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História Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - Um Deus Falso


Escrita por: NinaKurumada

Capítulo 25 - Um Deus Falso


Fanfic / Fanfiction Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - Um Deus Falso

— Acha que nos intimida com essa cara feia? — Saga ficou à frente de todos. — Não vamos entregar ninguém a um mentiroso usurpador como você.

— Que calúnia é essa agora? Não me digam que Gaya conseguiu persuadi-los de que eu sou o vilão da história?!

— Suas mentiras foram descobertas, Forseti. É melhor renunciar agora. Sabe muito bem que o destino para enganadores como você é o inferno — Shaka ameaçou.

O semblante indiferente de Forseti se contraiu levemente. Ele deu um sorriso acuado e caminhou em direção à Gaya.

— Vou levar esta prisioneira fugitiva. Acredito que todos aqui concordam que a vida de Atena é mais preciosa. Sua dívida está paga, Atena.

Kanon se levantou, sustentando Gaya com uma das mãos. Acendeu o cosmo com tanta violência que seus longos cabelos voaram para cima e, com a mão livre, golpeou Forseti. O deus da justiça foi surpreendido por tamanha força e o golpe lhe acertou o rosto, lançando-o a alguns metros de distância. Ele caiu de pé, mas um filete de sangue escorreu do canto do lábio.

— Como se atreve?!

— Não vou deixar que encoste essas mãos imundas em minha mulher. Seu impostor depravado! É você quem deve apodrecer na prisão, sem alimento nem água, até secar os ossos e virar pó. Homens como você jamais deveriam ter nascido.

— Ora, Kanon, o que um traidor como você pode dizer? É um cavaleiro fracassado e pérfido. Você e Gaya parecem ter sido feitos um para o outro.

— Posso ser um traidor e um fracassado, mas se eu tivesse uma irmã, jamais teria desejo por ela.

Forseti arregalou os olhos e travou os dentes.

— Cale-se!

— Admita!

— Isso é uma calúnia! — Forseti acendeu o cosmo e, sem mover os punhos, lançou um enorme poder contra Kanon, que se virou de costas e abraçou Gaya, protegendo-a. Os dois voaram pelos ares e caíram na terra. Gaya despertou de seu sono e viu Kanon abraçado a ela, com as costas feridas.

— Querido!

— Gaya, fuja daqui. Ele é muito forte — a voz do Dragão do Mar saiu como um gemido.

Gaya se sentou e tirou Kanon de cima de si, deitando-o de lado.

— Kanon, meu amor, você está bem? — ela tocou o rosto dele.

Com dificuldade, ele abriu os olhos e se levantou, mantendo Gaya atrás de si.

Todos ainda estavam perplexos e sem saber como agir. A prioridade era defender Atena, mas isso incluía entregar Gaya em seu lugar. Por outro lado, aquele mais parecia um falso deus. Como poderiam entregar alguém nas mãos daquele lunático?

Saga viu os ferimentos do irmão e a determinação em proteger a mulher que amava. Não conseguia ficar indiferente. Kanon era seu irmão gêmeo e Saga não poderia simplesmente vê-lo lutar até a morte.

— Vamos acabar com esse libertino! Explosão Galáctica!

Shaka, Mú e Dohko cercavam as Amazonas e Atena.

— Marin, não saiam de perto de Atena — ordenou Dohko e a amazona assentiu.

Os demais cavaleiros atacaram de uma só vez:

— Pó de Diamante!

— Agulha Escarlate!

— Corrente de Andrômeda!

— Cólera do Dragão!

— Ave Fênix!

— Meteoro de Pégaso...

Forseti não precisou mover nem um braço para golpeá-los e deixá-los no chão, completamente feridos. Cada explosão de seu cosmo parecia uma bomba capaz de detonar um prédio inteiro. Mesmo com as armaduras, seus corpos foram retalhados em cortes e escoriações de cima abaixo. A dor era lancinante.

— Que cosmo é esse? Ele nem ao menos se moveu! — Ikki não podia acreditar que um homem tão detestável era também tão poderoso.

