— Saori, não podemos confiar nesse cara. Ele é sinistro! — disse Seya.
— Pégaso está certo. Mesmo Gaya sendo uma ameaça para nós e para a Terra, nada garante que Forseti cumprirá o acordo — concordou Dohko.
— Mú, o que sabe sobre esse deus nórdico? — Atena perguntou.
O Cavaleiro de Áries fechou os olhos e suspirou. Levou alguns instantes para começar a falar:
— Sei apenas que Forseti é um deus muito respeitado tanto no panteão grego quanto no nórdico. Chamam-no de “O Justo” e a ele já levaram muitas causas difíceis de resolver. Os deuses mais nobres o estimam e os mais medíocres o temem. Há muitas lendas envolvendo o nome dele. Dizem que até mesmo Hades nunca teve coragem de contrariá-lo. Mas tudo isso são rumores, não posso afirmar com convicção.
— De qualquer forma, precisamos capturar Gaya e impedí-la de causar mais problemas para a humanidade — disse Saori. — Se ela está de volta, é para concretizar os planos que impedimos.
— Droga! Pensei que essa inimiga já era passado! — Seya bufou.
— É uma inimiga que não podemos subestimar — Dohko falou. — Ela tem um cosmo poderoso, mas não foi forte o bastante para nos derrotar. Contudo, tem um poder de persuasão inigualável e conseguiu causar muitas dissensões entre nós.
— Kanon... — Saori suspirou.
— Kanon assumiu abertamente a escolha que fez, mas sabemos que não foi só ele que ficou abalado pelo discurso de Gaya. Não podemos esquecer que ela nos trouxe de volta à vida e muitos dos cavaleiros temem voltar para o mundo dos mortos.
— Acha que alguns podem desertar caso haja uma nova luta contra Gaya? — Mú indagou a Dohko.
Atena e Seya também olharam espantados para o Mestre Ancião. Dohko suspirou fundo:
— Acho que essa geração de cavaleiros lutou mais batalhas do que deveria. Já estão fartos. Uma vez que experimentaram o sabor amargo da morte, pode ser que a temam agora mais do que antes. Principalmente porque muitos de nós começaram a conhecer os pequenos prazeres de uma vida humana comum. Mesmo todos sendo totalmente leais a Atena, quando entra em jogo o amor, a família, a paixão, é difícil lutar por uma única causa.
— Por isso um cavaleiro deve ser solitário. As paixões nos roubam o foco. — Mú fechou os olhos, pesaroso.
— Tem razão, Mú — concordou Dohko. — Mas nem todos conseguem trilhar o caminho da castidade.
— O que acham que devemos fazer? Devo me entregar a Forseti? — Saori perguntou, com os olhos úmidos.
— Não! De jeito nenhum. Eu jamais permitirei — Seya bradou.
O Mestre Ancião, com uma expressão serena que demonstrava total autocontrole, disse em tom catedrático:
— O primeiro passo é convocar todos os cavaleiros. Em seguida, capturar Gaya evitando ao máximo um confronto. Eu e Mú vamos em busca de mais informações sobre Forseti. Temos dois dias até que ele retorne. Está de acordo, Atena?
— Sim, façam o que for necessário para trazê-la, eu providenciarei que todos os cavaleiros estejam aqui em algumas horas.
Antes de meia noite, onze cavaleiros de ouro, os cinco de bronze e as quatro amazonas estavam reunidos na sala principal da mansão Kido. O silêncio pairava no lugar e o clima era pesado. Hilda conduziu Shunrei, Seika, Lyfia e Freya para outra sala. A presença delas não era conveniente naquele momento. Aldebaran estava de pé, com os braços cruzados e o rosto contraído. Olhava pela janela como um cão de guarda. Camus havia abandonado o ar descontraído e alegre, voltou a usar suas roupas formais e o semblante sério e triste. Ikki também não sorria, seu rosto estava tenso, formando rugas na testa, evidenciando que sua mente estava a mil por hora. Na verdade, ninguém sorria. Shun olhava para cada amigo, lembrando-se da alegria deles mais cedo no churrasco, celebrando a vida, a amizade e o amor. Agora todos pareciam preocupados, infelizes e decepcionados. A esperança estava sendo esmagada pelo pessimismo. Mais uma batalha se aproximava e o gosto amargo da morte já podia ser sentido.
Saori também estava consternada. Não queria que aqueles homens e mulheres se ferissem nem perdessem toda a alegria que haviam conquistado. A missão de ser a deusa Atena nunca lhe pareceu tão indesejada. Se pudesse, renunciaria e libertaria seus cavaleiros de seus juramentos, deixando-os livre para irem embora. Mas, mesmo que ela se entregasse a Forseti e poupasse a todos de um luta contra Gaya, o que seria da Terra e da humanidade?
— Vamos ficar aqui a noite toda como se estivéssemos em um velório? — Saga se levantou da poltrona. — Já sabemos que o Kanon está em Las Vegas, Forseti disse que Gaya está com o meu irmão. Vamos até lá pegá-los!
— Gaya não irá se entregar e Kanon não permitirá que a capturemos. Precisamos de um plano descente — disse Shura.
— Do que estão com medo? Já os derrotamos uma vez — Aldebaran indagou.
— Não podemos chegar lá quebrando tudo. Há muitos civis em uma cidade como Vegas — explicou Aiolia.
— Então vamos à paisana, disfarçados entre os turistas. Vigiamos Kanon e Gaya até encontrarmos uma oportunidade de os capturamos — Máscara da Morte sugeriu.
— Somos famosos no mundo todo, jamais passaremos despercebidos — Afrodite ergueu uma sobrancelha.
— Ah, gente, qual é?! Só temos 48 horas. Vamos chegar lá, encher o Kanon de porrada, enfiar os dois no avião e voltar pra cá. — Ikki se levantou, impaciente.
— Por que não os atraímos para o deserto? — Shiryu falou e todos se voltaram para ele. — Las Vegas é uma cidade lotada de gente, mas está no meio de um deserto não é? Podemos atrair Gaya e Kanon para lá. Se houver uma batalha, pelo menos não colocaremos civis em risco.
— É uma boa ideia — Aiolos aprovou.
— Vamos logo pegar o avião, no caminho a gente decide o que vai fazer. Kanon pode ser um traidor mas não é imbecil. Não vai ser fácil atraí-lo para uma armadilha — disse Saga, pegando uma mochila, jogando-a nas costas e abrindo a porta da mansão. O que estão olhando? Vamos logo!
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