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História Céus e Mares - Esturjões e Harpias


Escrita por: dfcrosas

Capítulo 20 - Esturjões e Harpias


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Esturjões e Harpias


Arco II - Do Mar Nos Elevamos 
Parte IX - Perto das águas doces e claras, onde o grande esturjão vive, plantamos e colhemos as sementes, toda a terra que a mãe nos dá.

 

Quanto mais ao norte Andy ia, mais suas memórias desvaneciam. Ela tinha começado a se sentir melhor no Acampamento Júpiter, se lembrando de rostos e lugares aleatórios. Mas agora até o rosto de Anthony estava lhe escapando. Quando tentou enviar uma mensagem de Íris para ele, Fleecy apenas balançou a cabeça tristemente.

"É como se você estivesse tentando ligar para alguém," ela disse, "mas esqueceu o número. Ou alguém bloqueou o sinal. Desculpe-me. Eu não posso te conectar."

Andy estava com medo de esquecer completamente o rosto dele quando chegasse ao Alasca. Talvez acordasse num dia e não lembrasse mais nem o seu nome. Ainda assim, guiou o barco por correntes fortes, ao norte da costa da Califórnia. Forçou o seu desejo de empurrar o barco o tanto quanto podia. 

Enquanto isso Hazel e Frank trocavam histórias. Frank explicou sobre Fineu, em Portland, e como Íris dissera que ele poderia ser capaz de contar-lhes onde encontrar Tânatos. Em troca, Hazel falou sobre o seu tempo com Fleecy.

"Então essa mensagem de Íris funcionou?" perguntou Frank.

Hazel deu a Andy um olhar solidário. "Entrei em contato com Reyna," ela disse. "A imagem dela apareceu no arco-íris, como em uma vídeo chamada. Ela estava no banho. Amaldiçoou até a minha alma."

"Eu pagaria para ter visto isso," disse Frank. "Quero dizer, a expressão dela, não ela... pelada... no banho..."

"Frank!" Hazel lhe deu um soco no braço. Eles eram tão adoráveis juntos que Andy precisou sorrir. "Certo, nós contamos a ela sobre o exército, mas como Andy disse, ela praticamente já sabia. Isso não mudou em nada. Está fazendo o que pode para sustentar as nossas defesas, a menos que libertemos a Morte e voltemos com a águia-"

"O acampamento não aguentará contra esse exército," Frank finalizou. "Não sem ajuda."

Depois disso eles navegaram em silêncio. Após mais algumas horas de navegação, os olhos de Andy começaram a se fechar. Ela estava com medo de desmaiar de exaustão. Então uma baleia assassina apareceu ao lado do barco e Andy implorou para que ela os levasse para o norte. A baleia concordou e Andy se preparou para uma soneca. Ela sonhou que estava no Monte Tamalpais, ao norte de São Francisco, lutando na fortaleza de um velho titã. Ele usava uma armadura. Anthony e outras duas meninas lutavam ao lado de Andy. Uma delas morreu na batalha. Andy se ajoelhou sobre ela e viu ela se dissolver em estrelas.

Então Andy viu um ciclope e um cão-infernal passeando sobre as colinas amarelas da Califórnia. O ciclope chamava o nome de Andy, chamava-a de... irmã? Daí, ela viu uma cadeia de montanhas nevadas, tão altas que ultrapassavam as nuvens. O rosto adormecido de Gaia apareceu nas sombras das rochas. Um peão valioso, ela disse suavemente. Não tenha medo, Andy Jackson. Venha para o norte! Teus amigos irão morrer. Mas vou preservar você. Tenho grandes planos para você.

Andy estremeceu e acordou num dia frio e cinzento. A chuva caia sobre o seu rosto.

"Pensei que eu dormia pesadamente," Hazel comentou. "Bem vinda a Portland."

Andy sentou e piscou. O Pax flutuava em um rio negro no meio de uma cidade. Havia nuvens carregadas no céu. A chuva fria estava tão leve que parecia suspensa no ar. Andy esfregou os olhos. "Como nós chegamos aqui?"

Frank deu-lhe um olhar estranho. "Você não vai acreditar nisso. A baleia assassina nos levou para o rio Columbia. Então ela passou os arreios para um par de esturjões de três metros e meio."

