

— Eu tenho uma luta hoje à noite, não tenho tempo para esperar sua boa vontade. Preciso saber agora o que está tramando. Por que está aqui?

Gaya suspirou e se espreguiçou, esfregando os olhos.

— Cadê a comida?

Kanon colocou a bandeja sobre a cama. Gaya beliscou as batatas fritas, molhando-as no condimento.

— Essas foram duas das melhores invenções da humanidade, batata frita e ketchup.

— Gaya, fala logo. Por que veio atrás de mim? — O Dragão do Mar estava impaciente.

Ela comeu mais duas batatas e lambeu a ponta dos dedos.

— Já que me impediram de ser guardiã da natureza, quero viver a melhor vida humana que eu conseguir. Estou pouco me lixando para os assuntos dos deuses. Jamais gostaria de tomar o lugar de Atena. Agora eu só quero é ser feliz e desfrutar dos prazeres da vida. Mas... não tenho para onde ir. Não tenho família, nem casa, nem grana. Me perguntei se você ainda sentia algo por mim. Resolvi arriscar.

— Não acredito em você. Está mentindo. Já chega dessa palhaçada! Não sou tão tolo como você pensa.

Ela revirou os olhos e se deitou de novo, cobrindo-se com o lençol.

— Por que este quarto está tão gelado?

— Não mude de assunto — ele esbravejou.

— Estou dizendo a verdade.

— Sei que está me escondendo alguma coisa.

Gaya respirou fundo.

— O Forseti virá atrás de mim para se vingar. Não posso enfrentá-lo sozinha e prefiro morrer a voltar para aquela prisão terrível.

A garota bocejou e ajeitou o travesseiro.

— Quer que eu te proteja? — ele indagou.

— Namorados fazem isso, não? — Gaia deu de ombros.

— E desde quando sou seu namorado?

— Desde ontem à noite.

Ele esfregou as mãos no rosto, com medo de acreditar em toda aquela conversa. Não queria ter o coração partido de novo. Balançou a cabeça e sentiu a raiva dominar seu coração.

— Tem certeza de que roubou o corpo de uma striper? Não foi de uma atriz? Quase consegue me convencer. Sua falsidade chega a dar nos nervos. Vista sua roupa e saia.

O semblante de Gaya ficou triste.

— Kanon, por favor, não me rejeite.

— Me poupe dessas lágrimas ridículas!

— Fofinho, olha pra mim. — Ela se levantou nua e caminhou até ele. — Por que não acredita do que estou dizendo?

Ela o toucou no braço. O lutador pegou as mãos da garota e colocou sobre sua cabeça.

— Leia minha mente, Gaya, já fez isso uma vez. Faça de novo!

— Um poder... estou fraca, não posso.

— Vamos, faça o que eu mandei.

Ela suspirou e fechou os olhos. Alguns segundos se passaram até que ela abriu os olhos e, com o semblante abatido, disse:

— Foram muitas escolhas erradas.

— Isso mesmo. Estou cansado de escolhas erradas.

Kanon se afastou, vestiu uma jaqueta e pegou a carteira em cima da mesa, colocando-a no bolso.

— Tem um maço de dinheiro no criado mudo. Pegue-o e dê o fora daqui. Quando eu voltar, não quero ver você aqui. Na verdade, não quero ver você nunca mais.

Ele caminhou para a porta.

— Kanon, por favor, não me faça implorar.

— Deixe-me em paz! Mesmo que estivesse dizendo a verdade, não quero me meter na briga entre você e os deuses. Minha vida está muito boa, não preciso de problemas. Muito menos os seus problemas. — Ele saindo, batendo a porta e Gaya caiu de joelhos, desapontada.

 

Kanon ficou circulando entre os cassinos até chegar a hora de sua luta. Bebeu algumas doses de tequila para tentar parar de pensar em Gaya. No vestiário, enrolava as faixas nos punhos e nas mãos, quando Jack entrou.

— Meu amigo, como está seu olho? Puxa, está ótimo. Nem parece que levou dois socos ontem a noite.

— O que tem pra hoje?

— Um grandalhão do Texas. Já ganhou dezenas de lutas no país todo. Se o vencer, ganharemos no mínimo, 30 mil dólares para cada um.

— E se eu perder?

— Acho que consigo de pagar uns 5 mil, depende da quantidade de apostas. Hoje a casa deve encher.

— Vou vencer, não se preocupe.

— É assim que se fala. Estarei esperando lá fora.

Kanon assentiu e Jack se retirou. O lutador olhou seu reflexo no espelho, o hematoma do rosto já tinha quase desaparecido. Sua recuperação sempre foi rápida. Pelo menos a recuperação física. Já seu coração... Kanon não se lembrava de um só dia em que seu coração não estivesse despedaçado. Respirou fundo, apertou as faixas, tirou a camisa e foi para o ringue.

 

Chegou ao hotel quase duas da manhã. Era cedo para Vegas. Pegou o elevador e subiu até o seu andar. Quando entrou no corredor, percebeu um movimento estranho. Havia muita gente indo e vindo, homens sérios, que o olhavam com curiosidade. Na porta de seu quarto havia um aglomerado de policiais e muito burburinho.

— O que está havendo aqui? — o lutador indagou.

— Senhor Kanon, estávamos a sua espera. — dois policias o seguraram e o algemaram com as mãos para trás.

— Que palhaçada é essa?

— O senhor está preso, senhor Kanon, suspeito de assassinato.

— O quê? Estão malucos?

— Onde esteve a noite toda?

As lutas eram clandestinas, assim como o lugar onde ocorriam. Não podia dizer a verdade.

— Fui a um show. O que está havendo?

Ele olhou por cima dos ombros dos policiais e conseguiu ver um corpo caído do chão, banhado de sangue. O rapaz estremeceu dos pés à cabeça.

— Gaya?! — Ele avançou para dentro do quarto.

— Não pode entrar! — Os policias tentaram o impedir em vão.

Ele se ajoelhou diante do corpo. Sentia-se aterrorizado.

— Gaya!

Não, não era Gaya. Era uma moça, possivelmente a garota de quem Gaya havia se apossado. O corpo era idêntico, mas o rosto e os cabelos muito diferentes. Estava toda ferida no abdômem, morta de forma brutal.

— Conhece essa garota? — O delegado perguntou.

— Não.

— Quem é Gaya?

— É outra garota, não essa.

— Tem certeza de que não recebeu essa garota ontem a noite em seu quarto?

— Eu não a matei.

O policial o olhava com desconfiança.

— O senhor terá de nos acompanhar para responder a algumas perguntas.

— Já disse que não a matei!

— Há uma garota esfaqueada no chão do seu quarto, senhor Kanon. O único que pode nos esclarecer o que houve aqui é o senhor. 

Se é inocente, não tem o que temer.

Kanon se levantou, rangendo os dentes de ódio e disse para si mesmo:

— Vagabunda! Matou a garota e deixou o corpo aqui pra me incriminar. Piranha vingativa! Ela me paga!

Os policias conduziram Kanon pelo hotel até a portaria e o colocaram dentro de uma viatura.



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