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História Céus e Mares - Riqueza em Memória


Escrita por: dfcrosas

Capítulo 6 - Riqueza em Memória


Fanfic / Fanfiction Céus e Mares - Riqueza em Memória


Arco II - Do Mar Nos Elevamos 
Parte III - De alguma maneira, não posso esconder quem eu sou, por mais que tenha tentado.
 

Até aquela manhã, seu irmão Nico tinha sido o semideus mais poderoso que Hazel já havia conhecido. Ele era mais perigoso que Reyna, e Octavian, e talvez até mesmo Lena. Mas aí Hazel conheceu Andy Jackson. No início, quando a viu, Hazel tinha pensado que ela poderia ser uma deusa disfarçada. Mesmo que estivesse machucada, suja e encurvada de exaustão, tinha uma aura de poder ao seu redor.

Nico também foi afetado pela aparência dela, Hazel notou. Ela levou Andy para a colina onde Nico estava em suas vestimentas escuras. Ele usava um anel de caveira de prata e um sobretudo preto. Do seu lado pendia uma espada negra. Quando ele viu Andy, pareceu chocado, em pânico, como se tivesse sido pego por um holofote.

"Esta é Andy Jackson," Hazel disse. "Andy, esse é meu irmão, o filho de Plutão."

Nico recuperou a compostura e esticou a mão. "Prazer em te... conhecer," gaguejou. "Sou Nico di Angelo." Eles trocaram um aperto de mãos e estudaram um ao outro. Os olhos de Nico encheram-se de dor quando ele a tocou, mas aquilo não foi nada comparado com os sentimentos que cruzaram seu rosto quando ela falou: "Eu... Eu te conheço."

Nico puxou a mão da dela como se tivesse levado um choque. "Mesmo?" Ele olhou para Hazel por uma explicação. Então Andy veio pra frente e segurou o rosto dele nas mãos. O rapaz deu pra trás, tentando se afastar, mas ela o segurou e o puxou pra perto. Os olhos de Nico se arregalaram enquanto ele olhava dentro dos olhos verde-água.  

Hazel hesitou. Alguma coisa sobre a reação de seu irmão não estava certa. Ele conhecia Andy, Hazel teve certeza absoluta. Ela forçou-se a falar. "Hm... Andy perdeu a memória. Eu pensei que... bem, você viaja por toda parte. Talvez tenha conhecido semideuses como ela antes, ou..."

A expressão de Nico ficou tão escura quanto o Tártaro. "Eu nunca conheci ninguém como ela," ele disse bem baixinho. 

"Mas eu te conheço," Andy respondeu no mesmo tom, ainda segurando-lhe o rosto. "Você é importante... Pra mim..." a voz dela foi sumindo e então ela o largou, ficando vermelha. Nico pareceu aliviado de se ver livre do toque dela. Hazel aproveitou o momento para contar pra ele sobre tudo que havia acontecido. 

"Essa história sobre o exército de Gaia," Nico disse. "Você avisou Reyna?"

Andy assentiu. "Quem é essa Gaia, afinal?"

"Ela é a deusa da terra," Nico olhou para o chão como se ela pudesse estar ouvindo. "A deusa mais antiga de todos. Ela está em um sono profundo na maior parte do tempo, mas odeia os deuses e seus filhos."

"A mãe natureza... é do mal?

"Muito," Nico disse gravemente. "Ela convenceu seu filho, o Titã Cronos... hum, quero dizer, Saturno... a matar seu pai, Urano, e dominar o mundo. Os Titãs governaram por um longo tempo. E então os filhos dos Titãs, os deuses do Olimpo, os derrubaram."

"Eu já ouvi isso," Andy disse como se uma antiga memória tivesse vindo parcialmente à tona. "Mas eu não acho que já tenha ouvido a parte sobre Gaia."

Nico deu de ombros. "Ela ficou louca quando os deuses assumiram. Ela tomou um novo marido, Tártaro, o espírito do abismo e deu à luz a uma raça de gigantes. Eles tentaram destruir o Monte Olimpo, mas os deuses finalmente os venceram. Pelo menos... na primeira vez."

"Primeira vez?" Andy repetiu.