"Cirurgiões de três metros e meio?"

"Esturjões," riu Hazel. "Como o peixe. Honestamente, você não é filha do deus do mar?"

"Eu não conheço todos os nomes de peixe..."

"De qualquer forma," Frank continuou. "Os esturjões nos puxaram por um bom tempo. Hazel e eu nos revezamos para dormir. Então chegamos a esse rio... E depois disso o barco tomou o controle e nos trouxe até aqui por conta própria. Dormiu bem?"

"Não." O barco ancorou num cais. Os três semideuses olharam para os edifícios do centro da chuvosa Portland.

Frank secou a chuva de seus cabelos lisos. "Então, agora nós encontramos um homem cego na chuva," disse. "Yay!"

Enquanto desciam a Glisan Street, ouviram uma voz descendo a rua que gritava: "HA! TOMEM ESSA, GALINHAS ESTÚPIDAS!" Seguido pela aceleração de um pequeno motor e vários grasnados.

Andy olhou para seus amigos. "Vocês acham...?"

"Provavelmente," Frank concordou.

Eles correram em direção ao som. No quarteirão seguinte, encontraram um grande estacionamento aberto, com calçadas arborizadas e fileiras de caminhões de alimentos de frente para a rua em todos os quatro lados. No centro do lote, atrás de todos os caminhões de comida um velho em um roupão, estava correndo por toda parte com um cortador de grama, gritando para uma revoada de mulheres-pássaro que estavam tentando roubar comida de uma mesa de piquenique.

"Harpias," Hazel disse. "O que significa-"

"Que esse é Fineu," Frank adivinhou.

O cara de roupão era velho e gordo. Era quase totalmente careca, com cicatrizes na testa e um amontoado de viscosos cabelos brancos. Seu roupão estava sujo de ketchup e ele continuou a correr por todo lado em seus distorcidos chinelos de coelhinho cor de rosa, balançando seu cortador de grama em direção à meia dúzia de harpias que pairavam sobre sua mesa de piquenique. "Afastem-se, galinhas sujas!" ele berrou.

À medida que mergulhavam para a comida, as harpias pareciam mais desesperadas do que zangadas. O velho balançou seu cortador de grama. Ele raspou nas asas de uma das harpias. A harpia gritou de dor e voou para longe, deixando uma trilha de penas amarelas pelo caminho. Outra harpia circulava mais alto que as demais. Ela parecia menor e mais jovem, com penas vermelho-vivo. Ela olhava cuidadosamente, procurando uma abertura e quando o velho lhe deu as costas ela fez um mergulho selvagem em direção à mesa. Ela agarrou um burrito com suas garras, mas antes que pudesse escapar, o velho cego balançou seu cortador de grama e atingiu-a nas costas tão fortemente que Andy estremeceu. A harpia gritou, derrubou o burrito e voou para longe.

"Ei, pare com isso!" Andy gritou.

As harpias entenderam isso da maneira errada. Elas olharam para os três semideuses e imediatamente fugiram. 

"HA!" O cego gritou em triunfo e desligou seu cortador de grama. Ele sorriu vagamente na direção de Andy. "Obrigado, estranhos! Sua ajuda é muito apreciada."

Andy controlou sua raiva. "Hum, tanto faz." Ela se aproximou do velho, mantendo um olho no cortador de grama. "Eu sou Andy Jackson. Esses são-"

"Semideuses," disse o velho. "Sempre consigo sentir o cheiro de semideuses."

Hazel franziu a testa. "Cheiramos tão mal assim?"

O velho riu. "Claro que não, minha querida. Mas você ficaria surpresa em descobrir quão afiados ficaram os meus sentidos desde que fiquei cego. Eu sou Fineu, e vocês... esperem, não me digam..." Ele alcançou o rosto de Andy e cutucou-a nos olhos.

"Ai!" ela queixou-se.

"Filha de areia e mar," Fineu exclamou. "Pensei ter sentido o cheiro do oceano em você, Andy Jackson. Eu também sou um filho de Netuno sabia?"

"Não significa que eu tenha que ficar cega também," ela esfregou os olhos.

Fineu se virou para Hazel. "E aqui... Sim, filha de riqueza e morte. Hazel Levesque. E ao teu lado, o filho de justiça e guerra. Entretanto há muito mais na tua história Frank Zhang-"

"É, é. Sangue Antigo." Frank murmurou. "Príncipe de Pilos. Blá, blá, blá."

