1. Spirit Fanfics >
  2. Céus e Mares >
  3. Dor e Possibilidade

História Céus e Mares - Dor e Possibilidade


Escrita por: dfcrosas

Notas do Autor


Como eu não consigo viver sem Andy Jackson, eu decidi contar as duas histórias ao mesmo tempo: O Herói Perdido e O Filho de Netuno. Portanto, é claro, tive que fazer várias mudanças referentes a linha do tempo. Talvez não tenha ficado perfeito e é muito possível vocês encontrarem uns furos na história, e por isso peço paciência. Nada é perfeito. Especialmente o que é divertido.

Capítulo 2 - Dor e Possibilidade


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Dor e Possibilidade


Arco II - Do Mar Nos Elevamos 
   Parte I - Enquanto o rio corta seu caminho, apesar de ser orgulhoso e forte, ele vai escolher o rumo mais tranquilo. 
É por isso que rios vivem tanto tempo.

 

Anthony, ela pensou, quando viu a Baía de São Francisco cintilando sob uma bruma prateada. Ela não sabia quem Anthony era, mas de alguma maneira a conexão parecia fazer sentido. 

"Aí está você," a górgona apareceu na colina. 

"Aqui estou eu. Agora, cadê a tua irmã?" Andy balançou a espada de um lado pro outro. "Acho ela muito mais simpática que você, Esteno."

"Guarde essa espada," Esteno rosnou. "Você sabe que bronze celestial não pode nos matar por muito tempo."

"Esteno!" A segunda górgona surgiu do nada. "Eu disse para você se aproximar furtivamente e matá-la!"

O sorriso de Esteno vacilou. "Mas, Euríale-"

Euríale revirou os olhos. "Que mania de brincar com a comida..." ela se virou para Andy. "Você nos rendeu uma perseguição e tanto, Andy Jackson. Mas agora está encurralada, e teremos nossa vingança!"

"Olha só, amigas, nós já falamos sobre isso," Andy queixou-se. "Eu não me lembro de ter matado a Medusa. Como posso saber com certeza que o que vocês dizem é verdade? Não consigo lembrar de nada! Então porque não fazemos uma trégua e seguimos com as nossas vidas?"

"Não estou nem aí para o que você lembra ou não, filha de terra e mar," Euríale disse. "Posso sentir o cheiro do sangue da Medusa em você. Está fraco, sim, mas você foi a última a derrotá-la. E ela ainda não retornou do Tártaro! A culpa é tua!"

"Eu? Tem certeza? Que tal declararmos um empate?" Andy sugeriu. "Eu não posso matar vocês. Vocês não podem me matar. Quer dizer, eu não deveria estar petrificada há este ponto? O fato de não estar não lhe diz nada?"

"Eu odeio heróis!" exclamou Euríale. "Eles sempre mencionam isso, exatamente como nossa mãe! 'Por que vocês não conseguem transformar as pessoas em pedra como a irmã de vocês?' Bem, lamento desapontá-la, mas essa maldição era exclusiva da Medusa. Ela era a mais hedionda na família. A sorte foi toda para ela!"

Esteno pareceu magoada. "Mamãe dizia que eu era a mais hedionda."

"Calada!" repreendeu-a Euríale. 

"Quer saber?" Andy disse. "Mudei de ideia. A Esteno é muito mais simpática que tu, Euríale. Você só reclama, garota!"

Euríale mostrou os dentes. "Quanto a você, Andy Jackson, é verdade que você possui a marca de Aquiles. Isso faz com que seja um pouco mais difícil te matar. Mas não se preocupe. Vamos dar um jeito."

"A marca de quem?"

"Aquiles," disse Esteno alegremente. "Ele era tão lindo! Foi banhado no Rio Estige quando criança, então tornou-se invulnerável, exceto por um minúsculo ponto no tornozelo. Alguém fez o mesmo com você. Mas heróis sempre têm um ponto fraco. Só precisamos descobrir qual é."

Andy não se lembrava de ter tomado um banho especial como aquele, mas, pensando bem, ela não se lembrava de praticamente nada. Tinha acordado na floresta congelada de Sonoma sem memória alguma. A única ajuda veio do que a loba pode-lhe contar sobre semideuses, monstros e deuses. Em seguida, Andy fora mandada nesta jornada sem ter ideia de onde acabaria. 

"Quando derrotarmos Andy Jackson," Euríale disse, "vamos ser mais famosas que a Medusa!"

"Tá, mas," disse Andy, "com licença, mas como vocês voltaram do Tártaro?"