"No verão passado," Nico continuou, "Saturno tentou retornar. Houve uma segunda Guerra Titã. Os romanos do Acampamento Júpiter atacaram violentamente seu quartel-general no Monte Ótris, do outro lado da baía, e destruíram seu trono. Saturno desapareceu..." ele hesitou, observando o rosto de Andy. "Hmm, de qualquer forma," ele continuou, "Saturno provavelmente sumiu de volta para o abismo. Todos nós achávamos que a guerra estava acabada. Agora parece que a derrota dos Titãs despertou Gaia. Ela está começando a acordar. Tenho ouvido relatos de gigantes renascendo. Se eles pretendem desafiar os deuses de novo, provavelmente vão começar por destruir os semideuses."

"E Reyna sabe disso?" Andy perguntou.

"É claro." O maxilar de Nico se retesou. "Os romanos não confiam em mim. É por isso que espero que ela te dê ouvidos. Filhos de Plutão... bem, sem ofensa, mas acham que somos piores até mesmo do que filhos de Netuno. Nós somos má sorte."

"Tudo parece ser má sorte por aqui," Andy comentou. "Mas eles deixaram que Hazel ficasse."

"Isso é diferente," Nico disse.

"Por quê?"

"Andy," Hazel interveio, "olha, os gigantes não são o pior problema. Até mesmo... mesmo Gaia não é o pior problema. A coisa que você disse sobre as górgonas, como elas não morreram, esse é o nosso maior problema." Ela olhou para Nico. "Nico e eu," disse cuidadosamente, "pensamos que o que está acontecendo é que... a Morte não está..." Antes que ela pudesse terminar, um grito veio colina abaixo.

Frank correu na direção deles. Suas mãos estavam cobertas com graxa de limpar armas. Como acontecia toda vez que ela via Frank, o coração de Hazel deu um salto e realizou um pouco de sapateado: o que realmente a irritava. Ela não havia se sentido assim desde... Bem, desde Sammy.

Ele chegou ao santuário. "Oi, Nico..."

"Frank." Nico sorriu. Ele parecia achar Frank engraçado, talvez porque Frank fosse o único no acampamento que não ficava apreensivo perto dos filhos de Plutão.

"Reyna me enviou para buscar Andy," Frank disse. "Octavian aceitou você?"

"É," Andy disse amarguradamente. "Ele trucidou meu panda, aquele monstro."

"Ele... Ah. O presságio? Sim, ursos de pelúcia devem ter pesadelos com aquele cara. Mas você está dentro! E precisa se limpar antes da reunião noturna."

"Frank," Nico disse, "por que você não leva a... uh, Andy lá para baixo? Hazel e eu alcançaremos vocês logo."

"Essa é... essa é uma boa ideia," Hazel conseguiu dizer. "Vão na frente, pessoal. Nós vamos alcançá-los."

Andy olhou para Nico mais uma vez, como se ainda estivesse tentando reconhecê-lo. "Será que eu posso..." ela hesitou. "Você... Você conhece o Anthony?"

Nico se encolheu. Ele tentou responder mas sua voz não saiu. "Não," ele tentou dizer de novo, um pouco mais alto. "Desculpa."

Os olhos de Andy se apertaram como se ela estivesse tentando não chorar. Então ela acenou pra eles e seguiu Frank colina abaixo. 

"Você conhece ela, não é?" Hazel acusou assim que eles ficaram sozinhos. 

Nico contemplou o vale. "Andy Jackson." Ele disse o nome como um encantamento. "Hazel, tenho que ser cuidadoso com o que eu digo. Coisas importantes estão em jogo aqui. Alguns segredos precisam permanecer em segredo. Você de todas as pessoas... você deve entender isso."

As bochechas de Hazel ficaram quentes. "Mas ela não é como... como eu?"

"Não. Sinto muito, eu não posso te contar mais. Não posso interferir. Andy tem que encontrar o próprio caminho neste acampamento."

"Ela é perigosa?" Hazel perguntou.

