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História Chanyeol Pra Quê Te Quero - Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece


Escrita por: baabiction

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAALÔ
Ah, é por isso que eu não prometo dia de atualização, eu sei que vou atrasar q
Vocês me perdoam pelo quase um mês de demora? Hm? Hm? Ainda voltei no mesmo dia do comeback do EXO hehehehe foi intencional, eles que me disseram pra atualizar etc
Capítulo um pouco grandinho, e era pra ser maior! Mas eu resolvi dividir, porque eu achei que ia ficar muito corrido... Ou não, só queria fazer suspense mesmo hehehahahehhwuwh
(acho que eu comentei no twitter que tinha uma surpresa nesse capítulo??? tem mais um coraçãozinho batendo pelo baek, será que vocês adivinham? FAÇAM SUAS APOSTAS)
Olha, gente, eu estou tão feliz com o retorno que vocês estão dando pra essa fanfic. Tu é doido, mano. Quase 600 favoritos, os comentários cheios de amor E COBRANDO TRETA TAMBÉM, TO DE OLHO EM VOCÊS. Eu amo lê-los, dou muita risada aaaaaaaaaaaaaa eu fico toda çksajdsakld enfim. Logo, logo vou terminar de responder os do capítulo passado, ok? Só queria dizer que eu leio cada um com muito carinho, mesmo, mesmo. Até as pessoas que foram falar comigo no twitter, vocês são AS COISAS MAIS LINDAS DO MUNDO SOLTEI CADA BERRO. Obrigada ;;;;;;;;;;
TÁ BOM CHEGA DE ENROLAÇÃO PORQUE AINDA TEM MUITA PEDRA NESSE CAMINHO E NÃO ME MATEM
Boa leitura!

Capítulo 7 - Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece


Ah, foi muito difícil colocar a minha máscara de gente de boa com a vida naquela manhã. Bastou apenas o ''bom dia'' animado do meu pai na cozinha para eu perceber o quanto estava complicado sorrir verdadeiramente, ele até falou algo como ''Ô, filho, e esse sorriso falso aí? Parece que você tá desdentado.''. Pai, se você soubesse a fossa que eu enfrentei durante a madrugada… Com certeza nem me dirigia a palavra, só me passava a calda de chocolate pra eu derramar em cima das panquecas que a mamãe fez. Minhas últimas músicas tocadas no celular eram a discografia inteira do Evanescence, e olha que eu nem gosto dessa banda. Estava realmente complicado para o menino de ouro Baekhyun.

Tantas coisas passaram pela minha cabeça e a melhor delas foi desistir. Agora, meus filhos, desistir do quê? Eu nem mesmo comecei algo pra desistir, o que me deixava mais triste, porque eu não poderia nem ser aquelas meninas do Facebook que fazem textão falando o quão gratificante foi se arrepender de algo que fizeram, e não do que deixaram de fazer. Mas o negócio é que eu estava tão no fundo do poço, jogando cartinhas com a Samara até, que eu nem tinha fôlego e força pra mais nada.

Acordei sem ânimo, fui ao colégio quase me fundido no asfalto.

Eu estava me preocupando muito com Chanyeol ultimamente, mas romance não é tudo na vida, não é? Concordem comigo, estou sensível. Quer dizer, eu tinha tantos jogos para zerar, tantas bandas para conhecer e eu aqui me acabando por causa de um rapaz do pântano dos heterossexuais, enquanto deveria arrumar outro boy pra brilhar no meu querido cafofo, o mais legal, cheiroso e brilhoso, o famoso vale dos homossexuais. É, eu deveria fazer isso mesmo. Tomara que eu ache outra pessoa que tenha uma covinha mais bonita, que use óculos mais fofos e que tenha um sorriso gigante, maior que o do você-sabe-quem.

Isso mesmo, o Voldemort.

Despenquei minha cabeça no ombro de Kyungsoo, e esfreguei minha cara na manga de seu uniforme exageradamente, como uma gata no cio. Eu nunca tinha me sentindo tão frustrado na vida, e acho que o meu amigo percebeu isso, pois me olhou com os olhinhos atentos no meio da barulheira que era a aula de Artes antes do intervalo.

– Posso saber o porquê de você estar se comportando que nem uma gata no cio?

Fiquei em silêncio. Pensei se Soyeon e eu éramos muito diferentes, claro, excluindo o fato que ela tinha uma borboletinha e eu tinha uma minhoquinha. Por que será que Chanyeol se apaixonou por ela?

– Soo… Me responde uma coisa?

Kyungsoo revirou os olhos.

– Eu deveria te bater por responder a minha pergunta com outra, mas fala logo.

– Você me acha bonito?

Senti uma mão pequena empurrando minha cabeça bruscamente pela testa, nem tive tempo de murmurar um ''Ai, Soo!''.

– Que raios de pergunta é essa? É claro que eu não acho.

Ouch, essa doeu. Olhei chocado para a expressão séria dele, senti uma ardência característica no nariz e virei em direção a janela para disfarçar.

Acho que temos um Baekhyun de TPM aqui! Eita, porra.

– … Mas você, pelo menos, acha que eu sou uma pessoa legal?

– Horrível.

Outra pontada no peito. Eu sabia. Kyungsoo era sempre honesto, principalmente comigo, por isso eu senti o ar ficar rarefeito de repente e lágrimas rolarem pelas minhas bochechas, mesmo tentando controlá-las a qualquer custo.