"Poriclimeno, exatamente! Ah, ele era um cara legal. Eu adorava os argonautas!"

O queixo de Frank caiu. "Espera, Pori quem?"

Fineu sorriu. "Não se preocupe, eu conheço a tua família. Aquela história sobre o teu bisavô? Ele não destruiu realmente o acampamento. Mas que grupo interessante. Estão com fome?"

Frank parecia ter sido atropelado por um caminhão.

"Olha, estou confusa," Andy disse.

"Não é uma novidade," o velho zombou. 

Andy sorriu de má vontade. "Nós precisamos de algumas informações. Nos disseram-"

"-que as harpias estavam afastando a comida de mim," Fineu terminou. "E que se vocês me ajudassem, eu ajudaria vocês." Ele riu. "Essas são notícias velhas. Parece que estou passando fome?" Ele acariciou sua barriga, a qual era do tamanho de uma bola de basquete super inflada.

"Não mesmo," disse Andy.

"As coisas mudaram, amigos!" ele disse. "Quando eu recebi o dom da profecia, éons atrás, é verdade que Júpiter me amaldiçoou. Ele mandou as harpias para roubar minha comida. Vejam vocês, eu tinha uma boca um pouco grande. Eu revelava muitos segredos que os deuses tentavam guardar." Ele se virou para Hazel. "Por exemplo, você devia estar morta. E você..." ele se virou para Frank. "Tua vida depende de um pedaço de madeira queimado."

Hazel piscou como se tivesse sido esbofeteada. Já Frank, parecia que o caminhão tinha engatado a ré e atropelado ele outra vez.

"E você," Fineu se virou para Andy. "Bem, você nem mesmo sabe quem é. Eu poderia te contar é claro, mas que graça isso teria?"

Hazel apertou sua espada como se ela estivesse tentada a esquartejar o velho. "Então, você fala demais e os deuses te amaldiçoaram. Por que pararam?"

"Ah, eles não pararam." O velho arqueou suas sobrancelhas. "Eu tive que fazer um acordo com os argonautas. Eles também queriam informações, vejam só. Eu disse que se matassem as harpias eu cooperaria. Bem, afugentaram essas criaturas nojentas, mas Íris não os deixaria matar as harpias. Um ultraje! Então, dessa vez quando minha patrona me trouxe de volta à vida-"

"Tua patrona?" Frank perguntou.

Fineu lhe deu um sorriso perverso. "Gaia é claro. Quem vocês acham que abriu os portões da morte? Tua namoradinha aqui entende bem o que é isso. Gaia não é também tua patrona, Hazel Levesque?"

Hazel desembainhou a espada. "Eu não sou... Eu não... Gaia não é minha patrona."

Fineu parecia estar se divertindo. "Se você quer ser nobre e ficar do lado perdedor é problema teu. Mas Gaia está acordando. Ela já reescreveu as regras da vida e da morte. Estou vivo de novo! E em troca de minha ajuda, uma profecia aqui, outra ali, ganho meu mais caro desejo. A mesa foi virada, por assim dizer. Posso comer o que eu quiser o dia inteiro, e as harpias tem que assistir e passar fome. Viu? Elas essão amaldiçoadas agora! Elas só podem comer da minha mesa, não podem deixar Portland e como as portas da morte estão abertas elas não podem nem morrer. É lindo."

"Lindo?" Frank protestou. "Elas são criaturas vivas. Por que você é tão mau com elas?"

"Elas são monstros," Fineu disse. "E mau? Esses cérebros de penas me atormentaram por anos!"

"Mas era o dever delas," Andy disse, tentando se controlar. "Júpiter lhes ordenou que fizessem isso."

"Ah, mas eu estou irado com Júpiter também," Fineu concordou. "No tempo certo Gaia cuidará para que os deuses sejam apropriadamente punidos. Eles fizeram um horrível trabalho em governar o mundo."

Hazel avançou em direção ao vidente. "Você é terrível!" ela disse a Fineu. "Teu lugar é nos campos de punição."

Fineu zombou. "De um morto para outro, mocinha? No teu lugar eu não estaria falando. Você começou a coisa toda! Se não fosse por você Alcioneu não estaria vivo!"