Nico conseguiu dar um sorriso seco. "Muito. Para os inimigos dela. Mas ela não é uma ameaça para o Acampamento Júpiter. Você pode confiar nela." Ele torceu seu anel de caveira. Ao seu redor, a grama foi morrendo e ossos começaram a brotar da terra. Sempre que ficava mal-humorado, Nico tinha esse efeito, uma espécie de maldição como a de Hazel. Entre eles, representavam duas esferas de controle de Plutão: morte e riqueza. "Olha, eu sei que é difícil. Mas você tem uma segunda chance. Pode fazer as coisas da maneira certa."

"Nada sobre isso é certo," Hazel disse. "Se eles descobrirem a verdade sobre mim..."

"Eles não vão," Nico prometeu. "Vão ser chamados para uma missão em breve. Eles têm que ser chamados. Você vai me deixar orgulhoso, Bi-" ele se conteve, mas Hazel sabia do que ele quase a havia chamado: Bianca, sua verdadeira irmã. "Desculpa."

"É verdade sobre a Morte? É culpa de Alcioneu?"

"Acho que sim," ele disse. "Está ficando ruim no Mundo Inferior. Nosso pai está enlouquecendo tentando manter as coisas sob controle. Pelo que você disse sobre as górgonas, as coisas estão piorando aqui, também. Mas olha, é por isso que você está aqui. Todas essas coisas no seu passado... Você pode fazer algo bom vir disso. Você pertence ao Acampamento Júpiter.

De repente, Hazel não estava mais lá com ele. Ela estava voltando pra casa sozinha. A garotada gritava coisas pra ela e lhe roubava o lanche, chamando-a de menina dos diamantes amaldiçoados. E Sammy estava lá com aquele sorriso de louco que era sempre capaz de fazer Hazel rir. 

Eles gostavam de andar de cavalo juntos. Hazel adorava cavalos. Pareciam ser as únicas criaturas vivas que não a temiam. As pessoas a odiavam. Gatos sibilavam. Cães rosnavam. Mas quando ela estava na sela, podia andar tão rápido que não havia nenhuma possibilidade de pedras preciosas surgirem em seu rastro. Quase sentia-se livre de sua maldição.

Naquele dia, Sammy, como se movido por um impulso repentino, cambaleou para a frente e a beijou nos lábios. Não fora muito; apenas um beijo. Mas Hazel sentia como se estivesse flutuando. 

A imagem mudou e Hazel estava subindo os degraus de casa quando seu pai, um homem num terno escuro, pegou-a pelos ombros com dedos firmes e frios. Ela notou o anel com uma caveira de prata em seu dedo e tentou se afastar. Mesmo quando o homem lhe soltou, ela não conseguiu se mover; seus olhos a congelavam. 

"Hazel Lavesque," ele disse numa voz melancólica. "Você cresceu."

Hazel começou a tremer. Na base da escada, o cimento rachado inclinou sob os pés do homem. Uma pedra brilhante apareceu do concreto. Ele olhou, sem surpresa, e se abaixou.

"Não!" Hazel gritou. "É amaldiçoada!"

Ele pegou a pedra, uma esmeralda perfeitamente formada. "Sim, é. Mas não para mim. Vale mais do que este edifício, imagino." Ele escorregou a esmeralda para seu bolso. "Sinto muito pelo teu destino, criança. Imagino que você me odeie. A vida nunca é fácil para os meus filhos, mas você tem um fardo especial. Agora que tem quinze anos, devemos tomar providências. O que tua mãe te disse, Hazel? Ela nunca explicou o desejo? Ou por que você nasceu sob uma maldição?" Plutão suspirou. "Pobre criança. Você nasceu muito cedo. Eu não posso ver claramente o teu futuro, mas um dia você vai encontrar o teu lugar. Um descendente de Netuno vai lavar a tua maldição e lhe dar paz. Receio, porém, que não seja por muitos anos..."

Então Nico estava lhe balançando pelos ombros. "Você fez de novo."

Hazel piscou. Diamantes tinham aparecido ao seu redor. "S-sinto muito," ela murmurou.

"Não sinta," disse Nico. "Onde você estava?"

"Vários lugares."

"Você tem que trabalhar em controlar essas memórias," ele advertiu. "Se um flashback como esse acontecer quando você estiver em combate-"

"Eu sei. Estou tentando."