Eu não era bonito, e nem legal, como é que eu ficaria com o Chany–

Meus pensamentos foram cortados pela voz de Kyungsoo.

– Era isso que você esperava que eu respondesse? – Perguntou um pouco alto, mesmo que mantivesse o seu característico tom de voz calmo, mas como eu não respondi com medo de denunciar a minha voz trêmula, Kyungsoo segurou meu rosto e virou para que eu olhasse pra ele, arregalando os olhos quando viu o meu rosto, provavelmente, vermelho e catarrento. – Puta que pariu, Baekhyun! – Exclamou num sussurro, me abraçando e deixando que eu escondesse o meu rosto em seu pescoço.

Eu me sentia extremamente envergonhado, apesar de não ser a primeira vez que Kyungsoo me via chorar. Na verdade, era o que ele mais via, mas sempre por motivos bobos, eu era um bobão com muitas lágrimas. Ah, dessa vez era diferente. Por quê? Hm, não sei.

– Desculpa, Kyungsoo, já passou. – Dei leves batidinhas em seu peito, contudo ele apenas voltou a segurar meu rosto, me olhando seriamente.

– Foi o que eu disse?

– N-não, é que…

– Baekhyun! – Parei de falar. – Você realmente acreditou no que eu falei?

Desviei o olhar.

– Você sempre diz a verdade sobre essas coisas, então eu me senti um pouco triste.

Kyungsoo suspirou profundamente, me olhando enquanto entortava a boca, fazendo um bico tipo ''Tu é burrão.''.

– Você, mais do que ninguém, deveria saber que o que eu falei era mentira. Você nunca levou a sério essas brincadeiras, nunca reagiu assim e eu não sei o que aconteceu, então me escuta bem agora. Eu te acho lindo pra caralho, é a pessoa mais bonita que eu conheço. – Apontou pra mim como se estivesse brigando comigo, o que era estranho porque ele havia acabado de me elogiar. – Tá prestando atenção? – Quase enfiou o dedo na minha cara, só assenti rapidamente, com medo de ele me bater por causa da agressividade que estava falando. – E se você não fosse no mínimo legal, eu não iria te seguir quando eu tinha fodidos nove anos, depois de apanhar tentando me defender daqueles ridículos. Pode apostar que se você não fosse legal, eu nem ia olhar pra você, ia ter vontade de te bater se tentasse se aproximar de mim, que nem eu tenho com certas pessoas. Aliás, uma dessas pessoas está olhando pra cá, então aproveita e fala pra parar de olhar senão eu vou mandar tomar ela naquele lugar!

Atordoado, procurei por quem Kyungsoo se referia, e vi Jongin assustado na terceira cadeira da frente, ele me perguntou baixinho se tava tudo bem e eu o acalmei com um sorriso e um aceno. Quem visse de fora tinha todos os motivos para pensar que eu tinha acabado de ser ameaçado por Kyungsoo, e que ele ia me pegar na saída, então nem imaginavam que eu havia ouvido as melhores palavras vindas dele. Não foram ditas da melhor maneira, porém agora eu me sentia inexplicavelmente feliz. Até dei um tchauzinho pra Samara.

– Agora me diz o motivo de você estar esse pesadelo encarnado hoje. E essas olheiras?

Só aí eu percebi que eu deveria desabafar com alguém, e a melhor pessoa estava na minha frente, o meu melhor amigo. E foi que eu fiz. Contei tudo, desde o começo das trocas de mensagem com o Chanyeol, até o abraço desastroso da noite passada.

Kyungsoo me ouviu calmamente, às vezes franzindo as sobrancelhas grossas, chegando até fechar os olhos. Eu tinha medo de descobrir no que ele estava pensando, o Soo é muito imprevisível, sabe. Vocês se cagariam de medo dele.

– Então quer dizer que essa crise toda há alguns minutos foi porque você estava se comparando com a namoradinha do traste do Park? – Foi a primeira coisa que ele falou depois de eu terminar a narrativa cheia de risadinhas nervosas e coçadinhas na nuca.

– Er… Basicamente? E não chama ele assim, poxa.

– Se ele age mesmo como você contou, então ele é um traste da pior marca. Agora sim eu posso alimentar a vontade que eu tenho de jogar todo aquele grupinho pela janela. – Disse calmo. Sangue de Jesus te repreenda, Kyungsoo!

– Mas eu não acho que ele esteja brincando comigo, Soo… Só você convivendo com ele pra entender, é difícil explicar.

– Ah, que pena, isso significa que eu vou chamá-lo de traste por um bom tempo. – Sorriu largamente, me fazendo sorrir também, mas logo ele voltou à expressão séria. – Porque só de pensar em falar com o Chanyeol ou qualquer outro, eu já sinto um refluxo. Credo.

Kyungsoo não tinha jeito mesmo. Vendo Jongin rir de alguma piada de Sehun, lembrei de perguntar ao Kyungsoo a dúvida de todos os mortais.

– Soo, por que você não gosta do Jongin?

– Hm? Resumidamente, eu não gosto de ninguém até que me provem o contrário. – Disse simplesmente. – E ele é muito chato me olhando e tentando falar comigo toda hora.

– Vai ver o Jongin só quer ser seu amigo, ué. Você deveria se abrir mais e tal. – Ri malicioso. – Entendeu? Ficar aberto.

Resultado? Fiquei com o braço ardido e a marca dos cinco dedos dele na minha pele. Ah, mas foi engraçado, não foi?

