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História Céu e Inferno - Um Dia Na Corte De Lúcifer


Escrita por: Blood_Sabbath

Capítulo 13 - Um Dia Na Corte De Lúcifer


P.O.V Maria

                As mentiras que ele me contou no quarto poderiam convencer a qualquer um, menos a mim. Foi por culpa dele que minha mãe, uma mulher inocente que só queria se tornar uma freira, foi estuprada e carregou em seu ventre por nove meses a filha do demônio, e dez anos depois foi brutalmente assassinada por ele, fazendo parecer um homicídio em suicídio. Por anos me senti culpada pela morte da minha mãe, por muito tempo eu me culpei por tudo o que aconteceu a ela, mas agora que sei o que realmente aconteceu Lúcifer quer se mostrar como santo. Ele pode jurar até pros seus irmãos que a amava, eu ainda continuarei a dizer que tudo isso é mentira, que ele jamais amou Lucy Jones e que ele jamais se importou com nada além dele. Depois de ter sido jogada da banheira e ter ouvido aquele monte me merda dele me vesti e arrumei o meu cabelo o melhor que pode, pois de tanto ele ter sido puxado e ser coberto de sangue e vômito, todos meus é claro, ele ficou uma desgraça sem tamanhos. Como faz falta uma tesoura nessas horas. Depois de pronta só preciso bater duas vezes na porta para Darien e Cedric a abrirem e me acorrentarem novamente, e assim que as correntes se prendem na minha cintura eles me arrastam de volta para o salão principal, mas passamos direto pela porta de entrada. O portal para a Terra não seria aqui, teria que ser num lugar escondido dentro do palácio. Entramos então num corredor que mais parece ser uma caverna, iluminada apenas por tochas vermelhas. Dentro dela estão celas cheias de almas condenadas, muitas delas de demônios e futuros demônios. Olho para todos os lados e vejo pessoas em situações piores do que a minha: correntes gigantes passando por seus corpos destroçados, gritando, arrancando o que sobrou dos cabelos... Mas outras apenas riem da própria desgraça, riem da forma que estão sendo torturados. A próxima geração de demônios. Cedric me puxa com tudo quando eu começo a andar devagar, e entramos numa saleta menor que a jaula, lá está Lúcifer e mais dois demônios, um eu não conheço, sua casca é antiga pelo visto, mas o cheiro dele é estranho. Ele possui o cheiro dos mares do norte, misturados com terra molhada e enxofre. Já o outro eu sei bem quem é.

                -Está tão linda, com certeza a criatura mais bela do inferno é você! – Baltazar aponta para mim, que apenas lhe dá uma cara horrível ao vê-lo. – Não se preocupe querida, eu irei matar lentamente seu namorado e sua babá.

                -Vá se foder. – Eu apenas digo isso e passo diante dele de cabeça erguida, mas sinto seu olhar sobre meu corpo e me sinto vulnerável.

                -Iremos apenas tratar de negócios, nada mais. – Lúcifer me faz para na frente dele, e eu o encaro com o pior olhar possível, pior até do que o que eu dei ao Caçador. – Maria, esse daqui é o Príncipe do Norte, ele se chama...

                -Belial. – Eu completo a frase. – Um dos cavaleiros do inferno e príncipe coroado por você.

                -Uma garota muito inteligente. – Belial diz me encarando com seu sorriso branco. – É uma pena você ter sido presa, eu tinha apostado tudo em você como a nova rainha do inferno.

                -Pois é né, eu nunca fui de dar muitas alegrias a ninguém, nem a demônios. – Debocho e sinto as suas mãos grandes e pesadas sobre meu pescoço.

                -Belial... – Lúcifer precisa dizer apenas uma vez para o príncipe coroado me soltar e eu recuperar meu ar.

                -Você tem certeza de levar Maria para fora pai? – Cedric pergunta. – Você sabe os riscos que temos se levarmos ela.

