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História Champagne Problems - Studium


Escrita por: thereddiamond

Notas do Autor


Anyong~~! Como vão todos?
Desculpa a demora por postar hoje, mas acredito que o importante é postar no dia certo. Rs.
Mas e ai? Quem aqui já viu o MV da Jiyoon, levanta a mão! o/ HUEHUEHUEHEUHEUHEUEHEUHEUHEUHEUEH. Gente que tiro foi aquele? Que debut lindo, que voz maravilhosa, que talento!! :'). Ela só me deixa orgulhosa dela, sério! Adoro aquela mulher. Rs. Tô super viciada em Magnet, a segunda música do álbum! XD
Ah, também não posso deixar de comemorar o fato de que OT5 ainda tá vivo!! Sério, eu somente queria saber se elas ainda tinham a mesma amizade, mas sim, elas ainda se falam. Gayoon e Sohyun são uns pãozim de coco por apoiar tão intensamente a Jiyoon *-*. AHAUHAUHAUAHUH pirando aqui e olhe que fazem quatro dias que isso aconteceu ¬_¬
Enfim, depois dessa minha piração, não posso esquecer de pedir desculpas pelos erros ortográficos no capítulo passado e mesmo que eu já tenha corrigido tudo, ainda encontrei erros... Só não ajeito de novo porque tô com preguiça, então, sorry! Kekekekekekekekekek
Por fim, espero que gostem do capítulo e tenham uma boa leitura! Bjus ♥

Capítulo 9 - Studium


Como uma adolescente, permaneci atônita, sem saber o que fazer parada no meio da trilha da cabana, fitando o espaço vazio e parcialmente escuro por onde Jiyoon havia desaparecido. Meu coração poderia ter se acalmado, mas um verdadeiro pandemônio tomava de conta da minha cabeça. Meus lábios ainda estavam dormentes, sob o efeito daquele curto beijo, formigando na exigência do mais. Eu queria muito mais. Essa era a única coisa que tinha certeza nesse momento.

O que pensar a partir de agora? Me questionei sem pensar muito nas possibilidades. Provavelmente “nada” seria uma boa resposta. O melhor, por enquanto, seria voltar para meu quarto, me esquentar e ir dormir. Ainda naquela manhã teria mais uma sessão de fisioterapia com Sohyun.

Então, como um robô, marchei para dentro da cabana quente e escura, sem me preocupar em tirar as roupas ou acender as luzes. Joguei-me sobre a cama, aproveitando para fitar o teto e as projeções de sombras das árvores, que tremulavam as folhas no ritmo do vento forte e gelado. Infelizmente se eu não estivesse tão agitada por dentro, com certeza conseguiria voltar a dormir, ainda existia uma parcela de cansaço e sono dentro de mim, que no momento estava camuflado com muita confusão. Deveria parar de me sentir arrependida, para começo de história, era uma boa tática.

Se arrependimento matasse, eu estaria mais do que morta. Se tivesse a impedido de seguir em frente, de se afastar de mim, não deixando que fosse para o trabalho... Poderia ter acontecido mais alguma coisa ou aquilo tudo não passou de uma brincadeira? Se fosse uma brincadeira, era melhor que parasse. Não estava me sentindo bem. Estava meio que perdida e ávida por mais.

Breves suspiros escaparam pelos meus lábios, fazendo-me acordar dos devaneios sem um rumo certo. Estava na hora de procurar alguma coisa para fazer. Certamente seria uma longa noite acordada e não havia muita coisa para se distrair aqui dentro, principalmente numa hora tão tarde. Pelo menos poderia usar esse longo período ocioso para refletir. Havia coisas a serem processadas com mais cautela, que precisam de uma profunda reflexão.

Como por exemplo, acredito que o mais importante, seria aquela conversa de Jiyoon ao telefone. Embora houvesse poucas evidencias para afirmar, de uma coisa tinha absoluta certeza... Um terrível problema assolava sua vida e a de sua família, sendo capaz de gerar preocupação em si.

Ela...?

Quem poderia ser essa mulher da qual se interessava, chegando ao ponto de ser repreendida pela mãe por ao menos questioná-la sobre seu estado? Seria um familiar? Uma tia, quem sabe. Ou nem se tratava de uma mulher... Poderia realmente se tratar de uma pessoa? E a pergunta mais importante, o que teria acontecido com ela?