Hazel cambaleou para trás.

"Hazel?" Os olhos de Frank se arregalaram. "Do que ele está falando?"

"Ha!" Fineu disse. "Você vai descobrir logo, logo, Frank Zhang. E então veremos se você continua tão carinhoso. Mas vocês não estão aqui pra isso, certo? Querem encontrar Tânatos. Ele está sendo mantido no covil de Alcioneu. Claro que eu posso lhes dizer onde fica. Claro que posso. Mas primeiro vocês terão que me fazer um favor."

"Esquece," Hazel disse asperamente. "Você está trabalhando para o inimigo. Devíamos te mandar de volta para o Mundo Inferior nós mesmos."

"Vocês podem tentar," Fineu sorriu. "Mas duvido que eu fique morto por muito tempo. Vejam, Gaia me mostrou o caminho mais fácil para voltar para cá. E com Tânatos nas correntes, não tem ninguém pra me manter lá em baixo. Além disso, se me matarem nunca descobrirão meus segredos."

Andy cerrou os dentes. "Qual é o favor?"

Fineu lambeu os lábios com avidez. "Tem uma harpia que é mais rápida que as outras."

"A vermelha," Andy supôs.

"Eu sou cego! Eu não sei a cor!" O velho resmungou. "De qualquer forma, ela é a única que me dá trabalho. Ela é astuta, essa aí. Sempre faz o que quer, e não se junta às outras. Ela me deu isso." Ele apontou para as cicatrizes em sua testa. "Capture essa harpia e tragam-na até mim. Eu a quero amarrada onde eu possa ficar de olho nela, por assim dizer. Harpias odeiam ficar amarradas. Isso lhes causa dor extrema. Ah, eu vou gostar disso. Talvez eu até a alimente para que ela dure mais."

Andy olhou para seus amigos. Eles entraram num acordo silencioso: nunca iriam ajudar esse velho repugnante. 

"Ah, podem ir conversar entre vocês," Fineu disse despreocupadamente. "Eu não ligo. Só lembrem-se de que sem minha ajuda, tua missão irá falhar e todos que vocês amam nesse mundo irão morrer. Agora vão! Tragam-me aquela harpia!"

"Vamos precisar de um pouco da tua comida," Andy abriu caminho com os ombros em torno do velho e arrancou coisas da mesa de piquenique. Antes que pudesse perder o controle e esmagar um burrito na cara de Fineu, disse: "Vamos, pessoal." E levou seus amigos para fora do estacionamento. Eles pararam na rua. Andy respirou fundo mais uma vez, tentando se acalmar. 

"Aquele homem..." Hazel bateu ao lado de um banco de uma parada de ônibus. "Ele precisa morrer. Novamente." Era difícil dizer na chuva, mas ela parecia estar piscando as lágrimas. 

"Vamos dar um jeito nele," Andy prometeu. "Ele não é nada como você, Hazel. Eu não me importo com o que ele diz."

Ela balançou a cabeça. "Você não sabe da história toda. Eu deveria ter sido enviada para os Campos de Punição. Eu... eu sou tão ruim..."

"Não, você não é!" Frank cerrou os punhos. Ele olhou ao redor como se estivesse procurando alguém que pudesse discordar dele. "Ela é uma boa pessoa!" ele gritou para o outro lado da rua. As poucas harpias gritaram nas árvores, mas ninguém mais deu-lhe qualquer atenção.

Hazel olhou para Frank. Ela estendeu a mão timidamente, como se ela quisesse pegar a mão dele, mas tivesse medo que ele evaporasse.

"Eu poderia intimidar aquele velho," ele ofereceu, "talvez assustá-lo."

"Não acho que Fineu pode ser assustado para cooperar," disse Andy. "Além do mais, tenho uma ideia." Ela apontou para a rua. "A harpia de penas vermelhas foi por esse caminho. Vamos ver se podemos fazê-la falar com a gente."

Hazel olhou para o alimento em suas mãos. "Você vai usar isso como isca?"

"Mais como uma oferta de paz," disse Andy. "Vamos lá." Ela descobriu a comida. As harpias voaram atrás deles, empoleirando nas árvores, caixas de correio e mastros de bandeiras, seguindo o cheiro da comida. Finalmente, Andy a viu, circulando acima de um trecho do parque que corria por vários quarteirões entre as fileiras de edifícios de pedra antiga. 

