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História Chanyeol Pra Quê Te Quero - Não olhe para trás, senão vai cair de cara no chão


Escrita por: baabiction

Notas do Autor


Alô? É a Babi... Babi, minha filha, a autora... Pode trazer o capítulo novo!
Tem alguém aqui ainda? q

Capítulo 9 - Não olhe para trás, senão vai cair de cara no chão


É claro que eu não consegui mais dormir. Meu sono se dissipou completamente, e por mais que eu me encontrasse relaxado sentindo a barriga de Chanyeol subir e descer por conta de respiração calma, eu não sentia mais vontade de fechar os olhos, não quando o rosto sereno dele se encontrava tão perto e, hehe, tão livre para receber minha contemplação. Porque sempre que eu queria observar Chanyeol, eu tinha que me policiar e não parecer um maluco obcecado e me preocupar em receber julgamentos. Se bem que tinha tanta gente que ficava admirando-o, que mais um na multidão não faria diferença. Bom, ele é mesmo lindo, posso fazer o quê?

Era tão engraçada a maneira que a boquinha encontrava-se entreaberta, que resolvi brincar um pouco; estiquei o meu braço o suficiente para pressionar meus dedos nas duas bochechas fartas, apertando levemente até os lábios formarem um bico fofo. Reprimi a risada, repetindo a brincadeira algumas vezes, até que um sorrisinho se formou na boca ainda meio aberta. Esperei ele abrir os olhos e me perguntar o que raios eu estava fazendo, mas os segundos se passaram sem mais nenhuma reação sua. Ele ainda estava dormindo! Experimentei apertar mais uma vez as bochechas, e o mesmo sorriso de lado apareceu. Imagino no que ele esteja sonhando.

Parei de ficar lhe apertando, e me espreguicei como pude, sentindo várias juntas estalarem pela má posição que me encontrava. Crec, crec, crec. Aproveitando o momento, porque não sou besta, enfiei meu rosto na barriguinha de Chanyeol, esfregando meu nariz no tecido da camiseta dele, sentindo o cheirinho gostoso de roupa limpa junto com o calor de sua pele. Ai meu Deus, que coisa maravilhosa… Quem me dera se eu pudesse fazer isso quando bem entendesse. Só Soyeon tinha esse privilégio.

Me assustei com o meu pensamento e me senti desconfortável. Apesar de não estar fazendo nada demais, meus sentimentos por ele iam além da amizade, então não achava certo ficar tão próximo assim, sendo que Chanyeol possuía namorada. Com muito custo, confesso, levantei daquele lugar tão aconchegante, sentando na cama grande, enquanto esfregava os olhos para espantar qualquer indício de sonolência. Passei a mão no cabelo, constatando o que eu já sabia: estava um desastre. Nem reza dá jeito nele quando acabo de acordar. Dei de ombros, ninguém pode ser perfeito, não é?

Alcançando meu celular, constatei que não passava das 9 horas. Desbloqueei a tela, que, aliás, minha senha era a data do aniversário do Chanyeol. Nenhuma surpresa pra vocês? Ah, tá bom. Pelo jeito, nem pra minha mãe.

A barrinha de notificações estava quase vazia, exceto pela foto linda do Sehun apitando incessantemente, indicando que eu possuía novas mensagens.

Sehun: E aí, brother?

Sehun: Se divertiu muito?

Ué? Ele sabia que eu estava na casa do Chanyeol? Não lembro de ter contado pra mais ninguém, além do Kyungsoo… Eu hein.

Me endireitei mais na cama macia, franzindo o cenho, enquanto respondia.

Baekhyun: Quem te contou?

Sehun: Amore, seu amado, por coincidência, é o meu melhor amigo. E ele, pelo menos, me conta as coisas, diferentes de outras pessoas aqui, né.

Baekhyun: Amore? AMORE? Segura esse block gostoso, Sehun.

Sehun: ESPERA. Perdão.

Sehun: Mas, sério, por que não me contou que ia dormir na casa do Chanyeol? :( Logo eu, o rei dos cupidos?

Suspirei. Estava com uma preguiça monstra de digitar mais alguma coisa, então apertei no botão de chamada. Sehun atendeu quase que imediatamente.

– Cabaré Oh Sehun, meu nome é o seu gemido, o que deseja?

Sinceramente, amigos… Eu não era pago e nem nada, sabe?

– Sehun, eu vou dar um chute tão forte na sua fuça bonita, que ninguém mais vai te querer.

– Tudo bem, o único que eu quero é você.

– Para de palhaçada, merda.

– Ui.

– Eu liguei pensando que você estava chateado por eu não ter dito nada, mas vejo que está muito bem até. Aliás, sua voz fica ainda mais fanha no telefone, ridículo. Tchau.

– Não, não, espera, espera! Eu estou chateado sim, mocinho! Depois de tudo que passamos juntos, eu pensava que seria o padrinho desse grande casamento. E ainda tem a audácia de falar mal da minha voz, tsc.

– Eu fiquei tão nervoso com algumas coisas que aconteceram, que nem lembrei de conversar com você e com o Jongin…

– Que coisas? Aconteceu algo ruim com você, Baek? – Seu tom ficou mais sério e preocupado.

– Agora não é um momento bom pra eu te falar, amanhã é melhor, tá?

– Tudo bem, bebê, mas me conta mesmo.

– Não me chama de bebê, sou mais velho que você. Respeito, Oh Sehun, respeito.

– Chato. Imagino que você queira passar mais tempo com o Chanyeol, mas desliga primeiro... – Riu soprado.

Quem ele pensa que é com essas melosidades?

Desliguei na cara dele mesmo, sem dizer mais nada. Pessoas abusadas são assim, vocês sabem, não pode dar confiança, não.

Pouco tempo depois, meu celular vibrou com uma nova mensagem.

Sehun: Eu pensei que você ia dizer ''ah, não, desliga primeiro você'' e a gente ia ficar nessa até o fim dos tempos. Chaaaaaaato. O Jongin faz isso.

Não aguentei e ri um pouco alto da idiotice do Sehun. Como assim o Jongin fazia isso? Ihh. Ri mais um pouco dos meus pensamentos, melhor deixar isso quieto.

Lembrei só depois que Chanyeol ainda estava dormindo, será que ele não acordou com a minha barulheira? Levantei a cabeça a fim de voltar a observar seu rosto, e qual não foi a minha surpresa quando um par de olhos grandes e negros me encaravam de volta. Foi até assustador, Deus me livre, Chanyeol, esse menino é até endemoniado.