— Não se impressionem. A minha vida inteira fui muito bem relacionado, recebi presentes de vários deuses e deusas, esses presentes consistiam em novos poderes, que eu fui acumulando ao longo dos séculos. Posso dizer a vocês que com Hades e Odin fora do caminho, sou um dos mais poderosos deuses. Nem Atena é páreo para mim. Entreguem-me Gaya se querem permanecer vivos.

Dohko e Shaka acenderam o cosmo e deram um passo à frente.

— Não será tão fácil como pensa, Forseti — disse o Cavaleiro de Virgem. — Prepare-se para uma luta justa! Rendição Divina!

Forseti se viu cercado por uma explosão cósmica incrivelmente poderosa, fazendo cada centímetro do seu corpo querer expandir além do limite. Sentiu seus músculos e ossos esticarem e não conseguiu controlar o grito de dor.

— Shaka, seu miserável, vai se arrepender. Cetro da Justiça! — Forseti contra atacou arremessando uma espécie de lança, o Cavaleiro de Virgem conseguiu desviar da primeira, mas outra veio logo em seguida e cravou em seu peito, estilhaçando a armadura e perfurando uma área bem próxima do coração. Shaka caiu estirado e logo uma poça de sangue se formou em torno de si.

— Shaka! — Saori gritou e começou a chorar. Milo se ergueu, com o rosto cheio de hematomas e os olhos marejados.

— Forseti, você foi longe demais! Agulha Escarlate de Antares! — Antes que conseguisse cravar os dois dedos no peito de Forseti, o deus da justiça esticou um dos braços com a mão espalmada e o lançou contra uma rocha, que partiu ao meio.

— Cólera dos Cem Dragões — foi a vez de Dohko atacar. Com os braços estendidos, liberou toda a sua energia através de uma onda de choque devastadora. Forseti cruzou os punhos para se defender, mas o golpe era forte demais. Acertou em cheio no peito, trincando sua armadura acobreada e fazendo-o cair de joelhos.

— Ora, seu imbecil! Morra! — Forseti se levantou e se preparou para um golpe extremo.

— Mestre! — Gritou Shiryu, entrando na frente de Dohko para defendê-lo com seu escudo.

Uma explosão ofuscou a visão de todos. Ficaram alguns sem conseguir abrir os olhos devido à luz intensa.

Quando conseguiram abrir os olhos, viram Gaya interceptando o poder de Forseti com uma das mãos, impedindo que Shiryu fosse ferido.

Até mesmo Saori ficou admirada com tamanha demonstração de força.

— Já chega! Não vou deixar que machuque esses rapazes por minha causa. Como deus da justiça, já deveria saber que eles já lutaram muito mais do que lhes era destinado e que é justo que vivam em paz daqui pra frente.

Forseti abrandou o cosmo e abaixou as mãos.

— Ora, ora, de onde tirou tanta força, meu bem? Pensei que estivesse se rastejando por aí e por isso foi atrás desse pobre coitado do Kanon em busca de proteção.

— Você pensou errado, não fui em busca apenas de proteção, mas de um pouco de amor. Você nunca entenderia isso.

— E é essa coisa ridícula chamada amor que te deu forças para interceptar meu golpe?

— Estou fraca, mas ainda consigo enfrentar você.

— Não seja ridícula. Está caindo aos pedaços desde que fugiu da prisão.

— Você não é tão forte como prega, Forseti. É um deuzinho de quinta, deveria estar limpando o chão de Odin ao invés de se meter à besta contra Atena.

— E você? Não tem nem mesmo um corpo. É uma inútil. Aprendeu com as ninfas a ser uma vagabunda e se atreve a usar esse ar superior contra mim. Sinto vontade de rir de você.  

— Por que não nos deixa em paz? Volte para seu reino. Entregue-me ao juízo de Atena. Ela saberá o que fazer comigo.

— De jeito nenhum! — ele vociferou. — Você é minha!

— Está obcecado. Não é justiça o que você quer.

Forseti resolveu mudar o tom.

— Venha comigo Gaya. Fique ao meu lado. Prometo não fazer mal a você. — Gaya baixou os olhos, sentindo medo. — Não tenha medo, venha comigo e prometo deixar seus amigos em paz.

