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História Céus e Mares - Quebec e Detroit


Escrita por: dfcrosas

Capítulo 15 - Quebec e Detroit


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Quebec e Detroit


Arco I - Para o Mundo dos Céus
Parte IX - Corações em chamas, bandeiras altas; nós marcharemos para a batalha, sem medo, embora a ameaça continue aumentando.

 

Neblina se suspendia no ar. Lena tremeu, sua respiração se condensou no ar frio e ela parou de andar por um instante, tentando acessar alguma forma de calor dentro de si. Zetes a cutucou nas costas com a espada. "Continue andando, filha de céus e tempestades. Meu pai não é um homem paciente."

Elas continuaram andando, e a névoa finalmente se dissipou, revelando um homem num trono de gelo. Ele era grande e forte. Seu longo cabelo e barba espessa eram encrustados com cristais de gelo, e seus olhos piscavam mais calorosamente do que os de sua filha. "Bienvenu," o rei disse. "Je suis Bóreas le Roi. Et vous?"

Quione estava prestes a traduzir, mas Piper deu um passo a frente e fez uma reverência. "Votre Majesté," ela disse, "je suis Piper McLean. Et c’est Lena, fille de Zeus."

O rei sorriu com agradável surpresa. "Très bien!"

Piper franziu a testa e olhou para Lena. "Eu acabei de falar em francês?" 

Lena assentiu. 

O rei disse algo mais, e Piper respondeu: "Oui, Votre Majesté."

O rei riu e bateu palmas, obviamente encantado. Ele disse mais algumas frases então moveu a mão rapidamente em direção a filha como se a mandasse ir embora. 

Quione pareceu ofendida. "O rei diz..."

"Que sou filha de Afrodite," Piper interrompeu, "então, naturalmente, posso falar fluentemente francês, que é a língua do amor. Eu não tinha ideia. Vossa majestade diz que Quione não terá que traduzir agora."

Atrás deles, Zetes riu, e Quione lhe atirou um olhar assassino. Ela se curvou duramente ao pai e deu um passo para trás. O deus julgou Lena, e Lena decidiu que seria uma boa ideia se curvar. O rei disse mais alguma coisa e Piper ficou pálida.

"O rei diz..." ela vacilou. "Ele diz..."

"Ah, me permita," Quione disse. "Meu pai diz que tem ordens para matar vocês."

Lena ficou tensa. O rei ainda estava sorrindo bondosamente, como se tivesse entregado boas notícias. "Nos matar?" Lena disse. "Por quê?"

"Porque," o rei disse com um sotaque severamente acentuado, "o meu lorde Éolo ordenou." Bóreas se levantou. "Devo falar na sua língua, uma vez que Piper McLean me honrou falando na minha. Toujours, sempre tive simpatia pelos filhos de Afrodite. Quanto a você, Lena Grace, meu mestre Éolo não me deixaria matar uma filha do Lorde Zeus... sem primeiro lhe dar ouvidos."

"Por que o mestre dos ventos iria nos querer mortas?"

"Vocês são semideusas," Bóreas disse, como se isso explicasse tudo. "O trabalho de Éolo é conter os ventos, e semideuses sempre causaram a ele muitas dores de cabeça. Eles lhe pedem por favores. Desatrelam os ventos e causam caos. Mas o insulto final foi a batalha com Tifão no verão passado... Na primeira vez que os deuses o derrotaram, éons atrás, ele não morreu quieto. Sua morte libertou inúmeros espíritos da tempestade, ventos selvagens que não respondiam a ninguém. Era o trabalho de Éolo ir atrás de todos e aprisioná-los na sua fortaleza. Os outros deuses não ajudaram. Nem se desculparam pela inconveniência. Demorou séculos para Éolo ir atrás de todos os espíritos da tempestade, e naturalmente isso o irritou. Então no verão passado, Tifão foi derrotado novamente..."

"E sua morte libertou outra onda de ventus," Lena supôs. "O que fez Éolo ficar mais furioso ainda."

"C’est vrai," Bóreas concordou.

"Mas, Vossa Majestade," Piper disse, "foram os deuses que lutaram com Tifão. Por que punir semideuses por isso?"

O rei deu de ombros. "Éolo não pode libertar sua fúria nos deuses. Eles são seus mestres, e muito poderosos. Então ele fica impassível com semideuses que os ajudaram na guerra. Ele emitiu ordens para nós: semideuses que vierem para nós buscando ajuda não serão mais tolerados. Devemos esmagar seus pequenos rostos mortais." Houve um silêncio desconfortável.