Parando para pensar, eu nunca tinha visto ele sem óculos antes. Com a ausência das lentes um pouco grossas, e dos feixes de luz que batiam de vez em quando no vidro, dava para analisar melhor as íris e o formato bonitinho das pálpebras. O que eu não achava bonitinho, na verdade, quando se tratava do Chanyeol? Sou muito suspeito pra falar. Pra mim ele é a pessoa mais linda do universo, então minha opinião não é nem um pouco imparcial.

A franjinha caía pela testa, e tive ímpetos fortíssimos de tocá-la, mas refreei quaisquer movimentos, visto que não seria muito apropriado. E ele ainda me encarava… Eita.

– Bom dia, Chan. – Falei primeiro.

– Bom dia, Baek. – A voz, rouca como nunca, soou abafada contra o edredom. – Estava falando com quem?

– Ai, eu te acordei? Desculpa. É que o Sehun fala umas besteiras às vezes, que eu não aguento, não.

– Eu já estava acordado.

Meu corpo gelou inteiro. Será que já estava acordado quando enfiei minha cara na barriga dele? Puta merda, amores. Só acontece essas coisas comigo. Mas, calma, se Chanyeol estivesse acordado, ele falaria alguma coisa, não é? Claro que sim. Não é? Vamos, gente, me deem força!

Abri um sorriso forçadíssimo, bem aqueles de caganeira mesmo, deixando um ''hehe'' sem graça escapar.

Chanyeol se levantou aos poucos, coçando os olhos como eu tinha feito anteriormente, antes de sentar de frente pra mim, com as pernas cruzadas.

– Eu posso… Te fazer uma pergunta?

Ah, meus amigos, adeus. Adeus, adeus. Foi muito bom conhecer vocês, viu? Podia ter sido melhor, mas enfim.

– Aham. – Respondi como pude. A minha vontade era falar um ''não, guarda essa famosa dúvida pra você, pelo amor de Deus''. Coisa boa não era, porque, gente, nunca é, sejamos sinceros.

– Eu não sei como perguntar isso, mas… Vou dizer sem rodeios. Você é gay?

MEU PAI ETERNO.

ABORTAR.

MISSÃO.

Meus olhos se arregalaram no tamanho de pratos, enquanto minha cara paralisava mais que uma plástica muito mal feita. Eu até fui um pouco pra trás com o susto, sim, a expressão ''caí pra trás'' que eu sempre digo figuradamente, veio pra vida real, porque eu tomei no meu cu. É isso. Sem outras palavras. Tomei bem tomado.

É nesse momento que nós todos nos reunimos numa sala, sentamos numa mesa redonda, nos servimos de empada e canapé, eu apoio meus cotovelos na ponta da mesa, enquanto pergunto: E agora?

Eu comecei a me tremer de nervoso, mordi o lábio tão forte que quase lacrimejei de dor. Contudo, todos temos um jeito de reagir a choques, não é? O meu foi um pouco estranho; comecei a rir. E muito. Eu me joguei no meio da cama gargalhando, batendo os pés várias vezes no colchão. E quanto mais incrédulo o Chanyeol ficava, mais eu ria.

Ele fazia uma cara tão engraçada, provavelmente não sabia o que fazer diante do meu surto. Acho que estava prestes a chamar a polícia, quando eu parei as risadas, limpando as lágrimas, e a baba que escorreu um pouco. Credo.

Acho que eu ri mais pelo fato de eu ter me preocupado tanto em esconder a minha orientação sexual do Chanyeol, pra ele me perguntar sobre ela do nada, numa manhã de domingo, onde eu nem tinha acordado direito.

Adiantava esconder? Adiantava mentir? Não sei. Vamos ver como ele vai reagir.

– Quase que eu morro, socorro. – Controlei mais uma risadinha que queria sair. – Por que essa pergunta tão de repente? – Joguei verde. O que eu faria caso Eunjung tivesse aberto a matraca?

– É que… O pessoal da sala sempre falava isso, e você nunca pareceu se importar, e nem negar. Eu nunca levei a sério, porém comecei a pensar depois de… – Não completou, balbuciando algumas coisas, como se procurasse por palavras.

– Depois de…? – Incentivei. Seja o que Deus quiser.

– Não me leve a mal, e me perdoe se eu estiver falando besteira, mas eu comecei a pensar nisso depois de vê-lo com o Sehun. Antes de dormir noite passada, fiquei pensando muito nisso.

Sehun? Mas o Sehun? O que ele tinha a ver com isso?

– Do que você tá falando, Chanyeol?

– Não é verdade, certo? Me desculpa, mesmo. – Disse, afobado. – Sério, eu não sei o que me deu pra eu te falar esses pensamentos estranhos e-

– Se acalma, Chan. – Dei dois tapinhas no ombro dele. Eu tinha que parecer descontraído, mesmo que por dentro eu estivesse uma pilha enorme e irreversível de nervos.

– Você não se sentiu ofendido? – Ele me olhou por baixo, cautelosamente.

– Por que eu me sentiria? – Ri desconfortável, passando a língua pelos meus lábios. – Seria um problema se eu fosse homossexual?

– Claro que não! – Me assustei com a altura elevada de sua voz. Ele se exaltou tanto que, ao impulsionar seu corpo, bateu com a cabeça na parede e fez um barulhão. Se eu não tivesse quase me jogando da janela do quarto, eu tinha rido muito, porque foi muito engraçado. Chanyeol, após massagear o local dolorido, pousou suas mãos nos meus joelhos dobrados, apertando-os levemente. – Não seria problema algum, Baekhyun. Eu só me expressei mal, e ainda fiquei supondo coisas erradas sobre você… – Ele parecia super envergonhado e tão desconfortável quanto eu, mas o lance sobre o Sehun ainda me intrigava.

– Mas o que exatamente você pensou sobre eu e o Sehun?

– Sei lá, não sei te explicar. Você vive falando dele, falando com ele… Com o Jongin também, mas vocês dois passam uma impressão diferente, pra mim. Eu sei, estou vendo coisas, acho que estou ficando louco. Vocês são só amigos. – Chanyeol tentava olhar pra mim, mas seus olhos o traíam e ficavam voltando para suas mãos toda hora.

– Bom, não posso dizer que você está errado… – Comecei, devagar. É hoje que vai, amigos.

– Como assim? – Me olhou atentamente dessa vez.

– Pois é. – Fiz um gesto de explosão com os braços, levantando-os exageradamente. – Bomba! Baekhyun é gay.

