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História Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - Me Prometa!


Escrita por: NinaKurumada

Capítulo 29 - Me Prometa!


Fanfic / Fanfiction Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - Me Prometa!

Jack e Kanon saíram do bar quase quatro da manhã, trêbados.

— Então quer dizer que bebida de macho é cachaça brasileira e rum soviético? Fala sério, Kanon, você pode ficar milionário mas continuará com este espírito de porco. Hahahaha! Ainda vou ensiná-lo a apreciar um bom espumante e um vinho tinto.

— Champanhe é pra homens delicados como você, Jack. Posso tomar duas garrafas que não sinto nem onda.

Jack dava gargalhadas enquanto escorava no ombro do amigo, trocando as pernas.

— Vai à merda! Não sou delicado, sou refinado, é diferente.

Kanon estava bêbado também, mas conseguia andar e sustentava o peso do corpo de Jack, que mal se lembrava seu próprio nome.

— Vamos para o hotel, Jack, não nasci para pajear bebum.

— Certo, mal humorado. Já comemoramos muito essa noite.

Entraram em uma rua escura e estreita para cortar caminho e chegar depressa ao hotel, quando passou uma moto acelerando e disparou cinco tiros na direção deles. O Dragão Marinho se assustou e usou o corpo como escudo para proteger Jack. Sentiu um impacto nas costas e acabou caindo em cima do amigo. Foi atingindo por um tiro na altura da espádua e sentiu muita dor no local do ferimento, no entanto, conseguiu se levantar e correr atrás da moto. Não conseguiu ver o rosto do motoqueiro e, quando chegou na esquina, o atirador já tinha sumido de vista. Kanon voltou depressa e se agachou para ajudar Jack a se levantar. Estava escuro e ele não conseguia ver direito.

— Kanon... — o rapaz gemeu.

— Jack! Você está bem? — O cavaleiro acendeu seu cosmo para iluminar o ambiente. Foi quando viu que o americano havia sido atingido três vezes no peito.

— Eu tô morrendo. — O sangue jorrava e Kanon não conseguia entender como não conseguiu proteger o amigo a tempo.

“Estávamos distraídos e bêbados... Vi a moto, mas não imaginei que... Cacete!”, o Dragão Marinho pensava consigo mesmo.

— Vou te levar para o hospital, aguente firme! — Kanon se posicionou para carregar Jack no colo, mas o americano segurou seu pulso com força e o encarou com olhos aterrorizados.

— É tarde demais! Ouça-me!

— Não é tarde demais, vamos logo! Deixe-me buscar ajuda!

— Escute! — Jack gritou com as forças que ainda lhe restavam. Kanon o encarou, com o coração descompassado. — Preciso que pegue a grana com a banca e desapareça. Eles virão atrás de você. Querem os quinhentos mil dólares.

— Quem?

— Safados trapaceiros, Kanon, não importa. A cidade está cheia deles.

— Jack, não vou sair daqui sem você.

— Kanon, eles virão te pegar. Você pode ser um cavaleiro, mas sangra como qualquer homem. Por favor, faça o que eu digo. Pegue a grana toda com a banca e desapareça.

Kanon apertou os lábios, ofegante. Não podia deixar o amigo abandonado naquele beco escuro.

— Eu não posso fazer isso... Deixe-me levá-lo a um hospital.

— Já era, Kanon, tô liquidado. Mas preciso que me ouça com atenção e me prometa uma coisa. Só tenho você. Precisa cumprir a promessa.

— Eu prometo, vou pegar seu dinheiro com a banca.

— Não é só isso. Preciso que vá à minha casa.

— Sua casa?

— Sim, no subúrbio. O endereço está na minha carteira. Pegue a minha irmã e a proteja. Coloque-a num lugar seguro. Com a grana que você vai pegar, dá pra pagar um bom lugar pra ela ficar.

— Que irmã, Jack? Você nunca mencionou irmã nenhuma, nem casa no subúrbio. Pensei que morasse num hotel.

— Eu precisava protegê-la. Viu o que fizeram comigo? Eu mexo com gente da pesada, Kanon, não medem esforços para conseguir o que querem. Sempre os primeiros a sofrer violência são os membros da família. Minha irmã já sofreu demais para uma vida inteira. Finalmente consegui uma grana para deixá-la bem pra sempre. Prometa que vai buscá-la e colocá-la num lugar seguro e bonito.

— Jack...

O americano apertou a mão de Kanon.

— Pelo amor de Deus, Kanon, prometa! — Jack tirou a carteira do bolso e colocou na mão dele.

— Eu prometo.

Jack bateu a mão no ombro do amigo e assentiu. Uma lágrima escorreu pelo canto do seu olho.

— Nos divertimos bastante, amigo.

— Jack, vou levar você para o hospital agora! — Kanon colocou a carteira no bolso e carregou Jack no colo. Caminhou alguns metros até a avenida. Torcia para que um táxi passasse por ali. Um carro se aproximou com os faróis ligados e Kanon sinalizou para que parasse. O carro se aproximou mais e ligou a sirene. Brecou de repente e dois policiais saíram lá de dentro apontando as armas para Kanon.

