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História Céus e Mares - Melhor e Maior


Escrita por: dfcrosas

Capítulo 4 - Melhor e Maior


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Melhor e Maior


Arco II - Do Mar Nos Elevamos 
Parte II - Você pensa que as únicas pessoas que são pessoas são aquelas que se parecem e pensam como você.

 

Metade das pessoas no acampamento estava morta; guerreiros de roxo cintilantes parados do lado de fora do arsenal ou polindo espadas fantasmagóricas. Andy não se importou com o fato em si, mas todos os espíritos pararam o que estavam fazendo para poder encarará-la. Alguns tinham olhares zangados. Um ainda gritou algo como "Greggus!" e ficou invisível.

"Por que vocês tem fantasmas?" ela perguntou, incerta. 

"Fantasmas?" Hazel se virou. Seus olhos pareciam feitos de ouro o que assustava Andy um pouco; havia alguma memória associada com o fato. "São Lares. Deuses da casa."

"Deuses da casa," Andy repetiu. "Tipo... Menores que os verdadeiros deuses, mas maiores que os deuses de apartamento?"

"São espíritos ancestrais," Frank explicou segurando o riso. Ele havia retirado o elmo revelando um par de olhos puxados. "Os lares são um tipo de mascote. Na maior parte do tempo são inofensivos. Eu nunca os vi tão agitados."

"Pois bem, aquele grosseirão ali me chamou de Greggus. Eu pareço com algum Greg pra vocês?"

"Graecus," Hazel disse. "Assim que passar mais tempo aqui, vai começar a entender Latim. Semideuses tem um talento natural para isso. Graecus significa Grego."

"Hmmm. Quão ruim numa escala de um à eles-vão-raspar-as-minhas-sobrancelhas-enquanto-durmo?" Andy perguntou. 

Frank limpou a garganta. "Talvez nem tanto. Você tem essa aparência, o cabelo escuro e a pele clara. Talvez eles achem que você seja grega mesmo. Tua família é de lá?"

"Eu tenho essa aparência? Como posso saber? Minha memória sumiu, Frank!" 

"Ou talvez..." ele hesitou, então deu de ombros. "Nah... Acho que não é nada," disse. "Os romanos e gregos tinham uma antiga rivalidade. Às vezes romanos usam Graecus como um insulto para alguém estranho. Um inimigo. Mas eu não me preocuparia com isso."

"Odeio ter que apontar o óbvio, mas você soa bem preocupado."

Eles pararam no meio do acampamento, onde duas ruas se uniam em um T. Para uma morte certa, o lugar parecia bem limpo e ordenado. Em um canto da calçada estava o prédio mais impressionante: uma cunha de dois andares, feita de mármore branco, com pórticos de colunas, como um banco à moda antiga. Guardas romanos estavam em frente a ele. Em cima da porta, estava um cartaz grande e roxo com as letras SPQR douradas bordadas dentro de uma coroa de louros.

"Quartel-general?" Andy deduziu.

Reyna olhou para ela com olhos frios e hostis. "É chamado de principia," ela examinou a multidão de campistas curiosos que os tinham seguido desde o rio. "Todos voltem às suas funções. Darei uma atualização a vocês na reunião de hoje à noite. Lembrem-se, teremos jogos de guerra depois do jantar." A multidão se dispersou relutante. Alguns comentaram sobre as chances de Andy.

"Ela já era," disse alguém.

"Junto com aqueles dois que a encontraram," disse outro.

"É," murmurou um terceiro. "Deixe-a se juntar ao Quinto Regimento. Gregos e nerds!" Vários campistas riram disso, mas Reyna fez uma careta para eles e eles sumiram.

"Hazel," ela disse. "Venha conosco. Quero teu relatório do que aconteceu nos portões."

"Eu também?" Frank perguntou. "Andy salvou minha vida. Temos que deixá-la-" Reyna deu a Frank um olhar tão severo que ele deu um passo para trás.

"Devo te lembrar, Frank Zhang, que você está em probatio também? Você causou problemas o suficiente essa semana." As orelhas de Frank ficaram vermelhas. "Vá ao arsenal," Reyna ordenou. "Cheque o inventário. Te chamarei se necessário."