Quando Sehun veio me chamar pra lanchar com o pessoal, eu pensei uma, duas, três vezes antes de dar uma resposta. Por um lado, eu não queria encarar o Chanyeol tão cedo depois do, puta que pariu, beijo que eu dei no pescoço dele. O que eu tinha na cabeça? Cocô? Eu nem queria pensar no que ele estava achando de mim naquele momento. Por outro lado, o lado trouxa e apaixonado, eu estava morrendo de vontade de ficar perto dele de novo. Isso me machucava, ver Chanyeol com outra pessoa me machucava, mas, ao mesmo tempo, a felicidade que ele me proporcionava, mesmo sem intenção, era enorme. É tipo aquele lance de Pharmakon, sabe, que é remédio e veneno ao mesmo tempo.

Chanyeol era o meu Pharmakon.

A minha decisão veio depois de Kyungsoo me expulsar dizendo que queria juntar as duas cadeiras e fazer uma cama improvisada no curto tempo do intervalo. É, mas eu sabia que ele queria era fazer Sehun sair de perto, pois o menino ficou enchendo o saco dizendo que não sairia dali até eu acompanhá-lo até a mesa do refeitório.

Antes de eu levantar, Kyungsoo me puxou pela mão e sussurrou no meu ouvido ''Se você vier chorando de novo pro meu lado, eu meto a porrada em você e no Chanyeol e em quem interferir.''. Me arrepiei todo. Com Do Kyungsoo não se brinca.

Tentei sentar o mais longe possível do Pharmakon, me enfiando entre Jongin e Zitao. Cumprimentei quase todos na mesa, porque, ah, eu nunca pensei que eu fosse dizer isso um dia, mas eu ignorei Chanyeol. Situações desesperadoras requerem medidas desesperadas, ou só idiotas mesmo. Eu não possuía o manual da vida, acho que a mamãe esqueceu de me dar quando me pariu, caramba, seria tudo tão mais fácil…

– Não olha agora, Sehun, mas o Luhan tá quase arrancando a sua cabeça com o olhar. – Jongdae comentou casualmente, muito ocupado tentando tirar as rodelas de tomate de sua pizza.

Sehun nem se incomodou de confirmar, apenas balançou a cabeça, massageando as têmporas.

– Porra, tem gente sem sorte, gente que jogou pedra na cruz e tem o Sehun que namorou o Luhan. – Yifan falou com aquela voz grossa, o que me fez soltar uma risadinha. – Como foi que os seus amigões deixaram você fazer essa merda?

– Eu tentei avisar que era furada, que o Luhan só tem aquela cara de sonsa. – Chanyeol retrucou, e eu tomei cuidado em não olhar em sua direção.

– O que exatamente você disse que eu não lembro?! – Sehun arregalou os olhos exageradamente.

– Na primeira vez que você saiu com ele, lembra? Eu falei ''Sehun, tenha higiene'', mas você nem me escutou.

– Foi isso que você quis dizer? E eu pensei que era porque eu estava fedendo, até roubei aquele desodorante caro do Zitao pra eu passar. Caramba, Chanyeol, você vacilou comigo.

– Então foi você?! – Zitao se levantou da cadeira com tudo, batendo o punho contra a mesa tão forte que até o meu toddynho pulou um pouco.

– Já faz tempo, supera. E não faça cena agora, tá todo mundo olhando, seu histérico. – Sehun abanou as mãos. O chinês ficou vermelho até a ponta da orelha, mas voltou para o seu lugar bufando. Adoro amizades carinhosas. – Mas eu fiquei sabendo que o Luhan virou crente, pensei que ele já tinha até me esquecido.

– Ele aceitou Jesus, só não sei se Jesus aceitou ele. – Yifan deu uma mordida no seu pão recheado com patê de frango, prosseguindo com a boca cheia. Vi Jongin torcer o nariz ao meu lado. – Mas Luhan era doido mesmo, fez bem em dar no pé, Sehun.

– Sehun meteu tanto chifre nele, que eu tinha medo do Luhan sair na rua e a galhada enroscar nos fios elétricos, ia acabar com a energia de Seul toda. – Chanyeol falou, e eu tentei, ih, eu tentei bastante, porém não pude evitar a risada que quase me fez cair pra trás. Foi tão idiota, mas fazia bem a cara dele. Me recompus lançando uma olhadela pra ele, e qual não foi a minha surpresa quando o peguei me olhando com o queixo apoiado na mão, piscando rapidamente pra mim. Disfarcei ao máximo, pigarreando e voltando a prestar atenção ao emburrado Sehun que dizia para pararmos de comentar os erros do passado.

– Você tem os seus erros do passado e eu aqui me preocupando com os meus do futuro. – Zitao falou num suspiro cansado. – Minha mãe quer que eu arranje um emprego.

– Misericórdia, Tao trabalhando? Coitados dos clientes. – Jongdae disse.

– Ah, amigo, o maior problema nem é esse. Eu quero saber o que eu vou pôr no meu currículo? Não tem nada lá, eu até fiz catecismo no desespero por uma formação, mas depois descobri que não podia colocar. Eu fiquei muito triste.

– Ainda bem que a minha família não tá pilhada em arranjar trabalho pra mim, o único foco deles é o vestibular, já que a gente já está no terceiro ano. – Yifan deitou a cabeça na mesa. – Mas do jeito que eu estou, acho que vou capinar muitos lotes ainda. Minha única saída era me empenhar e virar evangélico que nem o Luhan, mas não deu certo porque eu fiquei entediado e acabei rasgando sem querer a folha da missa da menina que sentava do meu lado.