Gaya olhou para Kanon, era um olhar triste. Se ela fosse com Forseti, nunca mais veria o Dragão do Mar, contudo ela pouparia a vida dele e dos outros cavaleiros. Forseti era mesmo muito forte.

— Nem pense nisso. — Kanon se aproximou e colocou as mãos nos ombros dela. — Você não sabe quem ele é.

— Ele é um deus, eu sei.

— Ele é seu irmão, Gaya — Kanon revelou.

Ela escancarou os olhos de uma maneira terrível. Seu estômago revirou e um gosto amargo se espalhou pela boca.

— Do que está falando, Kanon? Está louco?

— É verdade. Ele é seu irmão adotivo, mas ainda assim é seu irmão — Saga confirmou.

Gaya respirou um pouco aliviada, mas mesmo assim era uma informação terrível.

— Não pode ser. Eu me lembraria.

— Foi ele quem abandonou você na floresta onde as ninfas te encontraram — Ikki se aproximou.

— Que história é essa?

Shaka estava no chão, sem poder se mover para evitar que a lança perfurasse seu coração. Estava de olhos fechados, mas estava acordado. Aiolia agachou diante dele e segurou a lança, emanando seu cosmo. Saka segurou a mão do Leão, temendo pela vida.

— Confie em mim, amigo — disse Aiolia.

Shaka soltou a mão de Aiolia e o Cavaleiro de Leão conseguiu, com cautela, retirar a lança de seu peito. Ajudou Shaka a ficar de pé e o Cavaleiros de Virgem estendeu a ponta do dedo para a testa de Gaya, revelando a ela tudo o que havia descoberto. Através de imagens, Gaya viu seu nascimento ser celebrado pelos pais, o semblante obscuro do irmão adotivo cheio de ciúmes, seu sequestro aos sete anos, sua morte na floresta gélida, as ninfas a encontrando e prateando por muitos dias seguidos, Odin lhe concedendo vida a seu espírito enquanto seu copinho de criança era sepultado na floresta norueguesa. O irmão comemorando pelos cantos enquanto os pais choravam a filha desaparecida, a transferência de poderes do pai à Forseti, a morte do pai, a expulsão da mãe do palácio. Algumas lágrimas molharam o rosto de Gaya.

— Você me matou para usurpar meu lugar? Eu só tinha sete anos.

— Isso é só uma lenda, Gaya, não vê que querem colocar você contra mim? Venha comigo reinar ao meu lado, seja minha rainha.

— Você é doente! — Kanon praguejou.

Forseti estendeu a mão à Gaya, ela caminhou em sua direção deixando todos embasbacados.

— Gaya! — Kanon não podia acreditar que ela iria aceitar a proposta.

— Isso, minha querida, venha comigo e pouparei seus amigos.

Gaya chegou bem perto de Forseti a ponto de sentir seu cheiro de colônia barata. De repente, ela fechou os olhos e acendeu o cosmo ao máximo, atirando contra ele enormes rochas do Grand Canyon, ferindo-o gravemente.

— Miserável! — Forseti segurou-a pelo pescoço e fez um campo de força ao redor de si, de modo que Kanon e os demais cavaleiros não conseguiram se aproximar.

Gaya segurou os dedos de Forseti, tentando tirá-los de seu pescoço, mas ele apertou ainda mais. Os ossos da garganta começaram a estalar e os olhos vívidos se tornaram enevoados.

— Gaya! — Kanon berrou, lançando-se contra o campo de força. Só conseguiu levar choques. Era uma barreira intransponível.

Os cavaleiros ouviram o barulho do pescoço da garota se quebrando.

— Não! — Kanon chorou desesperado.

Quando Forseti jogou a garota morta no chão todos franziram a testa, confusos. Não era Gaya, era uma pobre garota da cidade. O cosmo de Gaya apareceu entre as rochas e de lá ela surgiu, em seu corpo espiritual, magnífica, com os cabelos mais vermelhos do que nunca e um vestido verde coberto de flores.