 Eram infinitas possibilidades e eu ao menos conseguia pensar direito no que poderia ser. Meu cérebro não processava direito as pistas e informações que havia reunido naquela noite. Mas o fato era que, por causa dessa pessoa, Jiyoon havia se enclausurado em St. Cecília e não tinha previsões de voltar para casa.

Ah, como eu queria muito ir atrás dela e questioná-la. Preciso acabar com esse tipo de sensação inquietante que me cobria. O sentimento de que quanto mais fundo perfurava sua carne, mais coisas conseguia encontrar, numa infinidade, e nunca estava preparada para as consequências disso. Necessitava saber tudo sobre ela. Sim, aquilo era uma verdadeira necessidade, assim como meu corpo buscava pelo ar. Quase que um instinto de sobrevivência.

Girei na cama e deitei o queixo sobre o travesseiro de plumas de ganso, afundando o rosto nos cheirosos lençóis. Olhei a hora em meu celular, sempre escondido embaixo do travesseiro, e percebi que, a contragosto, o tempo não passava nem mesmo se eu desejasse com muita força para que acabasse com esse meu “sofrimento”.

Definitivamente teria que me preparar para uma longa noite.

*

Estava me atrasando e sabia disso, contudo não me sentia muito disposta a sair do quarto, nem mesmo estando perfeitamente pronta para isso. Mais uma vez confirmei minhas suspeitas ao olhar para ás horas, fazendo meu cenho franzir em estresse.

Jiyoon não iria me acompanhar hoje na sessão de fisioterapia.

Suspirei profundamente e notei que meio estava se tonando uma mania. Resignadamente me obriguei a sair da cabana e me dirigir, sozinha, para a academia. Eram dez da manhã e o sol brilhava intensamente, tornando o caminho a minha frente mais colorido e cheio de vida. Encontrei borboletas amarelas zanzando no jardim ao lado das minhas acomodações, brincando entre as flores, pacificamente. Era uma bonita cena, que merecia ser registrada por mim... Se eu não estivesse de mau humor. Nem as cores vibrantes do verde da natureza conseguiu dissipar a nuvem negra, que pairou sobre minha cabeça com trovoadas. Queria que a médica aparecesse agora, nesse exato instante, para ir comigo até Sohyun. Porém, não importando o quanto a procurasse, ela aparecia.

E isso era mais decepcionante, não chegava nem a provocar raiva, sentia um tipo de letargia cobria minha mente que ao menos pestanejava. Depois do acontecido, daquele momento que roubou meu sono, merecia que ela viesse me ver. Precisava olhar em seu rosto para entender o que verdadeiramente se passava entre nós.

A caminhada até a academia pareceu durar uma eternidade, jogando na minha cara o que a presença de Jiyoon provocava, mostrando que o caminho nunca pareceu tão entediante e longo. Era infinitamente mais divertido fazer as coisas com sua presença divertida e animada.

Assim que entrei na academia, já agitada àquela hora da manhã, encontrei o rosto sorridente da doutora Kwon, que imediatamente me recebeu com um forte abraço. Ela era uma fofa criaturinha, que conseguia arrancar um sorriso genuíno de mim, mas ainda assim não me sentia muita vontade para permanecer muito mais tempo naquela sessão. Queria ir para casa... Queria voltar para Seoul e me aconchegar nos braços da minha mãe. Um desejo não mais que imaturo.

- Você parece bastante cansada, unnie... Não dormiu bem? – A garota observou com bastante esperteza, provavelmente notando minhas profundas olheiras que não consegui esconder com maquiagem, cobrando um sorriso azedo da minha parte. Minha empolgação naquela manhã estava à beira do zero. – Ontem você estava bastante agitada. Espero que isso não atrapalhe hoje, porque vou fazer um tipo de percurso novo e ele é bem exaustivo.

Alertou com preocupação, perscrutando meu rosto a procura de uma resposta para o meu aparente desanimo. Meus ombros se moveram de maneira preguiçosa, tombando cada vez mais meu corpo para baixo.

- Faça o que achar melhor, Sohyun. – Falei sem muita vontade.

Isso pareceu desagradá-la, tanto que chegou a contorcer seu rosto bonito e jovial. Mesmo assim, sendo obrigada a iniciar o tratamento, começou a dar instruções do novo percurso que deveria fazer por hoje, mostrando que efetivamente estávamos avançando. No final, tudo o que mais fiz foi erguer pesos sobre meus ombros, fazendo intensos agachamentos para fortalecer o tornozelo, assim como também os músculos das minhas pernas. Durante um momento de descanso e pausa para limpar o suor, me acomodei num dos bancos próximos às esteiras, enquanto tomava água e observava a jovem médica guardar alguns pesos para mim. Meu olhar escapou dela, por uma mísera fração de segundo e acabei encontrando uma figura alta parada a porta, olhando exatamente em nossa direção.