– Eu fico pensando se até o ano que vem eu mudo a minha opção de curso, porque no momento eu quero nutrição, mas eu como que nem um boi. E só coisa que não presta e gordurosa, odeio mato. – Resolvi compartilhar minha tristeza sobre a vida acadêmica. – Eu vou ser um péssimo nutricionista, vou virar amigo dos pacientes pra eles quererem voltar no meu consultório. – Jongin me estapeou um pouco forte demais enquanto ria. Era uma mania sua que eu achava muito engraçada, porém agora que senti a porrada, hm, talvez não ache tanto. Segurei seus ombros, tentando fazer uma cara séria. – Jongin, cada um usa a arma que tem. Se nada der certo e eu ficar mal falado, compro várias perucas e a cada semana viro uma pessoa diferente. Pense nisso.

A mesa virou uma bagunça de risadas altas e escandalosas. Me certifiquei de me afastar um pouco de Jongin antes que eu perdesse algum membro pelo seu tapa poderoso. Eu ainda limpava as lágrimas quando senti alguém me cutucar por trás. Virei meu corpo e encontrei Eunjung sorrindo pra mim.

Pensando bem, eu nunca mais tinha a visto andando com o grupo, apenas via ela e Soyeon sozinhas pelos corredores. Não que eu quisesse manter contato com Eunjung, longe de mim, apenas achei estranho seu sumiço.

– Oi, Eunjung. – Cumprimentei simpático. A gente tem que se passar às vezes em prol de uma boa convivência, lembrem que eu ensinei isso pra vocês.

– Olá, Baekhyun. – Trocou o peso nos pés. – Desculpa atrapalhar, mas eu queria falar com você. Pode me acompanhar? – Fez um sinal com o polegar para um lugar mais afastado.

Ai, não posso não. O que você quer comigo, Satanás?

Todos prestavam atenção na gente, então tentei dar a resposta da melhor forma, sem delatar o tiquinho de medo que eu começava a sentir.

– Posso sim.

A acompanhei até os corredores quase vazios por causa do intervalo, estranhando sua atitude que se tornara, bom, estranha. Ela andava à minha frente e passos duros. Eu não estava entendendo nada.

Finalmente ela parou numa parte deserta da escola, que ficava perto do almoxarifado. Virgem Maria, se ela quisesse me espancar até a morte, aquele lugar era perfeito. Engoli em seco, enxugando as mãos suadas na calça jeans.

– Então, Baekhyun… – Começou. – Eu sinceramente não sei de que jeito eu falo pra você tudo que está engatado aqui. – Gesticulava, porém eu não via muita coisa, pois ela ainda estava virada de costas. – Talvez eu comece dizendo que eu sei do seu segredinho?

Gelei que nem a Elsa. O meu suor se transformou em gelo. Meu cu trancou.

Não… Por favor, tudo menos isso…

Eunjung riu.

– Eu sem querer ouvi uma conversa do Jongin e do Sehun, eles falavam sobre como você gostava de verdade do Chanyeol, que era lindo de se ver e várias outras coisas absurdas e nojentas. – Sua voz saía com tanto asco que eu me senti terrivelmente mal. – Pensar que todas aquelas piadas da turma se tornariam verdades. Eu ouvia as pessoas dizerem que você gostava dele, mas sempre levei na brincadeira, porque elas levavam também. Então, eu descubro que é verdade. Você é uma bichinha. – Riu sem humor.

Eu estava paralisado no mesmo lugar, nem sentia a minha respiração. Meu coração bombeava sangue desesperadamente e eu sentia a minha língua pesada. Diversos tremores apareciam desde os meus braços até a ponta dos pés, eu nunca tinha me sentido tão desesperado, porque, agora, a pior pessoa descobriu o que eu tanto temia. Eunjung de repente virou, e, abismado, vi que ela chorava.

– Por quê, Baekhyun? Por que você, logo você, tem que ser assim? De tantas outras pessoas. – Espalmou a mão na parede, posteriormente fechando o punho. – Me diga o porquê, vamos! Me diga!

Abaixei a cabeça. E esse foi o meu primeiro erro.

– Não existe razões para uma pessoa se apaixonar pela outra, ela apenas… Se apaixona. – Disse num fio de voz.

– Besteira! Isso é imoral, é errado! – Avançou, cravando as unhas compridas na pele do meu braço. – Você me decepcionou, merda.

– E por que você tá se importando tanto com isso?! O que isso vai mudar na sua vida? O que o fato de eu estar apaixonado pelo Chanyeol tem relevância pra você? Isso apenas diz respeito a mim e-

– Eu gosto de você, seu merdinha! – Gritou e eu me calei, assustado. – Eu sempre gostei! Você nunca percebeu, você nunca me notou, só ficava com aquele estranho do Kyungsoo e olhando pro nada. Agora eu sei que esse ''nada'' tinha nome. – Soltou meu braço. – Era o Park.

Me afastei, segurando o braço que suas unhas haviam machucado. Como assim aquela bruxa gostava de mim? Nem nos meus piores pesadelos eu imaginava que uma coisa dessas era possível de acontecer.

Porém, o que me deixava estranho era a mágoa que ela parecia nutrir. Talvez ela estivesse sendo sincera, por isso não pude evitar de me sentir mal.

– Eunjung, eu não sei o porquê de você sentir tanta raiva dos homossexuais, mas, por favor, eu imploro, não conta pra ninguém. – Odiava ter que me rebaixar, no momento, o meu medo era maior que o meu orgulho. Ou existia justamente pra preservá-lo.