                -Que riscos? – Ele diz rindo. – O único risco que ela nos proporciona é derramar café quente em mim, nada mais.

                Assim que ele termina ele estala os dedos e abre o portal, um redemoinho vermelho e preto, e então ele passa logo em seguida, seguido por Belial, Baltazar, Darien e logo após eu e Cedric. O redemoinho me deixa com vontade de vomitar a pouca comida que me deram, mas quando abro novamente os olhos me vejo sobre o centro de uma grande cidade, rodeada de avenidas lotadas de carros e ônibus, prédios enormes e um vasto céu limpo para o final do inverno, mostrando que a primavera já está se aproximando. Montreal. Em um momento me dou conta de que as correntes que me prendem já não estão mais sobre mim, e então eu tento correr. Correr para o mais longe deles, correr para minha liberdade. Quem dera né. Quando penso que estou livre sinto algo me puxar, e só então que me dou conta de que a corrente está invisível. Bufo de ódio enquanto Baltazar me puxa de volta, rindo da minha queda e do fato de eu acreditar que eu seria libertada.

                -Ora minha cara, achou mesmo que daríamos esse mole todo? – Ele debocha enquanto me põe de pé, passando seu imenso nariz pontudo sobre meu pescoço, e em seguida o lambendo até a minha orelha. Sinto nojo disso. – Eu não iria aguentar viver sem você...

                -Cedric, pegue a corrente das mãos do Caçador. – Lúcifer mais uma vez interfere e me sinto aliviada por isso, e vejo Baltazar olhar feio para ele. – Não se esqueça a sua função aqui Baltazar. Pegar o garoto e os dois exilados, e não dar em cima da minha filha!

                -Como queira meu soberano. – Baltazar diz, mas sei que ele não gostou de ter sua atenção chamada por ele.

                Eles começam a andar pela rua principal, me fazendo andar no mesmo ritmo que eles. Eu não sei para onde eles vão, mas sei que vão se encontrar com mais alguém, até por que, qual seria a razão para Lúcifer sair do seu quartinho para vir a Terra? Ele não tem motivos para vir aqui, não mesmo. Cruzamos ruas e avenidas, esquinas e curvas rodeadas de pessoas que nem se dão conta que os seres mais perigosos estão passando por eles nesse exato momento. Só então me dou conta do cheiro forte que sinto, o mesmo que senti meses atrás, antes de ser capturada por Darien e Lúcifer. Perfume francês e enxofre.

                A desgraçada continua com a mesma casca de antes, quando ela quebrou meu braço e quase matou Judas naquela Rua em Paris, só as suas roupas é que mudaram. Deixou o terno de lado para usar um grande casaco e um chapéu vermelhos, usando apenas as luvas e botas na cor preta. Seu batom é vermelho sangue e a sombra em seus olhos é mais escura do que suas luvas. O cabelo antes preso em um coque perfeito, agora solto, mostrando as belas mechas castanhas que possui.

                -Legasse alguma boa notícia? – Lúcifer pergunta enquanto Legasse apenas sorri.

                -O suficiente meu soberano. – Ela diz e seus olhos ficam instantaneamente negros, negros como a noite. – Vamos para uma cafeteria que tem aqui na rua, lá seria um ótimo lugar para termos esse tipo de conversa.

                -Excelente. – Ele diz.

                -Ora só se não é o infame Caçador Negro. – Legasse diz como se já se conhecessem, e Baltazar apenas sorri de lado.

                -Infame apenas para as minhas vítimas, querida Legasse. – Ele pega em sua mão e a beija.

                -E vejo também que trouxe as crianças para passear. – Ela diz e crava seus olhos de víbora em mim. – Espero que essa daí esteja devidamente na coleira Lúcifer...

                -Eu não me esqueci do meu braço. – Digo sorrindo para ela. – Vai ter volta, pode anotar isso aí sua víbora!