O queixo de Chanyeol caiu imediatamente, embasbacado. Ele era tão expressivo…

Eu ainda ia completar com ''Jovem comenta a afirmação: Eu sabia que tinha alguma coisa diferente, quando eu só olhava o corpo do Max Steel em vez de brincar com ele'', porém seria um choque muito grande pro Chanyeol, ainda não temos essa liberdade, não é?

– Então, você e o Sehun… – Insinuou com uma voz tão baixa que quase não consegui ouvi-lo.

– Que horror, Chanyeol, desse jeito você me ofende de verdade. Não é você que sempre diz para os seus amigos terem higiene? – Coitado do Sehun. – Ele é lindo como um modelo, personagem de mangá e tudo mais, mas não passa de um amigo pra mim.

Chanyeol não me respondeu, só ficou pensativo com a cabeça baixa, fazendo um biquinho discreto. O cabelo dele estava apontando para todos os lados, e ainda assim parecia um anjinho, com a carinha sonolenta.

Nossa, eu era muito na merda por causa do Chanyeol.

– Ei, você não vai se afastar de mim agora que sabe, né? – Cutuquei seu braço.

– Não. – Me respondeu sinceramente, os olhos límpidos. Depois, com um sorrisinho nos lábios, me puxou para um abraço desajeitado por conta da posição. – Nem se eu quisesse eu poderia me afastar de você, Baek.

Eu me sentia muito, muito aliviado. Vocês não têm noção. É como se um peso enorme tivesse saído dos meus ombros. Eu finalmente havia avançado em algo na minha vida, era um passo até que eu me sentisse completamente bem ao lado de Chanyeol. A próxima etapa seria a confissão dos meus sentimentos, mas por enquanto, estou bem, estou bem.

– É porque você me ama muito? – Brinquei. Ousadia e alegria!

Ele desfez o abraço, se afastando rapidamente para pôr os óculos na cabeceira da cama. Eu não notei um detalhe, até Chanyeol pigarrear. O rosto dele estava corado.

– Er… Você quer tomar café da manhã? – Perguntou com uma mão na bochecha, brincando com a armação fina dos óculos.

– Chanyeol… A sua cara tá toda vermelha! – Apontei, de repente com muita vontade de zoá-lo. Ah, o mundo dá voltas. – Você ficou com vergonha?

– Não! Só que você nunca falou essas coisas, e eu não sei como reagir. – Falou ainda com a carinha sem graça. Que bonitinho.

– Poxa, agora que sabe que eu beijo rapazes, vai ser difícil eu lowkey dar em cima de você…

– O QUÊ? – Menina do céu, Chanyeol de um pulo tão alto que eu achei que ele ia dar de cabeça no teto dessa vez.

Não se enganem, eu estava morrendo de vontade de me esconder debaixo da cama e nunca mais sair de lá, mas eu não poderia perder essa oportunidade que a vida me deu, entendem? Deixo pra chorar e me arrepender das coisas que falei só depois. Dizem que a melhor parte do relacionamento é aquele que a gente ainda tá se iludindo.

– Oi? – Fiz minha melhor cara de sonso, saindo da cama para procurar minha escova de dentes dentro da mochila.

– … Você já deu em cima de mim?

Apertei a escova entre os dedos.

– Óbvio que não, Chanyeol, tá doido? Não me meto com gente comprometida. Na verdade, eu nunca me meti com ninguém.

– Nunca namorou? – Ele parecia tentar disfarçar a curiosidade, porém não estava dando muito certo, sabe.

– Não… Digamos que eu estou me guardando para uma pessoa. – Joguei no ar. Quem pegar leva prêmio!

– Você gosta de alguém, então? – Falou bem do meu lado, e eu nem tinha percebido que ele tinha se aproximado tanto. Socorro?

– Recentemente cheguei à conclusão que não só gosto, mas amo. – Sorri. – Ele é a pessoa mais incrível do universo inteiro.

– Uau. – Disse brincalhão, depois de se virar para pegar uma toalha pendurada no cabide. – Esse cara tem tanta sorte.

– Tem? – Arqueei a sobrancelha, um pouco debochado, admito. Eu até me divertia às custas dele. Haha. Huhu.

Chanyeol suspirou, cruzando os braços ao se apoiar no batente da porta do banheiro. Ele me olhou de cima a baixo.

– Tem.

– Se você diz. – Dei de ombros.

Escovamos nossos dentes lado a lado na pia grande, como nos filmes de recém casados, eu amei. Me olhei no espelho e não sabia como Chanyeol não havia ficado com medo de mim, com esse meu cabelo de bruxa. Chega eu dei um pulo com o susto ao ver o meu reflexo.

– Mais uma coisa… – Ele está falante hoje, não?

– Diga. – Fiz uma concha com a mão e passei um pouco de água no cabelo.

– Se você ama tanto esse cara, por que não está com ele? – Ah, meu querido…

– Dois problemas. – Indiquei o número com os dedos, e os olhinhos dele os seguiram de uma maneira fofa. – Um: ele é do clubinho dos comprometidos. Dois: não sabe dos meus sentimentos.

– Ah, entendi. Faz sentido. – Pôs a mão no queixo. – Eu o conheço?

– Sim. – Fui saindo discretamente do banheiro. Valha, Chanyeol, você tá fazendo tudo ficar mais complicado ainda.

– Conheço?! – Correu até parar na minha frente. – Me fala quem é, por favor.

– Talvez um dia. Aliás, pra quê toda essa curiosidade?

– Eu já disse, Baekhyun, somos amigos e nada mais justo do que eu saber essas coisas sobre você! – Falou, abrindo a porta do quarto para sairmos. – Aposto que o Sehun sabe.

– Sabe mesmo.

– Tá vendo?! Você é muito mau comigo. – Aumentou a velocidade dos passos, ficando na minha frente no corredor.

– Você é muito mais, e eu não reclamo. – Murmurei.

Ele não escutou.

Quando chegamos na cozinha, a família toda estava na mesa, que, por sinal, estava bastante apetitosa. Lá em casa, os cafés da manhã eram o que a vida queria que a gente tivesse, porque não era todo dia que a mamãe ou o papai tinham paciência pra fazer algo para comermos. Eu, por exemplo, nunca tinha visto uma mesa com tantas opções de bolo, fruta e pão que nem essa. Vou considerar desistir do Chanyeol e trabalhar na conquista do senhor e senhora Park, vai que eles me adotam?

– Bom dia, queridos. Podem sentar. – A mãe de Chanyeol disse.

Sorri feliz e cumprimentei os outros dois na mesa. Yoora estava com uma roupa simples de ficar em casa e parecia radiante como nunca, já o senhor Park se encontrava concentrado no celular aberto em algum site de notícias.

