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História Champagne Problems - Quod


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Anyong~~!!
Como vão?
Capítulo novo postado e agora finalmente estamos entrando na reta final... Acredito que daqui a dois capítulos CP acabe, então aproveitemos enquanto temos tempo!! Rs.
Sendo assim, perdão se houver erros e bjus!
<3

Capítulo 14 - Quod


O amor é complicado.

Uma vez li isso em um dos meus livros e me lembro de ter passado horas e horas, tentando decifrar o real significado de uma frase tão simples e pequena.

Amor se tratava de um sentimento lindo, misterioso e intenso, ao mesmo tempo em que significava que você se encontraria preso num mundo criado por ilusões, desejos e tramado, almejando sentir mais dessas sensações e duplica-las. E quanto mais profundamente pensava, finalmente conseguia compreender o motivo de ser considerado complicado, porque era fácil demais ser fisgado por ele e se apegar a tudo isso. Tudo começa com uma atração irresistível, que te faz perder o foco da realidade, vendo-se incapaz de parar de pensar na outra pessoa. Você sempre irá viver na beirada de um precipício, entre a borda do dever e do não fazer, onde muitas coisas podem acontecer sendo totalmente imprevisíveis, que estão fora do seu alcance. Você se encontra perdido num mar de emoções, que de uma hora para outra mudam, chocando-se com os inversos, fazendo-o rir ou chorar, e se possível, ao mesmo tempo.

Contudo, por mais que fosse decepcionante, até certo ponto frustrante, viver assim, é um sentimento do qual ninguém deveria viver sem ou se isolar. Você passa a enxergar o mundo de outra maneira e tudo se torna menos complicado e mais tranquilo. A vida tomar cores e perfumes, dos quais lhe inebriam e afastam os momentos ruins.

Ainda assim, eu não estava preparada para me sentir dessa maneira e verdadeiramente comecei a me preocupar com o que poderia ser de mim daqui para frente. Sou uma pessoa intensa, admito e se gosto de alguém me apego a ela com todas as minhas forças, chegando a ser sufocante e nada saudável. Entretanto, amar Jiyoon não seria nada fácil. Principalmente agora que tínhamos o fator distância para meu descontento. Gosto do contato físico e um relacionamento exige isso, mas seria impossível já que milhares de quilômetros nos separavam.

No dia em que Song-ah veio me buscar, após permanecer a madrugada inteira sentada no chão, ao lado da doutora que me ajudava a empacotar minha mala, tomei ciência que teria de ser bastante paciente. Confiança era algo que poderia ter de sobra nos palcos, mas na realidade era o que mais batalhava a procura. Não que desconfiasse da morena, longe disso, apenas queria poder ficar mais perto. Nós não nos conhecíamos com muita profundidade ainda. Um mês não queria dizer muita coisa, mas teria de me apoiar nesse forte sentimento que me ligava a ela ou colocaria tudo a perder.

Chegar em casa depois do maravilhoso tempo que passei em St. Cecília foi o mesmo que levar um golpe seco. Todavia, quando entrei no meu apartamento e recebi as boas vindas da minha mãe, que viera especialmente me acomodar de volta em casa, fingi que tudo estava bem, quando na verdade sentia que meu coração tinha ficado na Suíça. Era desconfortável me sentir assim, mas me contentei em poder chorar um pouco aos braços da minha mãe, alegando que sentia saudades.

Mais difícil ainda foi tentar me readaptar a rotina de trabalho e consequentemente as práticas de dança e canto, além da superexposição por parte da mídia. E por mencionar eles, nunca poderia me sentir de tão saco cheio quando pisei fora do aeroporto. Um enxame de câmeras e microfones repentinamente apareceu a minha frente, todos ávidos para descobrir onde eu havia ido. Não quis ao menos dar-lhes atenção, claramente não havia tido um ataque de arrogância, mas estava cansada e falar das minhas férias significava lembrar os bons momentos com Jiyoon. Não estava preparada para isso.