Nico lhe apertou a mão. "Tudo bem. Eu acho que é um efeito colateral de... você sabe, o tempo no Mundo Inferior. Acho que vai ficar mais fácil."

Hazel não tinha tanta certeza. "Eu não posso ir para o norte novamente," disse. "Nico, se eu tiver que voltar para onde tudo isso aconteceu-"

"Você vai ficar bem," ele prometeu. "Você terá amigos dessa vez. Andy Jackson... ela tem um papel a desempenhar. Você pode sentir, não pode? Ela é uma boa pessoa para se ter ao lado."

Um descendente de Netuno vai lavar a tua maldição e te dar paz, Plutão havia dito. 

"De onde ela veio?" Hazel perguntou. "Por que os fantasmas a chamam de Grega?"

Antes que Nico pudesse responder, cornetas sopraram do outro lado do rio. Os legionários se aglomeraram para a reunião da noite. "É melhor irmos até lá," disse Nico. "Eu tenho a sensação que os jogos de guerra de hoje a noite vão ser interessantes."

No caminho de volta, Hazel passou correndo por Reyna, que estava montada num pégaso. Seus cães de metal, Aurum e Argentum, trotavam ao seu lado. "Nico di Angelo," ela falou com interesse, "fico feliz que tenha podido se juntar a nós."

Nico lhe deu um aceno discreto. 

"Romanos!" Reyna anunciou. "Vocês provavelmente ouviram sobre a incursão de hoje. Duas górgonas foram levadas pelo rio por causa da recém-chegada, Andy Jackson. Juno a guiou até aqui, e a proclamou como filha de terra e mar." As pessoas nas filas detrás estenderam o pescoço para ver Andy que estava parada ao lado de Reyna. "Ela procura se juntar à legião," Reyna continuou. "O que os agouros dizem?"

"Eu li as entranhas!" Octavian falou. "Os augúrios são favoráveis. Ela está qualificado para servir!"

Os campistas deram um grito: "Ave! Salve!"

Reyna acenou para os comandantes seniores para que dessem um passo a frente, um de cada regimento. Octavian, como o centurião mais velho, se virou para Andy.

"Recruta," ele perguntou, "você tem credenciais? Cartas de referência?"

Andy trocou de pé. "Cartas? Quem escreveria cartas sobre mim?"

Octavian torceu o nariz. "Sem cartas," disse pesarosamente. "Algum legionário irá apoiá-la?"

"Eu vou!" Frank deu um passo à frente. "Ela salvou minha vida!"

Imediatamente houve gritos de protesto dos outros regimentos.

Reyna encarou Frank. "Frank Zhang," disse, "pela segunda vez hoje, lhe lembro de que você está em probatio. Teu parente divino ainda nem te reclamou. Você não está qualificado a apoiar outro campista até que tenha recebido tua primeira faixa."

Frank pareceu querer morrer de vergonha.

Hazel deu um passo para fora da linha e disse: "O que Frank quis dizer é que Andy salvou nós dois. Eu sou um membro integral da legião. Eu apoiarei Andy Jackson."

Frank olhou para ela com gratidão mas os outros campistas começaram a murmurar. Hazel era mais ou menos qualificada. Não estava fazendo nenhum favor a Andy dando-lhe apoio.

Reyna torceu o nariz e virou-se para Octavian. O agouro sorriu e encolheu os ombros, como se a ideia o divertisse. Colocar Andy no Quinto Regimento faria dela uma ameaça menor, e Octavian gostava de manter seus inimigos em um único lugar.

"Muito bem," Reyna disse. "Hazel Levesque, você pode apoiar a recruta. Teu Regimento a aceita?"

Frank bateu seu escudo no chão. Os outros membros do Quinto o seguiram no gesto, embora não parecessem muito animados. Seus centuriões, Dakota e Gwen, trocaram olhares aflitos.

"Meu regimento falou," Dakota disse. "Nós aceitamos a recruta."

Reyna olhou para Andy com pena. "Parabéns, Andy Jackson. Você está agora em probatio. Receberá uma placa com teu nome e teu regimento. Em um ano, ou até que complete um ato valoroso, se tornará um membro integral da Duodécima Legião Fulminata. Sirva a Roma, obedeça às regras da legião e defenda o acampamento com honra. Senatus Populusque Romanus!"