— Você não pode escapar para sempre! Vou acabar com você de uma vez por todas! — gritou Forseti arremessando lanças contra ela. As lanças passaram direto por ela, como se seu corpo fosse feito de fumaça. — Droga! Não pense que vai fugir de novo. Materializada ou não, eu acabarei com você do mesmo jeito.

Kanon não conseguia tirar os olhos dela. Estava mais bonita que nunca, mas a face estava pálida e os lábios antes rosados agora eram brancos como cera. Ikki também a admirava, nunca vira mulher mais bela do que Gaya em toda a vida.

— Devolva meus poderes que você roubou e lute comigo de forma justa. Já que desde que nasci me odeia tanto e me quer morta, permita-me ao menos tentar vencê-lo.

— Você é uma fugitiva, não faço acordos com condenados.

— É você um ladrão assassino e usurpador. Jamais deveria ter se tornado o deus da justiça. Foi uma trapaça!

— Isso agora não importa, sou um deus poderoso e você um espírito medíocre.

— Se sou medíocre, por que está com medo de lutar contra mim?

Forseti deu uma risada sarcástica.

— Não seja patética, não vim aqui para lutar com você, mas para levá-la de volta para o cárcere.

— Então lute comigo, Forseti — a voz de Atena ecoou no deserto chamando a atenção de todos. Saori acendeu o seu cosmo e caminhou em direção à Forseti. As amazonas a seguiram, mas com o olhar Saori as mandou ficar.

— Saori! — Seya correu para o lado dela, mas seu cosmo era tão forte que todos os cavaleiros não conseguiram ficar de pé, ajoelhando-se. — Saori, não faça isso.

Ela sorriu na direção do marido, um sorriso terno e confiante. Forseti estava atônito e teve de levar a mão aos olhos ante o poderoso cosmo da deusa.

— Por que eu lutaria contra você, Atena?

— Você não governa com justiça e não tem o direito de usar esta armadura. É um falso deus e está usando as pessoas para realizar seus próprios desejos. Não posso permitir que continue a fazer suas maldades.

— Não te é lícito lutar contra mim. Eu sou um deus, você aceitando ou não, só Odin pode me destituir e ele não está acordado para fazer isso.

— Ele tem razão, Atena. Se lutar contra ele, os céus se voltarão contra você, pois não há um motivo claro para esse combate. Não há nada que Forseti tenha feito contra você e sua atitude será interpretada como rebeldia contra os deuses — Mú informou.

Saori olhou para Gaya e sorriu.

— Mas a Gaya pode, não pode? Ela tem todos os motivos do mundo para derrotá-lo e recuperar o que perdeu.

— Sim. A Gaya pode derrotá-lo para reaver o trono.

— O que está insinuando, Atena? — Forseti temeu.

— Saori, não se arrisque, somos seus cavaleiros, deixe-nos protegê-la! — Seya clamou.

— Vocês já lutaram demais para uma vida inteira, Seya. Não aceitarei perder nenhum de vocês. Quero que vivam e sejam felizes. Isso é justiça!

— Atena! — os cavaleiros de ouro e de bronze começaram a chorar, sem conseguirem se mexer, tamanho era o cosmo de Saori que os mantinha imóveis.  

Saori olhou para Gaya com autoridade.

— Tem certeza do que está fazendo? — Gaya indagou.

— Acabe com ele! — disse Saori.

— Não! — Forseti gritou, mas antes que pudesse atacar uma das duas, foi arremessado para longe e, quando conseguiu se erguer, Saori estava deitada, dormindo um sono profundo, como uma mera humana, enquanto Gaya estava de pé, usando todo o poder de Atena, segurando seu cetro. O cosmo de Gaya se tornou tão bondoso quanto o de Atena, sua energia já não era mais prateada, mas dourada e seus cabelos vermelhos ganharam mechas lilases. Forseti não conseguia acreditar no que estava vendo. A vida inteira fez de tudo para que a irmã fosse uma renegada e agora Atena havia emprestado a própria vida para que Gaya pudesse enfrentar o inimigo.