Comecei a comer um bolo de laranja macio pra caramba, chega derretia na boca. Senti até um arrepio. Arranjem alguém que faça vocês sentirem o que eu senti comendo esse bolo.

A conversa na mesa seguiu naturalmente, alguns comentários sobre o que eles fariam no decorrer do dia e coisas banais, eu participava algumas vezes, quando Yoora me perguntava algumas coisas do colégio, sendo que ela nunca tinha me visto com Chanyeol até recentemente.

Falando em Chanyeol, ele não havia aberto a boca pra falar mais nada depois do primeiro cumprimento, parecia até emburrado com alguma coisa. Será possível que ele ainda estava chateado com aquele assunto de minutos atrás? Que coisa, viu.

Claro que a mãe dele percebeu.

– Por que você tá com essa cara, filho? – Perguntou preocupada.

– Não foi nada. – Seria uma resposta aceitável, se ele não houvesse me dado uma olhada acusatória após o ''nada''.

– Ih, já brigaram uma hora dessas? – Yoora questionou, pondo o cabelo atrás da orelha, visivelmente interessada. Cuidado com a barraqueira!

– Eu não briguei com ninguém. – Falei em tom defensivo. Tá, vai, eu estava provocando um pouco, mas era tão divertido.

– É o Baek, mãe, que não quer me contar as coisas. – Chanyeol disse tão birrento, que nem me importei e comecei a rir debochado, apontado o dedo pra cara dele. Eu também não era nem um pouco infantil.

– Se ele não quer te contar, então não há nada que você possa fazer, ué. – O homem mais velho da mesa falou, pela primeira vez. Ele lembrava muito o meu próprio pai, aquilo era exatamente algo que ele falaria.

– É verdade, Chan, tem muitas coisas sobre você que eu não sei, também. – Tentei amenizar a situação, vendo que as orelhas de Chanyeol começaram a ficar comicamente vermelhas.

– Não sabe porque não me pergunta. – Virou com o corpo totalmente na minha direção. – Se você perguntasse, eu te diria a minha vida toda.

– Mas que graça teria? – Yoora replicou. – Se a emoção é conhecer as pessoas aos poucos?

Acenei com a cabeça, de olhos fechados, concordando plenamente com as palavras dela. Pra quem não entendeu, galera, imagina um doce muito, muito bom, mas bem pequenininho, você não preferiria saborear aos poucos, do que comer tudo de uma vez? É isso mesmo, eu quero comer o Chanyeol devagar.

Brincadeirinha. Hashtag humor.

Mas a ideia é essa, e nem me venham com esses olhares chocados pra cima de mim, até parece que não me conhecem.

– Vocês deveriam ficar do meu lado. – Chanyeol irritadinho como uma criança de seis anos, comeu o último pedaço de melancia. – E ver o péssimo amigo que o Baekhyun é.

– Que mentira, cara. – Ri, não levando nadinha do que ele falou a sério.

– Você que tem que cuidar dessa coisinha fofa. – A mãe de Chanyeol sorriu pra mim até os olhos fecharem, abri meu melhor sorriso pra ela de volta. – Não foi o que disse ontem?

– … Foi. – A expressão de Chanyeol anuiu um pouco.

– Então, rapaz, desmancha essa carranca antes que eu te dê um motivo pra tê-la. – A mulher disse com o mesmo sorriso doce, e até eu fiquei com medo, mano. No final, o Chanyeol que levou bronca, hihi.

Como nós já havíamos acabado de comer, resolvemos lavar toda a louça em agradecimento pela comida maravilhosa da senhora Park. Estava tão boa que eu lavei aquela pilha toda feliz.

Depois de guardar os pratos no armário, voltamos ao quarto de Chanyeol. Ensaiamos um pouco a música que apresentaríamos no festival, e me surpreendi com o arranjo no violão que ele conseguiu fazer em tão pouco tempo. Eu mesmo ainda estava tendo dificuldades com a partitura, ainda mais por ter passado tanto tempo sem nem encostar no piano. Tá, convenhamos que minha atenção no ensaio foi toda roubada pela expressão concentrada de Chanyeol, que o deixava muito, mas muito atraente. Um homem desses, bicho.

No geral, nossa versão da música havia ficado surpreendentemente boa, mais do que eu esperava. Como ele trabalhava um pouco com edição de áudio, a demo ficou maravilhosa. Já podemos ser um casal de cantores indie e irmos nos apresentar nas ruas de Hongdae… Se não der certo a parte dos cantores, podemos ser apenas um casal, eu não me importo. Vocês poderiam dizer isso pra ele? Ah, obrigado.

– Conseguimos finalizar. – Falou, salvando o arquivo de áudio que usaríamos para ensaiar individualmente. – Ficou incrível.

– Ficou. – Dei palmas, feliz.

A primeira parte do trabalho já tinha passado, agora só faltava a última, e mais difícil, que era a apresentação. Só de pensar em cantar na frente do colégio inteiro já me deixa com uns tremeliques e uma vontade imensa de jogar tudo pro alto e sair do país. Mas, óbvio, eu não ia deixar o Chanyeol na mão e nem tinha dinheiro pra fazer uma viagem assim, então o jeito era parar de ser frouxo e seguir em frente. Ganbatte, Baekhyun-sama.

– Ainda fico impressionado com a sua voz, Baekhyun. – Falou, fingindo seriedade, pondo a mão no queixo. – Praticamente uma Beyoncé.

Revirei meu olho bem revirado, murmurei um ''a minha voz blá blá blá'' de um jeito irritante, pegando o senhor rilakkuma e me jogando na cama agarrado a ele. Aquela pelúcia tinha alguma magia de relaxamento, não é possível que apenas um encostar no tecido macio me proporcionava um sono quase patológico.

– Chanyeol, você pôs algum feitiço nesse urso? – Apertei o enchimento macio ainda mais.

– Eu não. – Me olhou confuso. – Por quê?

– Ah, porque é tão bom de abraçar… Eu vou atrás de um igual, não me vejo seguindo a vida sem um desses na minha cama.

Senti um peso a mais afundando o colchão ao meu lado. Abri os olhos e Chanyeol estava sentado, meio encostado na parede, meio virado pra mim. Sorri, com a metade da cara afundada na orelha do rilakkuma. Ele esticou a mão, tirando a franja que tapava o meu olho, penteando-a algumas vezes com os dedos.

– Você não pensa em cortar esse cabelo? – Perguntou suavemente.

