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História Céus e Mares - Rica e Exótica


Escrita por: dfcrosas

Capítulo 19 - Rica e Exótica


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Rica e Exótica


Arco I - Para o Mundo dos Céus
Parte XI - Fui exilada, perseguida, abandonada sem defesas. Quando lembro do que aquele bruto fez, fico meio tensa. 

 

Lena ficou impressionada assim que soube de tudo que havia acontecido enquanto estivera inconsciente. Mas a parte que mais lhe chamou a atenção foi quando Piper lhe contou sobre o outro semideus que os ciclopes alegaram ter comido, da camisa roxa que falava latim. 

"Eu não estou sozinha, então," ela deduziu. "Há outros como eu."

"Lena," Piper disse gentilmente, "você nunca esteve sozinha. Você tem a gente."

"Eu... eu sei... mas algo que Hera disse. Eu estava tendo um sonho..." E Lena lhes contou o que viu, e o que a deusa dissera na sua prisão.

"Uma troca?" Piper perguntou. "O que significa?"

Lena balançou a cabeça. "Mas o jogo de Hera sou eu. Heróis e deuses tiveram que trabalhar juntos antes e ela espera que possa acontecer de novo."

"Um pouco difícil de fazer," Leo grunhiu, "se os deuses nem vão falar com a gente." Eles voaram para o oeste e logo chegaram em Chicago. "Um problema a menos. Chegamos aqui vivos. Agora, como encontramos os espíritos da tempestade?"

Lena viu um brilho de movimento abaixo deles. A princípio, pensou que fosse um avião pequeno, mas era muito pequeno, escuro e rápido. A coisa espiralava na direção dos arranha-céus, tecendo e mudando de forma, e, só por um momento, ganhou a forma esfumaçada de um cavalo. "Que tal seguirmos aquele," ela sugeriu, "e ver aonde ele vai?"

O ventus se movia como... bem, como o vento... e Lena temeu perdê-lo de vista. O dragão circulou uma vasta avenida perto de um parque ao lado de um lago. Espíritos da tempestade estavam convergindo, pelo menos uma dúzia deles, rodopiando ao redor de uma grande instalação de arte pública.

"Ah, que ótimo," disse Piper. "Tem mais de um."

"Qual você acha que é Dylan?" Leo perguntou. "Quero jogar alguma coisa nele."

Os ventus redemoinharam juntos num único funil de nuvem e deslizaram pela fonte, erguendo no ar uma tromba d’água. Eles foram para o centro dela, revelando a cobertura de um fosso, e desapareceram sob o chão. Festus pousou numa área aberta entre o lago e o horizonte. Eles desmontaram, e o dragão bateu os pés.

"Festus não pode ficar a aqui, no meio do parque," Leo disse. "Eles irão detê-lo por vadiagem. Talvez se eu tivesse um apito de cachorro..." Ele remexeu seu cinto de ferramentas, mas não encontrou nada. "Específico demais?" supôs. "Tá, me dê um apito de trânsito. Eles tem vários desses em oficinas mecânicas." Dessa vez, Leo tirou um grande apito de plástico laranja. "O Treinador Hedge ficaria com inveja! Tá, Festus, ouça," Leo assoprou o apito. "Você ouve isso, e vem me pegar, tá bem? Até lá, voe para onde quiser. Só tente não cozinhar pedestres."

O dragão bufou, esperançosamente em concordância. Então ele abriu as asas e se lançou no ar. 

Eles rumaram para a fonte. Toda a água esvaziara, exceto por algumas poças que estavam começando a congelar. Eles foram até o centro do tanque. Nenhum espirito tentou pará-los. O buraco do fosso era grande o suficiente para uma pessoa, e uma escada de manutenção descia na escuridão. Lena foi primeiro. A escada descia num túnel de alvenaria correndo de norte a sul. Piper e Leo desceram atrás dela.

"Todos os canos de esgoto são agradáveis assim?" Piper se admirou.

"Não," Leo disse. "Confie em mim." Ao ver o olhar das meninas ele explicou: "Já dormi em alguns lugares estranhos. Agora, para que lado vamos?"

Lena abaixou a cabeça, ouvindo, depois apontou para o sul. "Por aqui."