"Isso soa... extremo," Lena arriscou. "Mas você não vai esmagar nossos rostos ainda, certo? Você ira nos ouvir primeiro, porque quando ouvir sobre nossa missão-"

"Sim, sim," o rei concordou. "Entenda, Éolo também disse que uma filha de Zeus poderia procurar minha ajuda, e se isso acontecesse, eu deveria ouvi-la antes de lhe destruir, pois você poderia... como foi que ele colocou?... tornar nossas vidas muito interessantes. Eu sou apenas obrigado a ouvir, no entanto. Depois disso, estou livre para julgar como achar justo."

Lena sentiu como se quase pudesse respirar novamente. "Que bom. Obrigada."

"Não me agradeça," Bóreas sorriu. "Há várias formas de você tornar nossas vidas interessantes. às vezes, mantemos semideuses para nosso entretenimento, como você pode ver." Ele gesticulou em volta do quarto para várias estátuas de gelo.

Piper fez um barulho sufocado. "Você quer dizer... são todos semideuses? Semideuses congelados? Estão vivos?"

"Uma pergunta interessante," Bóreas admitiu, como se isso nunca tivesse ocorrido a ele antes. Então deu de ombros. "Agora, por favor, Lena Grace, nos entretenha."

Quione murmurou algo e acariciou o pescoço de Lena. Ela não planejou isso, mas eletricidade faiscou pela sua pele. Houve um pop alto, e Quione voou para trás, derrapando pelo chão.

Zetes riu. Por um momento, Quione ficou muito aturdida para reagir. Então o ar ao redor dela começou a redemoinhar com uma micronevasca. "Como você ousa..."

"Pare," Lena ordenou, com toda a força que podia reunir. "Você não vai nos matar. E não vai nos manter aqui. Estamos numa missão para a própria rainha dos deuses, e a menos que queira Hera explodindo as suas portas, você irá nos deixar ir." Ela soou muito mais confiante do que se sentia. 

"Humm," Bóreas disse. "Uma filha de Zeus, favorita de Hera? Essa é definitivamente uma novidade. Conte-nos tua história."

"Vossa Majestade." Piper sorriu brilhantemente e contou para Bóreas toda a história. "Tudo o que pedimos é orientação. Esses espíritos da tempestade nos atacaram, e estão trabalhando para alguma mestra do mal. Se os encontrarmos, talvez possamos encontrar Hera."

"Eu conheço esses espíritos da tempestade," Bóreas disse. "Sei onde estão e também onde está seu prisioneiro."

"Você quer dizer o Treinador Hedge?" Lena perguntou. "Ele está vivo?"

Bóreas deixou a pergunta de lado. "Por enquanto. Mas quem controla esses espíritos da tempestade... Seria loucura opor-se a ela."

"Hera está em apuros," Lena disse. "Em alguns dias ela será... não sei... consumida, destruída, alguma coisa assim. E um gigante irá se erguer."

"Sim," Bóreas concordou. "Várias coisas horríveis estão acordando. A Grande Comoção de monstros que começou com Cronos... A batalha final ainda está por vir, e aquele que acordará é mais terrível que qualquer titã. Espíritos da tempestade... esses são só o começo  A terra tem muito mais horrores para revelar. Os monstros não permanecem mais no Tártaro e as almas não estão mais confinadas no Hades... O Olimpo tem uma boa razão para temer."

"Então você irá nos ajudar?" Lena perguntou ao rei.

Bóreas franziu a testa. "Eu não disse isso."

"Por favor, Vossa Majestade," Piper disse. Os olhos de todos viraram para ela. Devia estar morrendo de medo, mas ela parecia bonita e confiante. "Se você nos contar onde estão os espíritos da tempestade, podemos capturá-los e trazê-los para Éolo. Você ficaria bem frente ao seu chefe. Éolo pode nos perdoar e a outros semideuses. Poderíamos até resgatar Gleeson Hedge. Todo o mundo ganha."

"Ela está linda," Zetes murmurou. "Digo, ela está certa."

"Pai, não a ouça," Quione disse. "Ela é uma filha de Afrodite. Como ousa jogar charme para um deus? Congele-a agora!"

Bóreas considerou isso. Lena escorregou a mão para o bolso e se preparou para tirar a moeda de ouro. O movimento chamou a atenção de Bóreas. "O que é isso no teu antebraço, semideusa?"

Lena não havia percebido que a manga do seu casaco estava puxada para cima, revelando parte de sua tatuagem. Relutantemente, ela mostrou a Bóreas suas marcas. Os olhos do deus se arregalaram. Quione sibilou e recuou.