Não consegui evitar em revirar meus olhos, ao notar que se tratava do diretor chefe, Choi Kyuhyun. Seu olhar ansioso passou entre a gente, mostrando-se decepcionado. Não foi difícil imaginar o motivo. Ele não iria encontrar Jiyoon por aqui.

- Sohyun – ele se aproximou da garota, quando finalmente tomou um pouco de coragem, que se virou para olhá-lo sorrindo não tão surpresa. Deveria estar acostumada com a presença dele. – Jiyoon não está aqui?

- Ah, não! – Ela riu nervosamente, agindo meio constrangida, lançando um rápido olhar em minha direção. Entendi o significado. Era como se estivesse comprovando suas teorias sobre aquele mauricinho sentir-se atraído pela doutora Jeon. – Ela estava um pouco cansada e decidiu dormir. Anda fazendo muitos plantões atrás do outro... Acho que não deve dormir mais que três horas por dia. – Fez piada da situação nada agradável para a minha médica.

Aquela conversa me fez tomar percepção de algo que nunca havia percebido, pelo menos não tinha pensado sobre. Mesmo tendo uma presença forte, intensa e brilhante, Jiyoon tinha uma aparência levemente cansada e entediada, endurecendo o rosto, tornando-a inacessível. O trabalho obviamente cobrava muito de seu corpo e situações, como aquela em que a encontrei adormecida num banco, deveria ser comum em seu dia a dia. Tudo bem, a resposta de Sohyun, mesmo que pouco, acabou por diminuir a sensação de decepção que me rondava. Se for para o bem da doutora, o melhor para sua saúde... Vou ter que relevar a sua falta. Pelo menos dessa vez. Ao menos queria que me avisasse quando fosse fazer esse tipo de coisa.

Se mostrando não tão diferente assim de mim, Kyuhyun soltou uma exclamação de frustração e agradeceu a informação, se retirando com o rabo entre as pernas. Seu olhar caiu para o chão e não saiu de lá, nem mesmo para observar por onde andava. Muito patético de sua parte.

- Eu não disse! – Sohyun girou para me ver assim que o viu desaparecer na porta, rindo de maneira convencida, animada com o resultado alcançado. – Ele é caidinho pela Jiyoonie! – Começou a rir, excitada com a ideia daquele romance, fazendo tudo em mim pegar fogo. Se eu não sentia raiva, agora estava ardendo em ódio. Mesmo assim preferi abrir um sorriso forçado para acompanha-la. – Vamos continuar?

Apontou para máquina a suas costas, do qual me inclinei para olhar sem nenhum tipo de ânimo. Seria uma simulação de subida de escada. Jogado ao lado daquele troço, repousando no chão, encontrei as tornozeleiras e me surpreendi ao ver que tinham uma cor diferente. Elas eram verdes. Isso significava que se tratava das mais pesadas. Sohyun não estava brincando quando disse que o percurso seria mais pesado, o que me fez sentir o dobro de falta da minha médica. Jiyoon provavelmente teria a repreendido nesse ponto.

Percebendo minha hesitação, oficialmente estampada em meu rosto, a garota suspirou e se dirigiu para se sentar ao meu lado, encarando-me fixamente.

- Anda, me conta o que está acontecendo... – Pediu com uma expressão murcha e chateada. – Não me faça ter que chamar a Jiyoonie. Ela me deixou no comando total, mas me alertou que iria acabar comigo se extrapolasse os limites. – Passou as mãos no rabo de cavalo, convenientemente, parecendo meio intimidada. Ela se mostrou temerosa com a ideia de ser repreendida por Jiyoon.

- Ela falou com você?

Minha questão chamou a atenção dos olhos perspicazes de Sohyun, que franziu as sobrancelhas antes de me responder.

- Sim, passei no consultório dela antes de vir para cá, um pouco mais cedo. Não menti pro Kyuhyun oppa sobre ela estar cansada... – Disse num tom ameno, remexendo-se para ficar confortável no banco. – Para ser sincera, ela queria vir te acompanhar, mas insisti para que fosse para casa. Jiyoonie precisa saber um pouco dos próprios limites. Ela não estava muito atenciosa hoje...