— Parado! Deixe o homem no chão e coloque as mãos pra cima!

— Ele precisa ir para o hospital! — Kanon suplicou.

— Mãos pra cima! — O policial ordenou com autoridade.

Kanon deixou Jack no chão e levantou as mãos.

— Ajoelhe-se! — O outro policial mandou.

Kanon obedeceu. Os dois policiais se aproximaram com as armas em punho. Um apontou para o rosto de Kanon e o outro foi por trás, pegou os pulsos de Kanon e os torceu nas costas, algemando-o. O outro policial manteve a arma apontada para Kanon em uma das mãos. Agachou-se e com a outra tocou o pescoço de Jack.

— Está morto.

Kanon arregalou os olhos e tentou se levantar para acudir o amigo. O policial que o algemou deu-lhe uma coronhada tão forte que o desmaiou.

 

Kanon acordou numa cela, sem camisa, com um curativo no ombro. Levantou-se com um gemido de dor e sentou na cama de cimento. Já havia estado na mesma cela antes. Apoiou o rosto nas mãos e tentou se lembrar da placa da moto, do rosto do atirador, do modelo da arma. Nada! Ele não havia reparado em nada.

— Mas que merda!

— Cala a boca aí, babaca. Estamos tentando dormir. Não é hora para dramas de consciência. — Um homem estava deitado na cama de cima e outro numa cama ao lado.

Kanon teve vontade de estrangular os dois, mas ficou imóvel, lembrando-se do rosto apavorado de Jack.

O Dragão do Mar passou a noite em claro até que um policial com um cigarro aceso na boca aproximou-se da cela e o chamou.

— Ei, lutador, venha comigo!

Kanon ficou de pé e se aproximou da porta. O policial, acompanhado de uma pequena escolta, abriu a cela deixando Kanon sair e fechou a porta em seguida. Kanon o seguiu até uma sala cinza.

— Senta aí! — O policial apontou uma cadeira de plástico, enquanto apagava o cigarro no cinzeiro. Sentou na beirada da mesa, de frente para Kanon. Encarou o preso por alguns instantes antes de interrogá-lo. — Pode me contar o que houve?

— Saímos do bar. Estávamos indo para o hotel. Entramos no beco para cortar caminho quando veio uma moto e o piloto começou a atirar. Corri atrás dele mas não consegui alcançá-lo.

— Então não tem nada com isso?

— Não, claro que não, o Jack era meu amigo.

— Um amigo que acabou de ganhar muita grana.

Kanon encarou o policial e rangeu os dentes.

— Acha que eu armei pra ele pra ficar com a grana toda?

— Não sou pago para achar, sou pago para ter certeza. Você armou pra ele?

— Não, eu já disse que não!

— E também não foi você quem esfaqueou aquela prostituta que encontraram no seu quarto de hotel?

Kanon se lembrou da moça que Gaya havia usado. Baixou os olhos e respondeu:

— Não fui eu.

— E também não tem nada a ver com a garota que encontraram morta lá no deserto?

— Garota? — O Cavaleiro se lembrou do outro corpo que Gaya havia usado e Forseti havia matado. — Eu nunca matei garota nenhuma.

O policial balançou a cabeça e fez um bico.

— Das duas uma, Kanon. Ou você é um mentiroso filho da mãe que sabe encobrir seus crimes... Ou você é um tremendo de um azarado que está sempre no lugar errado, na hora errada.

As palavras do policial afetaram Kanon mais do que ele queria.

— Sou um filho da mãe azarado. Mas não sou um assassino.

Um policial bateu na porta e entrou.

— Com licença, detetive. Encontraram o atirador. Trabalha para os Maguire. O patrão perdeu muita grana na noite passada apostando contra esse daí. — O policial apontou para Kanon. — Dizem que todo mundo achou que ele ia perder, mas que no último minuto nocauteou o outro cara. Ficaram putos porque dizem que foi armação. Me falaram que o Jack ganhou uma grana preta.

— É verdade, Kanon?

— Eu não sei de nada. Nem de luta, nem de grana. Estávamos bebendo a noite toda no bar.

O policial deu um sorriso irônico.

— Claro que você não sabe.

— E quanto à filmagem? Trouxe pra mim? — O detetive perguntou e o policial lhe entregou um DVD.

O detetive colocou o DVD pra rodar e ligou a televisão. Era a imagem do hotel anterior onde Kanon havia se hospedado. De repente, a imagem de Forseti apareceu no corredor e entrou no quarto de Kanon, deixando a porta semi-aberta. O cronômetro contou 15 segundos, e Forseti saiu do quarto, com as mãos sujas de sangue. O detetive parou a imagem e encarou Kanon.

— Esse cara matou a garota que foi encontrada no seu quarto. Reconhece quem ele é?