Ela me olhou com a sobrancelha erguida e com um sorriso de canto.

– E por qual motivo eu faria o que me pede? Acabou com qualquer resquício de simpatia que eu sentia por você. Eu só fico pensando no pobre Chanyeol que nem imagina que o amiguinho dele tem pensamentos nada inocentes… Não me diga que quer acabar com o relacionamento da minha amiga? Oh. – Fingiu surpresa. – Você queria estar no lugar dela, não é? Acorda, Baekhyun. Chanyeol é completamente louco pela Soyeon, ele nunca olhará pra você. Ele não é um viadinho, sabe? – Passou por mim, pronta para ir embora, porém, antes, parou ao meu lado. – Toma cuidado, eu não sou exatamente uma pessoa que sabe guardar segredos… Talvez eu até aumente um pouco as coisas.

E foi embora. Me deixando com a vontade de me jogar no chão de raiva, talvez cortar os cabelos ressecados dela pra usar como espanador. Eu estava na corda bamba, eu nem sabia se o que tremia mais eram minhas pernas ou a corda.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Eunjung estava errada em uma coisa: Eu não queria ser Soyeon, eu não queria receber o amor de Chanyeol sabendo que não era destinado a mim.

Chutando pedras invisíveis no chão, eu me perguntei mais uma vez se um dia eu teria meus dias de glória, porque de tristeza eu já estava farto.

 

Nem tive vontade de voltar pra mesa, acabei indo ao refeitório, com medo de notarem minhas pernas tremendo mais que máquina de lavar roupa e ter que dar explicações pela minha palidez.

Por algum motivo, sentei ao lado de Yixing no banco largo, que escrevia algo em seu caderno, distraído. Eu gostava bastante dele, apesar de não sermos tão próximos. Era o tipo de pessoa que não incomoda ninguém, sempre gentil e prestativo, apesar de ter sua personalidade avoada, o que arrancava risos de quem prestava atenção nos trejeitos dele.

Em algum momento, ele tirou os olhos do caderno e me notou. Prestou atenção em mim por alguns segundos, antes de pegar a caneta e batucar levemente nas folhas.

– Dia difícil? – Perguntou suavemente.

Será que a minha cara de noiva cadáver estava tão evidente assim?

– Dia difícil. – Confirmei, sem rodeios. Eu não estava no clima pra manter aquelas conversas onde a pessoa pergunta se tá tudo bem e você, com a casa pegando fogo, diz que tá tudo ótimo. Ah, não mesmo. Tô malzão, galera, de verdade.

– Entendo… – Pausou por um instante. – Quer falar sobre isso?

– Obrigado, Yixing, mas eu prefiro pensar um pouco. – Franzi as sobrancelhas. – As pessoas disseram muitas coisas estranhas pra mim hoje.

– Estão fazendo bullying com você, Baekhyun? – Yixing deu um pulo de repente, o que me pular também, só que de susto.

Depois que entendi sua preocupação, segurei uma risada. Me surpreendi por um instante, pois o que Eunjung havia falado para mim podia sim ser considerado bullying, mas o jeito que Yixing falou me fez achar graça.

– Não, não estão. – Assegurei.

O rapaz sentou novamente com a mão no peito, dizendo pra eu não o assustar assim novamente. Ele era realmente uma graça.

– Mas, Baekhyun, se não estão implicando com você, então por que o Chanyeol está vindo pra cá com aquela cara? – Perguntou confuso. – Ele vai te bater?

Segui seu olhar, e, para o meu completo espanto (e um pouco de cagaço, sim, confesso) vi Chanyeol com um olhar indecifrável vindo em nossa direção.

Cadê meu terço?

Era compreensível o estranhamento, porque não era sempre que víamos Chanyeol com uma expressão fechada, visto que ele sempre estava andando com um sorriso bobo pelos cantos, o que lhe deixava com uma impressão de ser bem acessível e amigável. Acho que era esse o segredo de ter tanta gente que gostava bastante de Chanyeol, inclusive eu. Principalmente eu.

Quando ele chegou onde estávamos, se ajoelhou para que ficasse na minha altura sentado e eu pensei que o meu dedo poderia atravessar a madeira grossa do banco do tanto que eu a apertei. Seria engraçado, eu queria ter superpoderes que se manifestassem em situações inusitadas, como um personagem de Boku No Hero.

Socorro, eu estou tão nervoso que os meus pensamentos estão se embaralhando. Será que ele ia me pedir em casamento?

– Por que você não voltou pra mesa? Fiquei te esperando. – Arqueou as sobrancelhas, ele parecia chateado.

Era a primeira vez que nos falávamos desde o meu vacilo debaixo daquele poste, meu constrangimento era tão nítido que a minha mente chegava a projetar a maciez do pescoço dele contra os meus lábios e-

Seria Byun Baekhyun o garoto mais burro da Coreia?

Yixing ainda estava ao meu lado, havia voltado a batucar a caneta, mas eu sentia que ele estava prestando atenção.

– Ah, eu vim aqui pra comprar pizza, mas a moça da cantina já tinha vendido tudo, fiquei tão triste que tive que me sentar.

E é isso. Byun Baekhyun, além de ser burrão, ainda não conseguia inventar desculpas. Acho que estava relacionado, sabe? Nem nos meus pensamentos eu pareço inteligente, imagina falando.

