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História Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - O Dragão não está bem


Escrita por: NinaKurumada

Capítulo 6 - O Dragão não está bem


Fanfic / Fanfiction Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - O Dragão não está bem

Dohko chegou na hora exata marcado por Shunrei. Ela estava preparando um almoço especial para comemorar o aniversário dele. A casa cheirava a peixe assado e estava toda decorada com vasos de flores de diversas cores.

— Mestre Ancião! Que bom que chegou, o almoço está quase pronto. Feliz aniversário!

— Você está linda com essa barriguinha, Shunrei. Mal posso esperar para vê-la com aquele barrigão.

— Nem me fale, Mestre. Algumas roupas já não me cabem mais.

— Onde está o Shiryu?

A moça fez uma cara de preocupação.

— Ele levantou cedo e me ajudou a colher as verduras e hortaliças no quintal. Depois tomou um banho e se deitou de novo. Ele não quis dizer, mas acho que está sentindo dores.

— De novo?

— Pois é. Ele é teimoso. Já falei pra ele voltar ao médico. Se continuar assim, terei de ligar para Atena e avisar que não vamos ao casamento. São muitas horas de voo.

— Eu vou lá vê-lo.

— Sim, mestre. Veja se consegue descobrir o que ele tem. Ele fica me escondendo as coisas, pois não quer me preocupar por causa do bebê. Mas sinto que algo está errado com ele.

Dohko caminhou pelo corredor e bateu à porta do quarto, abrindo sem esperar ser convidado a entrar.

— Shiryu?

O rapaz estava deitado, sem camisa, e parecia contrair a face de dor.

— Mestre? — Ele deu um pulo da cama e vestiu uma camisa. — Eu acabei cochilando. Me desculpe não estar de pé para receber o senhor. Feliz aniversário!

— Obrigado. Sente-se, meu filho.

O rapaz obedeceu. Dohko levou a mão à testa de Shiryu e examinou seus olhos.

— Coloque a língua pra fora.

— Eu estou bem, mestre.

— Não foi um pedido.

Shiryu obedeceu.

— Onde está sentindo dor?

— Eu não... — Shiryu se calou. Não podia mentir para o mestre. Indicou um ponto na lateral do abdômen. — Aqui.

Dohko tocou o lugar, mas não tinha nada visível.

— Você precisa voltar ao médico. Até hoje não fez os exames que a equipe de Atena solicitou?

— A Shunrei fica muito impressionada com essa coisa de hospital. não quero que ela fique nervosa por causa de bobagens.

— Shiryu, se eu não te conhecesse, diria que está com medo. Você precisa descobrir qual é a causa dessa dor. Sei que é normal que nós cavaleiros sintamos dores por longos períodos. Recebemos golpes muito violentos em nossas lutas. Mas já faz mais de um mês que lutamos contra Gaya, já era para você ter se recuperado.

— Eu sei.

— Então o que está esperando?

— Não estou, na verdade, já fiz os exames — ele confessou. 

Dohko percebeu os olhos de Shiryu perderem o brilho. O rapaz estava escondendo algo.

O Cavaleiro de Libra trancou a porta e se aproximou do discípulo. Puxou uma cadeira e se sentou diante dele.

— O que está escondendo, Shiryu?

O rapaz respirou fundo, pegou um papel e uma caneta e escreveu: “Eu estou com câncer”.

Dohko arregalou os olhos e ia dizer algo, mas Shiryu fez um gesto para ele fazer silêncio e sussurrou:

— A Shunrei está ouvindo atrás da porta.

— Não, ela está lá na cozinha.

Shiryu deu um sorriso e balançou a cabeça. Dohko olhou para a porta e viu a sobra de Shunrei pela fresta no chão.

O Mestre apoiou os braços nas coxas e fechou os olhos, respirando fundo. Aquela notícia foi um soco.

— Precisamos conversar, Shiryu. — Dohko abriu a porta depressa, pegando Shunrei de surpresa. — Minha filha, sei que quer o melhor para o seu marido, mas precisamos de privacidade. Termine o almoço e nos chame quando tudo estiver pronto, tudo bem? Nos dê alguns minutos.

Shunrei apenas assentiu e saiu de perto. Dohko fechou a porta de novo.

— Câncer onde?

— No estômago.

— Quando descobriu isso?

— Há algumas semanas, os médicos me telefonaram.

— E sabem a causa?

— Eu não bebo, não fumo, não uso drogas, me alimento bem, então essas causas foram descartadas. Pode ser herança genética. Mas o mais provável é que seja pelas sucessivas lesões devido às lutas.

— E por que não disse nada? O que está esperando para começar o tratamento?

— Fiz uma biópsia e uma bateria de exames. Os médicos estão analisando em qual estágio estou e qual o tratamento mais indicado. Em algumas semanas devo começar a quimioterapia e provavelmente terei de passar por uma cirurgia.

— Droga, Shiryu! Até quando queria esconder isso de mim? E da sua esposa? Ela precisa saber.