"Mas..." Frank parou. "Sim, Reyna." E ele correu dali.

Reyna empurrou Hazel e Andy na direção do quartel-general. "Agora, Andy Jackson, vamos ver se podemos melhorar tua memória."

No centro da sala havia uma longa mesa de madeira ladeada por duas estátuas de cães em tamanho real: uma prata e uma dourada. Reyna foi para trás da mesa e se sentou em uma das duas cadeiras de encosto alto. Hazel se manteve de pé. Andy teve a sensação de que deveria fazer o mesmo, mas estava tão cansada que não deu a mínima. Sentou-se na outra cadeira e Reyna lhe lançou um olhar fulminante. 

"Então..." Andy começou a dizer. As estátuas de cachorro arreganharam os dentes e rosnaram. Andy congelou. 

"Quietos, meninos," Reyna disse aos cães. "Eles não atacarão, a menos que você tente roubar alguma coisa, ou que eu dê a ordem. Eles são Argentum e Aurum."

"Prata e Ouro," Andy assentiu olhando Reyna com curiosidade. "Nós nos conhecemos," concluiu. "Eu não consigo lembrar, mas... Por favor, se puder me contar qualquer coisa-"

"As coisas mais importantes primeiro," Reyna disse. "Quero ouvir tua história. Do que você lembra? Como chegou aqui? E não minta. Meus cachorros não gostam de mentirosos." Argentum e Aurum rosnaram para enfatizar o ponto. Andy lhe contou tudo: acordar sozinha na floresta, Lupa, a linguagem de gestos, as lições de sobrevivência, as lutas. Nada daquilo impressionou Reyna. De fato, parecia ser exatamente o que ela havia esperado ouvir. Exceto por um detalhe: "Nenhuma memória?" ela repetiu. "Você ainda não lembra de nada?"

"Um nome." Andy disse com cautela. 

"O nome de quem?" 

"É... Pessoal," ela disse. "Não é relevante." Andy podia vê-lo em sua mente, seu rosto, seus olhos cinzentos, a maneira que ria... E de repente, sentiu um medo terrível de que se mencionasse aquilo em voz alta a memória fosse desaparecer pra sempre. 

Reyna pareceu aceitar aquilo. "A maior parte do que descreveu é normal para semideuses. Até certa idade, de um jeito ou de outro, encontramos o caminho para a Casa do Lobo. Somos testados e treinados. Se Lupa achar que somos dignos, nos manda para o sul para entrar para a legião. Mas nunca tinha ouvido falar de alguém que perdeu a memória. Como encontrou o Acampamento Júpiter?"

Andy lhe contou sobre isso também. Então Hazel terminou por ela. Ela descreveu Andy como corajosa e heroica, o que a deixou desconfortável. "Tudo que fiz foi carregar uma velha hippie," ela deu de ombros.

Reyna a estudou. "Você é velha para uma recruta. Tem o quê, dezoito anos?"

"Eu não faço ideia."

"Se passou tantos anos sozinha, sem treino ou ajuda, deveria estar morta. Uma filha de Netuno? Você teria uma aura muito poderosa que atrairia todos os tipos de monstros. Você deve ter ficado em algum lugar antes da Casa do Lobo," ela disse. Quando Andy não respondeu, Reyna suspirou. "Bem, os cachorros não te comeram, então deve estar falando a verdade." Ela se levantou e passeou na frente dos cartazes. "Mesmo que eu aceite que você não é um inimigo, você não é uma recruta comum. A Rainha do Olimpo simplesmente não aparece no acampamento, anunciando um novo semideus. Da última vez que um deus maior nos visitou em pessoa foi..." ela balançou a cabeça. "Só ouvi lendas sobre essas coisas. E uma filha de Netuno... não é um bom presságio. Especialmente agora."

"O que há de errado com Netuno?" Andy perguntou. "E o que há de errado com agora?"

Hazel lhe deu um olhar de aviso.

