História Beautiful Mess - Rosé - Prólogo

Seoul High School | Seul, Coreia do Sul. 

Início de agosto, o que significava mais um ano letivo pela frente. Não estava com a mínima vontade de ir para a escola, até tentei convencer minha mãe que não teria precisão eu ir, mas ela me escutou? Se você disse “não” está certíssimo. 

E cá estou eu, ridiculamente uniformizada, odiava aquela saia e gravata, diga-se de passagem e com um copo de café na mão, não vivia sem minha amada cafeína. Quando vi os prédios enormes e estilo europeu da Seoul High School minha vontade de voltar para casa aumentou, se eu voltasse iria levar um esporro enorme da minha mãe ou então corria o risco de ser estrangulada pela minha melhor amiga, Lalisa Manoban. Vida dura. 

Fui surpreendida quando dois braços magricelas apertaram meu pescoço e um cabelo ruivo apareceu na minha visão.

Bom dia, Rosé. - me cumprimentou Lisa, como era chamada. - Dá pra acreditar? A gente tá no segundo colegial. Sobrevivemos mais um ano. 

- Só dia. - respondi e começamos a caminhar. - Pois é, mas ainda falta mais um ano para nos livrarmos disso aqui. 

- Sinto que esse ano vai ser diferente. 

- Não  viaja, Lisa. - revirei os olhos, minha amiga sempre tinha que ser muito otimista. - Esse ano vai ser como todos os outros: uma merda. 

- Credo, Rosé. Com toda essa positividade você vai longe. 

Deixei Lisa reclamando sozinha e reparei nas pessoas ao nosso redor. Mesma coisa de sempre: alunos novos, alunos antigos, grupinhos e os mesmos professores. Chatice. Me sinto uma sobrevivente nessa selva. 

Quando cheguei ano passado, não tinha nenhum amigo. Era a estrangeira, a novata do pedaço. Antes eu morava na Austrália, mas meu pai recebeu uma oferta aqui na Coreia e resolveu voltar às origens eu vim de brinde, mas na verdade queria continuar morando lá com meu irmão mais velho, Chanyeol, mas ele não tem capacidade de cuidar nem de si, palavras do meu pai. A pessoa responsável por me mostrar a escola foi Lisa, também estrangeira, e ela mais louca que eu, acho que foi isso que demos certo juntas. 

- Por que todo mundo tá parecendo um bando de zumbi? - perguntei enquanto nos sentávamos na mesa do refeitório. 

- Festa pré-volta às aulas do Kim Namjoon que, inclusive você perdeu. Te liguei, mas você ignorou seis vezes. 

- Estava dormindo, acumulando energia e paciência para hoje. - comentei enquanto observava os novatos, lamentando por eles. - Fiquei sabendo do chilique que o Jimin deu ontem. 

- As fofocas voam por aqui. Você tinha que ver, o cara pirou ontem. Boatos de que ele e namorada terminaram e ele bebeu um porre ontem e começou a dar o showzinho dele, tirou a roupa e tudo. 

- Normal. 

- Faltou você. - tive que concordar, queria ter visto essa cena de perto. - A maior inimiga do Park.

- Mal começou o dia e vocês duas já estão falando mal das pessoas. - comentou Taehyung, nosso melhor amigo e o ser mais gay do universo. Amo ele. 

- Estava só deixando a Rosé por dentro das fofocas de ontem. - respondeu Lisa, se aconchegando nos braços do Kim. 

- Aí, amiga, só faltava você para tudo ser mais perfeito. Nem conto a vocês, Jung Hoseok não tem nada de hétero e ficamos ontem na festa do Namjoon. 

Minha boca e a da minha amiga se abriram em um perfeito O com a notícia. Já sabíamos do crush - enorme - do Tae pelo Hoseok, mas não queríamos deixar nosso amigo triste dizendo que o Jung era hétero. Com aquela pose toda, era difícil imaginar isso. 

