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História Certo e Errado. (Larry Stylinson) - Capítulo Quarenta e Nove.


Escrita por: MillaWand e curlystylesx

Notas do Autor


bohemian rhapsody

Capítulo 49 - Capítulo Quarenta e Nove.


Fanfic / Fanfiction Certo e Errado. (Larry Stylinson) - Capítulo Quarenta e Nove.

Louis P.O.V. 

 Digamos que depois Octávio não quis mais tocar no assunto. Ficamos calados, eu não sabia bem onde ele estava me levando, e suas mãos firmes no volante tiravam minha atenção, também não estávamos em caminho nenhum pro local combinado, esse é um lado da cidade que eu nunca vim.

‘’Você não está me sequestrando, né?’’ –Ele riu e me olhou por alguns segundos.

‘’Por algumas horinhas, huh?’’

‘’Pra ser bem sincero, pode me sequestrar para sempre. ’’ - Nós dois rimos e olhei pela janela do carro. O carro foi parando lentamente em frente a vários restaurantes que pareciam ser bem conhecidos por aqui, já que a rua estava tão movimentada que mal conseguíamos passar com o carro por ela.

‘’Espero que você goste de música clássica e pratos exóticos. ’’

‘’Onde estamos indo mesmo?

‘’A um restaurante. Sem surpresas. ’’

‘’Mas eu pensei que íamos naquela lanchonete...’’

‘’Meus amigos estão sempre lá, eu queria algo mais reservado para nós dois, não ter a fascinante honra de encontrar eles lá e acabar com a nossa diversão, concorda?’’ –Assenti, suspirando profundamente.

Comida, sério? O que mais nós iríamos fazer mesmo?

‘’Venha, vamos lá?’’ –Octávio fechou a porta e me esperou contente.

‘’Aonde vamos?’’

‘’Comer. ’’ –Disse animado, me deixando desanimado.

O lugar escolhido por ele foi um restaurante bem chique, havia dois andares e pegamos uma mesa reservada em uma varanda com a vista mais linda que a da janela de meu quarto. Sentamos-nos um de frente ao outro e ele abriu uma garrafa de vinho que estava em um suporte ao lado da mesa, em um balde com gelo.

‘’Esqueci que você não bebe. ’’

‘’Sou o maior bêbado que você vai conhecer se me permitir beber. Você preparou tudo isso?’’

‘’Digamos que eu paguei tudo isso. ’’ –Sorriu pegando duas taças e as enchendo até a metade. Entregou uma a mim gentilmente e aceitei, fazendo um ‘’brinde’’ antes de abaixar sua taça.

‘’Então, comer é divertido? Pra mim é algo necessário para sobreviver. ’’ –Enquanto Octávio passava os olhos pelo Menu, observei o restaurante lotado. Estava transbordando de gente, a conversa estava alta, os pratos traziam grandes quantias de comidas colorida e vibrantes e os aromas, apesar de serem magníficos, faziam meu estômago revirar.

‘’É claro que é. ’’ –Tudo que eu queria de verdade era minha cama nesse momento... Tem um homem te encarando de segundo em segundo não é legal, ainda mais quando o olhar dele é intimidador. - ‘’O que você vai querer?’’ –Ele me entregou o cardápio e fingi dar uma olhada pelo menu.

‘’Acho que o mesmo que você. ’’

‘’Quero perna de carneiro refogada com raízes, homus de harissa, purê e quinoa com ervas. ’’ –Forcei um sorriso para a garçonete enquanto batalhava com meu corpo por não ter que botar tudo para fora.  Fechei o cardápio e tomei a taça de vinho de uma vez, apoiando meu queixo em minhas mãos.- ‘’Então, quando foi que você perdeu o apetite assim?’’

‘’Quando terminei meu namoro... ’’ –Remexi na cadeira, olhando para os lados para ver se ninguém nos ouvia.- ‘’E você?’’

‘’Não perdi. ’’ -Ele levantou uma sobrancelha.- ‘’Álcool não é uma boa ideia pra quem está deprimido com fim de relacionamentos.’’

‘’Sim, mas não estou deprimido.’’