"Você lutou com as irmãs da Medusa, que não tem sido vistas há milhares de anos," Reyna continuou. "Agitou nossos Lares, que estão te chamando de Graecus. E você veste estes símbolos estranhos: essa camiseta, as contas no teu pescoço. O que querem dizer?"

Andy olhou para a camiseta laranja esfarrapada. Devia ter tido palavras antes, mas estavam muito desbotadas para ler. Quanto ao colar, cada uma das contas de argila era decorada com um símbolo diferente, como fotos de um álbum de família. "Não sei," admitiu.

"E tua espada?" Reyna perguntou.

Andy destampou a caneta. Hazel ofegou. Os cachorros rosnaram apreensivamente. "Como você sabia que eu a carregava?"

"Eu nunca vi uma espada assim," Hazel comentou.

"Eu já," Reyna disse sombriamente. "É muito antiga. Um modelo grego. Costumávamos ter algumas no arsenal antes de..." ela parou. "O metal é chamado bronze celestial. É mortal para monstros, como o ouro imperial, mas muito raro."

"Ouro imperial?" Andy repetiu.

Reyna desembainhou sua adaga. "O metal foi consagrado nos tempos antigos, no Panteão de Roma. Sua existência era rigorosamente guardada em segredo dos imperadores; um jeito de seus campeões matarem monstros que ameaçavam o império. Costumávamos ter mais armas como essa, mas agora... bem, nós nos viramos. Eu uso essa adaga. Hazel tem uma spatha, uma espada de cavalgaria. Os legionários usam uma espada menor chamada gladius. Mas essa tua arma não é nem um pouco romana. É outro sinal de que você não é uma semideusa comum. E teu braço..."

"O que tem ele?" Andy perguntou.

Reyna mostrou seu próprio antebraço. Andy não tinha notado antes, mas ela tinha uma tatuagem na parte interna: as letras SPQR, espadas cruzadas e uma tocha, e debaixo disso, três linhas paralelas como códigos de barra. Andy olhou para Hazel.

"Todos a temos," ela confirmou, erguendo seu braço. "Todos os membros completos da legião têm." A tatuagem de Hazel também tinha as letras SPQR, mas ela só tinha um código de barra, e seu emblema era diferente.

"Então você nunca foi um membro da legião," Reyna disse. "Essas marcas não podem ser removidas. Achei que talvez..." ela balançou a cabeça, como se estivesse descartando uma ideia.

Hazel deu um passo à frente. "Se ela sobreviveu sozinha todo esse tempo, talvez tenha visto a Lena. Andy, você nunca viu uma semideusa como nós antes? Uma garota loirinha de camisa roxa, com marcas no braço…"

"Hazel." A voz de Reyna era firme. "Andy já tem o bastante com que se preocupar."

Andy tocou a ponta de sua espada fazendo-a voltar para a forma de caneta. "Nunca vi ninguém como vocês antes. Quem é Lena?"

Reyna lançou um olhar irritado para Hazel. "Ela era... é minha colega." Seu tom de voz deixou claro que Lena devia ser mais que isso também. Reyna gesticulou para a cadeira onde Andy estava sentada. "A legião normalmente tem dois pretores eleitos. Lena Grace, filha de Júpiter, era nossa outra pretor até desaparecer semana passada."

"E você não tem que substituí-la?" Andy perguntou. "Você acha que pode encontrá-la?"

"Ela pode não estar morta," Hazel disse. "Não vamos desistir dela."

Reyna fez uma careta. "As eleições só acontecem de duas maneiras," explicou. "Ou a legião ergue alguém como um pretor depois de uma grande batalha (e não tivemos nenhuma grande batalha) ou temos uma votação na noite do Festival de Fortuna. Que será em dez dias."

Andy franziu o cenho. "Vocês têm um festival de dinheiro?"

"Fortuna," Hazel corrigiu, "é a deusa da sorte. O que quer que aconteça no dia da festa pode afetar o resto do ano. Ela pode conceder ao acampamento boa sorte... ou muita má sorte."

"Festival de Fortuna..." Andy murmurou. "As górgonas mencionaram algo assim. E Juno também. Elas disseram que o acampamento seria atacado nesse dia, alguma coisa sobre uma deusa super malvada chamada Gaia, e um exército, e a Morte sendo libertada. Está me dizendo que isso será semana que vem?"