A festa de Namjoon, era quase um ritual de todos os anos, segundo Lisa. Sempre antes da volta a escola, ele da uma super festa para comemorar ou não o fim das férias. Tudo de bom e ruim acontecia ali, desde amassos até drogas pesadas, não sei como a polícia ainda não parava essas comemorações, mas tudo se explica ao fato do pai do Kim ser o delegado da cidade. 

- Será que agora ele sai do armário de vez? - perguntou Lisa. 

- Complicado. - suspirou Tae passando as mãos pelos cabelos. - Ele parece ser tipo o cara que tem medo disso, sabe... 

- Enfim, vai dá tudo certo, amigo. Para nós três. 

Disse e juntei nossas mãos, juntos éramos mais fortes, frase feita, eu sei e desejei não ter falado aquilo naquele comento, você não faz ideia. 

- Park Chaeyoung, a diretora Lee deseja sua presença na sala dela. - disse a voz do auto-falante. 

Falei cedo demais. 

~•~

- Estamos de acordo? Vocês aceitam o termo? 

Tive que contar a até dez para não pirar dentro da sala da diretora. A questão é: a excelentíssima diretora dessa escola fez o convite - mandou, era a palavra correta - da minha linda pessoa e o diabo na terra também chamado de Park Jimin, para sermos os presidente do Grêmio Estudantil esse ano, apenas. Mas ela esqueceu do detalhe em que eu e o Park não nos suportamos.

- Por mim, tudo bem diretora Lee. - escutei a voz da peste e eu quis muito explodir naquele momento. 

- Maravilha, Sr. Park. - disse sorrindo para o maldito. - Srta. Park? Lembrando que isso é ótimo para a carta de recomendação para as universidades. 

Ela sabia o meu ponto fraco: Universidade. Eu estudava muito todo ano, para quando chegar a prova nacional eu estar preparada. Meus pais colocavam muita pressão em mim, eu tinha sempre que ter as melhores notas e ser a melhor da classe. Eles sempre usavam meu irmão como exemplo nessa hora, não julgo ele era muito inteligente. Foi com muita má vontade que eu respondi. 

- Tudo bem, Sra. Lee. Eu aceito. 

- Que ótimo! Estamos combinados, então. Próxima semana vocês já começam a primeira reunião. - explicou nos entregando uma pasta com inúmeros papéis. - Vocês já podem escolher os ajudantes de sua chapa. Isso é tudo. Dispensados. 

Saímos da sala e o loiro não perdeu a oportunidade de me atazanar. O que eu fiz para merecer isso, Deus? 

- Vamos ser uma dupla e tanto, parceira. - disse colocando o braço sobre os meus ombros, como se fôssemos íntimos. 

- Primeiro: tira o braço daqui. - tirei seu braço de cima de mim. - Segundo: fica o mais longe possível e se puder nem fala comigo até semana que vem . Não te suporto. 

- E o que exatamente eu fiz para você? 

Boa pergunta. O que ele fez Chaeyoung? 

Começando pelo cabelo, achava extremamente ridículo aquele loiro oxiginedado. Odiava a forma como ele não respeitava nenhuma garota que ele ficava, as coitadas eram sempre alvo das fofocas do próprio Park. Odiava como ele se achava o rei da escola e nós éramos seus meros suditos. Iludido, não? Também odiava o grupinho dele que não perdia a oportunidade de deixar quieto quem não fazia nada, ranço define. 

- Olha eu poderia passar horas falando isso para você, Park, mas não quero gastar minha saliva. 

- Eu ainda acho que tudo isso aí é amor reprimido. - disse me encurralando nos armários ali perto. Coitado, ele acha que me afeta. 

- Sonhar é de graça, né? 

Dei dois tapinhas no ombro dele e sai dali o mais rápido possível, ainda tinha que ir para aula. Isso ainda era o começo, como eu iria sobreviver um ano junto da praga loira chamada Park Jimin?