– Tá grande, né? Acho que vou ao salão essa semana, se a franja ficar entrando no meu olho por mais tempo, vou ficar mais cego do que já sou. – Inclinei minha cabeça nem tão discretamente assim, quando ele parou de mexer no meu cabelo, Chanyeol riu, entendendo o meu pedido, e voltou a fazer carinho. Me arrepiei todo. – Talvez eu faça um corte curto e bote pra cima num topete, vai que alguém se apaixona por mim e eu finalmente desencalhe.

Chanyeol suprimiu uma risada, eu vi! O olhei indignado por debochar de mim na cara dura. Olha, um dia eu ainda perco minhas estribeiras com essas pessoas abusadas.

– Vai, ri de mim, eu não me importo. – Fechei a cara. – Você namora uma pessoa incrível como a Soyeon, não deve entender a vida do resto dos mortais encalhados.

– Não, eu estou rindo do seu pensamento. – Puxou os meus fios levemente, como se me punisse. – Como se precisasse mudar alguma coisa pra fazer alguém se apaixonar, sendo do jeito que você é.

– Por favor, Chanyeol-

– É sério. – Interrompeu a minha reclamação. – Você deveria mesmo se olhar no espelho. Já prestou atenção nos seus olhos? São as coisas mais bonitinhas que já vi. Seu nariz parece de bebê, e ainda fica vermelhinho quando fica com frio. – Beliscou a pele da minha bochecha. – E quando você abre esse sorriso lindo, nossa, não sou só eu que falo, chama a atenção de todo mundo. Não me olhe assim, eu estou dizendo a verdade! Não adianta revirar os olhos, também. Eu não gosto quando alguém não reconhece as próprias qualidades e fica querendo mudar por isso. Ainda mais você, por favor digo eu, Baekhyun, você é muito lindo.

Eu, sinceramente, nem sabia o que responder. Quer dizer, era pra responder? Eu sentia a minha pulsação aumentar ridiculamente com aquelas palavras, e que bom, que bom que eu estava meio escondido, porque eu sentia meu rosto queimar de uma maneira que nunca aconteceu antes. Meus olhos ficaram até ardidos, misericórdia. O que Park Chanyeol fez?

O que mais me incomodava era que em momento algum ele desviou o olhar do meu, o rosto sério, ainda que a boca carnuda se curvasse num sorrisinho.

– E pode ficar com o urso. – Continuou. – Você parece gostar mais do que eu.

– … Obrigado? – O burro aqui respondeu. Nem pra agradecer direito, poderia até falar que ele que era a pessoa mais injustamente linda do mundo todo, e eu era praticamente uma batata suja de terra e bosta de boi ao lado dele. Não exatamente com essas palavras, óbvio, mas algo mais interessante do que esse ''obrigado'' quase resmungado. Acho que tenho que ler mais livros pra aprender novas palavras chiques, porque eu não conheço quase nenhuma, só apóstrofo. Aliás, o que é apóstrofo?

– De nada? – Imitou a minha voz.

Após da clara zoação com a minha cara, levantei com tudo e fui catar o meu celular. Melhor ligar pra mamãe vir me buscar… Esse negócio de passar muito tempo com o Chanyeol não vai dar certo, eu estou sentindo até uma vertigem de tanto olhar pra ele. Uma foto é um monte de pixels, agora pessoalmente é outra coisa, né. A pessoa tá lá, de carne e osso, quentinha, pronta pra ser esmagada num abraço e talvez num beijo. Mas a questão é: a gente pode? Não! Então, galera, estou indo pra minha casa. Obrigado mais uma vez.

– Já quer ir? – Chanyeol perguntou com a voz um pouco… Triste?

– Lembrei de uma atividade de Biologia que eu ainda não fiz. – Mentira. Ou era verdade? Meus Deus, eu tinha mesmo uma atividade? Parei de falar com o cenho franzido e a boca aberta, porém voltei à linha de raciocínio depois de ver que Chanyeol me deu um olhar de estranhamento. – Melhor fazer, não é?

– Desculpa falar isso de repente, mas você é muito estranho.

Ué.

– Eu? Estranho?

– Você, às vezes, faz mil expressões em menos de dois segundos, é muito engraçado. E fofo. Você é tão fofo! – Ele me puxou até o seu corpo grande, me envolvendo em um abraço um pouco apertado demais, balançando nós dois pra lá e pra cá. Eu, que afirmo novamente que não sou besta, o abracei de volta, enfiando minha cara no pescoço cheiroso dele. Essas demonstrações de afeto por parte de Chanyeol estão cada vez mais presentes, o que acaba, destrói, corrói e todos os verbos terríveis de coisa ruim, com o meu coração. – Oh! – Se separou um pouco de mim.

– Que foi?

– Nós não temos nenhuma foto juntos.

– Não temos? – Arqueei a sobrancelha. – E aquela do Ringo Starr?

– Apesar de eu amá-la, quero uma selfie! – Falou de uma maneira tão animada que chegava a ser engraçado, como se fosse uma grande ideia.

– Chanyeol, qual o propósito disso? Eu estou aqui, não estou? – Estendi os braços para os lados, indicando minha presença.

– Eu sei, mas e quando não estiver? Vai saber quando você vem de novo pra cá. – Tirou o celular do bolso da calça de moletom, e pelo canto do olho o vi abrir a câmera. Hm, que interessante, quer dizer que não tinha senha no celular dele? Hm, hm. Hehe. Não me olhem assim, não é como se eu fosse pegar em um momento de descuido, e passar todas as fotos e vídeos dele pro meu próprio celular, claro que não, seria muito louco até pra mim, o Baekhyun. Baekhyunzinho. Risos.

Ai, ai, amados.

– Prontinho. – Prontinho? Ok, Chanyeol, ok. Quem é que fala prontinho nesses dias?

– Eu tô todo desarrumado e com cara de morte, Chan. – Reclamei, olhando pra minha cara amassada na câmera frontal. Cruzes.

– Cara de morte?

– Cara de morte.

– Tá nada, Baekhyun. – Sacudiu meu ombro.

– Você só diz isso porque parece que acordou num comercial de margarina.

Chanyeol riu alto, depois negando com a cabeça várias vezes. Ah, mas ele sabia que era verdade, todo mundo sabe.

– Só abre aquele sorriso que eu adoro, e ninguém mais vai se importar com nada na foto. – Sorriu bonitinho pra mim, com direito a covinha e ruguinha no canto do olho aparecendo. Sério? Logo o meu ponto fraco? Eu tinha tantos pontos fracos na verdade, se me jogassem um combo Chanyeol, não sobraria mais nada pra contar a história. Complicado.