Os dedos de Reyna apertaram o punho da adaga. "Você não vai falar nada sobre isso fora desta sala," ela ordenou. "Não te quero espalhando mais pânico neste acampamento."

"Então é verdade," Andy disse. "Você sabe o que vai acontecer? Podemos impedir?"

"Já conversamos o suficiente por enquanto," Reyna disse. "Hazel, leve-a ao Templo da Colina. Encontre Octavian."

"Sim, Reyna."

"Boa sorte com o agouro, Andy Jackson," Reyna disse com um aceno. "Se Octavian te deixar viver, talvez possamos comparar as notas... sobre o teu passado."

♆ 

Enquanto se aproximavam do portão da frente, os quartéis ficavam maiores e mais bonitos. Até os fantasmas pareciam melhores com armaduras mais extravagantes e auras mais brilhantes. 

"Vocês são divididos em chalés diferentes?" Andy perguntou.

"Mais ou menos," Hazel disse. "Temos cinco regimentos de quarenta crianças cada. Os regimentos são divididos em quartéis de dez... tipo colegas de quarto."

"E todo mundo é filho dos deuses? Eles têm andado ocupados..."

Hazel riu. "Nem todos são filhos dos deuses maiores. Centenas são de deuses romanos menores. Além disso, muitos dos campistas são legados: segunda ou terceira geração. Seus pais podem ser semideuses. Ou seus avós."

Andy piscou. "Filhos de semideuses?"

"Por que isso te surpreende?"

"Eu... Não tenho certeza," ela apontou para a cabeça. "Tá meio confuso a coisa toda. "Mas esses legos-"

"Legados," Hazel corrigiu. 

"Eles têm poderes como um semideus?"

"Às vezes. E podem ser treinados. Os maiores generais e imperadores romanos, sabe, todos eles foram reclamados como descendentes dos deuses. Na maior parte do tempo estavam falando a verdade. O agouro do acampamento que vamos conhecer, Octavian, é um legado, descendente de Apolo. Ele tem o dom da profecia, supostamente."

"Supostamente?"

Hazel fez uma cara azeda. "Eu tenho as minhas dúvidas."

"E essas divisões," Andy perguntou, "os regimentos ou o que sejam... Vocês são divididos de acordo com o parentesco divino?"

Hazel a encarou. "Que ideia terrível! Não, os oficiais decidem onde colocar os recrutas. Se fôssemos divididos de acordo com deuses, os regimentos seriam todos desiguais. Eu ficaria sozinha."

"Por quê? De quem você é filha?"

Hazel ignorou a pergunta. Ela apontou para o sul, do outro lado do rio. Nuvens escuras estavam se juntando no Templo da Colina. Clarões vermelhos de relâmpago lavavam os monumentos numa luz cor de sangue. "Octavian está ocupado," Hazel disse. "É melhor irmos logo para lá."

No topo da colina, um pavilhão redondo com um anel de colunas brancas suportava um telhado. "Suponho que aquele seja de Zeus... hã, quer dizer, de Júpiter? É para onde estamos indo?"

"É," Hazel soou irritada. "Octavian lê os agouros ali, no Templo de Júpiter, o Optimus Maximus."

"O melhor e maior?"

"Correto."

"Um pouco convencido, não é, não? Qual o título de Netuno? O mais legal e mais incrível?"

"Hã, nem tanto." Hazel apontou para um cafofo azul do tamanho de um barracão de ferramentas. Um tridente coberto de teia de aranha pendia acima da porta.

Andy espiou lá dentro. Em um pequeno altar estava uma tigela com três maçãs secas mofadas. "Ah... Legal."

"Sinto muito, Andy," Hazel disse. "É só que... os romanos sempre tiveram medo do mar. Só usavam navios quando precisavam mesmo. Mesmo nos tempos modernos, ter um filho de Netuno por aí quase sempre é um mau presságio. Na última vez que um se juntou à legião... bem, isso foi em 1906 quando o Acampamento Júpiter era localizado do outro lado da Baía de São Francisco. Houve esse enorme terremoto-"

"Está me dizendo que um filho de Netuno causou isso?"