Então Bóreas fez algo inesperado. Ele riu tão alto que um pedaço de gelo se soltou do teto, caindo próximo ao seu trono. A forma do deus começou a tremeluzir e ele revelou sua forma romana.

"Áquilo," Lena falou.

O deus inclinou a cabeça. "Você me reconhece melhor nessa forma, não é? E Hera te enviou até os gregos... Entendo agora. Ah, ela joga um jogo perigoso. Não me admira que o Olimpo esteja fechado. Eles devem temer esse jogo arriscado que ela começou. Vai ser muito interessante observar. Suponho que não haja mais motivos para matar vocês. Se o plano de Hera falhar, o que irá acontecer, vocês destruirão uns aos outros. Éolo nunca terá que se preocupar com semideuses novamente."

"Suponho que você não possa ser mais claro?" Lena perguntou.

"Ah, nem pensar! Não sou eu que irei interferir no plano de Hera. Você sabe, eu tenho uma reputação como um deus do vento útil. Eu me sento no meu palácio, na beira da civilização, e muito raramente tenho animações. Agora eu tenho a chance de estar no centro. Ah, sim, eu deixarei que vocês sigam com essa missão. Vocês encontrarão seus espíritos da tempestade na cidade tempestuosa, é claro. Chicago. Se puderem capturar os ventos, poderão conseguir entrada segura na corte de Éolo. Se por algum milagre saírem vivos, digam a ele que capturaram os ventos sob minhas ordens."

"Tá bem," Lena concordou. "Então, é em Chicago que encontraremos aquela que está controlando os ventos? Foi ela quem aprisionou Hera?"

"Ah." Bóreas sorriu. "Essas são duas perguntas distintas, filha de Júpiter. Aquela que controla os ventos, sim, você irá encontrá-la em Chicago. Mas ela é só uma serva. Se você tiver sucesso com ela e conseguir pegar os ventos, poderá ir a Éolo. Só ele tem conhecimento de todos os ventos da terra. Consequentemente, todos os segredos chegam à sua fortaleza. Se alguém pode lhes dizer onde Hera está aprisionada, é Éolo."

"Pai," Quione protestou, "você não pode simplesmente deixá-los..."

"Eu posso fazer o que quiser," ele disse, sua voz endurecendo. "Ainda sou o mestre aqui, não sou?"

Os olhos de Quione brilharam de raiva. "Como quiser, pai."

"Agora vão, semideusas," Bóreas disse, "antes que eu mude de ideia. Zetes, acompanhe-as até a entrada."

Todos se curvaram, e o deus do Vento Norte se dissolveu em névoa. De volta ao hall de entrada, Cal e Leo estavam esperando por elas. Festus estava de volta à sua forma normal, soprando fogo sobre suas estruturas para se manter descongelado. 

"Vamos embora," Lena falou para seus dois companheiros. "Vamos para Chicago."

ϟ 

Em seu sonho, Piper estava de volta ao topo da montanha. Era um sonho regular agora, familiar, quase reconfortante se não fosse tão assustador. Aquela voz da escuridão ressoou: "Você se esqueceu do teu dever."

Piper não podia vê-lo, mas era definitivamente o gigante que vinha aterrorizando seus sonhos pelos últimos três dias, o que se chamava Encélado. Ela olhou ao redor procurando algum sinal do seu pai, mas a estaca onde ele estivera acorrentado da última vez não estava mais lá.

"Onde ele está?" ela perguntou. 

"O corpo dele está bastante seguro, embora eu tenha medo de que a mente do pobre homem não possa tomar muito mais da minha companhia. Você deve se apressar, menina, ou temo que haja pouco dele para salvar. Mostre-me que você valoriza a vida de teu pai fazendo o que peço. Quem é mais importante, teu pai ou uma deusa desonesta que a usou, brincou com tuas emoções e manipulou tuas memórias? O que Hera é para você?"

"Você está me pedindo para trair os meus amigos."

"Sim, Piper. Você sabe onde estou. Traga teus amigos para cá em vez do verdadeiro destino deles, e irei negociar com eles. Assim terás teu pai de volta."

"Não posso."

"Trair aquele rapaz estúpido que está escondendo segredos de você? Desistir de um romance que nunca existiu? Isso é mesmo mais importante que a vida do teu pai?" 

O sonho terminou. E Piper acordou gritando, caindo em queda livre pelo ar. Um corpo passou por ela: Leo, gritando e freneticamente batendo os braços. Então Lena estava ali, colocando seus braços ao redor da cintura de Piper.

"Temos que pegar o Leo!" ela gritou.