                -Crianças. – Lúcifer diz e dá um belo de um puxão na corrente, um sinal claro de que devo me manter quieta. – Bem, nos leve a tal cafeteria Legasse, por favor.

                Ela se vira e começa a andar em direção à cafeteria, e todos nós a seguimos por toda a rua. Dá para perceber de longe o que a nossa presença está causando no clima dessa cidade, qualquer um pode perceber. De uma hora para outra o céu azul e sem nuvens sumiu, dando lugar a nuvens pesadas e negras de tempestades. Ventos, antes suaves, agora se parecem mais com tornados que estão prestes a tocar o chão e levar tudo a sua frente. Cedric e Darien aparentam estar gostando do que estão causando, já eu não. Da última vez que causei uma tempestade igual a essa, eu dizimei metade de um país, milhares de mortos e desaparecidos, e tudo isso só aconteceu por que eu fiquei irritada com Abaddon por ele ter dito que eu não deveria ter pena dos humanos. Essa parece ser até pior do que a que causei com treze anos. Quando me dou conta já estamos a alguns passos da cafeteria, e lá eu começo a sentir cheiro de ervas de feitiço e enxofre, e de repente um homem rechonchudo, loiro com cabelos espetados e olhos cinza aparece sentado em uma das mesas. Ele sorri quando nos vê e nos chama para sentar-se ao seu lado.

                -Bom dia meu soberano, espero que a sua viagem a esse lugarzinho tenha sido bom. – O homem diz.

                -Ela foi como o esperado, Aarão. – Ele diz e o reconheço, Abaddon já tinha me falado sobre o general das legiões do inferno. – Preciso saber como anda nossos amiguinhos alados.

                -O de sempre. – Ele diz. – Miguel planejando o apocalipse, Gabriel o convencendo que é melhor perdoar o senhor e Rafael dando à mínima.

                -Gabriel nunca muda! – Ele diz sorrindo. – Sempre querendo o melhor para os irmãos e impedindo nossas brigas.

                -Mas enquanto aos boatos? – Legasse pergunta a Aarão.

                -Os boatos? – Aarão se faz de confuso. – Eles dizem muitas coisas Legasse, não dá para confiar neles!

                -Precisamos saber sobre o principal Aarão, precisamos saber sobre o guardião. – Lúcifer diz.

                -Eles não deram um nome específico, meu soberano, mas eles acreditam que o guardião está entre os mortais. – Ele diz com os olhos arregalados. – Eles também estão preocupados, é evidente, já que também poderão ser presos no andar de cima se o guardião realmente existir como dizem!

                -Nossa segurança está em risco pai, não podemos deixar que o guardião fique solto por aí! – Cedric diz. – Como todos sabem existem duas chaves que podem fechar as portas do céu e do inferno, e se ele tentar colocar as mãos na nossa chave seremos todos presos ali.

                -Cedric tem razão pai, nossa segurança e nosso estilo de vida estão em grave perigo se o guardião realmente existir como os Anjos dizem. – Darien diz com firmeza a Lúcifer.

                -Eu sei. – Ele diz. – Com Maggor ainda à solta fica difícil de saber se ele já tem ou não as chaves.

                -Maggor? – Eu falo pela primeira vez. – Maggor é o guardião? Aquela história que Abaddon vivia me contando?

                -Pelo visto Abaddon exerceu bem o seu papel de babá... – Baltazar ri.

                -Maggor é o único filho de um demônio que surgiu de uma relação conturbada, ele é o guardião! – Lúcifer diz. – Azazel possuiu aquela garota e a engravidou, e depois a matou quando o filho nasceu.

                -Ele não é o guardião! – Eu digo. – Se ele fosse mesmo o guardião já teria nos trancado há séculos!

                -A monstrinha tem razão! – Legasse diz e eu fico de queixo caído por isso.

                -Ele só está fingindo Legasse, tudo para disfarçar... – Darien diz.



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