"É o que dizem," Hazel olhou se desculpando. "De qualquer jeito... Os romanos temem Netuno. Não o adoram tanto." Acima deles, um trovão retumbou. Uma luz avermelhada preencheu a colina. "Octavian está quase acabando," Hazel disse. "Vamos lá." 

O templo inteiro era ao ar livre. No centro ficava um altar de mármore, onde um garoto em uma toga estava fazendo algum tipo de ritual na frente de uma estátua gigante do próprio Júpiter, o deus do céu, segurando um raio.

"Não parece com ele," Andy murmurou.

"O quê?" Hazel perguntou.

"O raio-mestre," Andy disse.

"Do que você tá falando?"

"Eu-" Andy franziu o cenho. "Não me lembro."

O garoto no altar ergueu os braços. Mais luz avermelhada iluminou o céu, sacudindo o templo. Então ele abaixou os braços, e as trovoadas pararam. As nuvens mudaram para cinza, depois branco e então se desfizeram. O garoto era alto e magro, com cabelo cor de palha, jeans e camiseta largos, e toga caindo. 

"Truque impressionante. Mas... o que ele está fazendo?" Andy murmurou.

O cara na toga se virou. Ele tinha um sorriso torto e um brilho maluco nos olhos. Em uma mão segurava uma faca. Na outra alguma coisa parecida com um animal morto. 

"Andy," Hazel disse, "esse é Octavian."

"A Graecus!" Octavian anunciou. "Que interessante."

"Uh, oi," Andy disse. "Você está matando animaizinhos?"

Octavian olhou para a coisa fuzilada na mão e riu. "Não, não. Nos tempos antigos, sim. Costumávamos ler a vontade dos deuses examinando as tripas do animal: galinhas, bodes, esse tipo de coisa. Hoje em dia, usamos isso."

Ele jogou a coisa mutilada para Andy. Era um ursinho de pelúcia destripado. "Sério?" Andy perguntou.

Octavian estreitou os olhos. "Você parece nervosa."

"Você se parece com alguém," Andy admitiu. "Não lembro quem."

"Provavelmente meu xará, Octavian: Augusto César. Todos dizem que tenho uma notável semelhança."

"É... Acho que não. Por que você me chamou de a grega?"

"Vi isso nos agouros." Octavian apontou a faca para a pilha de estofados no altar. "A mensagem dizia: a grega chegou. Ou provavelmente: a gralha chorou. Acho que a primeira interpretação é a correta. Você procura entrar na legião?"

Hazel falou por Andy. Contou tudo para Octavian. Quando mencionou Juno, ele pareceu surpreso.

"Juno," ele refletiu. "A chamamos de Juno Moneta. Juno, a Informadora. Ela aparece em tempos de crise, para aconselhar Roma sobre grandes ameaças."

"Ouvi que o Festival de Fortuna é semana que vem," Andy disse. "As górgonas avisaram que haveria uma invasão nesse dia. Você viu isso no teu estofamento?"

"Infelizmente não," Octavian suspirou. "A vontade dos deuses está difícil de discernir. E nesses dias, minha visão está ainda mais escura."

"Vocês não têm... sei lá," Andy disse, "um oráculo ou algo do tipo?"

"Um oráculo!" Octavian sorriu. "Que ideia fofinha. Não, receio que estamos com oráculos em falta. Agora, se formos questionar os livros sibilinos, como recomendei-"

"Os sibioquê?" 

"Livros de profecia," Hazel disse. "Octavian é obcecado por eles. Os romanos costumavam consultá-los quando desastres aconteciam. A maioria acredita que eles foram queimados quando Roma caiu.

"Alguns acreditam nisso," Octavian corrigiu. "Infelizmente nossa liderança atual não vai autorizar uma busca para procurar por eles-"

"Porque Reyna não é idiota," Hazel disse. 

"-então só temos alguns trechos que restaram dos livros," Octavian continuou. "Algumas predições misteriosas, como essa." Ele apontou com o queixo para as inscrições no chão de mármore. Andy encarou as linhas de palavras e quase se engasgou.