A queda delas diminuiu conforme Lena controlava os ventos, mas elas se balançavam para cima e para baixo como se os ventos não quisessem cooperar.

"Segure-se!"

Piper fechou os braços ao redor dela e Lena se atirou para o chão. Piper provavelmente gritou, mas o som foi rompido da sua boca. Sua visão se desfocou. E então, tum! Elas bateram com força em outro corpo quente: Leo, ainda se mexendo e xingando. Então ouviu-se uma explosão abaixo deles e Leo gritou: "Festus!"

O rosto de Lena se avermelhou com força enquanto ela tentava manter uma camada de ar abaixo deles. Eles ainda estavam alto demais de forma que bater no chão os achataria quando Lena gemeu. "Eu não consigo mais-" e eles caíram os três feito pedras.

Eles bateram no telhado de um armazém e despencaram na escuridão. Infelizmente, Piper tentou pousar de pé. Dor se espalhou pelo seu tornozelo esquerdo enquanto ela caia sobre uma superfície fria de metal. Por alguns segundos, ela não estava consciente de nada a não ser dor; dor tão forte que suas orelhas zumbiam e sua visão ficou vermelha.

Então ela ouviu a voz de Lena em algum lugar abaixo, ecoando pela construção. "Piper! Onde você está?"

"Ai, cara!" Leo gemeu. "Essas são as minhas costas! Não sou um sofá!"

"Aqui," Piper conseguiu falar, sua voz como um gemido. Ela ouviu arrastar de pés e grunhidos, então pés dando passos no metal. Sua visão começou a clarear. Ela olhou para o seu pé, e uma onda de náusea se varreu sobre ela. Oh, deuses. Ela se forçou a desviar o olhar antes que vomitasse. 

Lena e Leo chegaram ao seu lado. Leo começou a perguntar: "Você está bem...?" então ele ouviu o seu pé. "Ah não, você não está."

"Obrigada por confirmar," Piper gemeu.

"Você ficará bem," Lena disse, embora Piper pudesse ouvir a preocupação na sua voz. "Leo, você tem algum material de primeiros-socorros?"

"Sim, sim, certo." Ele escavou no seu cinto de ferramentas e tirou um monte de gazes e um rolo de fita, ambas coisas parecendo grandes demais para caber ali. 

"Como foi que..." Piper tentou se sentar, e encolheu-se. "Como você tirou essas coisas de um cinto de ferramentas?"

"Magia," Leo disse. "Não desvendei completamente ainda, mas posso convocar ferramentas normais dos bolsos, e mais algumas outras coisas úteis." Ele colocou a mão em outro bolso e tirou uma pequena caixa. "Balas de menta?"

Lena pegou as balas. "Incrível, Leo. Agora, você pode consertar o pé dela?"

"Eu sou um mecânico. Talvez se ela fosse um carro..." Ele estalou os dedos. "Espera, o que era aquela comida dos deuses que te deram para comer no acampamento... comida Rambo?"

"Ambrosia," Piper disse com os dentes trincados. "Deve ter um pouco na minha mochila, se não estiver amassado."

Lena cuidadosamente tirou a mochila dos seus ombros. Ela vasculhou os suprimentos e encontrou uma caixa cheia de pedaços esmagados, que pareciam barras de limão. Ela tirou um pedaço e entregou para ela. O gosto não era nada como o que ela esperava, mas a dor no tornozelo diminuiu. "Mais," ela disse.

Lena franziu a testa. "Piper, não deveríamos arriscar. Dizem que comer muito disso pode te transformar em cinzas. Eu acho que deveria tentar colocar o pé no lugar."

O estômago de Piper tremeu. "Você já fez isso antes?"

"Hã... acho que sim."

Leo encontrou um pedaço velho de madeira e o quebrou no meio para fazer uma tala. Então ele deixou a gaze e a fita prontas.

"Deixe a perna dela imóvel," Lena pediu para ele. "E, Piper, isso vai doer." Quando Lena endireitou o pé, Piper se retraiu tanto que deu um soco no braço de Leo, e ele gritou quase tanto quanto ela. Quando sua visão clareou e ela pôde respirar normalmente de novo, notou que seu pé estava apontando para a direção certa e que seu tornozelo estava enrolado com madeira, gaze e fita.

"Caramba," Leo esfregou o braço. "Ainda bem que meu rosto não estava ali."

"Desculpa," ela disse. "O que aconteceu com o dragão? Onde estamos?"

A expressão de Leo ficou pesada. "Não sei o que houve com Festus. Ele simplesmente tremeu, como se tivesse batido em uma parede invisível e começou a cair. Quanto a onde estamos... Acho que é uma fábrica de carros fechada. Acho que caímos em Detroit."