Então, depois que já estava acomodada em casa, tentando reorganizar a minha vida e também o organismo depois de uma drástica mudança de fuso horário. Tomada banho e faminta, sentei-me a mesa com mamãe para dividirmos um pequeno jantar. Havíamos pedido pizza e sinceramente senti falta disso. No hospital não era permitido comida gordurosas e eu havia notado que tinha perdido bastante peso com a rotina matinal de exercícios com Sohyun. Enquanto devorava um terceiro pedaço, lembrei que deveria ao menos ligar para a garota, agradecendo sua companhia e ajuda em minha recuperação. Eu não pude me despedir dela corretamente por causa da pressa do meu empresário. Por muito pouco, se não precisássemos nos encontrar com Jiyoon para concluir a assinatura de uns papéis, atestando minha cura, poderia ter acontecido que nossa última conversa tenha sido aquela dentro da cabana. A despedida foi algo que tivemos que aproveitar e pensar precisamente no que estávamos fazendo, para não chamar a atenção de Song-ah. Mas, a sorte estava ao nosso favor. Ele era facilmente distraído por mulheres, então bastou que por um breve acaso do destino tivéssemos esbarrado com a doutora Nam, para que eu o jogasse em cima dela numa conversa e me deixasse a sós com a morena dentro de seu escritório, enquanto pedia que assinasse os papéis.

Ao entrar em sua sala fria e limpa, senti uma breve nostalgia ao notar o tremor nervoso em meus dedos. Estava ansiosa para entrar, assim como havia ficado antes de finalmente poder conhecê-la. E, como em todas as vezes que me encontrava, parecendo não haver mal tempo, ela me recebeu com um caloroso sorriso. Diferente do nosso primeiro encontro se dispôs a me abraçar forte e apertado, não importando se isso poderia me sufocar. Envolvi meus braços ao seu redor e pude afundar meu rosto na curva de seu pescoço, procurando gravar em minha memória a fragrância de seu perfume jasmim. Adorava seu calor com todas as minhas forças, ainda mais quando sentia um sentimento forte e intenso emanar de um simples toque. Se uma vez ela tinha dito que me adora, acreditei que seria o completo oposto. Eu era a única a adorá-la neste momento, pensando que não existia lugar tão perfeito e confortável para se aconchegar, como em seus braços.

Suas mãos se arrastavam lentamente pelas minhas costas, como se tivesse me acalmando e consolando, quando na verdade senti que eu era quem fazia isso, principalmente ao cruzar meus braços ao redor de sua cintura.

- Promete não me esquecer? – Ela perguntou em meu ouvido, falando baixinho, com a voz tremeluzindo em partes, lançando faíscas em meu corpo que estremeceu.

- E tem como? – Brinquei meio ofegante, sentindo o nó em minha garganta afetada pelo choro que estava com muito esforço segurando. Suas mãos, em resposta a minha pergunta, pararam de se movimentar justamente na base da minha coluna, puxando-me para perto. – Vou sentir muito sua falta, unnie...

Murmurei a procura de aliviar o aperto que aquela despedida provocava em meu peito, evitando denunciar a ardência que nublou meus olhos, afundando-me mais na curva de seu pescoço. Escutei-a suspirar alto e, compensando a falta de palavras, decidindo que ações sempre seriam melhores do que elas, afastou-se de leve para me olhar e vendo minha situação complicada, plantou seus lábios contra os meus. Foi um beijo simbólico, que marcou a minha despedida. Ele tinha um gosto salgado por causa das poucas lágrimas que escaparam dos meus olhos, mas foi extremamente profundo, ainda que suave e calmo.

Quando tivemos que nos separar, tanto pela falta do ar e o pouco tempo que tínhamos, ela limpou as lágrimas que manchavam o rosto e levemente a maquiagem, me entregando um lenço para que melhorasse meu rosto. Depois de ter a certeza de que não estava tão óbvio meu estado, baixei os óculos de sol que tinha posto acima da cabeça e abri um meio sorriso desgostoso.

- Isso não é um adeus, Hyuna. – Jiyoon suspirou fortemente e me passou os papeis depois de assiná-los, encostando-se à mesa e aproveitando que Song-ah ainda estava do lado de fora, me puxou para ficar contra seu corpo. – Quando eu tirar minhas férias prometo voltar para Seoul.

- Mas... Você não saiu de lá, tipo, para sempre? – Questionei intrigada com a tranquilidade que dominou seu sorriso, erguendo uma sobrancelha.

Ela puxou o ar pela boca antes de falar, as mãos se cruzando a minhas costas, fazendo com que a distância entre nós fosse quase nula. Seus olhos caíram para o lado, repentinamente envergonhada, para manter o olhar sobre mim.