O rapaz baixou os olhos.

— Eu sei, mestre. Mas todos sabemos como o tratamento de uma doença como essa é agressivo. Ficarei fraco e minha aparência irá mudar muito. Quero poupar a Shunrei por enquanto. Quando eu voltar ao médico, a levarei comigo. Assim ela poderá tirar todas as dúvidas.              Dohko compreendeu, embora discordasse. Sentiu um nó na garganta ao pensar que Shiryu corria risco de vida. Ele o amava como a um filho e se morresse, seria uma dor devastadora. Segurou o ombro do discípulo e apertou.

— Tenha fé, meu filho. Você vai vencer mais essa luta.

— Eu espero que sim, mestre. Quero ver meu filho crescer. — Nesse momento, os olhos de Shiryu se encheram de água, mas ele respirou fundo e se conteve.

Dohko, ao contrário, não foi tão forte, e algumas lágrimas escorreram em sua face.

— Mestre... 

Dohko puxou o rapaz, fazendo-o ficar de pé e o abraçou.

— Me prometa que vai sair dessa, meu filho. Não se atreva a nos deixar.

O Dragão correspondeu ao abraço, sentindo-se amparado.

— Como posso prometer?

— Apenas prometa.

— Tudo bem, eu prometo.

— Ótimo. Agora vamos respirar fundo e ir almoçar. Quando achar que é a hora certa, você conta pra ela.

— Sim, mestre. Essa será a pior parte.

O almoço foi agradável e conseguiram manter uma conversa tranquila e alegre. Shunrei fez o bolo de aniversário para o mestre e cantaram parabéns. Ele soprou a velinhas e comeram até se fartar. O bolo de chocolate de Shunrei era o melhor de toda a China. Dohko foi embora no início da tarde e Shiryu chamou a esposa para caminhar perto do rio.

— Claro, meu amor. Só vou lavar as vasilhas.

— Deixa aí, eu lavo quando voltarmos.

Shunrei concordou e, de mãos dadas, caminharam pela natureza até chegar ao rio. Fazia calor e sentaram-se na margem para molhar os pés e o rosto. O gramado estava baixo e resolveram descansar um pouco por ali. Shunrei dobrou as pernas e abraçou os joelhos. Shiryu sentiu-se cansado e deitou-se na relva.

— Você tem se cansado muito depressa ultimamente. Não é uma caminhada muito longa da nossa casa até aqui. Tem certeza de que está tudo bem?

— Eu... preciso te contar uma coisa. Ia esperar até saber todos os detalhes, mas o mestre conversou comigo hoje e acho que ele tem razão. Se fosse o contrário, ficaria triste por não ter me contado rápido.

A moça sentiu o coração apertar, mas ficou em silêncio. Há vários dias estava com um mal pressentimento. Sempre que se sentia assim, uma notícia ruim se revelava.

— Eu... não quero que fique nervosa. Vai dar tudo certo. Por favor, tente ficar calma. Pense no bebê.

— Tudo bem, Shiryu. Eu prometo controlar minhas emoções.

— Os médicos da Saori me ligaram. Fiz alguns exames no hospital aqui da província e encaminhei os resultados a eles. Ainda estou aguardando o parecer completo com o melhor tratamento indicado, mas... já temos um diagnóstico.

Shunrei prendeu a respiração. Shiryu permaneceu deitado, com os olhos fechados. Tinha muito medo do que ia dizer e da reação da esposa.

— Eu estou com câncer no fígado.

Ela escancarou os olhos, estarrecida. Levou uma mão à boca e começou a chorar baixinho.

Shiryu se sentou e olhou pra ela. Preferiu dizer tudo de uma vez.

— Terei de fazer um tratamento longo, com quimioterapia, cirurgia e muitos remédios. Vou ficar fraco, com um aspecto de doente, olhos fundos, rosto magro. Meus cabelos irão cair... Talvez eu fique bem diferente da imagem que você está vendo agora. Mas depois, se tudo der certo, recuperarei a minha saúde e, consequentemente, minha força e minha aparência. Prometo a você que farei tudo que estiver ao meu alcance para sobreviver e ficar ao seu lado. Sei que esta é a pior hora para eu ficar doente. Você e nosso filho precisam de mim. Eu... sinto muito. — Ele baixou a cabeça e derramou algumas lágrimas.

Shunrei o consolou em um abraço forte.

— Meu amor, eu estou ao seu lado. Enfrentaremos isso juntos. Eu te amo.

Shiryu se aconchegou nos braços da amada tentando ao máximo ser forte. Mas a verdade era que estava com medo. Em nenhuma das lutas que já tinha enfrentado havia sentido um medo tão grande como aquele. Pensava na morte, pensava em Shunrei, pensava no bebê. Shiryu queria viver, precisava ficar bom logo para poder cuidar da família e dar o amor e a segurança que a esposa e o filho precisavam. 



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