O olhei por uns instantes, porém suspirei concordando. Quem negaria algo para Park Chanyeol, não é mesmo? Se ele me pedisse até a Lua, eu dava pra ele. Dava muito.

Me aproximei vagarosamente, procurando o meu melhor ângulo, aquele que me deixava parecido com uma face de 20 mil dólares. A gente faz o que pode, né. Chanyeol passou o braço por meus ombros, e colou a minha bochecha na dele, sorrindo de olhos fechados, enquanto fazia o sinal de 'v' com os dedos. Fui na maré e fiz um biquinho, bem kawaii desu. Eu era tão espontâneo. Só que não. Não mesmo. Ihh, não.

A foto até que ficou bonitinha, claro que por causa do Chanyeol. E porque estávamos juntos. Eu achava que fazíamos um casal bem bonito, não sei se mais alguém concorda.

Depois disso, ainda assistimos a alguns episódios de The Walking Dead, e lembrei de toda a minha frustração do episódio anterior, ainda dei um surto dizendo que ia explodir a Fox e nunca mais ia assistir nada. Tudo mentira, quando liguei meu computador, horas mais tarde, a primeira coisa que fiz foi terminar a temporada. Provavelmente sabendo disso, Chanyeol só riu da minha cara desolada.

Quando minha mãe chegou, a senhora Park a convidou para entrar e conversar. Agora não me perguntem sobre o quê, tenho até medo de saber. Eu e Chanyeol ficamos no quarto, estava arrumando a pelúcia que ele havia me dado de presente para ficar amarrada na minha mochila, o que não deu muito certo, e acabei tendo que carregar aquilo no colo até o carro. Nem fiquei com vergonha, hm hm. A felicidade de poder dormir agarrado ao urso era maior.

Descemos as escadas quando nos chamaram, a minha mãe estava toda sorrisos, simpática de um jeito estranho. Aí tem coisa, meu Deus. Pior coisa é deixar nossas mães saberem dos nossos esquemas, viu.

– Obrigada por cuidarem do meu filho. – Ela disse, fazendo uma voz suspeita. Deus me livre, essa mulher…

– Nós que agradecemos a confiança, o Baekhyun é um rapaz maravilhoso. – O pai de Chanyeol bagunçou meus cabelos, impondo sua presença enorme atrás de mim, tive que quase quebrar meu pescoço pra olhar nos olhos dele. – Fico feliz de vê-lo sendo amigo do Chanyeol.

– Ah, o Baekhyun fica feliz também. – Mamãe piscou pra mim com uma cara estranha, de um jeito totalmente forçado, até entortou a boca aberta, como se tivesse algo no olho. Eu tinha certeza que era de propósito, amigos. Mandei o meu melhor olhar, bem treinado, inclusive, de ''EM NOME DE JESUS, PARA''. A gente não tem um dia de paz! – Né, Baekhyun?

Realmente, eu só queria… Paz.

– Aham.

Yoora suprimiu a risada ao meu lado. Mas será possível que só tinha gente assim ao meu redor? Cadê as pessoas compreensivas, apoiadoras? Eu hein.

Chanyeol, que eu queria que não captasse nada estranho, apenas ficou parado, quieto perto da porta, segurando a minha mochila. Ao me perceber olhando, fez um gesto para que eu me aproximasse.

– Que foi? – Perguntei baixinho para não chamar atenção daquele ninho de loucos. Ainda bem que o senhor rilakkuma tapava metade da minha visão e me poupava de mais constrangimento.

– A sua mãe sempre é assim? – Perguntou sorrindo.

– Infelizmente, sim. Ela é pior lá em casa. – Fiz um bico de reprovação.

– Ela é engraçada que nem você.

– Tá zombando de mim de novo, Chanyeol?

– Claro que não! Por que você sempre acha isso? Não leva nada que eu digo a sério. – Pareceu meio ofendido.

– É pra levar? – Perguntei rindo. Que estranho.

– Tudo. – Chanyeol fez um sinal de positivo.

– Tá bom, então, senhor Seriedade.

Ele já ia replicar, mas minha mãe interveio.

– Vamos, Baek?

Chanyeol ficou com uma cara emburrada e eu ri. Sustentando a mesma expressão, ele me puxou para um abraço de despedida meio desajeitado, dando tapinhas nas minhas costas e dizendo no meio ouvido pra eu ir pra casa com cuidado. Nem respondi, estava morrendo de vergonha por sermos alvo do olhar de todos na sala. Que barra para o menino de ouro Baekhyun.

Me despedi mais uma vez da família Park, agradecendo pela hospitalidade. Eles disseram pra eu voltar mais vezes, a mãe de Chanyeol até disse que ia fazer outros doces pra eu comer. Menina, chega salivei. Acho que alguém aqui vai praticamente morar na casa do Chanyeol.

Só no carro que a mamãe me perguntou:

– Que bicho enorme é esse?

– Chanyeol me deu.

– Ah, é? Já tá assim? Arrasou.

– ''Assim'' nada! Aliás, a senhorita pode me explicar que cena foi aquela? Você me odeia?

– Ô, garoto, eu só queria formar um clima, era pra você ter entrado no embalo. Mas é burro.

– Não é assim que as coisas funcionam, mãe. – Revirei os olhos.

– Funcionou com o seu pai.

– A senhora é doida, e mais doido ainda é o meu pai de ter se apaixonado.

– Olha que eu te dou um soco, moleque.

E foi assim que a gente foi pra casa.

Já no quente da minha cama, depois de comer e tomar banho, meu celular começou a vibrar enlouquecidamente. Eu estava com muito sono, mas aquela tremedeira passava pro colchão e ficava um colchão vibrador, era uma coisa horrível. Daí fui checar o que tava acontecendo no mundo pop. Ou mundo virtual, vocês decidem.

''@real__pcy postou uma foto com você: Boa noite, mas só pra quem é amigão do Baekhyun.''

Ah, minha Nossa Senhora das redes sociais.

A tremedeira estava vindo dos comentários abaixo.

@hztttao: hmmmm

@galaxyfanfan: Eita, porra

@chenchenchen: HMMMMMMM

@kimkaaaaaai: Ô, gente, para.

@kimkaaaaaai: Estão lindos, adorei o biquinho, Baek. Haha

@oohsehun: Oi Baek você quer me beijar

@7_luhan_m: Uau

@zyxzjs: Quando será o casamento?

@kimkaaaaaai: Eles não namoram, Yixing.