- Por você eu posso fazer uma exceção... – Ergueu as escuras sobrancelhas e soltou uma risada sem graça, voltando a me olhar. Para sua sorte meus óculos impediam que visse o meu espanto, mesmo que meus lábios tenham se repartido minimamente. – Na verdade, eu nunca tinha dito que tinha saído de lá para sempre. Apenas não havia encontrado um motivo para voltar.

Sua sinceridade definitivamente fez com que minhas bochechas ardessem em constrangimento, mas o sorriso que cresceu em meu rosto pareceu deixa-la afobada ao ponto de querer roubar mais um beijo, entretanto o som da porta sendo aberta nos obrigou a se separar antes do tempo.

Nós tranquilamente, fingindo como se nada demais tivesse acontecido, recebemos Song-ah e Jihyun com um sorriso. Por dentro suas palavras queimaram em minha mente, como puro nervosismo, me deixando intranquila durante toda a viagem de volta. Aquela nossa despedida tinha deixado um gostinho de “quero mais”, entretanto me conformei com sua promessa de que viria a Seoul. Isso até certo ponto tinha me acalentado, mas de acordo em como o tempo foi passando, me sentia ansiosa, contando os dias para que ela viesse me ver.

O jantar com minha mãe terminou bastante rápido e logo estávamos dividindo o sofá, assistindo dramas. Ela iria dormir na minha casa, então acreditei que seria uma boa ideia deixa-la sozinha se divertindo com os romances e cenas mais picantes da novela que passava naquele horário, pensando se deveria ou não ir dormir. Embora me sentisse cansada, minha cabeça estava um turbilhão.

Mesmo sentada na outra extremidade do longo sofá, senti a inquietação que repentinamente cobriu minha mãe. Ao vê-la se remexer, direcionei minha atenção até ela.

- Estou preocupada com você, filha... – Ela repentinamente disse me deixando surpresa.

- Como assim mãe?

- Não sei. Você me parece diferente desde que voltou... Aconteceu alguma coisa enquanto estava fora? – Questionou preocupada, franzindo o cenho, arrastando-se para ficar mais próxima a mim. Suspirei sem saber direito como respondê-la. Infelizmente não se pode esconder nada de sua mãe, seu olhar clínico é preciso. – Você está apaixonada, não é?

Sua pergunta saiu mais que uma afirmação. Era uma certeza da qual tratava, tanto que me espantou. Eu não soube controlar minha expressão a tempo, os olhos ficaram arregalados e o ar simplesmente faltou nessa hora.

- Mãe isso... – Comecei a balbuciar, mas ao perceber que não sabia ao menos o que dizer, fechei minha boca e engoli em seco.

- Tudo bem... Pode me falar que vou guardar segredo do Song-nim. – Sorriu de maneira tranquilizadora, sabendo da cláusula do meu contrato com a empresa que me impedia de ter relacionamentos. Senti sua mão cair em meus cabelos, acariciando-os. – Você está ou não?

Meu olhar caiu para as minhas mãos deitadas em meu colo, achando-as mais interessantes que os olhos inquisidores da minha mãe. Por mais que tudo por dentro se agitasse, a verdade acabou consumindo minha língua.

- Sim. Eu estou. – Admiti com certo tom de receio, porém fiquei incrivelmente aliviada. Mamãe era minha melhor amiga, então precisava compartilhar desse tipo de acontecimento com ela, sabendo que poderia me apoiar em suas experiências. Novamente subi minha atenção até ela. – Mas como você soube?

Esperava que Song-ah não tenha lhe dito nada, principalmente duvidado da minha aproximação com Jiyoon quando entrou no consultório, interpretando os sinais da maneira correta. Seria uma dor de cabeça resolver aquele problema. Enfim, para todos os efeitos minhas duvidas foram extintas pela mamãe, que alargou o sorriso em seu rosto ainda jovem.

- Você simplesmente está agindo como eu, na época em que era apaixonada por seu pai. – Desceu a mão do meu cabelo e tomou as minhas mãos nas suas, passando a brincar com os dedos. – Podemos ser diferentes, mas nesse aspecto somos iguais... Além de que você não para de suspirar, está bastante desatenta e não larga o celular em nenhum instante. – Comentou humoradamente, rindo da minha careta desconsolada. Eu tinha sido muito óbvia, mais uma vez. – Tudo bem, querida. Não precisa ficar assim... Sou sua mãe, seria difícil não notar a diferença. – Tentou abrandar a frustração que me dominou, mas logo se reposicionou no sofá, sentando-se inteiramente virada a mim, querendo conversar. – Me conta... Como ele é? É um dos médicos ou enfermeiros?

