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História Chanyeol Pra Quê Te Quero - Tudo o que você precisa é de bolo


Escrita por: baabiction

Notas do Autor


(aparece como se nada tivesse acontecido) Oi! :D
Égua, dessa vez eu demorei, hein? Acreditam que eu queria postar esse capítulo no meu aniversário (05/04)? Só que eu não terminei a tempo, então falei ''ah, vou postar no aniversário do Baek'', só que eu não terminei a tempo de novo, daí eu falei ''hm, vou postar quando Deus quiser''. Recebem esse presente junino!
Eu estava com bloqueio, com desânimo, um monte de merda aconteceu de uma vez só, e eu tava muito pistola com a vida. Não dava pra escrever um negócio bonitinho, sabe?
Mas ainda bem que passou e agora estou mais arco íris do que nunca.
Aliás, MUITO OBRIGADA PELOS 200 COMENTÁRIOS NO CAPÍTULO ANTERIOR. Jesus, eu fiquei assustada, mas contente demaissssssssssssss. É difícil responder todos, espero que entendam. ;; Mas vocês sabem que eu leio com muito carinho, muito mesmo.
O capítulo tá pequeno, comparado com os outros que vim postando, mas consegui colocar tudo que eu queria.
Bom, chega de papo, vamos ao que interessa!

Capítulo 12 - Tudo o que você precisa é de bolo


Teve uma vez que eu fui apresentar um trabalho no colégio, e o arquivo estava salvo no meu pendrive do Batman. Foi nesse dia que eu aprendi a olhar duas vezes antes de pôr o troço no notebook da professora, principalmente sabendo que eu sou uma pessoa desorganizada pra caramba, e que guardo os trabalhos importantes na mesma pasta dos vídeos de animes… Duvidosos.

 Maldito Boku no Pico. Maldito meu primo Minseok que passou aquilo pra mim.

Felizmente, ninguém prestava atenção na hora que a imagem passou para o holograma do datashow, minha reputação sendo salva e tudo mais. Menos as minhas pernas que tremem até hoje só de lembrar. Ah, é mesmo, ninguém viu, só Kyungsoo. E ele riu de mim. Muito, muito. Foi a primeira vez que o povo da sala viu ele rir daquele jeito.

Daí eu fiquei pensando… Acho que se alguém mais tivesse visto, a sensação seria a mesma que eu estou sentindo agora. Mas eu sei que seria impossível, até porque Chanyeol prestava muito atenção em mim. Mesmo quando dei um mínimo passo para trás, em uma reação puramente instintiva, ele observou.

Algo íntimo que alguém viu sem permissão…

Sinceramente, além do instinto, nada mais me faria fazer qualquer coisa.

— Baekhyun… — Minha garganta secou ao ouvir sua voz quebradiça.

Depois de tanto tempo calado, o sorriso dele havia sido reduzido à apenas uma linha fina.

— Fala alguma coisa, por favor. — Olhou bem fundo nos meus olhos.

Não me culpem. Ninguém pode me culpar.

Eu estava tão nervoso que nem sentia as minhas extremidades. Me sentia todo desmontado, pé na cabeça e orelha no joelho, como um quebra cabeça bagunçado.

Porque simplesmente não fazia sentido.

Era eu quem deveria estar me declarando! Que droga é essa?

Quando o peso da situação me atingiu em cheio, em uma reação só um pouquinho atrasada, eu dei um grito. Um ‘’AH!’’ que reverberou pelo cômodo e fez Chanyeol dar outro ‘’AH!’’, se assustando.

Foi engraçado, mas ninguém tinha condições de rir.

Respirei fundo.

— C-Chan.

Ele se sobressaltou novamente, provavelmente com medo de mim, me olhando atentamente, como fazia há minutos.

— Você — Me abaixei para pegar a garrafinha no chão, que já estava vazia. — está brincando comigo?

— O qu— Não! — Exclamou, juntando as mãos fechadas em frente ao peito. — Eu nunca faria isso! Você sabe que eu nunca faria isso, Baekhyun.

O pior de tudo era que eu confiava demais em Chanyeol, então eu sabia, em algum lugar no meu coração, que ele não mentia. A falta de respostas causada por essa confiança estava me deixando ainda mais confuso.

Apenas o pensamento de Chanyeol estar fazendo alguma maldade comigo já me destruía inteiro, portanto me agarrava naquela certeza como se a minha vida dependesse disso.

— Então como? — Amassei o plástico em minha mão, sentindo meus olhos arderem.

Eu não queria chorar. Não queria. — Como…?

Não agora.

Chanyeo se calou. Seus olhos permaneciam meio arregalados, e ele parecia não saber o que fazer, igual a mim. Ainda mordi o lábio inferior duas vezes seguidas, querendo que a fina dor me acordasse daquela espécie de torpor.

— Baekhyun, por acaso eu… Confundi as coisas?

Meu coração deu um solavanco. Se eu ficasse calado seria pior, não seria?

Decidi perguntar o que mais estava me corroendo por dentro.

— Desde quando você sabe que eu… ? — Não consegui terminar a pergunta, sentindo o meu corpo tremer tanto, que mais um pouco o tremor passava pro chão.

Meu Deus do céu.

Desviei o olhar da garrafinha toda amassada, e levantei lentamente para Chanyeol, fechando um dos olhos como se aquilo me doesse de alguma forma.

Ele estava com cara de idiota.

— Então eu estou certo? — Fechou a boca que se encontrava aberta demais, tentando esconder um sorriso, sem sucesso. — Você gosta mesmo de m—

— Desde quando, ridículo?! — Escondi meu embaraço com o tom de voz alto. Prefiro morrer do que escutar aquilo de novo.