O resto da legião ecoou o viva.

Reyna guiou o pégaso para longe de Andy, como se estivesse aliviada por ter terminado com aquilo. "Centuriões," continuou, "vocês e as tropas têm uma hora para jantar. Depois nos encontraremos no Campo de Marte. O Primeiro e Segundo Regimento irão defender. O Terceiro, o Quarto e o Quinto irão atacar. Boa sorte!"

Todos gritaram vivas: pelos jogos de guerra e pelo jantar. Os regimentos saíram da fila e correram para o refeitório.

Hazel acenou para Andy, que caminhava pela multidão com Nico ao seu lado. Para a surpresa de Hazel, Nico estava sorrindo para ela. "Bom trabalho," ele disse à Hazel. "Aquilo foi corajoso; apoiá-la."

Um dos guardas deu a Andy sua placa de probatio, que ela enfiou no colar de couro. "É, valeu, Hazel," disse. "Hum, o que exatamente significa... você ter me apoiado?"

"Eu garanto o teu bom comportamento," Hazel explicou. "Eu te ensino as regras, respondo tuas perguntas, me certifico de que você não envergonhe a legião."

"E... se eu fizer alguma coisa errada?"

"Então me matam junto com você," Hazel disse. 

Andy pareceu apavorada. "Uh... Eu cheguei a mencionar que não tenho um bom comportamento? E também não me dou bem com regras e tenho certeza absoluta que se tem alguém capaz de desgraçar uma legião inteira, sou eu."

Nico sorriu como se lembrasse de alguma coisa. 

"Ficaremos bem," Hazel assegurou Andy. "Eu acho."

O Quinto Regimento sentava no lugar de menos honra. Suas mesas eram no final do refeitório, próximo à cozinha. 

Dakota era um cara musculoso com cabelo preto encaracolado e olhos que não pareciam ir na direção certa. "Então," ele arrotou. "Bem vinda à Andy, festa." Ele franziu as sobrancelhas. "Festa, Andy."

"Hum, valeu," ela disse, mas estava prestando atenção em Nico. "Eu estava me perguntando se poderíamos conversar, sabe... Sobre onde eu vi você antes."

"Claro," Nico disse um pouco rápido. "O negócio é que eu passo a maior parte do meu tempo no Mundo Inferior. Então, a não ser que você tenha estado lá-"

Dakota arrotou de novo. "Embaixador de Plutão, eles o chamam. Reyna nunca sabe o que fazer com esse cara quando ele nos visita. Você deveria ter visto a cara dela quando ele apareceu com Hazel, pedindo a Reyna para aceitá-la. Hum, sem ofensas."

"Nenhuma," Nico parecia aliviado por terem mudado o assunto. "Dakota ajudou muito, apoiando Hazel."

"Ela é bonita!" ele exclamou e então corou. "Quero dizer... É uma garota legal. Mês passado, ela me salvou do, ah, você sabe..."

"Caramba!" Frank disse. "Andy, você tinha que ver! Foi como Hazel conseguiu a faixa. Os unicórnios decidiram fugir-"

"Não foi nada," Hazel disse.

"Nada?" Frank protestou. "Dakota teria sido pisoteado! Você ficou bem na frente deles, os espantou, salvou a pele dele. Eu nunca vi nada como aquilo."

Andy a estudou. Aqueles olhos verde-água deixavam Hazel inquieta. Hazel achou que o mesmo devia acontecer com seu irmão. "Você e Nico cresceram juntos?" Andy perguntou.

"Não," ele respondeu. "Eu descobri que Hazel era minha irmã só agora. Ela é de Nova Orleans. Não existem muitos de nós, então temos que nos juntar. Quando eu encontrei Hazel-"

"Mas você tem outra irmã," Andy afirmou. Então hesitou. "Quer dizer... uh... Você tem?"

"Uma," ele admitiu cautelosamente. "Mas ela morreu. Mas seu espírito se foi do Mundo Inferior." A voz de Nico ficou rouca. "Ela escolheu nascer de novo numa nova vida. Agora, nunca mais a verei. Tive sorte quando encontrei Hazel... em Nova Orleans."