Gaya olhou para as próprias mãos, em seguida levou a mão ao coração e olhou ao redor, analisou o rosto de cada cavaleiro, com os olhos marejados.

— É um amor tão grande que ela sente por vocês que quase não cabe no peito. — Gaya respirava com dificuldade. Olhou para Atena deitada no chão e disse: — Não se preocupe Atena, protegerei seus cavaleiros.

Gaya se virou para Forseti e ficou séria, ele armou posição de luta. Sua pose já não era altiva. Ele estava com medo.

— Morram vocês duas! Cetro da Justiça! — Forseti elevou o cosmo ao máximo e arremessou as lanças contra Gaya.

A moça formou uma barreira cósmica com o cetro de Atena e devolveu o golpe à Forseti, que teve o corpo perfurado pelas próprias lanças.

Forseti tentou se levantar, mas Gaya apontou o cetro para ele, paralisando seu corpo.

— Sua cretina! Solte-me! Não importa o que faça, sempre foi e sempre será uma renegada.

— Confesse, Forseti. Você me sequestrou e me abandonou para morrer na floresta não foi?

— Cale a boca!

— Confesse! — Gaya pesou o poder do cetro de Atena sobre ele, fazendo-o gritar de dor.

— Fui eu, e daí! Não era pra você ter nascido. Tudo era meu e eu estava satisfeito com minha condição. Mas você tinha de nascer e estragar tudo. Lembro dos olhos da nossa mãe admirando você, ela te amava muito mais do que a mim. E o nosso pai, aquele fraco, tirou de mim a herança para dar a uma mulher. Eu não poderia ser humilhado dessa forma. Você ainda teve sorte de ser cuidada pelas ninfas e de ter recebido a chance de viver em espírito. Minha vontade era que tivesse apodrecido naquela floresta.

— Nada saiu da forma que você planejou, estamos aqui agora e toda verdade veio à tona. Onde conseguiu um coração tão sombrio? Meus pais não ensinaram nada a você sobre amor?

— Não era amor o que eu queria, era a coroa. Ela é minha e você jamais irá tirá-la de mim. Balança da Retidão! — Forseti aplicou um novo golpe, muito mais poderoso do que o primeiro e Gaya conseguiu se defender apenas de parte do golpe. Sofreu um corte raso no rosto que a fez sangrar.

— Gaya! — Kanon tentou se mover, mas era em vão. Nenhum cavaleiro conseguia sair do lugar.

Forseti explodiu sua cosmoenergia, sua armadura de cobre brilhou e seus olhos ficaram cinzas.

— Cansei dessa bobagem, Gaya, morra! Cetro da Justiça! — dessa vez as lanças começaram a perfurar o corpo de Gaya nos braços, pernas, abdômen... Saori franziu o rosto, ainda desacordada, e um filete de sangue escorreu do canto de sua boca.

O poder de Forseti provocou grande ventania que esvoaçava os cabelos de todos e, com um sorriso mórbido, ele arremessou mais lanças. Gaya olhou para Kanon e, sem emitir som, falou “eu te amo, obrigada por tudo”. Era um adeus.

Gaya atacou uma última vez, rugindo:

— Báculo de Atena! — ela lançou o báculo contra Forseti, no mesmo instante em que abandonou o corpo de Atena e recebeu as lanças de Forseti, que cravaram em seu peito como dardos afiados.

Forseti caiu morto de um lado, com o báculo transpassado no coração e Gaya caiu do outro, com o corpo completamente perfurado. O cosmo de ambos desapareceu e os cavaleiros conseguiram finalmente se mover. Seya correu para Saori e a segurou nos braços, chorando.

— Saori, fale comigo!

Ela abriu os olhos devagar e olhou pra Gaya, entristecida.

— Ela libertou meu corpo para que eu não me ferisse. Ela poderia sair ilesa se me usasse como escudo, mas preferiu sofrer os golpes sozinha para não colocar minha vida em risco.

Saga ouviu as palavras de Atena enquanto via o irmão correr até Gaya.

— Meu amor, não morra, por favor; fique aqui comigo.

Gaya mal conseguia abrir os olhos.