Eles atravessaram a rua e encontraram um banco para sentar, ao lado de uma grande escultura de bronze de um elefante. Andy ergueu a comida. 

"Nós não vamos machucá-la," Andy chamou. "Nós só queremos conversar. Macarrão tailandês por uma chance de conversar?"

A harpia raiou para baixo em um lampejo de vermelho e caiu sobre a estátua de elefante. Ela estava extremamente magra. Seu rosto teria sido bonito, exceto pelas bochechas afundadas. "Queijo," ela murmurou, olhando para os lados. "Ella não gosta de queijo."

Andy hesitou. "Teu nome é Ella?"

"Ella. Aella. Harpia. Em português. Em latim. Ella não gosta de queijo." Ela disse tudo isso sem tomar fôlego ou fazer contato visual. Mais rápido do que Andy pudesse piscar, ela pulou, agarrou o burrito de canela, e apareceu em cima do elefante novamente.

"Deuses, ela é rápida!" Hazel disse.

"E muito cafeinada," Frank adivinhou.

Ella começou a comer, mas a maior das harpias desceu. Antes que Andy pudesse reagir, começaram esmurrar Ella com suas asas, pegando o burrito. "Nnnnnnãooo." Ella tentou esconder debaixo das suas asas quando suas irmãs a encurralaram, arranhando com suas garras. "NÃ-ÃO," ela gaguejou. "N-n-não!"

"Parem!" Andy gritou. Eles correram para ajudar, mas já era tarde demais. A grande harpia amarela agarrou o burrito e todo o rebanho dispersou, deixando Ella encolhida e tremendo em cima do elefante.

Hazel tocou o pé da harpia. "Eu sinto muito. Você está bem?"

Ella enfiou a cabeça para fora de suas asas. Ainda estava tremendo. Com os ombros curvados, Andy podia ver a ferida sangrando nas costas, onde Fineu tinha batido com o cortador de grama. "P-pequena Ella," ela gaguejou, irritada. "P-pequena Ella. Sem canela para Ella. Só queijo."

"Nós vamos pegar mais alguma coisa pra ti," Frank prometeu.

"Ella," disse Andy, "nós queremos ser teus amigos. Podemos te dar mais alimentos, mas-"

“Amigos,” disse Ella. “Friends. Dez temporadas. 1994 a 2004." Ela olhou de soslaio para Andy. “Tu. 'Um meio-sangue dos deuses antigos filho, chegará aos dezoito anos apesar de empecilhos.' Dezoito. Você tem dezoito anos. Página dezoito de Mastering, a Arte da Culinária Francesa. Ingredientes: Bacon, Manteiga..."

Os ouvidos de Andy estavam retumbando. "O que foi que você disse?"

"Bacon." Ela pegou uma gota de chuva no ar. "Manteiga."

"Não, antes disso. As palavras... Eu conheço essas palavras."

Ao seu lado, Hazel estremeceu. "Soa familiar, como... eu não sei, como uma profecia. Talvez seja algo que ela ouviu Fineu dizer?"

Ao nome Fineu, Ella gritou em terror e voou para longe.

"Espere!" Hazel chamou. "Eu não quis dizer... Ah, deuses, como sou estúpida."

"Está tudo bem." Frank apontou. "Olha."

Ella não estava se movendo tão rapidamente agora. Eles a seguiram. Eles correram para o outro lado da rua e para dentro de uma biblioteca. À medida que corriam pelo saguão, Andy imaginou que Anthony gostaria deste lugar. Era espaçoso e bem iluminado, com grandes janelas abobadadas. Livros e arquitetura, era definitivamente o que ele... Andy congelou no meio do caminho.

"Andy?" Frank perguntou. "O que foi?"

Andy tentou desesperadamente se concentrar. De onde esses pensamentos vieram? Arquitetura, livros... Anthony a tinha levado para a biblioteca uma vez, perto de casa, na... na... A memória escapou. Andy bateu com o punho do lado de uma estante. "Mas que droga!"

"Andy?" Hazel perguntou gentilmente.