"Estamos muito longe de Chicago?"

"Acho que já percorremos mais da metade do caminho, vindo de Quebec. O problema é que sem o dragão, estamos presos viajando por terra."

"Sem chance," Leo disse. "Não é seguro."

"Ele tem razão," Piper disse. "Além disso, eu não sei se posso andar. E três pessoas... Lena, você não pode nos carregar sozinha."

"Talvez você possa consertá-lo de novo?" Lena perguntou ao Leo. 

"Eu não sei," ele soou cabisbaixo. Ele tirou alguns parafusos dos seus bolsos e começou a mexer neles. "Tenho que descobrir onde ele caiu, se ainda continua inteiro." Leo se levantou. "Olhe, hã, Lena, por que você não fica com a Piper? Eu vou fazer uma busca por aí procurando Festus. Acho que ele caiu fora do armazém em algum lugar. Se eu puder encontrá-lo, talvez possa descobrir o que aconteceu e consertá-lo."

"É perigoso demais," Lena disse. "Você não deveria ir sozinho."

"Ah, eu tenho fita isolante e balas de menta. Ficarei bem," Leo disse. "Só não vão ir embora sem mim." Leo colocou a mão no seu cinto de ferramentas mágico, tirou uma lanterna e desceu as escadas, deixando Piper e Lena sozinhas.

Lena pareceu um pouco nervosa. Era a mesma expressão que tivera no rosto depois de beijar Piper pela primeira vez; o beijo que nunca aconteceu. "Você já parece melhor," ela ofereceu.

"Você fez um bom trabalho," Piper respondeu. "Onde você aprendeu primeiros-socorros?"

Ela deu de ombros. "A mesma resposta de sempre. Eu não sei."

"Mas você está começando a recuperar algumas memórias, não está? Como aquela profecia em latim no acampamento ou aquele sonho com a loba."

"É instinto," ela disse. "Como se fosse um déjà vu. Já esqueceu uma palavra ou um nome que devia estar na ponta da tua língua, mas não está? É mais ou menos assim... só que com a minha vida toda. E agora... Eu nem sei se quero descobrir a verdade. É loucura?"

"Não," Piper disse. "Não mesmo. E Lena," ela chamou. "Falando em verdades, eu preciso te falar uma coisa... uma coisa sobre meu pai..."

Ela não teve a chance de continuar. Em algum lugar abaixo, metal ressoou contra metal, como uma porta batendo. O som ecoou pelo armazém. Lena se levantou. Ela tirou sua moeda e a lançou, pegando sua espada dourada no ar. Ela olhou para o parapeito. "Leo?"

Sem resposta.

Lena agachou-se ao lado de Piper. "Não gosto disso."

"Ele pode estar com problemas," Piper disse. "Vá checar."

"Não posso te deixar sozinha."

"Ficarei bem." Ela se sentia aterrorizada, mas não iria admitir isso. Ela puxou Katoptris e tentou parecer confiante. "Se alguém chegar perto, eu espeto."

Lena hesitou. "Se eu não voltar em cinco minutos-"

"Entro em pânico?" ela sugeriu.

Ela segurou um sorriso. "Estou feliz que você tenha voltado ao normal. A maquiagem e o vestido eram muito mais intimidantes que a adaga." Lena foi para as escadas e desapareceu na escuridão. O eco morreu. O coração de Piper pesou, mas ela não gritou. Seus instintos lhe disseram que não era uma boa ideia. Sua mão foi até a mochila. Ela pegou os pedaços de ambrosia. Boom. O som estava mais perto dessa vez, diretamente abaixo dela. Ela comeu um pedaço grande de ambrosia e seu coração bateu mais rápido. Sua pele parecia febril.

Hesitantemente, ela flexionou o tornozelo na tala. Não sentia dor, nada. Ela cortou a fita com sua adaga e ouviu passos pesados nas escadas, como botas de metal. Apertando sua adaga, ela chamou: "Lena?"

"Sim," ela respondeu na escuridão. "Estou subindo."

Definitivamente era a voz de Lena. Com esforço, Piper se levantou. Os passos ficaram mais próximos.

"Está tudo bem," a voz de Lena prometeu.

No topo das escadas, um rosto apareceu da escuridão: um sorriso escuro e horrível, um nariz esmagado, e um único olho injetado de sangue no meio da testa.

"Está tudo bem," o ciclope repetiu, numa perfeita imitação da voz de Lena. "Você chegou bem na hora do jantar."



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