- Isso deve ser porque não dormiu ontem... – Murmurei inconscientemente, passando a pensar nas possibilidades que a garota jogou em minhas mãos. Só de saber que Jiyoon expressou vontade de me ver, de me acompanhar, fez o meu corpo, automaticamente, esquentar.

- Hyuna unnie – Sohyun chamou minha atenção, fazendo-me encará-la. Seus olhos estavam tão firmes que cheguei a ficar ansiosa. – Você gosta da Jiyoon unnie?

Graças a essa pergunta, meu corpo se expressou da maneira mais suspeita e errada possível. Acabei engasgando com minha própria saliva, não me contendo a tempo, entrando em completo choque. Meu rosto imediatamente começou a ferver com a ideia sugerida pela garota. Como se isso não bastasse, ela permaneceu com o olhar firme sobre mim mesmo percebendo o espanto que provocou, não baixando a bola até ter sua resposta.

- Por que você perguntou isso? – Questionei um pouco exaltada, profundamente perturbada, vendo que minha voz saiu mais alta que o costume.

- Não me leve a mal, mas – começou a sua explicação, respirando profundamente, provavelmente pensando no que queria falar. – você age diferente quando está com ela. – Passou a mão na nuca, tratando de pensar nas melhores palavras para continuar a conversa. – Veja agora, você estava toda morta, quase que se arrastando. Toda silenciosa, sem querer falar nada, até que Kyuhyun oppa apareceu. De um instante para o outro sua expressão mudou e é bem óbvio que você não gosta dele. – Pontoou suas observações e sorriu encabulada. – Olha, não tenho nada contra você gostar de mulheres, mas isso foi uma surpresa. Eu achei que namorasse Jang Hyunseung!

- Não! Hyunseung oppa é apenas um companheiro de trabalho! – Exclamei sobressaltada com a possibilidade que aquele desentendimento provocava.

Entretanto, para meu desagrado, aquilo não era novidade. As pessoas realmente acreditavam naquele tipo de relacionamento “próximo e quente”, que a produtora criou entre nós. Nossa figura, quando juntos nas apresentações, era tratada como o casal sexy. Mas, éramos simplesmente amigos de longa data, que tinham intimidade para fazer esse tipo de coisa, sem se sentir afetado... Está bem, não posso me enganar e preciso admitir que, talvez, tenha rolado alguma química, que quase nos fez dormir juntos depois de uma festa. Só que nada mais que isso. Atualmente somos conscientes do que sentimos pelo outro.

- Então quer dizer que você gosta da Jiyoonie? – Sohyun pareceu bastante interessada no assunto, fixada na resposta. Meu rosto voltou a corar por causa disso, seu olhar provocando risadas nervosas em mim.

- Não... Quer dizer, eu gosto dela sim, mas não dessa maneira. – Tentei desviar de assunto, contudo teria me saído melhor se não tivesse desviado o olhar e ficado nervosa. Certamente isso tinha atiçado ainda mais sua curiosidade.

- Tem certeza? – Perguntou como uma provocação.

Não quis responde-la, apenas me levantei bruscamente e segui até a máquina, apanhando as tornozeleiras, começando a coloca-las em mim sem sua ajuda. Estava mais do que evidente que eu mentia. De longe escutei a risadinha da garota, que me irritou superficialmente. No entanto voltei a ignorá-la, esperando que me desse às instruções para continuar a terapia. Aquela sessão estava durando tempo demais.

E assim ela voltou ao trabalho, lançando olhares cheios de malícia, mostrando que a conversa não tinha verdadeiramente acabado.

*

Conseguir escapar das provocações de Sohyun foi mais complicado do que imaginei, mas, com um pouco de habilidade, consegui escapar de sua companhia e voltei ao meu quarto quase correndo como uma louca.

Sim, agora era oficial, me sentia exausta. Tudo o que mais desejei foi diretamente ir para a cama e permanecer sobre ela pelo resto da semana, trancafiada no quarto, sem precisar ao menos sair dele para comer. Contudo, contrariando minhas vontades, precisava de um banho, então tomei uma rápida ducha fria para não perder muito tempo e ainda aproveitei para esfriar o corpo, afastando pensamentos desconcertantes. A conversa que tive com a doutora Kwon queimava em minha cabeça, pois finalmente me fez tomar ciência do que poderia, verdadeiramente, estar acontecendo comigo. Não tinha como refutar a lógica usada pela garota. Eu simplesmente mudava quando estava na presença da doutora Jeon e isso era um pouco desconfortável de se pensar. Nunca havia me sentido dessa maneira antes, como se gravitasse e dependesse de uma pessoa. Pelo menos uma que não fosse da minha família.