Euríale riu com desdém. "Gaia nos trouxe de volta, é claro! De volta do esquecimento! Você não viverá o suficiente para conhecê-la, no entanto. Seus exércitos estão marchando para o sul. No Festival de Fortuna, ela irá acordar e os semideuses serão abatidos como-"

Enquanto ela explicava, Andy saiu correndo colina abaixo. Acabou tropeçando, caindo e rolando como uma bola de neve. Por um lado até que foi bom, pois assim ela se afastou mais rapidamente das górgonas. Ela só parou quando se chocou contra um arbusto. Soltou um gemido então lutou para se levantar e olhou para o leste. As entradas para os túneis estavam ali. De repente, Andy teve certeza de que estava no lugar certo. Era aqui que Lupa queria que ela chegasse. 

Dois meio-sangues de armadura flanqueavam a entrada. Um deles parecia minúsculo, como uma garota, enquanto o outro era um cara forte com um arco e aljava nas costas. Andy hesitou. Depois de dois dias horríveis, finalmente havia chegado à sua meta. Seus instintos diziam que se passasse pela porta, encontraria segurança pela primeira vez desde os lobos. Ainda assim, ela sentia-se apavorada. 

"Você está certa, é claro," disse uma voz ao lado dela. Andy deu um pulo. Havia uma velha senhora toda suja sentada na grama. "É a entrada para o acampamento, Andy Jackson," ela disse. "Não lhe resta muito tempo. Você precisa fazer uma escolha."

"Quem é você?" Andy perguntou.

"Juno," ela sorriu revelando apenas três dentes. "É Junho, não é?"

Andy suspirou. Não tinha tempo para truques ou enigmas. "Olha só, eu preciso ir. Duas górgonas estão vindo. Não quero que elas te machuquem. Então é bom que você se mande daqui."

"Isso faz parte da tua escolha, filha de terra e mar," Juno revelou. "Pode me deixar aqui à mercê das górgonas e fugir. Chegaria lá com segurança, eu garanto. No mar, nenhum monstro vai incomodá-la. Pode começar uma nova vida e escapar de uma grande dose de dor e sofrimento que está no teu futuro."

Anthony, Andy pensou de novo. Então afastou o pensamento. Por que aquele nome a assombrava? Estaria ele neste futuro?

"Ou?" perguntou.

"Ou você pode fazer um favor para uma velha senhora. Carregue-me para o acampamento com você. Não posso chegar lá sozinha," ela mostrou para Andy seus pés inchados e roxos. "Me carregue pelo túnel e através do rio."

"Por que eu faria isso?"

"Porque és gentil," ela sugeriu encolhendo os ombros magros. "Se não fizer isso, os deuses morrerão, o mundo que conhecemos perecerá e todos de tua antiga vida serão destruídos. Você não se lembra deles, então suponho que não vá importar. Estará segura no fundo do mar."

Andy engoliu em seco. "Se... Se eu for para o acampamento... vou conseguir minha memória de volta?"

"Eventualmente," respondeu Juno. "Mas esteja avisada que terá que sacrificar muito. Perderá a maldição de Aquiles. Sentirá dor, sofrimento além de tudo o que já sentiu. Mas pode ter uma chance de salvar teus velhos amigos e recuperar tua antiga vida."

"Anthony..." Andy sussurrou. "Quem é ele? Irei encontrá-lo?"

Juno pareceu surpresa e fez uma careta como se o nome a desagradasse. "Se assim desejar."

"Eu desejo. Eu preciso."

Juno assentiu. "Então assim será." 

Andy permitiu que a velha senhora subisse nas suas costas. Ela era bem mais leve do que Andy havia esperado. Também não era muito sólida, como se não fosse de verdade, como se não estivesse mesmo presente ali. Andy correu até que suas costelas ameaçaram estalar de dor. Um dos guardas, o cara com o arco puxou uma flecha e derrubou uma górgona. A guarda preparou a lança, gesticulando freneticamente para Andy se apressar. Outra flecha acertou Euríale na testa e ela rolou pela pista. Então ela retirou a flecha da cabeça e voltou ao ar.

Andy alcançou a porta. "Obrigada," disse aos guardas. "Ótima mira."

"Devia tê-la matado!" o arqueiro protestou. 

"Bem-vindo a minha vida," Andy murmurou. 

"Frank," a garota disse. "Leve-as para dentro, rápido! Aquelas são górgonas."

"Górgonas?" a voz do arqueiro fraquejou. Era difícil dizer muito sobre ele, por baixo do elmo, mas ele parecia forte como um lutador. "A porta vai segurá-las?"

Nas costas de Andy, Juno gargalhou. "Não, não vai. Adiante, Andy Jackson! Atravesse o túnel, atravesse o rio!"