Chanyeol pareceu ponderar, mas assentiu. Pensando bem, aquilo era bem a minha cara. Eu nunca tinha sentindo a tristeza de perder a pizza do dia, porque eu já era profissional em chegar primeiro na fila, mas eu imagino que eu ficaria devastado desse jeito mesmo.

Acho que não sou um caso tão perdido, afinal.

Pensei que estava tudo bem, porque eu queria que estivesse tudo bem, contudo eis que eu sinto uma mão enorme e quente pousar na minha bochecha esquerda.

– Você está pálido, Baekhyun, aconteceu alguma coisa? – Chanyeol perguntou baixinho.

Eu me sentia engraçado, porque parecia que eu não tinha nenhum membro mais, era só a minha cabeça e bochecha. Será que ele também queria ser um personagem de Boku No Hero? Será que ele consegue cortar a conexão do cérebro das pessoas com o resto do corpo?

Suspirei, pegando sua mão e tirando de meu rosto discretamente. Eu já ia largá-la, porém Chanyeol entrelaçou seus dedos longos nos meus.

Ele sempre faz essas coisas, me deixando mais no cocô do que antes, já perceberam?

Sem opções, descansei nossas mãos juntas em cima da minha coxa.

– Não aconteceu nada, Chan. – Sorri. – Acho que foi só a decepção de não comer pizza hoje, mas logo passa. Vida que segue.

Chanyeol se inclinou, ficando cara a cara comigo. Seus olhos me examinavam como uma, risos, leoparda.

Oi, Sehun e Jongin!

É claro que eu fiquei vesgo com sua aproximação, batendo minha cabeça mentalmente naquela parede de Deus, me perguntando como Chanyeol tinha um nariz tão lindo e olhos tão grandes de perto.

Se eu pudesse me aproximar mais… Só um pouquinho…

Eu só fui perceber que eu realmente estava me inclinando, quando senti meus olhos doerem pela vesguisse.

Se comporta, Baekhyun, pelo amor de Deus. Não deixe seus esforços para ser o melhor jogador na famosa friendzone serem em vão.

– Você está mentindo. – Deu duas batidinhas na ponta do meu nariz com o dedo indicador.

Claro que estou.

Disfarçando como pude o rubor que tomara meu rosto por completo, tapei seus olhos com a minha mão livre e disse, tentando soar descontraído:

– Para de me olhar assim! Você é assustador. – Separei brevemente seus dedos para abrir uma brecha para seus olhos, porém fechei de novo rapidamente, após ter o vislumbre de seus olhinhos semicerrados pelas bochechas espremidas, o olho direito apresentando ruguinhas adoráveis. É, é melhor deixar tapado mesmo.

Chanyeol abriu um sorriso largo, quase me fazendo perder as estribeiras com os seus dentes alinhadinhos. Meu coração deu um solavanco.

– Então deixa eu te perguntar, assustadinho – Debochou. – Quer passar o fim de semana na minha casa?

Sabe aqueles alertas de perigo que toda cidade tem? Como se fosse toque de recolher, um ''uéééeééééééééun'' ensurdecedor. Quem já assistiu Silent Hill sabe. Pois é, foi isso que soou no meu velho amigo cérebro, que por essas horas nem funcionava mais.

É impressão minha ou um letreiro luminoso em comic sans dizendo ''Perigo!'' caiu sobre a cabeça de Chanyeol?

Acho que sim.

– D-dormir na sua casa?

Só faltava ele dizer: ''Não! Eu durmo dentro da casa e você pode ficar, hm, na calçada.''

Minha gente, preferia isso.

– Sim. – Falou com a minha mão ainda tapando seus olhos. – Podemos assistir séries, vou comprar um monte de besteira pra gente comer.

Meu Jesus iluminado, esse era o convite que eu esperei a minha vida toda. Eu queria muito, muito ir, mas por que eu sentia que era um passo grande demais pra mim? Como se fosse umas das últimas fases de um jogo que eu acabei de começar?

– Não. – A palavra escapou.

Chanyeol desmanchou o sorriso.

– Por quê?

Porque é assim que está na Bíblia.

''Recusareis os pedidos de passares madrugadas nas casas dos rapazes que tu gostas, pois eles possuem namoradas. Beijos e até as próximas vidas.''

Não?

Não sei na de vocês, mas na minha tá escrito.

– Porque, sei lá, Chanyeol, eu só fui lá uma vez e… E… Eu tenho vergonha. – E talvez medo do corredor da sua casa, porém não vem ao caso.

Ele fez um ''pfff'' com os lábios.

– Vergonha do quê, garoto? Não somos amigos?

– Não. – Falei em tom travesso.

– Hm? Tá muito escuro aqui, não consigo te escutar.

Ri, ainda nervoso, finalmente libertando sua visão.

– Se eu não aceitar, você vai ficar me enchendo a paciência?

– Pode apostar. – Chanyeol cruzou os braços.

– Então você vai ter que comprar muita comida, porque eu vou comer tudo e não vou deixar nada pra você. – Avisei logo, comigo é assim.

– Quer dizer que você vai?

– Vou só por causa da comida.

Nossa, que mentira.

– E por mim?

Desviei o olhar. Eu estava quase pegando a caneta do Yixing e enfiando no meu coração pra ele, pelo menos, dar uma trégua toda vez que Chanyeol está perto de mim ou fala essas coisas.

– Ah, você estará lá também? – Brinquei arqueando as sobrancelhas, olhando pra baixo enquanto fingia ajeitar a manga do meu moletom.