Vestida com uma roupa bastante clara e suave, perfeita para o clima quente que assolou a montanha, saí do banheiro. Era meio dia e o sol estava em seu ápice no céu, deixando tudo ainda mais quente, me fazendo agradecer ao fato de terem inventado o ar condicionado. Também era hora do almoço e ele, como sempre, deve estar sendo servido nesse exato momento, me fazendo pensar se não seria melhor seguir para o refeitório ou se realmente deveria dormir. Meu estômago rugiu audivelmente, tomando a decisão por mim com mais eficiência...

Enquanto calçava meus tênis, me perguntei se Jiyoon já estaria acordada. Se sim, teria almoçado?

Batidas rápidas e hesitantes na porta findaram minha discussão mental, fazendo meu olhar cair sobre ela com curiosidade. Não fazia a menor ideia de quem poderia ser, mas se fosse para fazer um palpite, acredito que seja Taemin a minha procura para irmos almoçar.

Suspirando em cansaço, me ergui da cama com exagerada lentidão e atendi as batidas. Meu corpo retesou imediatamente ao me deparar com Jiyoon em minha porta, que ao me ver, sorriu agradavelmente. Eu, sem menor dúvida, não estava preparada para aquele inesperado encontro, tanto que não consegui esboçar qualquer tipo de reação. Tinha perdido a voz e somente a encarava com os olhos arregalados, mostrando-se assustados por encontra-la antes do esperado. Para uma pessoa que desejou o dia inteiro a sua companhia, parecia um pouco parva por agir daquela maneira.

- Indo almoçar? – Ela questionou para findar com minha imobilidade.

- Er, sim... Estava terminando de me arrumar...

Respondi meio desatenta, balbuciando como uma imbecil, apegando-me mais aos detalhes de sua aparência. Definitivamente ela ficava mais linda durante a manhã, principalmente com aquele sorriso um tanto tímido crescendo nos lábios, que tomaram uma tonalidade meio rosada por causa do batom. Fixar meu olhar em sua boca certamente foi um erro, pois novamente aquele desejo de beijá-la voltou a me abordar, acabando com a pressa que tinha de sair. Sentia fome, mas não de comida.

- Então cheguei a tempo... – Suspirou visivelmente aliviada e alheia aos meus pensamentos. Ergueu uma sacola em minha visão, que só agora notei carregar nas mãos. – Queria te chamar para comermos juntas, mas achei melhor trazer a comida até você... Sohyun passou no meu quarto me avisando que você parecia um pouco cansada hoje.

Inclinou levemente a cabeça para o lado, me dando uma agradável visão da lateral de seu longo pescoço, atraindo rapidamente minha atenção para aquele ponto. Com muito esforço tive que esboçar um sorriso, tendo que voltar a olhar em seus olhos. Ela era uma maravilhosa distração... Acho que já deixei isso bem óbvio.

- Obrigada pela preocupação – agradeci um pouco desconfortável e envergonhada por fazê-la sair do conforto de seu apartamento para vir até mim. – Sohyun disse que você não pode ir hoje para a fisioterapia, porque estava bastante cansada... Unnie, você deveria se preocupar mais consigo do que com os outros. Isso certamente não lhe faz bem. – Suspirei meio ansiosa e enervada com sua atitude, embora felicitada por saber que, não importando o que tenha acontecido naquela noite, ela não mudou nenhum pouco comigo. Sinceramente me sentia mais próxima dela do que antes.

Bufando em profundo desacordo com minhas palavras, trocou o peso de uma perna para outra, se apoiando no portal da porta, mantendo o contato entre nossos olhos. Sua atitude me fez ter noção de que estava a segurando tempo demais fora da cabana, para ser considerado educado ou razoável. Dando um passo para o lado, abri passagem para ela. Não precisei incentivá-la, pois meu sorriso amplo foi o suficiente. Pedindo licença, entrou no quarto, indo diretamente para a mesa. Vendo-a de costas para mim, aproveitei de sua distração e fechei a porta, para seguidamente ir até ela. Meu olhar caiu imediatamente no conteúdo que havia dentro da sacola, previamente depositada na mesa, encontrando uma infinidade de sanduíches. Aquela agradável visão abriu meu apetite, fazendo com que meu estômago roncasse grosseiramente. Por causa disso senti minhas bochechas arderem, ainda mais quando escutei Jiyoon rir de mim, pois também havia escutado as reclamações vindas da minha barriga.