‘’Você está deprimido, terminou um namoro... Está um pouco triste, de qualquer maneira.’’ –Encheu minha taça mais uma vez e completou a dele.

‘’Não me fazia bem, estava me destruindo por dentro.’’ –Comentei e abaixei a cabeça. Octávio segurou em meu queixo me fazendo erguer o rosto e o olhá-lo. Eu ri, apesar de não querer.

‘’Nós não viemos aqui para falar de tristezas ou ilusões amorosas...’’

‘’Ilusões... ’’ –Comentei levando a taça até minha boca.

‘’Posso ser sincero com você?’’ –Assenti e ele começou a rir antes de continuar.- ‘’Da primeira vez que te vi, pensei que era um striper.  –Comecei a rir.

‘’É bem sério ou você está tirando uma comigo?’’

‘’Sim, é sério, não que eu tenha te imaginado assim, mas... Você tem cara. ’’

‘’Se por acaso um dia eu ficar sem emprego posso pensar nisso. Bem, eu não sei o que se passa na sua cabeça. ’’ –A garçonete colocou dois pratos enormes de comida na nossa frente. Nós dois olhamos para eles com medo.

‘’Está tudo bem?’’ -Ela perguntou, reparando na nossa expressão.- ‘’Acertei o pedido?’’

‘’Sim, é claro, está com uma aparência deliciosa, obrigado. ’’ –Agradeci e a garçonete atendeu ao pedido de Octávio, que pediu mais uma garrafa de vinho. Peguei o garfo e a faca sem ter certeza por onde começar.

‘’Então, qual foi à última vez que você saiu pra comer, Louis, já que acha isso desnecessário?’’ –Ele me perguntou , examinando seu prato e assim como eu, sem saber por onde começar.

‘’Faz um tempo, já que eu e ele ainda não namorávamos... Enfim, isso está gostoso. O seu está gostoso?’’ –Octávio fez uma careta e me olhou reprimindo os olhos.

‘’Isso é gengibre? Acho que estou sentindo gosto de limão e de erva...’’

‘’Os gostos são divertidos. ’’ –Falei sarcástico, mexendo com o garfo no purê.

‘’Por quanto tempo você namorou essa pessoa misteriosa?’’

‘’Coma, o purê está gostoso. ’’

‘’Sim, está cremoso. ’’ –Pela sua cara, não estava tão bom quanto estava afirmando.- ‘E as cenouras estão cruas.’’

‘’Dois meses. ’’ –Comentei e o ignorei me olhar, experimentando as sementes do prato.

‘’Você o abandonou depois de dois meses? Já fiquei com pessoas que odiava mais tempo que isso, nem deve ter se esforçado. ’’

‘’Eu me esforcei muito. ’’ –Baixei o olhar e brinquei com minha comida.

‘’O seu carneiro está quase derretendo?...’’ –Assenti, rindo de leve.- ‘’Quando você soube que não estava dando certo?’’

‘’Eu estava cheio de dúvidas a tempos... Da maneira que eu me magoava fácil e sentia muita dor emocional, então eu parei e pensei... ’’ –Enquanto falava, balançava o garfo no ar, cheio de entonação.- ‘’O amor não era pra machucar, isso não é amor...’’

‘’Bem pensado. ’’ –Ele acrescentou, enchendo o garfo de carne.

‘’Eu estava, de certa forma me sufocando com esse nosso relacionamento. Chorei muito quando terminamos, mas isso fez bem pra nós dois, apesar dos arrependimentos. ’’

‘’Então por que aceitou namorar?’’

‘’Eu pensei que era o melhor, já que nós dois nos ‘gostávamos’. Entrei em pânico, tive medo de magoá-lo, e no final quem saiu ferido fui eu. ‘' 

‘’Você acha que agora ele deve estar saindo com outra pessoa, assim como você?’’ –Foi uma pequena pontada isso, me senti um pouco ofendido e balancei a cabeça positivamente.

‘’Eu o conheço bem, deve estar em qualquer lugar enchendo a cara cheio de garotas. ’’

‘’E você se importa com isso?’’