— Ah! Desde semana passada. — Passou a mão na nuca num gesto culpado.

O analisei por uns instantes.

— Quem te contou?

Ele abaixou a mão, voltando a ficar sério.

— Duas pessoas.

O quê?

— Me explica isso direitinho, Park Chanyeol. — Ditei categórico.

Uma onda de irritação crescia dentro de mim, por causa daquela revelação. Poxa, tomaram o momento mais importante para mim. Eu não achava certo ter sido exposto assim.

Chanyeol percebeu a minha mudança de expressão, assumindo uma postura mais alerta.

— Olha, Baek… O que acha de conversarmos sobre isso depois? Nós estamos cansados, e aqui é não é um local adequado. — Falou em um tom cuidadoso. Ele comprimia os lábios e parecia muito tenso, além de ficar mexendo as mãos o tempo todo, como se não soubesse o que fazer com elas. Era óbvio o seu nervosismo.

O olhei por alguns instantes, sentindo uma coisa desagradável no peito.

— Tudo bem. — Disse baixinho.

Era certo que se eu continuasse ali, não conseguiria pensar direito. Eu estava muito chateado. Nunca pensei que ficaria chateado por um lance diferente do que ser rejeitado, no momento em que Chanyeol ficasse sabendo dos meus sentimentos.

Ainda tinha aquela sensação horrível de tudo ser um sonho. Um sonho muito sem graça, vale dizer. Era tão surreal que me assustava.

Fui o primeiro a sair da salinha, logo descobrindo que o fuxiqueiro do Sehun estava quase fundido na parede do lado de fora. Revirei os olhos, ouvindo um ‘’ihh’’ dele. O seu companheiro fuxiqueiro, Jongin, era mais decente e deu um cascudo nele. Não encontrei Kyungsoo, quem eu mais queria ver, em nenhum lugar.

Eu só queria ir para casa, deitar na cama e dormir. Amanhã seria outro dia, e eu esperava que a minha mente clareasse um pouco mais.

Só quando virei a esquina da minha casa, com os meus pais tagarelando animadamente, alheios ao meus pensamentos bagunçados, eu senti o formigamento no meu nariz se intensificando, fazendo minha visão embaçar.

[...]

Domingos eram estranhos. Tinham um clima estranho. Era fim de semana, mas não parecia com Sábados. Meus pais não saíam do quarto para nada, e eu muito menos. Nada abria, só restaurantes. A gente quase não comia em restaurantes. Domingos eram chatos e estranhos!

Eu havia acordado há uns minutos, ainda era de manhã. Meu olho quase não abria na claridade vinda da janela aberta, eu continuava na mesma posição que acordei; cabeça torta no travesseiro, corpo em uma direção e pernas em outra, uma cena digna de filme de possessão demoníaca. Acontece que eu estava com tanta, tanta preguiça, amigos. Eu tinha, realmente, chegado em casa e ido direto para meu quarto. Ainda mais com aquela cara derrotada e inchada. Só tirei minha calça que parecia um instrumento de tortura.

É, não tomei aquele famoso banho. Por isso os urubus estavam rondando em peso no meu quarto. Credo.

Tateei o ninho que chamava de cama em busca do meu celular. O encontrei debaixo da dita calça, logo trazendo-o para perto de mim. Ele escorregou da minha mão e caiu na minha cara. Tentei outra vez, xingando uns palavrões bem feinhos, constatando umas mensagens na caixa de entrada.

Uma do Jongin, três do Kyungsoo, uma do Sehun e duas do Chanyeol.

Sem pensar duas vezes, visando adiar algum perigo sem sentido — como se o nome ‘’Chanyeol’’ fosse saltar da tela e arrancar o bago dos meus olhos —  abri as de Kyungsoo primeiro.

 Era só ele me perguntando se eu estava bem. Respondi um ‘’aham’’. Não tinha como explicar que eu não estava exatamente bem sem me enrolar todo, principalmente por mensagem. Abri a de Jongin em seguida, a mais recente, e era um ‘’chegou em casa bem?’’. A de Sehun era uma imagem de um ursinho brilhante segurando uma placa em forma de coração escrito ‘’bom dia, grupo’’. Não consegui deter a risada, eu mal tinha acordado e já estava querendo desver umas coisas.

Por último, fiquei encarando o ícone da conversa de Chanyeol. O que aparecia na miniatura era um ponto de interrogação, então ele devia ter feito uma pergunta na primeira.

Minha mão começou a suar tanto que fiquei com medo do celular escorregar de novo, por isso respirei fundo. Deixa de covardia, Baekhyun! Parece doido.

Abri a mensagem como se tirasse um curativo.

‘’Vem aqui em casa hoje’’

‘’?’’

Não.

Claro que eu não ia mandar isso, não é? Risos nervosíssimos.

Ah, ele tinha trocado a foto de perfil. Que lindo. Chanyeol é mesmo lindo.

Grrr.

Eu estou tão afetado que nem sei mais como agir normalmente.

No cantinho da mensagem estava o horário que ele foi mandada. 3h da manhã. Hora dos demônios e das bruxas, lembram? Há! Estou brincando, estou apenas brincando. Quero amenizar a minha situação. Piadas e alto astral.

Falando sério, eu iria sim. O dia anterior tinha sido muito estranho, e Chanyeol me devia uma explicação, acima de tudo. Eu queria saber, pior que fosse.

‘’Vou. Que horas?’’

Desliguei a tela do celular, me espreguiçando. Primeiro eu tinha que dar um jeito na minha disposição.