"Essa." Ela apontou, traduzindo enquanto lia em voz alta: "Sete meios-sangues responderão ao chamado. Em tempestade ou fogo, o mundo terá acabado-"

"Sim, sim." Octavian terminou sem olhar: "Um juramento a manter com um alento final, e inimigos com armas às Portas da Morte afinal."

"Eu... eu conheço essa. É importante. Anthony-" a voz de Andy falhou. Sua cabeça girava e seu coração parecia que ia explodir. 

"Quem?" Octavian arqueou a sobrancelha. "Claro que é importante. Nós a chamamos de Profecia dos Sete, mas tem milhares de anos. Não sabemos o que significa. Toda vez que alguém tenta interpretá-la... Bem, Hazel pode te contar. Coisas ruins acontecem."

Hazel olhou para ele. "Só leia o agouro dela. Ela pode entrar para a legião ou não?"

Octavian ergueu a mão para a mochila de Andy. "Este é um espécime lindo. Posso?" Ele arrancou o travesseiro de panda que estava saindo pra fora da mochila. Era apenas um ursinho idiota, mas Andy tinha uma bela afeição por ele: tinha até lhe batizado de Tony. Octavian se virou na direção do altar e ergueu a faca.

Andy protestou: "Não ouse fazer is-"

Octavian cortou a barriga do panda e derramou o estofamento no altar. Ele atirou a carcaça do panda para o lado, murmurou algumas palavras e se virou com um grande sorriso no rosto. "Boas notícias!" ele disse. "Andy pode entrar para a legião. Vamos nomeá-la a um regimento no jantar de hoje à noite. Diga a Reyna que eu aprovo."

Os ombros de Hazel relaxaram. "Hã... ótimo. Vamos, Andy."

Andy estava com a boca aberta. "Ele matou..."

"Ah, e Hazel," Octavian disse. "Quando as eleições para pretor chegarem, espero que se lembre-"

"Lena não está morta," Hazel brigou. "Você é o agoureiro. Era para estar procurando por ela!"

"E eu estou!" Octavian apontou para a pilha de animais de pelúcia destripados. "Consulto os deuses todo dia! Ai de mim, ainda não achei nada. Mas estou procurando. Agora se Lena não voltar até o Festival de Fortuna, precisaremos agir. Não podemos ter um vazio no poder por muito tempo. Espero que você me apoie como pretor. Significaria muito para mim."

Hazel cerrou os punhos. "Eu. Apoiar. Você?"

"Afinal de contas," Octavian disse a Hazel, "devo conseguir te ajudar. Seria um desperdício se aqueles rumores terríveis sobre você ficassem circulando... ou, que os deuses proíbam, se eles virassem realidade."

Hazel respirou profundamente. Seus dedos estavam brancos. "Vou pensar sobre isso."

"Excelente," Octavian disso. "Falando nisso, teu irmão está aqui."

Hazel enrijeceu. "Meu irmão? Por quê?"

Octavian encolheu os ombros. "Por que aquele garoto bizarro faz alguma coisa? Ele está te esperando no santuário do teu pai. Só... ah, não o convide para ficar por muito tempo. Ele tem um efeito perturbador nos outros. Agora, se me der licença, tenho que continuar procurando pela nossa pobre amiga perdida. Prazer em conhecê-la, Andy."

"Você matou o Tony," Andy murmurou ainda em choque. Hazel teve que lhe pegar pelo braço e puxá-la pra fora do pavilhão.
 


Notas Finais


Mais um convite épico pra vocês...

Sinopse: Panem se prepara para o 74° Jogos Vorazes. Cada um dos 24 Distritos precisa mandar um tributo. Bellamy se oferece no lugar da irmãzinha e Clarke é escolhida de maneira injusta. E enquanto o mais importante deveria ser a rebelião e o povo, Clarke e Bellamy não podem deixar de se importar um com o outro, por mais irresponsável e egoísta que isso seja.

Que a sorte esteja sempre ao seu favor. ↪ https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-divergente-o-destino-extraordinario-4947521


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