‘’Não sendo um argumento justo, eu não estou nem aí, a vida é dele. ’’ –Octávio assentiu com a cabeça, mexendo em suas ervas.

‘’O seu está meio doce?... Acho que isso daqui é um pedaço de melancia... ’’

‘’É pêssego. ’’ –Concluí, o vendo torcer os lábios.- ‘’Mas está muito bom, te garanto.’’ –Fiquei empurrando a comida por meu prato.- ‘’Eu o amava, sabe, tenho uma teoria sobre isso, alguns amores não estão destinados a durar a vida toda.’’ –Ele ficou quieto. Nós dois comemos umas garfadas de comida e bebemos mais vinho, eu já estava tão cheio a ponto de não conseguir comer mais nada. Por fim, Octávio deixou o garfo cair no prato.

‘’Eu me rendo, não posso mais comer.’’ –Colocou a mão sobre o rosto em sinal de parada. Coloquei o garfo e a faca no prato, aliviado.

‘’Nossa, estou satisfeito. ’’ –Resmunguei, as mãos disfarçadamente sobre a barriga que doía um pouco.- ‘’Não estou acostumado a comer.’’ –Olhamos um para o outro e rimos.

‘’Vamos dar uma volta. ’’ –Falou, como se precisávamos de um tempo para pensar depois dessa conversa.

 

Nós dois estávamos caminhando, prontos para queimar a comida que tínhamos nos forçado a comer, e, apesar do frio extremo, resolvemos visitar o parque mais conhecido de Doncaster. Encolhidos de frio, fomos pelo jardim murado, os estábulos vermelhos que abrigavam mercadores de comida durante os fins de semana, o templo de Hércules perto do lago dos patos, onde Octávio tentou me empurrar e precisei segurar um de seus braços com força.

O jardim de rosas vermelhas se encontrava destruído pelo calor, mas mesmo assim era uma coisa bonita de se ver, já que as pétalas secas voavam com o vento gelado que as atingia, deixando tudo mais bonito ainda. Olhamos para os galhos encurtados e nus com cor nenhuma enquanto o vento gelado cortava nossos rostos, e o vento frio passava por cada buraco em nossa roupa, gelando o corpo todo.

‘’Vocês se encontravam com frequência?... Você e seu ex.’’

‘’Sim. Estávamos juntos quase toda a hora, apesar de ele ser um homem muito ocupado hoje em dia.’’

‘’Então quer dizer que você é bem romântico?’’

‘’Se você acha isso romântico...’’ –Ele encolheu os ombros, dispensando a questão.

Estranhamente, me senti bem triste. Harry e eu não tínhamos histórias como aquelas. Esforcei para me lembrar de uma coisa fofa que passamos juntos, mas minha mente não me obedecia. Não pude pensar em nada.

Nós nos perdemos no caminho, eu fazendo o meu melhor para que Octávio não me perguntasse nada mais sobre esse relacionamento terminado, uma hora ou outra eu me descuidaria e acabaria contando quem realmente era, e como não sou burro ou nada, sei que ele se assustaria ao saber que era Harry, já que os dois se conhecem a tempo.

‘’Parecem nomes de doenças. ’’ –Comentei ao ler o que havia escrito em uma placa e coloquei as mãos em meus bolsos.

‘’Desculpe doutor, tenho um pouco de baixa mentalidade.’’ –Caçoou de mim, rindo em seguida.

‘’Que engraçado. ’’ –Ri por educação e ele afagou meus cabelos, murmurando umas desculpas.- ‘’Afinal, qual é seu sobrenome?’’

‘’Vicenzi. ’’ –Seus olhos percorreram meu rosto por segundos e ele sorriu, passando a língua nos lábios em seguida.

‘’Eu gostei do seu nome, é bem original, melhor que Tomlinson. ’’

‘’Maluco, seu nome é uma obra prima. Imagina o quão deve ser bom alguém gemer Louis... ’’ –Senti minhas bochechas queimarem um pouco e o ignorei por segundos.

‘’Você é bem direto, não?’’