Fui me arrastando ao banheiro, só para dar um berro. Que coisa horrível, Jesus Cristo. Bem que a Soyeon tinha me dito para tirar a maquiagem antes de dormir, mas quem disse que eu tirei? Se ontem eu estava um príncipe, hoje estava o filho do próprio tinhoso. E se eu fosse assim mesmo me encontrar com Chanyeol? Hehe.

Ainda bem que não tem ninguém que me encoraje a fazer essas coisas.

Eu esfreguei, esfreguei e esfreguei aquele bagulho preto manchando meu rosto jovem e  — antes —  imaculado, porém nada de sair. Já estava entrando em desespero, pensando que era tinta definitiva e eu passaria a ter os mesmos lances pretos no olho que nem o Zitao.

Não tive escolha, a única opção era recorrer à deusa da sabedoria, a senhora minha mãe. Desci as escadas normalmente, vendo meus pais jogados no sofá, assistindo Pulp Fiction pela milésima vez, porque era o único DVD que o meu pai tinha.

Parei atrás do sofá, coçando um dos olhos até ver que o meu dedo dava todo preto também. Aquilo era carvão?

— Mãe. — Chamei.

— Oi, Ba— Ela virou sorridente, mas logo caiu para trás quando viu minha cara.

Ela gritou ‘’mas que porra?!’’ antes de começar a rir. Rir muito. Meu pai não estava entendendo nada, ele alternava o olhar entre Uma Thurman, mamãe ficando roxa, e eu parado no meio da sala com as mãos na cintura. E a cara preta.

Byun da cara preta.

— Filho, você é mesmo o meu filho?

Ah, pronto.

A risada da minha mãe era encandalosa, eu já estava até esperando o nosso vizinho chato e velho vir dar uma bengalada na nossa cabeça.

— Tá, mulher. Chega! — Bradei. — Como tira isso da minha cara?

— Ai. — Ela parou de rir por uns segundos, dando fungadas e enxugando os olhos. — Na minha bolsa tem demaquilante, pega lá. — E voltou a rir.

Agora se eu sabia o que diabo era isso, é outra história.

Passado o drama matutino, e com o rosto normal, fui olhar meu celular para ver se Chanyeol havia respondido. Me surpreendi quando vi que ele tinha me ligado. Fiquei hesitante em retornar a chamada, mais por vergonha do que qualquer outra coisa. Mas eu podia começar a fazer as coisas com ousadia, não é? Ah, vai, uma ligação não vai fazer mal, eu já vou me encontrar com ele de qualquer jeito.

Eu discutindo com a minha consciência é a melhor coisa.

Pressionei o botão de chamar.

Tuu.

Tuu.

Tuu.

— Oi, oi.

Mano do céu, caralho. Quase que soltei um ofego vergonhoso.

Mordi o lábio.

— Oi, Chanyeol. Desculpe, não pude atender antes porque eu estava numa missão.

Ouvi um risinho preguiçoso. Ele parecia sonolento e a voz estava rouquinha. Desse jeito eu não duro muito tempo aqui no planeta Terra.

— E que missão o grande Byun Baekhyun cumpriu nessa manhã?

Tive flashbacks da vilã-mancha-preta-demoníaca. O poder dela era manchar.

Alguém pegou a referência de Boku no Hero Academia?

— Era uma missão secreta.

— Certo. — Bocejou rindo. Ele falou mais alguma coisa no meio do bocejo, que obviamente não entendi. — Ah, você pode vir a hora que quiser aqui. Já avisei a minha mãe e ela está toda feliz te esperando. Vê se pode isso. — Soou indignado.

— Na verdade, eu só vou para ver a sua mãe.

— Sério?

— Uhum.

Não demoramos nem dois segundos para começarmos a rir.

— Daqui a pouco chego aí.

— Tudo bem, vou dormir.

— Oi?

— Você não disse que só vem para ver a minha mãe? Então vou dormir.

— Ah tá, amigo, boa noite.

Não sei se soaria como muita trouxisse minha falar isso em voz alta, mas fiquei tão feliz ao conversar com Chanyeol normalmente. Pensei que seria um pesadelo depois de toda treta de ontem. Créditos a ele mesmo, que continua falando comigo com aquela voz macia e carinhosa de sempre.

— Eu estou… Brincando. — Soou mais sério, mas eu sabia que ainda detinha um sorriso.

— Eu… Sei. — Adotei o mesmo tom.

— Vou ficar te esperando, bebê.

— Ok, e—

O QUE.

— O QUE? Park Chanyeol!

— Presente. — Riu.

— Nunca mais me chame assim, idiotão. Nossa, não acredito. Vou até desligar, tchau!

Sangue de Jesus tem poder, meus amigos. Chanyeol fez de propósito, certeza que ele fez de propósito. Ugh, estou a ponto de cometer.

Cometer o que? Fica por conta da imaginação de cada um.

Ainda bem que ninguém pôde me ver naquela hora, seria complicado explicar minhas bochechas vermelhas e o sorriso que, caramba, estava difícil de controlar.

Ninguém viu, só o meu Sebastian de papelão. E o senhor Rilakkuma também, mas ele não contava, já que era uma figura quase onipotente no meu universo. O olho de vidro dele é o verdadeiro olho que tudo vê.

Após avisar meus pais que eu sairia afim de realizar outra missão na Incrível Vida de Byun Baekhyun, e que essa seria a última da fase de um arco bem próximo do chefão. Mamãe me lançou Aquele Olhar, mais conhecido como “sei tudo que está acontecendo, mesmo você não me explicando nada” e Outro Olhar do meu pai, aquele que é, mais ou menos, “não sei o que está acontecendo, e continuaria não sabendo mesmo se você me explicasse”. Que bom que recebi esses Olhares, eles me deram bastante hp (ou mana, ou chakra, ou cosmo, vocês decidem) para enfrentar esse desafio, até porque eu não sabia se voltaria vivo.