"Andy Jackson?" a guarda tinha pele escura, com cabelo encaracolado saindo de baixo do elmo. Ela era minúscula, ainda menor que Andy, o que definitivamente era impressionante, mas ainda assim soava como a encarregada. "Certo, você obviamente é uma semideusa. Mas quem é a-?" ela olhou para Juno. "Não importa. Apenas entrem. Vou dar cobertura."

"Hazel," o garoto disse. "Não banque a maluca."

"Vá!" ela exigiu.

Frank amaldiçoou em Latim e abriu a porta. "Venha!" Andy o seguiu, cambaleando com o peso da velha, que estava definitivamente ficando mais pesada. Andy não sabia como aquela Hazel seguraria as górgonas sozinha, mas estava muito cansada para discutir.

Enquanto corriam para o fundo do túnel, o chão de cimento se tornava mosaicos de azulejos. As luzes mudaram para tochas, que queimavam, mas não soltavam fumaça. A velha estava agora mais pesada que uma pilha de sacos de areia. As costas de Andy ardiam com a tensão. Atrás deles, as vozes das górgonas ecoavam no túnel. Hazel gritou. Andy ficou tentado a largar Juno e voltar para ajudar, mas então o túnel inteiro sacudiu com o rugido de pedras caindo. As górgonas gritaram. Andy olhou pra trás. O fim oeste do túnel agora estava cheio de poeira.

"Não deveríamos checar na tua amiga?" ela perguntou.

"Ela vai ficar bem... Eu espero," Frank disse. "Ela é boa no subterrâneo. Continue correndo! Estamos quase lá."

"Lá onde?"

Juno riu. "Todas as estradas levam para lá, criança. Já devias saber disso."

"Detenção?" Andy perguntou.

"Roma," a velha falou de uma maneira que soou como se estivesse falando de um lugar tão familiar quanto sua casa deveria ser. 

Eles continuaram correndo. A luz no fim do túnel ficou mais brilhante, e finalmente saíram à luz do sol. Andy congelou. Sob seus pés estava um vale em forma de tigela de vários metros de largura. Ela sentiu como se tivesse entrado em um mundo secreto. No centro do vale, abrigado pelo lago, estava uma cidadezinha com edifícios de mármore branco e telhados vermelhos. A cerca de trezentos e vinte metros, do outro lado do rio, havia um tipo de acampamento militar. Faixas roxas estavam penduradas nas torres. Um portão aberto no lado distante do acampamento levava na direção da cidade. 

"Acampamento Júpiter," Frank falou. "Estaremos a salvo assim que-"

Passos ecoaram no túnel atrás deles. Hazel saiu na luz. Ela estava coberta por poeira de pedra e ofegava. Tinha perdido o elmo, então seu cabelo encaracolado caía pelos ombros. "Eu as atrasei um pouco," ela disse. "Mas estarão aqui em segundos."

Frank amaldiçoou. "Temos que atravessar o rio."

Juno apertou o pescoço de Andy com mais força. "Ah, sim, por favor. Não posso molhar meu vestido."

Andy mordeu a língua. Ela cambaleou algumas vezes enquanto corria para o rio. Frank e Hazel a mantiveram de pé. Eles chegaram à margem do rio e Andy parou para recuperar o fôlego. A correnteza era rápida, mas o rio não era muito profundo. Só uma rocha estava no caminho até os portões da fortaleza.

"Vai, Hazel." Frank tirou duas flechas de uma vez. "Escolte Andy para a entrada em segurança para que ninguém atire nela. É a minha vez de segurar as feiurinhas."

Hazel assentiu e foi para a margem. Andy começou a segui-la, mas algo a fez hesitar. 

"O Pequeno Tibre," disse Juno com simpatia. "Flui com o poder do Tibre original, rio do império. Esta é tua última chance de voltar, Andy Jackson. A maldição de Aquiles é uma benção grega. Não pode mantê-la se entrar no território romano. O Tibre vai tirá-la de ti."

Andy estava exausta demais para entender tudo aquilo, mas sabia onde ela queria chegar. "Se eu atravessar, não vou mais ter a pele de ferro?"

Juno confirmou. "Então o que vai ser? Segurança, ou um futuro de dor e possibilidades?"

Atrás delas, as górgonas gritaram enquanto voavam do túnel. Frank deixou as flechas voarem. Do meio do rio, Hazel gritou: "Andy, vem logo!"

No topo das torres de vigia, trompas soaram. As sentinelas tiraram e miraram os arcos na direção das górgonas. Anthony, Andy pensou uma última vez. Ele teria algo a dizer sobre isso. Ele saberia o caminho certo. Possibilidades...