"Como pode ter certeza?" Piper perguntou.

"Há uma corrente de ar soprando para o sul," Lena disse. 

Eles seguiram por ali. Leo fez uma chama aparecer na palma de sua mão e foi iluminando o caminho. Na luz do fogo, os olhos de Piper pareciam dançar. Lena estivera estudando-os por dias agora, e ainda não podia decidir de que cor eles eram.

"Lá na fábrica," Lena disse, "você ia falar algo sobre o teu pai."

"Ia?" 

"Piper... ele está em algum tipo de perigo, não está?"

Piper parecia a ponto de chorar. "Lena... eu não posso falar a respeito disso."

"Somos teus amigos. Nos deixe ajudar."

Aquilo pareceu fazê-la sentir-se pior. Ela tomou fôlego, trêmula. "Eu queria poder, mas... É melhor não." Antes que Lena pudesse discutir, Piper acelerou e foi andando na frente deles. 

"Meh, ela vai ficar bem," Leo disse. "Todos nós vamos ficar bem. Certo?"

Lena assentiu, incerta. Estava grata por Leo estar com elas. Fazia estar com Piper um pouco menos intenso e desconfortável. Lena focou nas chamas na palma da mão dele. "Leo... Isso é tão legal. Por que não disse antes?"

O rosto dele se fechou. "Não queria parecer uma aberração."

"Eu tenho o poder de controlar os raios e o vento," Lena o lembrou. "Piper pode ficar bonita e persuadir as pessoas a lhe darem carros..."

"O chalé de Hefesto não encara fogo como algo legal. Nyssa me disse que os semideuses que conseguem são muito raros. Quando um está por perto, coisas ruins acontecem. Realmente ruins."

"Talvez não seja bem isso," Lena discutiu. "Talvez as pessoas com dons especiais apareçam quando coisas ruins estão acontecendo, porque é quando eles são mais necessários."

"Talvez. Mas estou te dizendo… não é sempre um dom."

"Você está falando sobre tua mãe, não está?" Leo não respondeu. Ele nem precisava. O fato de que estava quieto, sem fazer piadas, aquilo já dizia o suficiente. "Talvez eu não faça ideia do que esteja falando. Mas, Leo, não foi tua culpa. O que quer que tenha acontecido... não foi porque você mexe com fogo."

Leo ergueu o olhar, seus olhos cheios de dor. "Você já se perguntou sobre os outros quatro semideuses? Digo... se somos os três da Grande Profecia, quem são os outros? Onde estão?"

"Eu não sei," disse Lena. "Acho que os outros quatro irão aparecer quando chegar a hora. Quem sabe? Talvez eles estejam em outra missão agora mesmo."

Leo grunhiu. "Aposto que o cano de esgoto deles é melhor que o nosso."

"Ah, sim," Lena concordou. "Sem sombra de dúvida." 

ϟ

Era difícil medir o tempo ali embaixo, mas Lena calculou que eles andaram por aproximadamente quatro horas. Finalmente, no fim do túnel, encontraram portas de elevador polidas de aço. Eles entraram e Lena apertou o primeiro botão. As portas deslizaram e abriram no quarto andar, e o aroma de perfume flutuou para eles. Lena saiu primeiro, espada pronta.

"Vocês tem que ver isso," disse.

Piper se juntou a ela e prendeu a respiração. 

O shopping parecia o lado de dentro de um caleidoscópio. O teto inteiro era um mosaico de vidro com sinais astrológicos ao redor de um sol gigante. A luz do dia correndo por ele banhava tudo em milhões de cores diferentes. Os pisos superiores faziam um elo de balcões em volta de um saguão central imenso, de forma que eles podiam ver todo o caminho pelo térreo. 

Leo andou até a grade e olhou para baixo. "Venham ver."

No meio do saguão havia uma fonte jogando água a seis metros do chão, mudando de cor de vermelho para amarelo e azul. Em cada lado da fonte havia uma jaula dourada, como a gaiola de um canário em tamanho real. Dentro de uma, um ciclone em miniatura redemoinhava, e raios reluziam. Alguém aprisionara os espíritos da tempestade, e a jaula estremecia enquanto eles tentavam sair. Na outra, congelado como uma estátua, havia um sátiro baixinho segurando um ramo de árvore.