Pff. Não sei nem porque continuo com isso, sinceramente.

Munido de coragem e ousadia nos meus bem alcançados 1,68 de altura, apertei a campainha da casa de Chanyeol, alguns minutos depois de receber as boas vibrações de meus pais. Quase imediatamente, a porta abriu.

— Você nem demorou. — Chanyeol sorriu.

Ele vestia uma camisa branca de mangas longas e uma bermuda larga. Lindo como sempre, claro, é de Park Chanyeol que estamos falando e quem está o descrevendo sou eu mesmo. Porém algo me preocupou. Sua feição parecia muito cansada, possuía olheiras que antes nem apareciam quase no rosto dele.

Ficar o encarando sem falar nada seria falta de educação, portanto sorri de volta, mesmo com a preocupação me envolvendo.

— E você não está dormindo como me disse. Cadê sua mãe? Licença, quero vê-la. — Gesticulei com a mão para ele sair da minha frente, brincando.

Ele fez uma carranca, que em nada parecia ameaçadora, me dando passagem.

— Mãe, seu protegido chegou!

Tirei meus sapatos na entrada, ouvindo passos se aproximarem.

Nem bem pus os pés na sala e a mãe de Chanyeol, baixinha como me lembrava, veio me cumprimentar.

— Oi, querido! Tudo bem?

— Tudo sim. — Respondi meio acanhado.

— Você só vem aqui quando eu não estou em casa. — Deu dois tapinhas no meu ombro. — Mas hoje eu me preparei e fiz aquele bolo que você gostou.

— Eu pensei que aquele bolo era pra mim, até estranhei. — Chanyeol disse ao meu lado. Ele estava muito engraçado resmungando com aquele cabelo todo pra cima.

— Pois é, Baekhyun, depois você desce para comer. — A mulher ignorou a fala do rapaz resmungão com um doce sorriso.

— Desço sim!

Quando subi o primeiro degrau, o ar do ambiente mudou. Claro, altas chances de ser apenas algo da minha cabeça, mas a falta de brincadeiras, mesmo com a presença do famoso corredor mal assombrado, fez eu me sentir meio… Desculpe a expressão, meio cagado. Normalmente nós não calávamos a boca, Chanyeol sempre estava fazendo algum comentário aleatório, e eu acabei me acostumando com isso, apesar de ficar constrangido algumas vezes. Se estivéssemos naquele jogo que citei, a trilha sonora desse momento seria a do Lavender Town. Sufocante e assustadora.

Estava passando Bojack Horseman na televisão do Chanyeol, e o quarto todo se encontrava numa escuridão só. A soma dos dois fatores só indicava uma coisa: tristeza. Ou sei lá, né, eu analiso as coisas sob o meu ponto de vista e as minhas experiências. Só faltava o pote de sorvete pela metade para eu confirmar minha hipótese.

Nós dois sentamos na cama bagunçada, ambos encarando a série de TV.

Minha vida é recheada de climas tensos assim, eu hein.

— Então… — Cortei o silêncio.

Seria uma ótima ideia, se eu soubesse começar algum assunto. Valeu, galera!

— Por onde eu devo começar? — Chanyeol disse.

Direto. Nem esperou eu dar uma disfarçada antes. Mas por um lado foi bom, eu estava agoniado com tanta coisa na minha cabeça e… Bem, nervoso pra caramba.

Essa é a hora de vocês levantarem suas mãos e enviarem energias para a minha Genki Dama.

—Pelo começo. — Abri um sorriso amarelo. —Me conte sobre ela, primeiro.

Chanyeol me olhou de soslaio.

— Sobre Soyeon?

— Sim. Sobre tudo aquilo.

Era tão estranho que eu não queria falar mais nada, apenas ficar calado e escutar o que eu queria saber.

— Mas… Me escuta, tá? Promete que vai me escutar? — Pegou minha mão, porém soltou-a imediatamente, como se tivesse feito algo errado. Ou como se estivesse receoso sobre como me tratar.

Isso me deixou magoado de alguma forma, mas não estava em posição de reclamar.

— Estou aqui para isso, Chanyeol. — Dei um risinho sem graça, soando meio rude sem querer.

Pedi desculpas pelo meu tom, e ele apenas maneou a cabeça.

— Há uma semana, Soyeon me chamou para visitá-la. — Chanyeol cruzou as pernas, ficando mais confortável, e eu fiz o mesmo. — Ela me mandou uma mensagem pouco tempo depois de você ter ido embora.

Com a menção daquele fatídico dia, senti meu rosto queimar.

— Me perguntou se eu estava em casa, e eu disse que sim. Estranhei, porque ela parecia muito séria e nem falou mais nada, além de avisar que iria me visitar. Soyeon chegou depois de alguns minutos, sorriu pra mim e disse que tinha uma coisa muito importante pra me dizer.

Mordi o lábio já sabendo o que seria.

— Sabe, Baek, eu estava meio confuso naquela hora. Minha cabeça estava uma bagunça, entende? Quer dizer… Você saiu daquele jeito de novo.

O olhei confuso, meio alarmado.

— De novo?

— Você vive fazendo isso. — Chanyeol disse, enquanto mantinha a cabeça baixa. Depois ele soprou um riso. — Que nem naquele dia da roda de violão.

Entendendo mais ou menos o que ele estava dizendo, respirei fundo, deveras constrangido.