‘’Pensei que haviam te avisado de eu ser tão extrovertido. ’’

‘’Eu havia esquecido essa parte, completamente. ’’ –Nos sentamos em um banco aleatório do parque quase vazio e ficamos olhando o pequeno lago que ali havia.

‘’Eu tinha uma namorada... ’’ –Ele começou a falar e esfregou uma mão na outra com força, como se quisesse esquentá-las.- ‘’Nós namorávamos a distância, por telefone, e-mails, cartas, chamadas de vídeos...’’

‘’Bem original.’’ –Comentei sem animação.

‘’Mas nós dois terminamos porque não confiávamos um no outro...’’

‘’Ah, vamos lá Távio... Relacionamentos à distância dão certo. Vocês fizeram isso há quanto tempo?’’ -Pareceu pensar por alguns segundos e limpou a garganta.

‘’Dois anos e meio. ’’

‘’Viu só, é muito tempo... Por que vocês nunca se viram então?’’

‘’Minha mãe odeia viajar, e ela sempre dizia estar sem tempo pra me ver, trabalhava em uma transportadora e estava sempre dirigindo caminhões pela cidade dela, por isso nunca tive a oportunidade de vê-la pessoalmente.  Quando estávamos no sétimo mês de namoro, ela conheceu uma pessoa, não me contou na época, mas resolvemos isso. ’’

‘’E como você descobriu?’’ –A essa altura do campeonato, ele já havia se rendido e deitado sua cabeça em meu ombro.

‘’Eu havia ligado para ela na noite do meu aniversário e perguntar o porquê não havia me ligado, então um homem atendeu e havia dito que ela estava no banho. No outro dia quando retornei a ligação, terminamos o namoro. Não fiquei triste, mas fiquei furioso por ter levado um chifre a mais de um ano sem saber. ’’

‘’Você já não soube uma coisa e ao mesmo tempo soube?’’

‘’Ah meu Deus. ’’ –Ele disse exausto.

‘’Que noite... ’’ –Comentei, pegando meu celular. Olhei as olhas e suspirei, percebendo que ainda eram dez e cinquenta e dois. Havia se passado apenas uma hora e alguns minutos que estávamos juntos e eu sabia quase toda a vida dele, e ele quase toda a minha.

‘’E sabe qual é o pior? Minha namorada me deixou, minha mãe morreu e meu pai está morrendo aos poucos. Eu moro no fim de Doncaster, tenho uma banda fracassada, meus amigos me odeiam e fui mal à prova da faculdade. ’’

‘’E mesmo com todos esses problemas, você é feliz. ’’ –Octávio deu um sorriso, limpando seu rosto do sereno.

‘’Eu acho melhor irmos embora, está fazendo doze graus aqui. ’’ –Assenti e nos levantamos congelados do banco. Eu mal conseguia andar, minhas pernas doíam de tão geladas. Se você provavelmente tocasse em qualquer parte de seu corpo descoberta, ela doeria mais que levar um tiro. Voltamos pelo mesmo caminho aonde viemos.

 

Quando já estávamos no carro, Octávio ligou o aquecedor no último em um esforço para nos esquentar. Ele estava preocupado comigo, parecia que meus lábios haviam perdido a cor e eu não parava um segundo de tremer.

‘’Estou bem. ’’ –Insisti no que ele tirou sua jaqueta e deu a mim, em uma maneira de me deixar livre do frio.

‘’Vou te levar para casa, você toma um banho e bebe um chá quente pra te esquentar. ’’