"Treinador Hedge!" Piper disse. "Temos que chegar lá embaixo."

Uma voz disse: "Posso lhes ajudar a encontrar alguma coisa?"

Todos os três pularam para trás.

Uma mulher simplesmente apareceu na frente deles. Ela vestia um vestido preto elegante com joias de diamante. Seu longo cabelo escuro caía sobre um ombro, e seu rosto era deslumbrante. Ela sorriu. "Estou tão feliz por ver novos clientes." 

Lena começou a relaxar. Sua voz era rica e exótica. Lena queria ouvir mais. "Então você é nova aqui?"

"Eu sou... nova," a mulher concordou. "Eu sou a Princesa de Colchis. Agora, o que estão procurando?"

"Hã, certo. Na verdade…" Lena apontou para a jaula dourada. "Aquele é um amigo nosso, Gleeson Hedge. O sátiro. Poderíamos… pegá-lo de volta, por favor?"

"É claro!" a princesa concordou imediatamente. "Eu amaria mostrá-los o meu inventário. Primeiro, posso saber seus nomes?"

Piper começou a dizer: "Acho que não é..."

"Essa é Piper McLean," Lena disse. "Esse é Leo Valdez. Eu sou Lena Grace."

A princesa focou os olhos nela e apenas por um momento, seu rosto literalmente brilhou, queimando com tanta raiva que Lena pode ver seu crânio debaixo da pele. A mente de Lena estava ficando mais confusa, mas ela sabia que algo não estava certo. Então o momento passou, e a princesa pareceu uma elegante mulher novamente, com um sorriso cordial e uma voz suave.

"Lena Grace. Que nome interessante," ela disse, seus olhos tão frios quanto o ar de Chicago. "Eu estava esperando por você."

"Olha," Piper se meteu, "só estamos aqui para pegar os espíritos da tempestade e o Treinador Hedge. Se-"

"Ah, minha querida," a princesa disse. "Eu sou uma vendedora! Sei exatamente do que precisam. Confie em mim." Seus olhos brilharam como os de uma cobra.

"Lena," Piper chamou. "Temos um trabalho a fazer. Lembra?" Ela tentou colocar força nas suas palavras, convencer Lena com seu charme.

"Trabalho a fazer," Lena murmurou. "Certo. É talvez devêssemos-"

A princesa a interrompeu rapidamente. "Nós temos poções para resistir ao fogo..."

"Disso eu não preciso," Leo disse.

"Mesmo?" A princesa fitou o rosto de Leo mais de perto. "Você não parece estar usando meu filtro solar de marca registrada... Ah, também temos poções que causam cegueira, insanidade, sono e..."

"Quanto pelo Treinador Hedge?" Piper interrompeu. 

A princesa manteve um olhar distante. "Bem... O preço é sempre relativo. Eu tento manter minhas ofertas, mas às vezes as pessoas me enganam." Seu olhar caiu em Lena. "Uma vez, por exemplo, eu conheci um jovem que queria um tesouro do reino de meu pai. Fizemos um trato, e prometi ajudá-lo a roubar."

"Do teu próprio pai?" A ideia pareceu incomodar Lena.

"Eu pedi um preço alto," disse a princesa. "Eu exigi amor eterno." Ela olhou para Piper. "Tenho certeza, minha querida, que você me entende. E ele me amou. E eu amei ele. E todas aquelas tarefas impossíveis que ele teve que fazer... eu não estou me gabando quando digo que ele não poderia ter feito-as sem mim. Eu traí minha própria família por ele, e ainda assim ele trapaceou com o meu pagamento."

"Bá, que sacanagem," Leo disse.

A princesa deu uma tapinha na sua bochecha afetuosamente. "Tenho certeza de que você não precisa se preocupar, Leo. Você parece honesto. Você sempre pagaria um preço justo, não pagaria?"

Leo assentiu. "O que estamos comprando mesmo? Vou levar dois."

Piper insistiu. "O Treinador. Quanto custa?"

A princesa avaliou Piper. "Você daria qualquer coisa por ele, minha querida? Eu pressinto que sim."