"Estou... estou bem," ela mentiu. "Só fiquei tonta por um segundo. Vamos."

Eles encontraram Ella no telhado. Estava encolhida em um ninho de livros debaixo. Andy e os outros avançaram lentamente.

"Oi," Andy disse. "Nos desculpe por te assustar. Olha, eu não tenho muita comida, mas-"

“Fotossíntese,” Ella murmurou. “Substantivo. Biologia. A síntese de materiais orgânicos complexos. Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; era a idade da sabedoria, era a idade da insensatez...

"O que ela está dizendo?" Frank sussurrou.

Andy olhou para o monte de livros ao seu redor. "Ela está fazendo citações," adivinhou.

“Almanaque do Fazendeiro de 1965,” Ella disse. “Comece com animais reprodutores, janeiro vigésimo sexto.”

"Ella," Andy disse, "você já leu tudo isso?"

Ella piscou. "Mais. Mais no andar inferior. Palavras. Palavras acalmam Ella. Palavras, palavras, palavras.”

"Então ela é uma galinha gênio," Frank disse.

Andy se sentia desconfortável. "Ella, vamos encontrar uma maneira de quebrar a maldição. Gostaria disso?"

“É impossível,” disse ela. “Gravado em Inglês por Perry Como, de 1970”.

"Nada é impossível," disse Andy. "Agora, olha, eu vou dizer o nome dele. Você não tem que fugir. Vamos salvá-la da maldição. Só precisamos descobrir uma maneira de vencer... Fineu."

Andy esperou que ela fugisse, mas Ella apenas balançou a cabeça vigorosamente. "N-n-não! Não Fineu. Ella é rápida. Muito rápida para ele. M-mas ele quer p-prender Ella. Ele machuca Ella. Fineu é ruim."

"Absolutamente," Andy concordou. "Nós não vamos deixá-lo ferir você novamente. Precisamos descobrir como enganá-lo, no entanto. Vocês harpias devem conhecê-lo melhor do que ninguém. Existe alguma maneira de podermos enganá-lo?"

"N-não," disse Ella. “Os truques são para crianças. 50 truques para ensinar seu cão, por Sophie Collins, ligue para o número 6-3-6...”

"Tá, Ella," Hazel falou com uma voz suave, como se ela estivesse tentando acalmar um cavalo. "Mas será que Fineu tem pontos fracos?"

"Cego. Ele é cego."

Frank revirou os olhos, mas Hazel continuou pacientemente: "Certo. Além disso?"

“Probabilidade,” disse ela. “Jogos de azar. Dois para um. Probabilidades ruins. Pagar ou desistir.”

O entusiasmo de Andy aumentou. "Você quer dizer que ele gosta de apostar?"

"Fineu v-vê coisas grandes. Profecias. Fatos. Coisas de deuses. Não pequenas coisas. Aleatórias. Emocionantes. E ele é cego."

Frank coçou o queixo. "Qualquer ideia do que isso significa?"

"Acho que sim," disse Andy. "Fineu vê o futuro. Ele sabe de toneladas de eventos importantes. Mas não pode ver as coisas, como pequenas ocorrências aleatórias, jogos espontâneos do acaso. O que torna o jogo emocionante para ele. Se nós pudermos tentá-lo a fazer uma aposta..."

Hazel balançou a cabeça lentamente. "Você quer dizer que se ele perder, ele tem que nos dizer onde está Tânatos. Mas o que temos para apostar? Que tipo de jogo que nós jogamos?"

"Algo simples, com altos riscos," disse Andy. "Como duas escolhas. Uma você vive, outra você morre. E o prêmio tem que ser algo que Fineu quer... Quer dizer, além de Ella. Isso está fora do jogo."

"Visão," Ella murmurou. "A visão é boa para os homens cegos. Cura... não, não. Gaia não vai fazer isso por Fineu. Gaia mantém Fineu c-cego, dependente de Gaia. Sim."

Frank e Andy trocaram um olhar significativo. "Sangue de Górgona," disseram ao mesmo tempo.

"O quê?" Hazel perguntou.

Frank mostrou os dois frascos de cerâmica que ele tinha recuperado do Pequeno Tibre. "Ella é um gênio," disse ele. "A não ser que a gente morra."

"Não se preocupe com isso," disse Andy. "Eu tenho um plano."



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