‘’Conheço um posto vinte e quatro horas que faz um café horrível. ’’ –Consegui dizer ainda batendo os dentes de frio e Távio riu.

~~~~*~~~~

 

Com um café quente dentro de mim e um no porta-copo prestes a ser engolido, comecei a finalmente me esquentar.

‘’Por que estamos indo para Leeds?’’

‘’Quero te mostrar uma coisa especial. ’’ –O relógio marcava cinco e quarenta e cinco da manhã. Eu estava temendo muito onde estávamos indo, não podia sair assim de Doncaster sem ao menos avisar Niall ou alguém, aliás, eu havia saído de casa nove horas do dia anterior. Eu realmente estou sendo sequestrado.

‘’Não precisamos ir para Leeds para ver a primeira parte do show, aqui já está bom. ’’ –Ele jogou o carro um pouco pro lado, pra fora da pista, bem perto de uma vegetação rasteira e estacionou. Abriu a porta do carro e pegamos nossos cafés, saindo. Távio pegou impulso e se sentou sobre o capô do carro, na parte da frente e pediu para que eu fizesse o mesmo. Recostamos-nos no vidro frontal e não entendi nada, até ver o sol nascendo bem na nossa frente, só aí entendi as intenções dele.- ‘’E... Ação. ’’ –O sol começou a nascer lentamente e observei a cena como uma criança observa a vitrine de uma doceria.

Ele tirou do bolso um saquinho que continha vários doces estranhos. Abriu e me ofereceu. Fiz que não com a cabeça e beberiquei o café já gelado, do jeito que eu gostava.

‘’Olha como a canela é amarga e o limão é cristalizado. ’’ –Colocou o doce na boca e mastigou um pouco, fazendo careta em seguida.- ‘’Eww... ‘’

‘’Estou apreciando uma das coisas mais lindas que a natureza produz. ’’ –Comentei e tombei minha cabeça para o lado, o observando cuspir todo o doce de volta a embalagem.

‘’Como alguém consegue comer essa porcaria industrializada?’’ –Encolhi os ombros.

‘’Me conte a coisa mais bizarra que sua ex-namorada fez a você. ’’

‘’Acho que não nos deveríamos abrir demais um para o outro... ’’

‘’Qual é, agora somos amigos, eu pelo menos acho isso. ’’ –Ele repensou na pergunta e abriu outro doce diferente, olhando na direção do sol depois.

‘’Marie não era dessas coisas bizarras... ’’

‘’Sabemos que o nome dela era Marie... Elegante. ’’ –Távio riu com a boca cheia de doce e balancei os ombros.

‘’Uma hora ou outra você saberia. Então... Quando fizemos um ano de namoro ela disse que me mandaria um presente. Até então eu pensei que era um urso, um anel, uma carta, mas quando eu abri aquela caixa e vi que era um vibrador... Eu me senti o cara mais envergonhado do mundo. ’’

‘’Não brinca que era isso! Sua namorada é louca!’’

‘’Realmente, e quando eu vi que havia uma carta junto, eu a peguei, fechei a caixa em meio do correio e saí como se nada tivesse acontecido. Na carta dizia claramente que ela tinha usado aquilo pensando em mim. Duas semanas depois ela me ligou de Las Vegas dizendo que tinha recebido o presente de volta. ’’

‘’E o que você disse?’’

‘’Que queria apenas a carta. Eu não ficaria com aquilo, é nojento. ’’

‘’Realmente, você não deveria ter me dito isso. ’’ –Ri e joguei o copo de café vazio com força pedras abaixo que havia em frente o carro, nos separando de um riacho. Ele pegou o resto do doce que não comeu e jogou com força também, guardando as embalagens no bolso.

‘’Vai lá pegar o copo, jogar lixo em uma natureza tão linda é crime... ‘’

‘’Você tem toda razão. ’’ –Desci de cima do carro e fui até o meio das pedras, procurando o copo. Ele havia caído dentro do raso riacho, então peguei o copo com um pouco de água dentro e voltei devagar pelas pedras, até chegar a Octávio. Ele estava distraído ao abrir outro docinho, então joguei a água bem em seu rosto, que permaneceu parado por alguns segundos.