Chanyeol tinha esse poder de brincar com as minhas emoções. Ontem, por exemplo, eu estava mais puto que Eren Jaeger quando saiu daquele titã, mas agora… Porra, Chanyeol. Mais soft que eu?

— Não sei nem do que você está falando.

Menti na cara dura mesmo.

— Sabe sim. — Retorquiu. — Mas tudo bem. Vamos voltar ao tópico e deixar essa história de fuga constante pra depois. — Falou zombeteiro.

Apoiei minha bochecha na palma da mão, silenciosamente pedindo para ele continuar. Palhaço.

— Pois bem. Eu estava confuso, meio distraído, enquanto Soyeon, decidida como sempre, mas especialmente tensa, sentou na cama. Ela me olhou por alguns segundos, e quando eu estava quase abrindo a boca para perguntar se havia algum problema, Soyeon me disse, em alto e bom som: ‘’Baekhyun está apaixonado por você.’’

Arregalei os olhos.

[...]

Chanyeol deixou o queixo cair, sem controle algum. Soyeon o observava atentamente, o rosto bonito sendo parcialmente iluminado pelos resquícios de raios solares. O quarto todo estava alaranjado, e, por um momento, Chanyeol sentiu que era a primeira vez que estava ali.

— O que você está dizendo, Soyeon?! — Não era sua intenção deixar a voz levantar alguns tons, mas ela levantou, e trêmula.

— Apaixonado por você. Escutei da própria boca dele.

Soyeon suspirou ao ver a falta de reação do namorado. Seu cabelo comprido estava um pouco bagunçado pelo vento incessante do lado de fora, então o prendeu com uma presilha bonita que havia ganhado de Chanyeol.

— … Tem certeza disso?

A garota, mesmo que quisesse, não conseguiu ver a expressão que ele fazia. Havia virado de um jeito que as sombras do quarto, um pouco mais escuro agora, escondiam seu rosto. Ela também não tentou, ela também estava enfrentando seus próprios medos. É sempre difícil encará-los de frente.

— Claro, Chanyeol, eu não tenho motivos para inventar algo assim.

O jovem alto então sentou-se ao lado dela. Os olhos límpidos e sinceros brilhavam atrás das lentes, do jeitinho que fez Soyeon se apaixonar.

— Por que você está me contando isso? — Ele perguntou baixinho, como se sussurrasse um segredo.

Ela nem hesitou antes de responder.

— Porque eu sou egoísta, Yeol. — Desviou os olhos, um pouco envergonhada. Ela tinha noção da carga que carregava, mas pesava mesmo assim.

— Você nunca foi egoísta, Yeon. — Chanyeol segurou uma das mãos bem cuidadas.

— Todas as pessoas são egoístas, e acho que chegou o meu momento de ser. Você sabe que eu te amo muito, não é? — Soyeon olhou bem fundo nos olhos de Chanyeol, que assentiu lentamente. — Eu te amo tanto que eu conheço o seu jeito, as suas manias, as palavras que deixou de dizer em algum momento… Eu sei de tudo isso, então era mais do que natural eu perceber quando você, de repente, muda.

Em nenhum momento Chanyeol desviou seu olhar do de Soyeon, pois tinha a impressão de que ela realmente o conhecia melhor do que ele mesmo. Talvez ela soubesse o porquê de…

— Não, não foi de repente. Foi aos poucos. Uma mudança que me machucava aos poucos. — Apertou a mão grande sobre a sua. — Era horrível, porque não era minha culpa, e muito menos sua. Não tinha nada a ser feito. Pelo seu jeito avoado e até um pouco insensível, eu posso perceber que você nem sabe ainda. Porra, Chanyeol, você não faz ideia do quanto me doeu… Quando você começou a olhar para o Baekhyun como se ele fosse o seu mundo. — Uma lágrima teimosa escorreu pelo rosto delicado, mesmo com o esforço de Soyeon de se manter firme. — Era tão óbvio que chegava a ser irritante. Mais irritante ainda era ver como era recíproco. Me agoniava, mas o que eu poderia fazer? Eu sabia antes mesmo de Baekhyun me contar. O que eu poderia fazer, Chanyeol?!

Soyeon retirou a mão debaixo da de Chanyeol, para esconder o rosto cheio de lágrimas teimosas agora.

Chanyeol sentiu a cabeça girar a ponto de ficar desnorteado. Porém mesmo com o zunido incessante dentro de sua cabeça, seu corpo moveu quase que instantaneamente ao ver Soyeon tão abalada.

Abraçou o corpo pequeno contra o seu.

— Eu sabia que era questão de tempo até você se dar conta, ou Baekhyun vir falar contigo. Então eu resolvi ser egoísta. Eu não conseguia ficar bem ao pensar em te ver escutando a declaração de Baekhyun, porque ele mexe tanto com você, Yeol…

Chanyeol, que escondia o rosto no ombro estreito de Soyeon, fechou os olhos com força.

… Estava certo, Soyeon sabia o porquê de ele se sentir tão completo ao lado de Baekhyun.

Ironicamente, Chanyeol, que havia a abraçado em consolo, estava sendo consolado. Seu corpo tremia tanto em soluço, que Soyeon desejou não ter falado nada.

—Você me permite ser egoísta assim? Uma última vez? —Disse em um fio de voz.

— Por favor, não fale assim sobre si mesma. Você é incrível, Soyeon. Incrível. Ouviu?

Ela assentiu várias vezes.

— Baekhyun  mexe com você, não é? — Sorriu triste, ainda que quisesse a confirmação.

Muitos soluços.