@zyxzjs: Ué. Pensei que o Baekhyun que estava com vergonha de me contar, mas eles não estão juntos mesmo… Caramba.

@galaxyfanfan: Você não sabia que o Chanyeol namora a Soyeon?

@zyxzjs: Eles não são irmãos? 

@oohsehun: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

@hztttao: Eu queria ser perdido que nem ele… Evitaria tantas coisas nessa vida.

A essa altura, eu estava roxo de tanto rir. Minha mãe até veio até o meu quarto, pensando que eu estava tendo um ataque, de tão escandalosa que a minha risada estava. Quando mostrei os absurdos que estava lendo, foi a vez de meu pai pensar que minha mãe estava surtando.

Respirei algumas vezes a fim de me acalmar, abrindo a barrinha de comentários para responder.

@baekhyunee: @oohsehun Nem morto.

@oohsehun: @baekhyunee … Choices.

@chenchenchen: Perdi alguma coisa?

@real__pcy: Eu vou te bloquear, Sehun.

@oohsehun: Que coincidência, o seu AMIGÃO disse a mesma coisa pra mim hoje de manhã. Vocês se merecem.

@soyeonyeon0102: Senti cheiro de drama e corri pra cá.

@oohsehun: Não está tendo drama nenhum, madame. Só estou falando verdades.

@galaxyfanfan: Por que o Sehun tá amargo desse jeito?

@07_luhan_m: Mas ele sempre foi assim.

@baekhyunee: HAHAHAHAHAHAHAHA

@oohsehun: Isso, cospe no prato que comeu.

@oohsehun: Você também, Baekhyun.

@hztttao: E comeu bastante, viu.

@baekhyunee: Espera, eu não comi ninguém, não.

@oohsehun: Porque não quer.

@hztttao: !!! Temos um sinal verde aqui?

@real__pcy: Eu não tô acreditando nessa baixaria no meu Instagram.

@kimkaaaaaai: Alguém corta a internet do Sehun, por favor?

@chenchenchen: PERDI ALGUMA COISA? Me respondam, ridículos.

@kimkaaaaaai: Nada, Jongdae, só o Sehun que tá com raiva porque o Baek o rejeitou mais de uma vez.

@chenchenchen: Ah, tá. Pô, Sehun, vamos superar?

@oohsehun: Ei, ei! Não me confundam, eu não fiz pedido nenhum.

@kimkaaaaaai: Ainda.

@real__pcy: Chega.

@soyeonyeon0102: Ui.

@soyeonyeon0102: Deixa, Yeol, eu quero ver onde isso vai dar.

@galaxyfanfan: Ou QUEM vai dar.

@baekhyunee: ?

@real__pcy: Eu só postei uma simples foto… Sehun, procure seu rumo.

@oohsehun: Tem certeza? Olha que vou mesmo.

@hztttao: Ihhhhhhhhhhhhhhh.

@07_luhan_m: Pensei que o foco aqui era o quão casalzinho o Chanyeol e o Baekhyun ficam juntos. 

@hztttao: !!!

@chenchenchen: !!!!

@galaxyfanfan: !!!!!

@zyxzjs: Minha impressão desde o começo.

@07_luhan_m: Tô mentindo?

@kimkaaaaaai: …

@hztttao: É, amigos, alguém ia falar alguma hora. Nem vem, Jongin.

@kimkaaaaaai: Eu? Não vou falar nada.

@oohsehun: O Chanyeol parece um palhaço, não sei que casal vocês estão enxergando aí.

@chenchenchen: Opinião de gente rejeitada não conta.

@real__pcy: Pessoal… Vocês fumaram algo estranho?

@hztttao: Fumamos a verdade.

@soyeonyeon0102: Eu deveria tomar cuidado ou?

@baekhyunee: NÃO! Eles só estão brincando. Eu nem gosto do Chanyeol.

@hztttao: Acreditar no que quiser é um direito de todos.

@oohsehun: HAHAHAHAHAHAHAAHAHAHHAAHHAHAHAHAHAHA

@oohsehun: Ai, quase esmaguei o meu cachorro agora.

@real__pcy: Nossa.

@chenchenchen: Essa seria a segunda pessoa que o Baekhyun rejeita hoje?

@kimkaaaaaai: O Baekhyun merece mais do que essas opções, Jongdae.

Os comentários para essa postagem estão desabilitados.

Franzi o cenho, achando tudo aquilo muito estranho. Eu já são sabia dizer se Sehun estava brincando ou não, porque ele geralmente não fazia esses comentários, e nem agia desse jeito quando estava comigo. Seria possível que ele…? Não, não. Eu já teria percebido se ele nutrisse esses sentimentos por mim. Além de que eu tinha a leve impressão que Sehun e Jongin tinham alguma coisa. Só impressão, viu, pessoal? Não confiem muito nos meus instintos, porque… Bem, eles são horríveis, como podem ver. Chanyeol provavelmente perdeu a paciência com a bagunça que aquilo virou, não o culpo. Ah, mas deu pra me divertir. E ficar encucado. Pois é, acho que não vou conseguir dormir tão cedo hoje. Nem o senhor rilakkuma com cheirinho do quarto de Chanyeol está conseguindo me fazer relaxar.

Sendo bem sincero com vocês, como sempre fui, eu já não sabia mais o que fazer. Quer dizer, eu tive um avanço considerável hoje com Chanyeol sabendo que sou gay. E melhor ainda, de ele não ter se importado com isso. Claro, eu já imaginava que eu não seria julgado e nem nada, justamente por ter plena noção de que ele não era aquele tipo de pessoa que machuca as outras, porém… Sabe? Chanyeol é a droga da pessoa que eu sou perdidamente apaixonado. Eu faço tempestade em copo d'água por tudo, imagina em relação a ele? A tendência era eu pensar dez, cem, mil vezes antes de ousar fazer algo. Por exemplo, as coisas que eu disse hoje foram pelo calor do momento, e já estou começando a me arrepender. Imagino que até de manhã, enquanto eu estiver tomando banho para ir ao colégio, eu morra de vergonha e fique tentado a me jogar no ralo. Eu falei mesmo para Chanyeol que eu não poderia mais dar em cima dele? O quê? Que merda, mano, de verdade. Que cocô. No que eu tava pensando? Um arrepio subiu pela minha coluna e fechei os olhos com força, enfiando a cara no travesseiro. Droga, droga!

Que morte horrível, Baekhyun, horrível. Caixão fechado no velório, galera. Só faço merda, cacete.

Me esforcei mesmo pra dormir naquela noite.