‘’Eu não vou te xingar agora, mas me aguarde Tomlinson. ’’ –Comecei a rir e ele desceu do carro.- ‘’Vamos para a parte dois de nosso pequeno passeio para Leeds.’’ 

''Ainda vamos para lá?''

''Sim, faz parte da brincadeira, confia em mim, eu não vou te matar ou te esquartejar.'' -Ri nervoso, já desconfiando disso.

 

Já eram quase seis e meia quando finalmente chegamos ao nosso destino. A música tocava baixinha e Octávio parecia bem animado, e eu? Com sono, cansado, queria dormir pelo menos o dia todo e só acordar amanhã. Ainda estava meio frio, os vidros estavam fechados e o aquecedor ligado.

‘’Você ainda não me disse onde exatamente estamos indo. ’’

‘’Visitar meu pai, você vai gostar. Apesar de eu estar praticamente te obrigando a vir aqui, acho que irá gostar de conhecer minha irmã. ’’

‘’Por que eu gostaria de conhecer ela?’’

‘’Digamos que ela se parece um pouquinho com você. ’’

‘’Em qual sentido?’’

‘’Todos, prometo. ’’

‘’Estamos muito longe da casa de seu pai? ’’

‘’A umas duas quadras, bem perto. ’’ –Assenti, encostando a cabeça no vidro. A cidade é bem bonita, não estamos em um bairro comercial, parece mais rústico que os outros lugares que passamos. Octávio recostou o carro em frente a uma casa pequena, suas paredes azuis e até as janelas continham flores como enfeites em baixo, bem anos oitenta, gostei.

Saímos os dois do carro sentindo a brisa fria e nos arrastamos lentamente pelo quintal até a porta de entrada. Ele deu leves batidas na porta e chegou se ela estava aberta. Por sinal não. Puxou o baixo portão de madeira na lateral da casa e deu espaço para que eu passasse, e assim fiz, pisando na gama macia e sendo conduzido até a porta dos fundos da casa. A porta do fundo foi aberta e o cheiro de café aguçou todos meus sentidos.

‘’Pai? ‘’ –Octávio chamou e não obteve resposta. Estávamos em uma pequena garagem, então ele empurrou a porta de ferro e demos de cara com um senhor sentado sobre a mesa lendo seu jornal. - ‘’Que susto, pensei que não encontraria o Senhor aqui. ’’ –Impressão minha ou pensou que o pai dele tinha morrido? De qualquer maneira fiquei quieto e passei discretamente o olhar pela cozinha, fascinado com tantas pinturas abstratas penduradas uma ao lado da outra.

Eu estava sentado na única cadeira livre da cozinha, bem e, frente aquele homem observando o jornal com tanta ênfase. Eu estava até orgulhoso de Octávio no quão ele estava ajudando o pai a levantar da mesa agora quando meu celular tocou. Eu sabia que podia ser Niall, resolvi evitar conflitos e resolvi não atender, mas não tive como, tive que ouvir a mensagem de voz deixada por ele.

‘’Louis, onde você está? Eu já estou preocupado! Você não apareceu em casa! Vou sair para ir atrás de você nesse exato momento, e se não te encontrar, me aguarde!’’

Suspirei. Coitado, irá rondar Doncaster toda atrás de mim e não me encontrar. Tenho vontade de ligar pra ele, mas apenas desligo o celular por precaução. Távio se juntou a mim.

‘’Acho que já é hora de conhecer minha irmã, se prepare. ’’ –Ele deu um sorriso e assenti, já imaginando como ela deveria ser.

A parte de cima da casa, para minha surpresa era um estúdio de tatuagens, profissional, pois é. A irmã dele era bem conhecida na cidade, a melhor tatuadora, afirmou a mim. Távio empurrou a porta do quarto e encontramos ela se auto-tatuando. Deixou os instrumentos sobre a mesa e tirou sua máscara, nos encarando.

‘’Florence, eu já estava sentindo o cheiro de tinta lá de fora. ’’

‘’É sério Vicenzi? Você resolve atrapalhar eu fazendo meu leão assim?’’ -Olhei os braços dela, um deles já era fechado de tatuagens e seus cabelos vermelhos cacheados a deixavam com uma cara de hipster.