As palavras atingiram Piper como uma onda enorme. A força da sugestão quase a fez cair. Ela queria pagar qualquer preço. Ela queria dizer sim. Então seu estômago se torceu. Piper percebeu que ela estava sendo persuadida. Seria isso que as pessoas sentiam quando Piper usava seu poder? Uma sensação de culpa se assentou sobre ela.

Ela reuniu toda a sua força de vontade. "Não, eu não vou pagar qualquer preço. Mas um preço justo, talvez."

A princesa abaixou sua cabeça, examinando Piper com respeito recém encontrado. "Impressionante," ela disse. "Não são muitas as pessoas que resistem às minhas sugestões. Você é filha de Afrodite, minha querida? Ah, sim, eu devia ter percebido. Não importa. Talvez devêssemos ver um pouco mais antes de decidirem o que comprar?"

"O Treinador-"

"Lena Grace," ela chamou com veneno. Sua voz era muito mais poderosa do que a de Piper, tão cheia de confiança que Piper não teria a mínima chance. "Você gostaria de ver mais?"

"Claro," Lena confirmou.

"Excelente," a princesa disse. "Você precisará de toda a ajuda que conseguir se for para Bay Area."

As mãos de Piper se moveram para a sua adaga. "Bay Area? Por que Bay Area?"

A princesa sorriu. "Eu sou uma vidente, minha querida. Eu sei do teu pequeno segredo. Mas não vamos usar contra você. Só quero tratar Lena Grace da maneira que ela merece."

Piper olhou para a princesa. "Quem é você?"

"Já disse. Eu sou a Princesa de Colchis. Meu pai comandava as terras às margens do Mar Negro. Mas não há mais Colchis... desapareceu éons atrás. Minha patrona tornou tudo isso possível."

O gosto da boca de Piper pareceu metal. "Tua patrona-"

"Ah, sim. Ela não traz qualquer um, veja bem... só aqueles que tem talentos especiais, como eu. E na verdade, ela só insistiu em poucos detalhes... Realmente, foi a melhor pechincha que fiz em séculos."

De repente, Lena chamou: "Piper, olha isso!" Ela ergueu uma camiseta roxa como a que ela vestira na excursão escolar. "Não é familiar?"

"Essas camisas são muito populares. Mercadorias trocadas pelos clientes. É perfeita pra você, Lena Grace."

"Por que você não conta para Lena como traiu tua família?" Piper disse, tentando controlar os nervos. "Tenho certeza de que ela adoraria ouvir essa história."

"Mais história?" Leo perguntou.

A princesa chamejou um olhar irritado para Piper. "Ah, as pessoas fazem coisas estranhas por amor, Piper. Você deve saber disso. Eu me apaixonei, aliás, pois tua mãe, Afrodite, me lançou uma maldição. Se não fosse por ela... mas não posso guardar rancor de uma deusa, posso?"

"Mas o herói cumpriu com a parte dele," Piper lembrou. "Ele se casou com você assim como prometeu."

"Essa não foi a promessa!" A princesa gritou. "Ele prometeu me amar. Honestamente, a princípio, parecia que ele manteria sua palavra. E tudo que fiz... Tudo que fiz por ele. Enquanto fugíamos, a frota do meu irmão veio atrás de nós. Seus navios de guerra nos alcançaram. Ele teria nos destruído, mas eu convenci meu irmão a vir a bordo do nosso barco primeiro e conversar sob bandeira de trégua. Ele confiou em mim, sabe?"

"E você o matou," Piper disse, a terrível história completa voltando para ela.

"Não," a princesa vociferou. "Essas histórias são mentirosas. Foi meu marido quem matou meu irmão, embora eles não pudessem ter feito isso sem minha trapaça. E tudo que fiz foi por amor. E ele... Ele esqueceu nossa barganha. Ele me traiu no final."

Lena parecia desconfortável. "O que ele fez?"

"Você de todas as pessoas devia saber, Lena Grace," ela rosnou. "Foi tua culpa, Princesa de Corinto." Ela deu uma risada maligna. "Certamente cometi erros. Eu fui chamada de traidora, ladra, mentirosa, assassina. Mas agi por amor. E Afrodite, Piper, profetiza que todos os atos de amor devem ser perdoados."