Muitas lágrimas.

Chanyeol respondeu.

— …. Sim.

Foi como um baque necessário. Soyeon o apertou mais contra si. Era doloroso, mas agora podia seguir em frente.

[...]

Apenas a conversa dos pais de Chanyeol, no andar de baixo, era ouvida.

Baekhyun sentia como se tivesse corrido uma maratona. Seu coração pulava desenfreado dentro do peito, as pontas de seus dedos encontravam-se esbranquiçadas pelo aperto contra seu rosto.

— Para ser sincero, eu sabia que você era especial de um jeito… Estratosférico, sabe? Eu gosto de olhar pra você, gosto de te tocar, gosto de ouvir sua voz. — Chanyeol descruzou as pernas, esticando-as. — Eu só queria saber quando foi que isso se tornou essencial pra mim.

Não conseguia dizer uma única palavra. Chanyeol parecia distraído, com um bico nos lábios, enquanto balançava seus pés fora da cama.

— Eu não suportaria trair a Soyeon. — Ele falou de repente. — Não suportaria mesmo. Por isso terminamos.

Parou de balançar as pernas.

— Baek, eu não quero te forçar a nada… Mas seria muito importante pra mim ouvir de você. Eu falei, falei, mas quero te ouvir agora, tudo bem?

Engoli em seco. Estava na hora de pôr tudo pra fora.

— Puta merda, você é o homem da minha vida.

Opa, mas não tinha que ser desse jeito! Tapei a boca imediatamente, me amaldiçoando.

Chanyeol me encarou surpreso por um momento, antes de explodir em gargalhadas.

— Para, Chanyeol! — Dei um chute nas pernas dele. — Eu vou te matar.

Bom, vocês esperavam o que de Byun Baekhyun?

Ele riu tanto que se jogou na cama de costas, ponto o braço sobre seus olhos, ainda rindo.

— Você sabe mesmo como ser original, Baek.

Fiquei parado revirando os olhos repetidas vezes.

Chanyeol começou a rir novamente.

— Tá bom, tá bom, parou. — Reclamei. Nem teve tanta graça assim!

Retirou o braço, me olhando enquanto sorria.

— Eu estou feliz.

Um sorriso despontou em meus lábios involuntariamente.

Eu que estava fodidamente feliz.

Lentamente, com a vergonha me consumindo, deitei ao seu lado.

Chanyeol continuou na mesma posição. Eu comecei a contemplar o perfil bonito que ele tinha, desde o queixo até os olhos grandinhos fechados.

De repente, ele virou de frente pra mim. Seus olhos continuavam fechados, mas sorria travesso, fazendo a covinha aparecer. Suas bochechas estavam um pouco coradas também.

Levantei minha mão para contornar as suas feições delicadamente. Era surreal fazer isso, de verdade. Passei o polegar em sua bochecha, até a bolsa escura embaixo de seus olhos.

— Você não dormiu direito? — Perguntei.

Ele abriu os olhos, me pegando desprevenido, eu subitamente ficando ciente demais da nossa proximidade.

— Não. Fiquei a noite toda pensando nessa história. — Respondeu olhando fixamente pra mim.

Meu cérebro trabalhava a mil por hora. Desviei o olhar para a TV atrás de Chanyeol, procurando me acalmar.

Quer dizer, que loucura, socorro.

Mordisquei meu lábio inferior, me aproximando de Chanyeol e encostando a testa em seu peito.

— Não quer dormir? Você precisa descansar. — Falei baixinho.

— Vai ficar aqui comigo? — Assenti. — Vai me fazer cafuné também?

— Abusado. — Ri.

— Por favor… 

Ah, pra puta que pariu.

— Vou. Se ajeita aí.

Levantei com tudo para apagar a luz, para logo depois me arrastar na cama, até encostar minhas costas nos travesseiros da cabeceira.

Chanyeol se aproximou que nem uma criancinha contente, sorrindo aberto.

Ele deitou a cabeça sobre meu peito, desmutando a TV que ainda passava Bojack. Era perigoso, muito perigoso, porque tinha uma verdadeira banda de rock pesado dentro de mim, e Chanyeol com certeza estava escutando. Mas não fez nenhum comentário, só passou o braço sobre minha barriga, me abraçando que nem um coala, mesmo com toda aquela altura.

Percebi que ele ainda estava com os óculos em seu rosto, os quais eu retirei cuidadosamente.

— Ei, assim eu não enxergo nada. — Reclamou com a voz mais grossa que o normal.

— Não é pra enxergar, é pra dormir.

Ignorando os resmungos, comecei a fazer carinho em seus cabelos. Eles sempre eram muito cheirosos e macios.

Eita, porra.

O que aconteceu aqui mesmo? O Chanyeol falou que gosta de mim também? O que?

Arregalei os olhos, sentindo um soco no estômago. Mas que merda. Como a ficha foi cair só agora?

Respirei fundo, disfarçando meu pseudo ataque de pelanca. Olhei rapidamente para Chanyeol, vendo que ele ainda estava com os olhos abertos.

Comecei a sentir uma sensação agridoce ao pensar na Soyeon. Eu não fazia ideia de que estava aguentando tudo aquilo sozinha. Do jeito que Chanyeol contou, ela ficou muito triste. Eu costumava pensar que suprimir meus sentimentos não causaria dor a ninguém além de mim, mas além de eu ser um péssimo ator, Soyeon gostava dele também.

Gostar…

Pisquei algumas vezes, sentindo Chanyeol remexer seus pés calmamente.