- E eu achei que fosse a única morta de fome! – Começou a gargalhar com implicância, abrindo uma das embalagens de sanduíche natural, passando-o para mim. – Não sabia do que você mais gostava, então trouxe todas as opções disponíveis... Se bem que não eram muitas.

Deu de ombros sobre isso e manteve o sorriso encorajador, tendo na mão uma lata de soda para aliviar a nossa sede e o calor. Ela estava perfeitamente preparada para aquele almoço, assim como eu estava no dia do piquenique. Lembrar aquele dia me fez ter a sensação de que aconteceu há anos e não semanas...

- Desde que não seja feito somente de vegetais, pra mim está ótimo... – Resmunguei como uma criança birrenta e aceitei o que me passava, agradecida pela sua preocupação.

Tendo minha comida em mãos, imediatamente me acomodei numa das cadeiras e insisti para que ela fizesse o mesmo. Assim que acomodadas, estando confortável, começamos a nossa refeição. Minha cabeça tratou de ponderar a atmosfera superficialmente opressora, procurando maneiras ou ganchos para iniciar uma conversa agradável. Porém, como das outras vezes, não precisei me esforçar muito. Houve um pequeno detalhe em seu visual que chamou minha atenção.

- Você acabou de acordar? – Perguntei curiosa com o fato de seu rosto e olhos estarem levemente inchados. Embora tivesse tentado mascarar tudo com uma base simples de maquiagem, esse detalhe não conseguiu escapar da minha analise profunda.

- Acordei faz um tempinho... Sohyun fez questão de quase quebrar a porta para me tirar da cama. – Revirou os olhos para evidenciar sua revolta, mas logo começou a sorrir, lembrando a cena, que deveria ter sido cômica. – Não sei o que faço com aquela garota.

- Tenha paciência, ela é jovem, é normal que faça coisas desse tipo. – Mordisquei meu sanduíche, defendendo Sohyun, embora pouco tempo atrás tenha sido alvo de seus questionamentos intimidadores.

Jiyoon retrucou minha observação com um balançar de cabeça, mostrando-se compreensiva, voltando à atenção para sua comida. Sua atitude me provocou risadas.

Mais um pequeno intervalo sem troca de conversações, permitindo que pudesse observa-la silenciosamente, aproveitando de sua distração enquanto comia. Notei que seus olhos vagaram para todos os cantos do cômodo, novamente se prendendo no mundo próprio criado na cabeça. Sua postura desleixada e relaxada me fez sorrir, o que acabou chamando a concentração dispersa de seus olhos, que caíram sobre mim, sorridentes. Ela sorria de volta, mesmo sem saber do que se tratavam as motivações das minhas risadas.

Notando que precisava quebrar aquele breve silêncio, se preocupou em arranjar assunto para manter o clima agradável que tinha se instalado entre nós. Os assuntos foram extremamente variados. Até que um deles, definitivamente, chamou minha atenção. Ela começou a falar sobre a casa que recentemente tinha comprado em Glasglow, que era a zona rural de Trimera, a vila que praticamente havia sido erguida para servir de moradia aos internos de St. Cecília.

- É um lugar bem bonito nessa época do ano. – Contou ainda distraída enquanto comia seu segundo sanduíche. Não deveria ter tomado café, por isso estava devorando tudo o que via pela frente. – Não deve estar tão quente quanto aqui, mas essa é a estação em que as margaridas crescem ao redor da minha casa.

Pude notar pelo brilho em seu olhar de que realmente a imagem do lugar deveria ser linda, me fazendo sentir a vontade conhecê-lo.

- Você mora lá há muito tempo? – Questionei antes de tomar o resto do refrigerante.

- Não... Cheguei aqui faz praticamente um ano, mas comprei a casa assim que desembarquei do aeroporto. – Disse sorridente, apoiando os cotovelos na mesa. – A casa fica num lugar muito agradável e estava sendo vendida praticamente a uma bagatela. Foi impossível não me sentir seduzida pela oferta.

Brincou com o assunto, arrancando risadas da minha parte. Seus olhos novamente se encontraram com os meus e não consegui esconder o fato que estava curiosa com o que havia contado.