Meus olhos vasculharam os seus quando as palavras travaram na garganta. Eu não tinha me preparado para esse momento, pois ao menos havia pensado nessa possibilidade. Como sempre, tudo que versava a Jiyoon e nosso relacionamento era natural e espontâneo. Entretanto, minha mãe não sabia disso e ter que contar sobre isso seria um pouco complicado. Ou talvez não. Deveria ser sincera de qualquer jeito e esperar pelo pior.

- É ela, mãe... – Respirei fundo e mantive firme o olhar, mesmo vendo o espanto começando a cobrir os seus. – Eu me apaixonei por uma mulher.

O silencio que cobriu a sala foi um pouco constrangedor e nem mesmo o som da televisão parecia quebrar a sensação pegajosa, levemente desconfortável, que tomou o espaço. Senti suas mãos pararem sobre as minhas, estando hirtas e um pouco frias, além dos lábios perderem gradativamente a cor. Tentei não me sentir abalada por isso, contudo o tremor que atravessou o meu corpo foi visível. Estava prestes a questionar se estava bem, porém não foi necessário.

- Por essa eu não esperava. – Ofegou sem voz, piscando várias vezes como se reunindo a concentração. Ficou em silencio por mais um tempo, raciocinando, até que novamente voltou a me olhar. – Qual é o nome dela?

- Jeon Jiyoon... Ela foi à médica responsável pelo meu tratamento. – Um pedaço de reconhecimento brilhou por trás dos olhos da mamãe, mostrando que lembrava daquele nome que tinha mencionado antes, durante a nossa primeira conversa em St. Cecília, quando a doutora tinha me levado em seu apartamento. – Te choquei muito com essa novidade, não foi?

- Só um pouco, embora não me seja uma surpresa. – Passou a mão pelo cabelo, parecendo levemente desconfortável, mas logo um sorriso apareceu em seu rosto. – Você sempre me pareceu gostar mais das meninas... Então sempre estive preparada para o dia em que você viesse me falar algo parecido.

- Mas eu nunca me senti assim antes. – Balancei a cabeça suavemente, sentindo-me aprofundar na confusão de sentimentos que queimavam no peito.

- Você se arrepende? – Ela falou chamando minha atenção e pude notar a preocupação em seu semblante franzido.

Se eu me arrependia? Definitivamente tinha a resposta na ponta da língua, queimando-a com a tamanha certeza.

- Nunca vou me arrepender de ter me apaixonado por ela, mãe. – Suspirei conformada e abri um meio sorriso, encabulada por ver que acabei constrangendo-a com tamanha firmeza.

- Então isso basta... – Murmurou e soltou uma exclamação chorosa, puxando minha cabeça para seu colo. – Minha menininha tá tão crescida!

- Credo mãe! Assim você me deixa sem graça... – Resmunguei embirrada, mas me aconcheguei em seu colo, agradecida com o carinho que fazia entre o meu cabelo, recebendo um conforto que ansiei por um bom tempo.

Ela riu da minha reação infantil, mas parecendo estar aliviada e felicitada com a conversa que tivemos, pegou o controle da televisão, que repousava um pouco distante, voltou a aumentar o volume e, sem cessar os carinhos, me manteve confortável sobre suas pernas, enquanto terminava de assistir sua novela.

Graças a esse aconchego, quase acabei caindo no sono, porém ao escutar o toque do meu celular, que vibrava loucamente aos meus pés, apressadamente corri para pegá-lo e senti meu coração perder uma batida ao ver que se tratava de uma ligação da morena. Minha reação chamou a atenção da mamãe que desviou o olhar da tela para mim. Virei o celular para que visse a foto.

- Essa é ela? – Perguntou com um tom impressionado, acenei a cabeça em afirmação. – Ela é muito bonita!

Aprovou o visual da minha médica, o que me fez sorrir amplamente, orgulhosa do meu feito.

- Volto já... Não vá dormir sem mim, está certo? – Alertei bem humorada e segui para meu quarto, guiada por suas risadas.