Certo que Soyeon contou à ele. Mas…

Escorreguei meu corpo até ficar nivelado ao de Chanyeol. Ele me olhou confuso, e deve ter ficado ainda mais quando o abracei bem forte e pus minha perna entre as suas.

— Ba—

— O que a Soyeon te disse é verdade. — Comecei a falar com a voz abafada, mas reuni coragem e o encarei. — Mas eu diria com outras palavras.

Chanyeol me fitou quieto, alternando o olhar entre minha boca e meus olhos.

— Então diga. — Sussurrou.

— Eu amo você.

Ele fechou os olhos por um momento. Segundos depois, entreabriu-os. Vi como flashes o momento em que Chanyeol aproximou seu rosto do meu, senti como brasa o momento em que seus lábios beijaram minha testa, depois minha bochecha, depois a ponta do meu nariz, depois o cantinho da minha boca.

— Eu acredito que a minha teoria sobre sermos almas gêmeas está correta. — Sussurrou contra meus lábios.

Deixei um ofego inaudível escapar.

— Nesse caso… — Deu uma risadinha. — Eu amo você também.

Uma euforia cresceu meu âmago, me inebriando de uma forma que nunca cogitei ser possível.

Ainda tive tempo de ver Chanyeol fechando os olhos, antes de fechar os meus.

Então, meus amigos, nos beijamos.

Isso tudo é uma loucura só, e ainda entrei num torpor gigantesco ao sentir a boca de Chanyeol, que era inacreditavelmente quente, na minha.

Nem dava para acreditar que o meu grande momento de glória, finalmente, havia chegado.

Sabe, nem foi aquele beijão, e ainda bem. Foi um encostar de bocas macio e quente, que acabou depois de uns segundos, só para ser seguido de muitos outros da mesma forma. Estalados.

Comecei a rir junto a Chanyeol. Ele mordeu a minha bochecha, e eu dei um soco no braço dele. Assim, desse jeito mesmo.

— Você não faz ideia do quanto eu já quis beijar a sua boca.

Não, não fui eu que disse.

— O que é isso agora, Chan? — Fiquei constrangido com a sua fala direta.

— É só a verdade. Sua boca é tão bonita, tão rosinha que—

— Ah! — Tapei os ouvidos, em pânico.

Pois é… Vai demorar até eu me acostumar com esse lance.

— Era pra você estar dormindo. — Constatei.

— Mas me diz, Baekkie, como é que dorme assim? — Sorriu bonitinho, pegando minha mão e pondo-a sobre seu peito. O coração dele estava acelerado, assim como o meu ficava.

Jesus Cristo.

— E-então e-eu, er… — Entrei em pane.

Foi difícil explicar a minha cara quase roxa para a mãe de Chanyeol, quando ela nos chamou para comer bolo. Aquele bolo abençoado.

Entre uma garfada e outra, senti uma mão grande e quente segurar a minha por baixo da mesa. Olhei para o lado e vi Chanyeol ainda conversando com seu pai, mas com um sorrisinho arteiro inconfundível.

Ah, foi tão difícil engolir com o meu coração na garganta…

[...]

— Quando eu cheguei em casa, tinha uns vinte convites de amizade no meu Facebook. — Sehun disse enquanto andávamos pelos corredores. — Eu me senti tão popular, sabe?

— Não mais que eu, claro. — Zitao rebateu. — As pessoas faziam fila para entrar na minha sala.

— Elas saíram de lá com muitas armaduras? — Sehun zombou.

— Era praticamente o stand da Idade Média, amigos. — Yifan completou.

— Uma inveja é uma inveja. — O chinês revirou os olhos. — Mas me diz, Baek, como você se sente por ter sido a atração da noite?

— Pra mim, a atração da noite foi a apresentação do Jongin com o Soo. — Dei de ombros. — Foi incrível. — Sorri para Jongin ao meu lado.

Ele ficou todo envergonhado. Gracinha.

— Sim, foi incrível, mas não pode negar que você e o Chanyeol roubaram os holofotes. — Yifan me cutucou.

— Inclusive, o Baekhyun estava gostoso pra caramba. — Sehun sorriu pra mim. Se tirassem o áudio da cena, ele passaria normalmente por um rapaz gentil.

Dei um tapa na cabeça dele. Jongin deu outro.

Sehun só apanha, mas ele merece.

Chegamos à mesa do refeitório, que estava ocupada pelo resto do grupo.

— Por que demoraram tanto? — Jongdae reclamou. — Já estou na metade do meu sanduíche.

— Deu uma diarreia no Sehun, a gente ficou lá segurando a mão dele. — Yifan falou enquanto se sentava.

— Desgraçado. — O mais novo retrucou no meio das risadas escandalosas.

Sorri com a bagunça, pondo a minha bandeja na mesa. O prato de hoje era fatia do bolo mágico da mãe de Chanyeol, que ela insistiu que eu levasse para casa. Comecei a comer quietamente, porém logo senti um corpo empurrar o meu lentamente.

— Ainda tá comendo esse bolo? — Chanyeol perguntou divertido.

— Se eu pudesse, comeria pra sempre. — Respondi com as bochechas estufadas.

Ele bagunçou meus cabelos, voltando a sentar-se corretamente.

Sentia um calorzinho gostoso no peito, tão intenso que estava chegando no meu rosto. Porém como um lapso, olhei ao redor procurando por Soyeon. Ela estava sentada ao lado de Jongdae, um pouco mais à minha direita. Como se percebesse que eu estava a fitando, nossos olhares se encontraram. Eu fiquei um pouco tenso, mas ela sorriu pra mim. Até se aproximou um pouco.

— A maquiagem durou?

Relaxei os ombros, que estavam tensos feito rocha.