- Ouvir você falando desse jeito, me fez ter vontade de conhecer sua casa... – Resmunguei sonhadora, levemente tímida por admitir tal pensamento.

Suas sobrancelhas se arquearam, mostrando que sua mente foi acometida por uma ideia, que me deixou entusiasmada para saber do que se tratava.

- Você quer ir conhecê-la? – Perguntou com expectativa.

- Como? – Devolvi a pergunta com dúvida, novamente me sentindo enervada por estar presa ali dentro, enclausurada nas montanhas. Ir ao apartamento de Jiyoon foi fácil pelo fato de que permanecia aos redores de St. Cecília, dentro de suas acomodações, mas sair dela seria muito mais complicado.

- Eu vou pensar num jeito... Apenas me diga ser quer ir ou não? – Insistiu na pergunta, novamente abrindo sua expressão convencida, como se nada apresentasse um verdadeiro desafio a sua pessoa. Como era confiante...

Sua atitude e postura acabaram por me fazer rir. Ela definitivamente não conseguia me deixar séria por muito tempo.

- Está bem. – Suspirei derrotada, jogando as mãos para o ar, dando de ombros. – Se você encontrar uma maneira de me tirar daqui, juro que vou com você para sua casa!

- Okay! – Fez um gesto de mão, evidenciando que havia aceitado aquele desafio com bom humor, sorrindo daquela maneira ampla e calorosa.

Outra onda de silêncio cobriu as duas, mas dessa vez me senti desconfortável e ansiosa. Entretanto, diferente das outras vezes, seu olhar não estava disperso. Muito pelo contrário, estava totalmente focado em mim, como se estivesse pensando alguma coisa que a fez respirar fundo. Lentamente o sorriso brilhante, que anteriormente tinha aberto em seu rosto, se desvaneceu. Sua intensidade chocou-se contra meu corpo, inquietando-o na cadeira, provocando tensão em minha barriga. Automaticamente minha mente lembrou-se do modesto beijo, fazendo com que uma sensação quente se espalhasse em meu peito. Estaria ela pensando a mesma coisa que eu?

Tentei alcançar uma resposta em seu olhar e em troca encontrei aquele sentimento abrasante que queimavam por trás de seus orbes escuros, tornando-os triplamente intensos. Isso praticamente baixou todas as minhas defesas e se tornou impossível não sentir minha boca seca.

- Jiyoon – a chamei pelo seu nome, não usando nenhum tipo de honorífico, despertando sua atenção. – o que aconteceu ontem... Foi uma brincadeira?

Seu semblante se tornou mis sério e obscuro, ligeiramente intimidante. Tive que me esforçar muito para não desviar o olhar para sua boca, seguindo o movimento nervoso de sua língua que molhou os lábios, como se estivessem ressecados.

- Você acredita que foi uma brincadeira? – Ela novamente utilizava de seu humor, porém, uma leve rouquidão em sua voz provocou minha pele, que arrepiou. Sua pergunta literalmente queimou meu cérebro em busca de uma resposta e cheguei a uma conclusão com muita dificuldade.

- Não sei o que pensar. – Admiti com seriedade toda a dúvida que me consumia, mostrando-me indisposta a brincadeiras sobre esse assunto, que sumiu com meu sono e provocou meu leve estresse durante a manhã.

E, percebendo a secura em minha resposta, tirando-a de sua mobilidade e arrancando seu sorriso, a morena se levantou subitamente da cadeira. Antes de tudo fiquei aflita e confusa ao vê-la se erguer, chegando a pensar que escaparia das minhas indagações, me deixando mais frustrada assim que corresse para fora da porta. Contudo, ao me deparar com seu sorriso, tive que me manter parada.

- Eu não brinco com coisas sérias, Hyuna... – Disse enquanto recolhia o lixo que havíamos produzido, colocando tudo de volta dentro da sacola, preparando-se para ir embora. Ela parecia ter chegado ao seu limite... Agora do que, não sei. – Prometo que mais tarde te digo se consegui pensar em alguma coisa para te levar na minha casa. Aproveite para descansar, está bem?

Ela tentou se esquivar do meu olhar com pressa, mudando drasticamente de assunto, e pude notar pelo leve rubor em suas bochechas que falar sobre o beijo provocava sua timidez, embora preferisse transparecer tranquilidade. Contudo, minha paciência, que naquele momento não era muita, foi diretamente para dentro do saco do qual deu um nó. Eu não permitiria que fosse embora, não depois que seu olhar me provocou ao ponto de querer um beijo seu.