Durante o rápido percurso até o quarto, me preparei mentalmente para o que poderia vir assim que atendesse aquela ligação. Estava tão ansiosa, que sentia minhas mãos tremendo. Antes que pudesse encerrar a ligação, atendi o mais depressa possível.

- Alô?

- Ah, Hyuna! – Sua voz enrouquecida e firme parecia diferente na ligação, um pouco mais fofa e engraçada, entretanto isso não diminuiu a formigação que tomou conta de mim, deixando-me sem ar. – Te liguei muito tarde ou está muito ocupada?

Sua preocupação de praxe me fez rir e aos poucos, sendo dominada pela felicidade, pude sentir as emoções tempestuosas se assentando, embora o coração permanecesse disparado, sem controle.

- Não está nada tarde e nem estou ocupada, unnie... – Sorri debochadamente, mesmo sabendo que não pudesse ver. – Estava assistindo televisão com minha mãe, na verdade. – Escutei-a murmurar algo e depois rir fracamente. Acabei suspirando em resposta, voltando a ficar nervosa, deixando a voz um pouco tremula. – E você? Cheia de trabalho?

- Sabe como é, o mesmo de sempre... Plantões atrás de plantões. – Brincou da sua situação e soltou uma risada cansada, carregada com um pouco da tensão que deveria estar acumulada em seus ombros, me fazendo franzir a testa. Ela precisava de férias, não pelo fato de sua promessa em me ver, mas sim por causa do seu cansaço. – Como foi à viagem? Espero que tudo esteja bem, fiquei um pouco preocupada.

- Foi tudo normal, sem turbulências ou qualquer emergência... Não precisava ter se preocupado. Eu sempre estou dentro de um avião. – Disse em tom de brincadeira, fingindo ser arrogante sobre a minha situação de trabalho, coisa que a fez gargalhar um pouco. Joguei-me sobre a cama, balançando as pernas no ar. – Sinto sua falta.

Sentenciei com uma breve onda de nervosismo acelerando minha respiração, que por pouco não ficou muito alta e evidente. Procurei manter a calma e aguardei ansiosamente sua resposta, quase não em aguentando com os nervos, que estavam à flor da pele.

- Também sinto sua falta... – Suspirou fortemente e pude imaginar suas bochechas coradas e o meio sorriso envergonhado que deveria estampar seu rosto naquele momento. – Não faz nem um dia que estamos longe e já sinto que quero te ver... Isso faz sentido?

- Não sei se faz, mas também sinto a mesma coisa. – Girei sobre a cama, ficando com a barriga para cima, sentindo-me repentinamente tímida com tudo isso, enrolando uma mecha do meu cabelo no dedo. – Quando vou poder te ver, unnie...? Você sabe que não sou muito paciente... – Resmunguei contra o celular, os lábios se projetando para frente num biquinho.

- Sente tanta falta assim de mim... Ou do meu corpo, hein? – Sua pergunta, mesmo que em tom de deboche, me fez engasgar.

- Pelo amor de... Unnie! – A repreendi tentando ser séria, mas ao escutar sua gargalhada, não me contive e ri também. Eu havia caído em uma de suas provocações, feito uma bobinha.

- Desculpe, não pude aguentar, tinha que provocar você... – Se desculpou ao se recuperar da crise de riso.

- Mas pode ser que você esteja certa afinal, ter o seu corpo aqui não seria uma má ideia.

Dessa vez ela explodiu em gargalhadas, o que me fez abrir um enorme sorriso, adorava o som de sua risada que não me deixava permanecer séria em nenhuma ocasião. Só esperava que ela estivesse dentro do apartamento, porque se não, provavelmente deveriam estar olhando-a de maneira estranha. Se bem que ela não iria falar coisas desse tipo próximo de pessoas. De qualquer maneira, a conversa estava sendo extremamente produtiva e divertida.

- Sempre soube que no fundo você não passava de uma pervertida, Hyuna!

- Ah, é? – Controlei a risada a tempo, para me fingir de séria e continuar as provocações. – Se bem que naquela noite você não se importou tanto se eu era ou não pervertida.

Novamente a fiz rir, tanto que seu ar faltou e ela precisou de um tempo para se controlar.

- Vou acabar enlouquecendo desse jeito... – Murmurou contra o telefone, aumentando meu sorriso.

- Desde que enlouqueça por mim, não me importa nem um pouco! – Aquela foi minha cartada final e pude sentir que com esse tipo de conversa, estava tomando uma confiança que antes não existia.