Kanon olhou com ódio para a televisão e perguntou ao detetive:

— Sabe quem eu sou?

— Kanon, um lutador de meia tigela no mercado ilegal.

— Sabe quem eu realmente sou? 

Após alguns instantes em silêncio, o detetive respondeu:

— É o Dragão Marinho, Cavaleiro de Atena.

— Então sabe quem é Atena. — Kanon suspirou.

— Sei o suficiente para compreender que o trabalho dela está fora da minha alçada — disse o detetive.

— Pois é... esse cara aí da filmagem está fora da sua alçada — Kanon apontou para a TV.

— É um deus? — O detetive escancarou os olhos.

— E está morto.

— Onde foi a batalha?

— No deserto.

— Então o corpo da garota que encontramos...

— Foi ele também.

— Mas você foi visto com ela. Era sua namorada? — O detetive indagou.

Kanon baixou os olhos.

— Mais ou menos...

O detetive coçou a cabeça e acendeu outro cigarro. Estendeu o maço para Kanon, mas o cavaleiro negou.

— É, Dragão... Você é um filho da mãe muito azarado mesmo. Dá o fora daqui. Arranja uma camisa pra ele! — ordenou o detetive ao policial. Kanon se levantou. — E seu eu fosse você, dava o fora da cidade. Quem pegou o Jack logo vai saber que você sobreviveu. Virão atrás de você.

— Eu não tenho medo.

— Sei que não. Mas é burrice entrar numa luta que não lhe diz respeito. Dê o fora daqui e vá viver sua vida em outro lugar do mundo. Com meio milhão você pode viver onde quiser.

 

Kanon pegou o dinheiro com o responsável pela banca e se hospedou em um novo hotel. Jogou a mala com a grana no sofá e bebeu tanto que ficou desacordado por quase dois dias. Levantou-se no outro dia, já quase no meio da tarde, com a cabeça latejando e a camareira batendo na porta.

— Serviço de quarto.

— Me deixe em paz!

Kanon espantou a mulher, ficou pelado e entrou debaixo do chuveiro. Ficou de pé sentindo a água no corpo por quase vinte minutos. Quando enfim conseguiu recobrar a consciência, se lavou com sabonete e shampoo, enxaguou a espuma, se secou e voltou nu para o quarto. Procurou por roupas. Só tinha a camisa que o policial lhe dera e a bermuda suja do sangue de Jack.

Outra vez bateram na porta, era a voz de um homem agora. 

— Senhor Kanon, está tudo bem? Sou o gerente do hotel.  Há dois dias o senhor está aí. Precisa de ajuda?

Kanon abriu a porta, completamente nu. O gerente ficou espantado e a camareira colocou as mãos no rosto, tapando os olhos. Kanon colocou três notas de cem dólares na mão do gerente e disse:

— Preciso que pegue minhas coisas no Belaggio. Preciso das minhas roupas e do meu passaporte. Quando voltar te dou mais duas dessas.

— Sim, senhor, é pra já. — O rapaz puxou a mão da camareira e se afastou. Kanon bateu a porta, impaciente.

Demorou menos de vinte minutos e a mala foi entregue a ele. Logo estava vestido, com a mala cheia de dinheiro e algumas roupas e o passaporte no bolso.

“Como vou embarcar com essa grana? Não vão me deixar sair do país. Preciso encontrar um banco que deposite isso”. Ele rodou a cidade e entrou em um banco que Jack lhe havia apresentado. O receberam como rei e ele depositou quase todo o dinheiro. Foi para o aeroporto e ficou de pé diante do painel de voos, tentando escolher para onde ir. Hong Kong, Paris, Dubai, Cairo, Rio de Janeiro, São Paulo, Santiago, Washington, Chicago, Lisboa... Havia uma infinidade de destinos. Nenhum deles lhe chamou a atenção. Comprou uma revista sobre viagens na banca e sentou na praça de alimentação. Havia uma reportagem sobre Praga. Era uma cidade cinza e séria.

— Minha cara! — Kanon disse a si mesmo e se encaminhou para o guichê da companhia aérea.

— A passagem é só de ida, senhor?

— Sim.

— O senhor vai viajar sozinho ou devo reservar duas passagens?

— Sozi... — Antes de terminar a palavra uma lembrança estalou em sua mente.

“Pegue a minha irmã e a proteja. Coloque-a num lugar seguro. Prometa!”

Kanon levou a mão à testa.

— Mas que merda mil vezes!

— Senhor?

— Deixa pra lá, volto depois. Esqueci uma coisa.

Saiu da fila e se recostou numa pilastra, colocando a mala no chão. Tirou do bolso a carteira de Jack. Ainda estava suja de sangue. Abriu-a e tirou de lá um pedaço de papel e uma pequena foto. No papel havia um endereço anotado. Na foto estavam duas crianças sorrindo.

Guardou tudo de novo no bolso, pegou a mala e saiu do aeroporto, tomando um táxi. 



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