"Não, ela não faz isso," Piper discutiu. Ela foi até Lena e a pegou pelos ombros. "Você não vê quem ela é? Ela está te persuadindo!"

Lena franziu as sobrancelhas. "Ela me parece gente boa."

"Ela não é gente boa! Ela não devia nem estar viva! Ela foi casada com Jasão, três mil anos atrás. Lembra o que Bóreas disse, algo sobre as almas não ficarem mais confinadas no Hades? Não são apenas monstros que não permanecem mortos. Ela veio do Mundo Inferior!"

"Meninas," a princesa chamou. "É aquilo que vocês querem, sim?" ela apontou para a gaiola.

O velho sátiro parecia ter sido petrificado no momento que fora sugado no céu acima do Grand Canyon. Ele estava no meio de um grito, seu bastão erguido sobre a cabeça como se estivesse ordenando a classe do ginásio fazer cinquenta flexões. Seu cabelo encaracolado estava arrepiado em ângulos bizarros. 

"Sim," a princesa disse. "Eu sempre deixo meus artigos em boas condições. Podemos certamente negociar pelos espíritos da tempestade e pelo sátiro. Um pacote." Ela deu a Piper um olhar sagaz. "É  melhor do que ficar falando sobre coisas desagradáveis, não acha?"

"Certamente," Leo concordou. "Dê o preço."

A princesa riu. "Dar meu preço? Talvez não seja a melhor estratégia de pechincha, meu garoto, mas pelo menos você sabe o valor de uma coisa. Liberdade vale muito. Você me pediria para libertar teu sátiro, que atacou meus ventos da tempestade. Minha patrona me pediu para mandar os espíritos da tempestade para sequestrar vocês. Garanto que não foi nada pessoal. E sem nenhum dano, já que vocês vieram aqui, no fim, de livre e espontânea vontade! Em todo caso, vocês querem libertar o sátiro e querem meus espíritos de tempestade, que são servos muito valiosos, por sinal, de forma que possam levá-los àquele tirano do Éolo. Não parece muito justo, parece? O preço será alto."

Piper pôde ver que seus amigos estavam prontos para oferecer qualquer coisa, prometer qualquer coisa. "Ah, pelo amor dos deuses, ela é Medeia," Piper exclamou. "Ela ajudou Jasão a roubar o Velocino de Ouro. Ela é uma das vilãs mais malignas na mitologia grega. Não podemos confiar nela!" Piper colocou toda a intensidade que pôde reunir naquelas palavras. 

Lena recuou da feiticeira. Leo coçou a cabeça e olhou ao redor como se estivesse saindo de um sonho. "O que estamos fazendo, de novo?"

A princesa abriu suas mãos num gesto de boas-vindas. "Sim, sou Medeia. Mas sou tão mal interpretada! Ah, Piper, minha querida, você não sabe o que era ser mulher nos dias antigos. Não tínhamos poder, nenhuma influência. Na maioria das vezes nem mesmo escolhíamos os nossos maridos. Mas eu era diferente. Eu escolhi meu próprio destino me tornando uma feiticeira. Eu fiz um pacto com Jasão: minha ajuda para ganhar o Velocino, em troca do seu amor. Um acordo justo. Ele se tornou um herói famoso! Sem mim, ele teria morrido desconhecido nas margens de Colchis."

Lena franziu a testa. "Então... você realmente morreu há três mil anos? Você retornou do Mundo Inferior?"

"A morte não me prende mais, Lena Grace," Medeia disse. "Graças a minha patrona, sou de carne e osso novamente."

"Você se... reformou?" Leo pestanejou. "Como um monstro?"

"Vocês não tem ideia do que está acontecendo. É muito pior do que uma simples agitação de monstros no Tártaro. Minha patrona sabe que gigantes e monstros não são seus maiores servos. Eu sou mortal. Eu aprendo com meus erros. E agora que retornei a vida, não serei enganada novamente."

"Jasão deixou Medeia porque ela era louca e sedenta por sangue," Piper disse.