- Realmente você me deixa louca... Eu deveria estar descansando porque em breve tenho plantão. Vim ligar para você toda cheia de preocupação e você só se importou com o fato de não ter meu corpo a sua disposição? – Estalou a língua várias vezes fingindo reprovar-me, mas sendo entregue pela risada.

- Fazer o que se te amo? – Falei meio inconsciente.

O silencio que tomou o outro lado da linha, tão seco e repentino, me fez tomar noção do que tinha acabado de falar, me fazendo estremecer e ficar tensa. Será que eu tinha atravessado uma linha, ultrapassado os limites? Por mais que fosse a verdade, eu poderia ter sido um pouco mais conveniente e ter falado isso em outro momento. Havia uma grande probabilidade dela acreditar que era uma brincadeira... Entretanto, pela sua reação, acredito que tomou isso como a verdade. Sendo assim, voltei a respirar melhor, procurando me desculpar.

- Hyuna... Não retire suas palavras, por favor. – Ela pediu sussurrante assim que notou o que eu iria fazer. – Apenas me diga se você realmente me ama...

De longe eu podia sentia sua tensão, me fazendo desejar ter a oportunidade de olhar em seus olhos para ver o que poderia estar se passando naquele momento. Ainda assim, ela precisava de uma resposta.

- Eu amo você, Jiyoon e estou sendo sincera. – Eu estava sendo mais que sincera, estava sendo honesta comigo mesma.

- Não vou dizer que te amo Hyuna... – Ela disse me deixando decepcionada, fazendo minha garganta a inchar, entretanto senti em sua voz um suave sorriso, o que me deixou confusa. – Não vou dizer que te amo por telefone, porque quero falar isso olhando nos seus olhos. – Ah, aqui estava ela me fazendo entrar numa montanha russa de emoções, tomada por picos e declives, tornando meu humor instável. Eu não sabia mais se era para chorar ou rir. – Achei que escutar você dizendo que me amava pelo telefone seria legal, mas não chega a ser tão emocionante quanto seria dizer isso frente a frente. Por isso, vou guardar as minhas palavras para quando chegar o momento certo.

- Então posso tomar isso como uma promessa? – Perguntei assim que consegui encontrar meu fôlego perdido, sentindo o coração palpitar desenfreado, como uma locomotiva.

- Mais que uma promessa... É um dever de honra. – Falou num tom brincalhão, mas senti uma pontada de amargura sobre a palavra “honra”. – Se é que ainda existe honra em mim...

- Eu sei que tem. Consigo ver em seus olhos. – Novamente não menti, eu realmente podia ver isso, por mais que suas escolhas, suas ações do passado, provassem o contrário. Eu confiava plenamente na minha doutora.

- Infelizmente tenho que desligar... – Escutei-a ofegar em desamparo, mostrando que não queria acabar nem tão cedo aquela conversa, assim como eu também não querer. – O trabalho me chama.

- Quando posso ligar para você? – Perguntei apressadamente antes que a visse encerrar a ligação.

- Não precisa se preocupar... Assim que eu puder te ligo.

- Mas eu quero ligar para você também!

- Aish, não usa do seu aegyo que se não acabo cedendo... – Resmungou humoradamente. – Está bem, esse final de semana vou estar em casa, então no sábado de manhã você pode me ligar.

- Posso mesmo? – Indaguei esperançosa.

- Claro!

- Daebak! – Assoviei totalmente animada, fazendo-a rir mais uma vez. Embora quisesse estende a ligação, sabia que ela precisava seguir para seu posto de trabalho. Portanto, resignada, decido iniciar as despedidas. – Tenha um bom trabalho, unnie e vê se descansa, tá?

- Sim, senhora! – Brincou mais uma vez, me fazendo rir, antes de suspirar e ficar um pouco mais séria, embora permanecesse risonha. – Bons sonhos, Hyuna.

E assim, nos despedindo daquela maneira doce e agradável, permiti que encerrasse a ligação. Por mais que a sensação de estar insatisfeita permanecesse em meu peito, somente de ter tido aquela oportunidade, de poder escutar sua voz, me senti mais feliz e animada.

Simplesmente a presença de Jiyoon, na minha vida, era revigorante. Algo que estava necessitando e nem ao menos sabia.


Notas Finais


So cute >.<
Comentários? Até a próxima!! ^^


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