– Ei! – Empurrou minhas pernas, se levantando. – Vou reconsiderar esse convite, você não está merecendo. – Fez bico.

Murmurei um ''uhum'' sem dar importância, mas rindo por dentro. Chanyeol disse que estava marcado e que não era pra eu dar furo, se despedindo depois.

Mal ele sabia que o único furo que eu queria dar era nos meus olhos pra não ter que ver mais os arrepios que subiram pelo meu corpo quando me imaginei dormindo no mesmo local que ele.

– Vocês se gostam muito? – A voz de Yixing me tirou de meus pensamentos.

Primeiro processei, fiquei surpreso, depois me acalmei e finalmente comecei a rir. Eu ri porque Yixing era muito engraçado, mesmo sem ter a intenção, ele falou tão inocentemente que eu até relevei a pergunta sem sentido.

– Ele é meu amigo.

– Vocês ficam bem juntos. – Sorriu.

Fiquei calado, mais porque não tinha nada pra falar.

– Acho que quem vê de fora percebe. – Me lançou um último sorriso amável antes de ir embora.

Eu não queria me agarrar a essas palavras, mas a verdade era que elas me fizeram bem feliz.

Tão feliz que até tinha esquecido Eunjung e todas as suas ameaças.

 

A semana passou devagar, devagar. Estava quase parando, na verdade. Era isso, ou eu que estava roendo minhas unhas e a quina dos móveis de casa de tanta ansiedade.

E também passou sem mais incidentes. Eu ainda não havia parado e tocado no assunto sobre a descoberta de Eunjung com Sehun e Jongin, eu tinha certeza que eles não fizeram por mal, mas eu queria falar pra eles serem mais cuidadosos daqui pra frente. Eu digo isso, né, e pensar que a pior pessoa nessa história (fora Soyeon e Chanyeol, claro) descobriu e ainda me ameaçava em contar tudo. Todo dia eu chegava na escola com o furico na mão com medo de me deparar com cartazes cheios de purpurina espalhados dizendo que além de eu ser o mais burro da Coreia, eu era o mais gay da Coreia.

Quando o sábado chegou, eu passei o dia todo jogando Outcast, tentando me distrair e não acabar com o resto de unha que eu ainda tinha. Havíamos marcado às 18h, então eu tinha bastante tempo pra me recompor e repetir milhares de vezes pra eu mesmo não estragar tudo. Era só uma noite de meninos, na broderagem, ok? Ok. Aliás, eu tinha perguntado pra ele se mais alguém iria, que nem da última vez que eu imaginei grandes cenários no parque só nós dois, mas acabou que foi a trupe toda. Só não reclamo mais porque foi muuito legal.

Estava arrumando minha mochila quando minha mãe abriu a porta e se escorou no batente da porta. Nem me importei, só esperei que ela viesse me falar alguma fofoca, pois já havia avisado que ia à casa de Chanyeol e ficaria por lá durante o fim de semana. Foi até estranho ela aceitar logo de primeira, sem me fazer novos questionamentos, e nem a famosa carinha de ''Nossa, meu filho vai transar muito, uhuul'', sendo que ela vivia fazendo piadinhas sobre mim e Chanyeol, como se possuíssemos um relacionamento avassalador. Se eu queria viver na imaginação da mamãe? Aham.

Após alguns segundos demorados, ela continuava em silêncio e eu comecei a ficar com medo da encarada sem sentido. Deus me livre, encapetada. Quando ela viu que eu não estava entendendo sua atitude, deu um sorrisinho.

– Filho, – Começou, dando uns passos para dentro do quarto, ainda com aquela cara de louca. – Você não vai sair daqui se o Chanyeol não pedir permissão pra mim.

O quê?

– Mas eu já tinha pedido permissão, mulher! A senhora disse que deixava, não lembra? – Arregalei os olhos com a possibilidade que passou pela minha cabeça. – A senhora estava chapada?

– Não, moleque! Me respeita! – Me deu um tapa dolorido na cabeça, logo depois cruzando os braços. – Você me pediu permissão, mas eu quero que ele fale comigo também.

Era só o que me faltava! Eu sabia que tinha sido muito fácil. Nada vem fácil na vida, meus amigos. Bom, pelo menos as coisas boas eu tenho certeza que não vêm. Principalmente pra mim, o fodidinho camarada.

Sob o olhar inquisidor da mulher que se dizia ser minha mãe, não tive opções a não ser pegar meu celular e abrir minha lista de contatos. O número de Chanyeol estava salvo como ''Chan'' apenas, mas vontade de encher de viadagens e coraçõezinhos etc, eu confesso que não faltava, mas eu pensava na minha segurança e prevenia que ninguém mais visse o meu lado meio afetado.

Meio tipo muito.

A chamada deu um, dois, três, quatro, cinco toques, e eu só ficava lá porque era o Chanyeol, mesmo. Se fosse outra pessoa, se não atendesse no terceiro, eu desligava.

O celular deu um chiado e ficou mudo, pensei que havia caído a ligação, porém logo ouvi aquela voz maravilhosa.

– Alô?

Foi aí que eu me toquei que eu nunca tinha escutado a voz dele no celular, porque ainda não tinha me ligado e, haha, muito menos eu. Vocês sabem o porquê.

– Chanyeol?

– Oi, Baek! – O celular chiou de novo e ouvi um barulho de coisas caindo, seguido de uns murmúrios, acho que ele reclamava sobre algo. – Desculpa, eu acabei de tropeçar em umas roupas caídas aqui, estou arrumando o quarto pra mais tarde, tava uma bagunça. Enfim, algum problema?