"MENTIRA!" Medeia gritou. "Ele me deixou porque encontrou outro rabo-de-saia que se ofereceu pra ele como se não houvesse amanhã. Princesa de Corintio! Ha! Era só o que me faltava." Ela apontou um dedo ossudo na cara de Lena. "Você veio com teus cabelos dourados e teus olhos azuis e ele ficou encantado. Glaucelena, Hera te batizou," ela disse o nome como se fosse uma maldição. "E ele me deixou depois que lhe dei dois filhos!"

"E você assassinou teus próprios filhos," Piper disse. "E envenenou a verdadeira Princesa de Corintio."

Medeia rosnou. "As pessoas de Corinto me expulsaram. Jasão não fez nada para me proteger. Ele roubou tudo de mim. Então sim, eu entrei rapidamente no palácio e envenenei sua noiva encantadora. Foi apenas um... preço justo, um preço adequado."

"Você é louca," Piper disse.

"Eu sou a vitima!" Lamentou Medeia. "Morri com os meus sonhos despedaçados. Agora sei que não devo confiar em heróis."

Piper puxou sua adaga. "Lena, Leo é hora de ir. Agora."

"Antes de fecharem o negócio?" perguntou Medeia. "Meu preço é tão baixo. Lena, Leo, por que vocês não lutam? Estão ressentidos um com o outro!"

Piper tentou argumentar, mas Leo e Lena já se olhavam, como se estivessem pensando como realmente se sentiam.

"Você nunca leva nada a sério," Lena reclamou. "Nem mesmo é capaz de consertar um dragão."

Leo fez uma careta. "Até parece. Pelo menos eu fiz alguma coisa desde que começamos essa missão. O que você fez?" 

Ambos puxaram as armas, Lena a sua espada de ouro, Leo um martelo do seu cinto de ferramentas.

"Eu estive preparando essa guerra por anos, mesmo antes de ser trazida de volta à vida," continuou Medeia. "Eu posso narrar o futuro tão bem como o teu pequeno oráculo. Anos atrás, ainda sofrendo nos Campos de Punição, eu tive uma visão dos sete na chamada Grande Profecia. Eu vi seu amigo Leo aqui, e vi que ele seria um importante inimigo algum dia. Adentrei na consciência da minha patrona e lhe dei essa informação. Ela conseguiu acordar por um tempo, apenas o suficiente para visitá-lo."

"A mãe de Leo..." Piper adivinhou. "Lena, Leo, me ouçam! Medeia está persuadindo vocês. É parte da sua magia. Vocês são melhores amigos. Não lutem entre si. Lutem com ela!" Eles hesitaram, e Piper pôde sentir o feitiço se despedaçar.

Lena parecia tonta. Leo tirou o apito do bolso e soprou. A feiticeira pegou um frasco em forma de cisne e Piper fez a única coisa que lhe veio em mente: pegou o primeiro objeto grande e pesado que pode encontrar e o atirou contra Medeia. Ela virou triunfantemente o corpo, bem na hora de ser golpeada no peito, mas tropeçou para trás, batendo contra o balcão, quebrando frascos e derrubando prateleiras. Quando a feiticeira se levantou dos destroços, seu vestido estava manchado, queimando e brilhando. "Tola!" Medeia gemeu. "Você tem ideia do que tantas poções farão quando misturadas?"

"Te matar, eu espero," Piper disse.

"Você condenou todos nós!" Medeia gritou. Fumaça estava correndo pelo tapete enquanto a mancha se estendia, lançando faíscas e pondo fogo em prateleiras de roupa. "Vocês só tem segundos antes dessa mistura consumir tudo e destruir a construção. Não há tempo-"

CRASH! O teto de vidro se estilhaçou numa chuva de fragmentos multicoloridos, e o dragão de bronze Festus rompeu no shopping. "Esse é o meu garoto!" Leo gritou.

Medeia xingou em alguma língua antiga. "Eu não serei abandonada de novo!" A feiticeira se ajoelhou e pegou uma poção vermelha. "Você quer a memória de Lena Grace restaurada? Me leve com vocês e te curarei! Eu prometo!"

Lena e Piper se entreolharam. "Hoje não, bruxa." Piper e os outros subiram no Festus. Piper ouviu Medeia gritando de raiva enquanto eles subiam pelo telhado quebrado, sobrevoando o centro de Chicago. Então o shopping explodiu atrás deles.



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