Dakota grunhiu. "A não ser que você acredite nos rumores."

"Rumores?" Andy perguntou.

Mas Dakota não a ouviu. Ele limpou a boca e se sacudiu todo, como um cachorro tentando ficar seco. Então cambaleou, derramando seu cálice.

"Onde ele vai?" Andy perguntou. 

Frank suspirou. "Vai saber... Ele é um filho de Baco, o deus do vinho. Tem um problema com a bebida."

"Tá. Mas me diga, por que é ruim ficar no Quinto Regimento? Vocês são legais."

O elogio fez os dedos de Hazel formigarem. "É... complicado. Isso começou antes mesmo de nós chegarmos." Ela apontou para a parede do fundo, onde os estandartes da legião estavam à mostra. "Vê o mastro vazio no meio? A legião perdeu sua águia há muito tempo atrás-"

"Uma águia?" 

Frank olhou em volta pra ter certeza de que ninguém ouvia. "É o símbolo do acampamento: uma grande águia de ouro. Supostamente serve para nos proteger na batalha e amedrontar nossos inimigos. A águia de cada legião dá todos os tipos de poderes, e os nossos vêm do próprio Júpiter. Dizem que Júlio César apelidou nossa legião de Fulminata: armada com raios, por causa do que a águia pode fazer."

"Eu não gosto de raios," disse Andy.

"É, bem," Hazel disse, "a Duodécima perdeu sua águia pela primeira vez nos dias antigos, durante a Rebelião Judia. Cada legião guardava a sua até o último homem, porque é carregada de poder dos deuses. Eles preferem escondê-la ou derretê-la do que entregar a um inimigo. Na primeira vez, nós conseguimos a águia de volta. Mas da segunda vez..."

"Vocês estavam lá?" Andy perguntou.

Os dois balançaram a cabeça. "Eu sou quase tão novo quanto você," Frank disse. "Só cheguei no mês passado. Mas todo mundo já ouviu a história. Dá azar até mesmo falar sobre isso. Houve essa expedição enorme para o Alasca na década de oitenta..."

"Aquela profecia que você reparou no templo," Hazel continuou, "aquela sobre os sete semideuses e as Portas da Morte? Nosso pretor sênior naquele tempo era Michael Varus, do Quinto. Naquela época era a melhor regimento. Ele achou que traria glória à legião se descobrisse a profecia e a fizesse acontecer. Ele falou com o agouro que disse que a resposta estava no Alasca. Mas avisou a Michael que ainda não tinha chegado a hora. A profecia não era para ele."

"Mas ele foi de qualquer forma," Andy adivinhou. "O que aconteceu?"

Frank abaixou a voz. "História longa e repulsiva. Quase todo Quinto Regimento foi varrido do mapa. A maioria das armas de Ouro Imperial da legião foram perdidas, e também a águia. Os sobreviventes ficaram loucos ou se recusaram a falar sobre o que os havia atacado. Desde que a águia foi perdida, o acampamento tem ficado cada vez mais fraco."

"E o Quinto Regimento levou a culpa," Andy terminou.

"Nós temos sido rejeitados pela legião desde então... Bem, desde o desastre no Alasca. Nossa reputação melhorou quando Lena se tornou pretor..."

"A namorada de Reyna?" Andy perguntou. "A que sumiu?"

"Como você-"

"Um palpite."

"É," disse Frank. "Foi uma ótima líder. Praticamente cresceu no Quinto Regimento. Não ligava sobre o que as pessoas falavam de nós. Começou a reconstruir nossa reputação. Aí sumiu."

"O que nos colocou de volta no zero," Hazel disse amargamente. "Agora você sabe no que se meteu."

"Fazer parte do quinto é melhor do que ser caçada na selva por monstros," Andy murmurou. "Quando eu acordei lá sozinha... Fiquei com medo. Não gosto de ficar sozinha. Agora tenho vocês."

O sentimento por trás daquelas palavras tocou Hazel profundamente a fez sorrir. Mas o momento foi quebrado quando uma corneta soprou no fim do salão. 



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