O problema era o arrepio que subiu na minha espinha com aquela voz rouquinha, parei até de respirar pra ouvir melhor. Como seria falar com ele no telefone de madrugada, conversando, falando besteiras, até que um de nós dois caísse no sono, ou os dois?

Vocês devem estar me criticando ''Ah, como esse Baekhyun é Alice.''. Sou mesmo, amadas, pelo menos minhas ilusões ninguém tira de mim.

Me apressei em dizer alguma coisa, percebendo que tinha ficado um tempo considerável calado e a minha mãe estava me olhando ainda mais estranho.

– É que… Bom, a mamãe quer falar com você. – Falei num fôlego só, morrendo de vergonha e julgando aquela mulher achando graça me vendo constrangido daquele jeito. Ainda dizia que me amava. Tsc.

– Ela quer? – Perguntou surpreso.

– Sim. Posso passar pra ela?

– Pode sim… – Deu uma risadinha que fez meu rosto pegar fogo.

Um dia vai ter volta, mãe.

Antes de estender o aparelho, pus a chamada no viva voz, eu queria ouvir tudinho.

Ela pegou prontamente.

– Olá, Chanyeol.

Eu só observava quietinho sentado na cama.

– Oi, senhora Byun! – Chanyeol soou animado do outro lado, eu só tive uma levíssima impressão de ouvir um vacilo em sua voz.

Minha mãe fez um ''o'' com a boca, tapou a entrada de som do celular e sussurrou pra mim: ''A voz dele é um arraso!''. Afundei minhas mãos na cara.

– Ouvi que o meu filho vai dormir na sua casa.

– Oh, sim, sim. Eu convidei o Baek para vir aqui, há algum problema? – Ao ouvir o apelido, minha mãe me olhou de canto de olho. Onde já se viu? Apelidos eram normais, não é? Eu chamava o Kyungsoo de Soo, e ele me chamava de praga e derivados. Completamente normal.

– Problema algum! Apenas queria conhecê-lo, nem que seja por telefone, pois nunca o vi aqui, apesar de o Baekhyun falar bastante de você.

Gritei um ''MÃE'' contido, se é que é possível gritar baixo, saindo um som rouco da minha garganta. Eu estava acabado, pessoal, acabado. Foi bom compartilhar minha história com vocês.

– Ele fala? – Chanyeol perguntou, após um tempinho.

– Muito. – Fiz uma cara de choro que finalmente pareceu comover aquela bruxa Keka, que logo depois emendou. – Ah, ele está morrendo de vergonha aqui, então vou parar. Só quero saber se vocês vão ficar aí mesmo e não vão sair pra festa, hein.

– Claro que não, senhora Byun, eu nem gosto de festa para ser sincero.

– Que bom, fico mais tranquila. Bem, era só isso mesmo, cuida bem do meu filhinho e não deixa a geladeira a mercê dele senão vai acabar com o estoque!

Levantei com tudo a fim de pegar aquela merda de volta e salvar um pouco de dignidade que eu ainda tinha.

Consegui pegar, não antes de escutar sua resposta.

– Pode deixar que eu vou cuidar direitinho dele. – Riu. – E não se preocupe sobre a geladeira, se for pra ele ficar bem, sempre vou deixar tudo disponível pro Baek.

Mamãe encolheu os lábios, indo embora depois de se despedir dele, alegando que Chanyeol provavelmente cuidava mais de mim do que ela própria.

Tinha um fundinho de verdade.

– Chanyeol, ignore tudo que ela disse, eu não sou tão guloso assim!

– Olha que eu quero acreditar, hein, mas só a visão de você comprando todas as fatias de pizza disponíveis na cantina e ainda mostrar a língua pra menina atrás de você que reclamou, acho meio difícil.

– Você anda me espionando, Park Chanyeol?

– Algo assim. – Um barulho de mais coisas caindo soou novamente. – Opa, derrubei tudo agora. Deixa eu continuar com a faxina. Nos vemos mais tarde?

– Nos vemos mais tarde.

– Até mais, Baek.

Desliguei, ainda observando a foto de contato.

Peguei a minha mochila do rilakkuma, que era a única que eu tinha e por isso havia tirado todo o material da escola, e coloquei lá o meu lençolzinho do Batman que eu tinha desde os oito anos. Era o meu lençolzinho da sorte.

E de sorte, brother, eu precisava.


Notas Finais


E AÍ? AHAHAHAHAHHAHAHAHA
Como eu já tinha dito antes, Chanyeol Pra Quê Te Quero só possuía a base dos personagens pronta, e algumas cenas que eu queria colocar numa fanfic, agora o resto eu invento tudo na hora, por isso eu tenho medo de cagar tudo q
Espero que eu continue tendo ideias boas e UM POUCO LOUCAS TIPO ESSA DO CAPÍTULO, menina do céu, Eunjung! Tá complicado, complicado.
Coitado do Baek.
Agora que a coisa vai esquentar, apertem os seus cintos lalalala eeheuheu já tava na hora, não é?
Dessa vez eu vou tentaaaarr não demorar tanto, eu já tenho quase todo capítulo pronto... na minha cabeça. Já é meio caminho andado, ué.
Obrigada mais uma vez, e vejo vocês no próximo!
Dúvidas, surtos, xingamentos, cobranças, curiosidades? Estou de portas abertas no @baekayaro <3


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