Andy entrou no rio. Era gelado, muito mais que imaginara, mas não a incomodou. Uma nova força surgiu por seus membros; seus sentidos formigaram como se cafeína tivesse sido injetada nela. Ela chegou ao outro lado e colocou a velha no chão enquanto os portões do acampamento se abriam. Dúzias de semideuses de armadura saíram. 

Hazel voltou-se com um sorriso aliviado. Então ela olhou por cima do ombro de Andy, e sua expressão mudou para horror. "Frank!" Ele estava no meio do caminho pelo rio quando as górgonas o pegaram. Elas desceram do céu e o agarraram uma cada braço. Frank gritou de dor enquanto as garras arranhavam sua pele.

Andy impulsionou as mãos e o Tibre obedeceu seu comando. O rio se elevou. Redemoinhos surgiram de cada lado de Frank. Mãos gigantes de água surgiram do córrego, copiando os movimentos de Andy. As mãos gigantes agarraram as górgonas, que derrubaram Frank, surpresas. Então as mãos ergueram os monstros. Andy fez um gesto esmagador com seus punhos, e as mãos gigantes afundaram as górgonas no Tibre. Os monstros chegaram ao fundo e viraram pó. Os redemoinhos sumiram, e a correnteza voltou ao normal.

Andy ficou na margem. Frank tropeçou, parecendo aturdido, mas perfeitamente bem. Hazel nadou até ele e o ajudou a chegar até a margem. Todos encaravam Andy. Apenas a velha, Juno, não parecia abalada. "Bem, foi um passeio adorável," ela disse. "Obrigada, Andy Jackson, por me trazer ao Acampamento Júpiter."

Uma das garotas pareceu chocada. "Andy... Jackson?" ela soou como se reconhecesse o nome. Andy focou-se nela, esperando ver um rosto familiar. Ela era obviamente a líder. Vestia um manto roxo majestoso sob a armadura. Seu busto estava decorado com medalhas. Ela tinha olhos escuros e perfurantes, e longos cabelos castanhos. 

Juno então começou a brilhar e mudar de forma. Ela tomou sua forma de deusa em um vestido azul, com um manto que parecia pele de bode sobre os ombros, olhos muito azuis e cabelos loiros brilhantes. A garota de manto roxo se ajoelhou. Os outros seguiram a líder. 

Hazel foi a primeira a falar. "Juno." Ela e Frank também se abaixaram, deixando Andy, a único de pé. 

"Então era Juno mesmo?" Andy cruzou os braços. "Bem, se passei no teu teste, posso ter minha memória e minha vida de volta?"

A deusa sorriu. "Na hora certa, Andy Jackson, se obter sucesso neste acampamento. Você se saiu bem por hoje, o que é um bom começo. Talvez ainda haja esperança para você." Ela se virou para os outros. "Romanos, apresento-lhes a filha de Netuno, filha de terra e mar. O destino dela está em suas mãos. O Festival da Fortuna se aproxima rapidamente, e a Morte deve ser libertada se quiserem ter qualquer esperança na batalha. Não falhem comigo! Agora, temo que devo partir. Até que me libertem de minha prisão, meus poderes me falham." A imagem dela tremeu e ela sumiu.

 Andy olhou para Hazel e Frank pedindo algum tipo de explicação, mas eles pareciam tão confusos quanto ela. Frank segurava dois pequenos frascos de argila com rolhas, como poções, um em cada mão. Ele os guardou no bolso. 

A garota de manto roxo deu um passo à frente. Ela examinou Andy cautelosamente, e Andy não pôde afastar a impressão de que ela queria atravessar-lhe com uma adaga. "Então," ela disse friamente, "uma filha de Netuno, que veio até nós com a benção de Juno."

"Olha," Andy falou, "minha memória tá um pouco estranha. Hã, desapareceu, na verdade. Então me diga... Eu te conheço?"

A garota hesitou. "Sou Reyna, pretora da Décima Segunda Legião. E... Não. Não nos conhecemos," ela mentiu. "Hazel, leve-a para dentro. Quero interrogá-la na principia. Então a mandaremos para Octavian. Devemos consultar os agouros antes de decidir o que fazer com ela."

"Isso não soa muito alegre," Andy disse. 

As mãos de Reyna tocaram a adaga. "Antes de aceitar qualquer um no acampamento, devemos interrogá-lo e ler os agouros. Juno disse que teu destino está em nossas mãos. Temos que saber se Juno nos trouxe uma nova recruta..." Reyna estudou Andy como se achasse aquilo duvidoso. "Ou," ela disse mais esperançosamente, "se nos trouxe um inimigo para matar."



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...