— Kanon, peça perdão à Atena e volte a servi-la. — Ela o tocou no rosto com as mãos ensanguentadas. — Você é um bom homem e um excelente cavaleiro. Eu pude sentir o cosmo e o amor de Atena. Proteja-a, querido, ela é muito preciosa. Nunca poderia imaginar que existisse um cosmo tão poderoso e tão bondoso como o dela. Sinto vergonha por ter lutado contra ela e feito você sair da presença dela. Peça perdão e volte, Kanon, ela perdoará você, tenho certeza.

Kanon chorava o luto antecipado. A vida sem aquela mulher seria muito solitária e triste.

— Não posso perder você, Gaya, por favor, resista!

— Kanon... me desculpe. Eu usei você muitas vezes... Mas acredite, eu te amo agora. Amo de verdade. Prometa que se lembrará de mim com carinho.

O Dragão do Mar beijou os lábios da amada e sussurrou:

— Nem se eu quisesse conseguiria esquecer você, Gaya. Ao seu lado foram os melhores dias da minha vida.

A moça apertou as mãos de Kanon e seu corpo começou a se desmaterializar. Kanon tentou segurar a mão dela mais uma vez, mas agora Gaya era apenas um espírito que foi desaparecendo como uma névoa até se dissipar completamente.

Arrasado, apoiado no chão, Kanon chorava como uma criança, enquanto Seya ajudava Saori a ficar de pé e os cavaleiros se reuniam ao redor de Atena indagando se ela estava bem. Atena afirmou que estava bem e observou Saga se aproximar do irmão, ajoelhar ao lado dele e apoiar a mão em seu ombro.

— Por que eu tenho de perder tudo o que amo?

Saga não tinha a resposta. Apenas apertou o ombro do irmão, enquanto Kanon soluçava sem se importar de estar sendo visto por todos.

Shaka e Mú ficaram em alerta. Uma estranha cosmoenergia se aproximou. Os cavaleiros armaram posição de luta ao redor de Atena e viram surgir por entre as rochas figuras femininas sobrenaturais, com sorrisos enigmáticos e olhares ameaçadores. Eram ninfas e se aproximaram do corpo de Forseti e puseram as mãos sobre ele, devorando-o em pedaços.

Saori escondeu o rosto no peito de Seya, aterrorizada.

As ninfas jogaram as peças da armadura de Forseti dentro do Rio Colorado, assim como o que sobrou de seus restos mortais. Em seguida, desapareceram em meio as rochas e seu cosmo sumiu.

— O que foi isso? — Ikki indagou com uma careta.

— Não sei e não quero saber, vamos sair logo desse lugar sinistro — Afrodite fez uma cara de espanto.

— Vamos, Saori, o Afrodite está certo — disse Seya. 

Atena assentiu e caminharam em direção à estrada onde haviam estacionado os carros.

— Vamos, Kanon, você precisa tomar um banho e se deitar — disse Saga.

— Me deixe em paz. Por que está preocupado comigo? Esqueça que eu existo, Saga. Não há mais nada que nos una.

— Não seja ridículo, somos irmãos.

Kanon ficou de pé e enxugou as lágrimas.

— Isso é só um detalhe. Não preciso de vocês. Las Vegas é o meu território, entendeu? Vão embora daqui.

— Por que tanta raiva?

— Foram vocês que nos prenderam no vestiário e nos trouxeram até aqui. Se não fosse isso, eu e Gaya estaríamos comemorando uma hora dessas, juntos em algum hotel de luxo, sendo felizes.

Saga baixou os olhos.

— Não finja estar arrependido. Sei muito bem que não está nem um pouco preocupado com a morte de Gaya. Pra você ela era uma qualquer. Mas eu a amava. Eu a amava, Saga, e vocês a tiraram de mim! Por que vieram atrás de nós? Por que não me deixaram viver minha vida em paz? Egoístas, é isso o que são.

— Kanon...

— Desapareça da minha frente, Saga!

O Cavaleiro de Gêmeos suspirou e virou as costas, seguindo o grupo, deixando o irmão para trás. 



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