— E se durou! Eu esqueci de tirar quando cheguei em casa, aí quando acordei… Já sabe, né.

Soyeon riu, balançando a cabeça.

— Eu ainda avisei que era pra tirar. — Pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Posso fazer sua maquiagem de novo para a festa do Jongdae, se quiser.

Pisquei confuso.

— Que festa?

— A festa dele, ué. — Riu. — Jongdae, fale da festa pro Baekhyun!

— Ah, sim! — Engoliu o resto do sanduíche. — Eu vou dar uma festa na sexta. Meus pais vão viajar e casa vai ficar inteira pra mim.

— Eu vou fritar tanto lá. — Sehun cruzou as pernas. — Quero chegar em casa e ter mais vinte convites no meu Facebook.

— Você vai, Baek? — Jongin me perguntou.

Ele deve saber da minha fama de caseiro, junto com Kyungsoo. Nós saíamos de casa para estudar e comer.

— Eu só vou se o Chanyeol for. — Respondi baixinho, apenas para Jongin escutar.

Riu da minha cara envergonhada.

— Chanyeol, você vai? — Perguntou alto.

Maldito Jongin. Ele era igualzinho ao Sehun, às vezes.

— Vou sim. Senão quem vai cuidar de vocês?

— O Chanyeol só vai nessas festas pra ficar rindo e cuidando da gente. — Sehun falou. — Pelo menos agora você tem o Baek.

Senti meu rosto queimar ainda mais. Eu não tinha falado sobre Chanyeol e eu para ninguém, nem para Kyungsoo. Não sentia que era hora de assumir coisas, na verdade.

Tinha coisa para ser assumida, aliás?

Chanyeol sorriu, piscando para mim.

Maldito.

— Hmmmmm. — Zitao se remexeu. — Hohoho.

— Que isso? Uma vaca? — Sehun implicou.

— Nada não. — Zitao sorriu ainda mais. — O dia hoje está bonito, não acham?

— Vendo a sua cara feia, acho que não.

— Um dia eu ainda vou te matar. — O chinês ameaçou. — Não posso nem mandar indiretas mais.

— Indiretas? — Chanyeol piscou confuso.

Soyeon negou com a cabeça, sorrindo, como se dissesse que ele não tinha jeito.

— Pois é, Zitao. — Jongin arregalou os olhos para o dito cujo, enquanto sorria forçadamente. — Vamos todos nos preparar para essa festa.

Terminamos de comer rapidamente, pois as aulas estavam para começar, e ainda nos atrasamos porque todos não paravam de falar dessa tal festa.

Será que consigo arrastar Kyungsoo para ir comigo?

Com essa ideia na cabeça, esperei as aulas terminarem para perguntar a ele, mesmo com o mínimo de esperança.

Sabem o que ele respondeu?

— Tá.

Se eu entendi? Não. Se eu contestei? Não também.

Eu ainda tinha que sentar para conversar com ele, então festa seria uma boa.

Não é isso que as pessoas fazem nas festas? Conversam?

Quando eu estava quase atravessando os portões para ir embora, logo depois de Kyungsoo ir embora com seus pais, vi Chanyeol encostado no muro, jogando alguma coisa no celular.

— Oi. — Cumprimentei.

Ele levantou o olhar, sorrindo e tirando os fones.

— Oi, bebê. Vamos pra casa?

Eu, que estava andando calmamente e inocentemente, parei os meus passos, antes que eu desse de testa no chão.

— O que eu falei sobre isso, Chan? — Cruzei os braços da maneira mais séria que consegui.

Mas as minhas bochechas não enganaram o Sebastian, nem o senhor Rilakkuma, e muito menos Chanyeol.

— Eu gosto de te chamar assim. — Deu de ombros. — … Príncipe, então?

— Não!

Que provação, companheiros.

— Amor?

A voz dele soou mais rouca, a palavra soando absurdamente como um flerte.

Chanyeol estava flertando comigo. Que universo paralelo é esse?

— Não!!!

Daqui a pouco eu explodiria. Chanyeol estava obviamente se divertindo muito.

— É tão engraçado te ver assim.

— Engraçado é o c—

Não completei a frase um pouco ofensiva, pois um par de lábios quentes me calou.

E me calou de novo, de novo, e de novo.

Meio nas nuvens, olhei para Chanyeol, que sorria satisfeito.

Mordi meu lábio inferior, voltando a andar com ele.

Em algum momento da nossa caminhada, ele pôs um lado do fone na minha orelha, com o player obviamente tocando The Beatles. Era All You Need Is Love.

Eu concordava plenamente com o nome da música. E, ah! Chanyeol havia me dado o lado do fone que captava só o instrumental. Ri quando percebi sua infantil vingança, mas sinceramente? Eu não podia me importar menos.

Não quando a cena de um tempo atrás se repetiu, porém agora um pouco diferente.

Daquela vez não andamos de mãos dadas, nem trocamos sorrisinhos cúmplices, e Chanyeol não me deu um beijo de tirar o fôlego quando ninguém estava vendo.

E eu também, desnorteado, não dei de cara no poste.

Tão feliz, tão feliz, até esqueci que...

Espera aí, quem era a segunda pessoa que contou a Chanyeol?


Notas Finais


HOHOHOHOHOHOHOHOOHOHOHOHOHOH
E aí, alguém acertou como o Chanyeol descobriu? Tem alguma aposta sobre quem mais foi fofocar?
Não esqueçam que o próximo já é o último :( to sentindo um aperto com antecedência, ai
Só digo que essa festa promete euheuheuheuhue
Qualquer coisa, me encontro no @baabiction
Até mais!


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