‘’Octávio... ’’-Toquei o braço dele gentilmente que se virou para mim.

‘’Sim?’’

‘’Sobre o seu pai, por que você tinha medo de não o encontrar lá?’’

‘’O coitado não tem mais forças para viver, só isso. ’’ –Complementou.

‘’Por que ele fica com o telefone na mão toda hora?’’

‘’Ele ainda tem esperanças de que minha mãe vai ligar de lá do hospital pra ele. É assim há seis anos. E não pense que ela irá ligar, ela tá morta. ’’ –Ele foi um pouco direto demais, puxou uma cadeira e se sentou ao lado da cama.

‘’Quem é o bonitinho aí?’’ –Florence perguntou.

‘’Louis, ele é meu amigo, nos conhecemos antes de ontem. Ah, ele é bem bacana. ’’ –Sorri leve e acenei a ela.

‘’E aí Louis, não precisa me estranhar, eu sou assim, mas sou um amor de pessoa. ’’ –Assenti, tentando não demonstrar estranhamento.- ‘’Você tem tatuagens?’’

‘’Eu? Não, nenhuma. ’’

‘’Como assim, todo mundo tem uma. ’’ –Ela me bronqueou e olhei para Távio confuso. Antes que pudesse questionar em alguma coisa, ele tirou sua jaqueta e ergueu a camiseta, mostrando uma pequena fênix que tinha nas costelas. Suspirei, me sentindo diferente.

‘’Eu nunca pensei em fazer nada, sabe... ’’

‘’Por que você não faz uma aqui, comigo?’’ –Florence bateu as mãos no suporte de braços e se levantou, mostrando seu coturno preto que ia até os joelhos. Aproveita que eu não tenho nenhum horário marcado até às três da tarde.

‘’Não, tá doida? ’’ –Me recuei um pouco, dando uns dois passos para trás.

‘’Vai Louis, nem que seja uma pequenininha. Você pode não se acostumar agora, mas tatuagens são como filhos. ’’

‘’E aproveita que eu não vou cobrar nada, só porque você é amigo do Vicenzi. ’’ –Comprimi os lábios, pensando seriamente.

‘’Mas isso não é uma coisa que se deve planejar com antecedência?  ‘’

‘’T ah... ’’ –Florence sentou na cadeira e pegou seu notebook, colocando em seu colo.- ‘’Venha cá.’’ –Me aproximei dela e me curvei um pouco.- ‘’Você gostaria de fazer qual tatuagem? Já pensou em alguma?’’

‘’Nunca havia pensado em nada. ’’

‘’Eu tenho uma ideia aqui comigo, estava fazendo esses dias uma tatuagem planejada por mim mesmo, ela é bem aqui nessa parte do braço, acho que você gostaria. Se me permite... ’’ –Abriu uma gaveta da mesa e pegou uma pasta cheia de moldes. Tirou uma folha com um molde não acabado e me mostrou.

‘’Um viado? ‘’

‘’É UM CERVO. ’’ –Ela brigou comigo e assenti calado, observando o esboço.

‘’E você quer fazer isso no meu braço?’’

‘’Se você me permitir, quanto mais rápido melhor. ’’

‘’Mas está inacabado. ’’

‘’Eu termino na hora, não se preocupe.’’ –Tentou me passar confianças mas não me convenceu.

‘’Mas e se por acaso você errar essa tatuagem?’’ –Octávio começou a rir do outro lado do quarto.

‘’Você acha mesmo que ela erraria? É a de mais confiança da cidade. Vai Louis, aceita logo isso, aliás, vai ficar lindo, se eu fosse você não pensaria duas vezes. ’’

‘’Te dou dez segundos pra pensar. ’’ –Comecei a pensar na hipótese de levar uma surra de Niall, mas como o tempo era curto apenas balancei a cabeça em sinal positivo.- ‘’Yeah! Eu vou lhe usar como cobaia, se der certo vou colocar isso no meu livro de recomendações. Só preciso de vinte minutinhos pra poder arrumar tudo, vocês dois podem ficar lá fora por esse tempo.’’ –Távio se espreguiçou e levantou da cadeira.

‘’Vamos fazer companhia para meu pai lá em baixo, não vamos deixá-lo sozinho. ’’ –Assenti, me arrependendo totalmente da ideia. Mas se eu querer voltar atrás e desistir, seria um total fracassado e fracote.- ‘’Você é o homem mais corajoso que eu já vi. ‘’

‘’Obrigado. ’’ –Assenti, sorrindo fraco. É que você não sabe de nada. 



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