Não me importava se estava sendo abusada ou não, simplesmente pulei fora da cadeira, atraindo seu olhar surpreso. Ela havia sido ingênua ao achar que eu ficaria paralisada como ontem. Então, ignorando as batidas frenéticas do meu coração, minha mão alcançou seu ombro, deslizando até o pescoço, travando-o na nuca. Meus olhos caíram diretamente sobre sua boca levemente aberta, pois ia me questionar do que se tratava tudo aquilo, mirando-o sem nenhum receio. Quando puxei seu rosto em direção do meu, grudando seus lábios macios contra os meus, a calei por completo.

Senti sua pele estremecer sob meu toque, quebrando seu choque inicial, entregando-se a mim com plenitude. A posição em que estávamos não a favorecia, principalmente ao forçar seu pescoço, por isso, de maneira quase agressiva, afastou minha mão de sua nuca, podendo assim virar o corpo em minha direção. Suas mãos aveludadas e quentes tomaram ambos os lados da minha face, roubando de mim um longo suspiro em deleite. Aproveitando-se daquela reação, sua língua timidamente procurou a minha, primeiramente tocando meus lábios para, só então, entrar na boca. Imediatamente correspondi ao seu toque eletrizante, aprofundando o beijo, que esquentou todos os pedaços da minha pele. Repentinamente não sentia as minhas pernas, sendo obrigada a ancorar-me a ela. Agarrando a barra de sua camiseta na região da cintura, grudei seu corpo ao meu com tom de necessidade, completamente focada em retrucar seu ataque em minha boca.

Infelizmente o ar fez falta muito antes que pudesse saciar minha vontade, forçando-a quebrar o beijo ao ver que eu arfando, totalmente imersa em retribuir seu beijo, para não me importar com isso. Escutei sua suave risada por cima da respiração entrecortada, provavelmente rindo da minha reação negativa. Seus dentes mordiscaram suavemente meu lábio inferior, que estava levemente projetado, insatisfeito com o fato de ter acabado cedo, lançando faíscas pela minha coluna, voltando a agitar tudo dentro de mim.

Olhando-a através dos meus cílios, pude encontrar um tipo de sentimento esfuziante que provocou pontadas num ponto mais abaixo da minha barriga. Tive que respirar fundo para não desmanchar sobre ela.

Como ela poderia ser tão maravilhosa daquela maneira?

- Você certamente sabe como me segurar no lugar... Mas sabe, - voltou a brincar comigo, aproximando os lábios dos meus, que pairaram, sem jamais tocá-los o que me deixou apreensiva. – era só ter dito que não queria que eu fosse embora.

- E você teria ficado? – Retruquei ainda ofegante, aumentando seu sorriso.

- Provavelmente sim. – Respondeu humoradamente, pouco a pouco abrindo uma distancia segura entre nós, me fazendo sentir falta de seu calor. Meus olhos estreitaram minimamente em contrapartida, entrando em seu jogo.

- Desse jeito não seria divertido. – Soltei aquele gracejo ao fazer mais um muxoxo em desagrado, voltando a puxá-la pela camisa.

Dessa vez Jiyoon não conteve a risada e mesmo com o rosto vermelho, permitiu que terminasse de trazê-la para perto de mim, tirando uma mecha do cabelo que caia em meu rosto, colocando-o atrás da orelha. Seu sorriso novamente chamava a atenção, me deixando embasbacada pela suavidade e beleza contidos nele.

- Então, você vai ficar? – Interroguei com impaciência, não conseguindo desviar o olhar de sua boca, sentindo-me tentada a beijá-los mais uma vez.

- Somente posso ficar por mais uma hora. – Alertou ao estreitar os olhos, parecendo inquieta, sem saber para onde olhava se para meus olhos ou minha boca. O que provocou meu sorriso, que se tornou ainda mais implicante.

- Acredito que seja o suficiente... – Murmurei desatenciosa, voltando a beijá-la.

Não me importava se ela precisava trabalhar ou se eu precisava dormir para repor o sono perdido. Estava verdadeiramente consciente das sensações prazerosas e ardentes que sua boca despertava em mim, me deixando cada vez mais sedenta e dependente disso.

Mas, naquele momento, isso era o suficiente para mim. Por enquanto.


Notas Finais


HUHUHUHUHUHUHUHU. Comentários? Até a próxima! ^^


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