No dia seguinte, contei sobre o lance da Eunjung para Kyungsoo. Eu, com certeza, me sentiria mais confortável com o apoio do meu melhor amigo. Ele escutou tudo em silêncio, maneando a cabeça algumas vezes, enquanto anotava algo que a professora tinha deixado na lousa antes de sair da sala. Eu pensava que ele ia me dar um grande sermão por esconder aquilo por algum tempo, ou mesmo levantar na mesma hora pra tirar aquela história a limpo com a garota, mas ele ficou estranhamente quieto. Quando terminei a narrativa, fiquei o encarando, pedindo em silêncio por algum comentário, porém só após alguns minutos eu ouvi o click da caneta, quando Kyungsoo fechou o caderno e virou pra mim.

– Baekhyun.

– Sim?

– Eu, não sei nem o que te falar. – Massageou as têmporas. – Isso tudo é um saco.

Fiquei em silêncio, concordando com suas palavras. A situação era delicada. Mesmo que Chanyeol já soubesse da minha orientação sexual, ainda não sabia dos meus sentimentos por ele, e isso que me corroía por dentro. Um segredo tão íntimo, tão pesado pra mim, nas mãos de alguém que não considerava de jeito nenhum o que as pessoas sentiam. Se ela insinuasse uma única coisa fora do contexto para Chanyeol, tudo mudaria. Apesar de tudo, não éramos tão próximos assim, pelo menos pra mim. Ele poderia muito bem interpretar a situação de maneira errônea, pensar que eu estava me aproximando por interesse, com intenções ruins. O pior de tudo era que Eunjung era amiga de Soyeon, que com certeza a apoiaria, e do jeito que Chanyeol ama a namorada, também ficaria contra mim. Eu não tinha segurança nenhuma.

– Baekhyun, eu vou ser bem sincero com você, como sempre fui. – A voz dura de Kyungsoo me tirou dos meus devaneios. – Não espere que eu levante daqui e vá procurar essa Eunjung e colocá-la no lugar, por mais que eu queira. Eu te conheço mais do que você mesmo, eu sei como você é, e por isso mesmo que eu quero que resolva isso. Sem medo. Ela não é mais do que uma chantagista, provavelmente cega demais pelo orgulho ferido pra pensar na sua situação, mas ainda assim é um ser humano, é uma garota da nossa idade, uma hora ela vai entender. E você não deveria abaixar a cabeça pra ninguém, ainda mais por não ter feito nada errado. Escuta, Baekhyun! Você não fez nada de errado! Não tem o que temer. Se o Chanyeol e os seus novos amiguinhos não ficarem do seu lado, mesmo sendo sincero, eles não te merecem. Não sei… Só sei que eu estarei aqui, te aguentando, por mais insuportável que seja. E se no fim eu precisar fazer alguma coisa, pode ter certeza que farei, porém tenha em mente que seria o pior dos casos.

– Tem tanta coisa na reta, Soo. Só de pensar eu-

– Você que sabe.

Com o coração na mão, e talvez um buraquinho simpático também, levantei da cadeira, ainda olhando para Kyungsoo, com a esperança que ele acompanhasse os meus movimentos. Como o esperado, ele não se moveu, sequer olhou pro lado. Ele queria mesmo que eu fosse sozinho?

À beira da desistência, contudo com uma urgência arrebatadora, porque eu sabia que já tinha adiado demais, saí da sala. Mesmo que meus punhos estivessem tão cerrados que sentia as unhas fincarem na palma dolorosamente, eu não sentia nada, estava tudo distante. O nervosismo fazia meus passos vacilarem algumas vezes no caminho para a sala de Eunjung, que, para a minha infelicidade, era a de Soyeon também. O intervalo havia começado a pouco tempo, portanto as salas estavam quase vazias. Não sei se torcia ou não para que Eunjung estivesse no refeitório, porque sabia que se fosse o caso, toda a minha coragem se esvairia nos lances de escada.

Prestes a desmaiar, suando frio, abri a sala do segundo ano A.

Havia poucas pessoas como pensei, só um grupinho de amigos que conversavam animadamente em volta da mesa grande do professor. Meio aliviado, meio desesperançoso, estava prestes a dar meia volta e pensar numa desculpa para Kyungsoo, quando dei de cara com aquela que eu estava mais ou menos procurando. Existe uma palavra que defina algo que você quer encontrar, mas, ao mesmo tempo, não quer de jeito nenhum, Deus me livre? Já dá pra criar, hein. Eunjung parou no meio do corredor, aparentemente sozinha. Engolindo em seco, caminhei até ela.

– Quero falar com você. – A cena de dias atrás se repetiu, porém com papéis invertidos. E toda determinação que ela demonstrava naquele dia, se fazia ausente em mim.

– Imagino qual seja o assunto. – Disse.

Respirei em fundo com o seu tom desdenhoso.

– Eu conversei com um amigo e… – Juntei as mãos, num ato ansioso, procurando por palavras no meio da bagunça que a minha mente estava. – Resolvi falar com você. Eu não sei se você vai me escutar, se vai me entender, mas eu quero muito te pedir pra parar com isso. – Falei com firmeza.

– Parar? – Eunjung ainda mantinha o tom baixo. – Parar com o que eu nem comecei, Baekhyun?

– Por que está fazendo isso comigo? O que você vai ganhar me expondo desse jeito? Me diz!

– Não me venha com sentimentalismo, eu não vou me comover. Não há nada pra eu enxergar. Eu sei que estou sendo egoísta, mas eu quero te entender a humilhação que eu senti. – Deus mais alguns passos, ficando a menos de um metro de mim.

– Que humilhação?! Eu sinto muito por não poder corresponder aos seus sentiment-

– Chega! – Tapou minha boca rudemente. – Eu não quero ouvir mais nenhuma palavra. Você não entende! Me apaixonar pelo mesmo tipo de gente que… – Parou de repente, arregalando os olhos, parecendo subitamente fragilizada. – Não me faça lembrar daquilo. Cala a boca.

– Eu não sei do que está falando, Eunjung. – Tirei a mão da boca a mão menor que a minha. – Se acalma, me diz o que te aflige, por favor.

– Não tenho nada pra te contar. – Voltou a tomar a pose dura, em nada lembrando a impressão que lançava segundos atrás. – Eu só não quero que atrapalhe o relacionamento da minha amiga. Eu não quero que isso aconteça.

– Eunjung, me escuta. – Pus minhas mãos em seus rosto, fazendo-a olhar diretamente pra mim. – Eu não vou atrapalhar nada. – Eunjung tentou evitar o meu toque, mas mantive o aperto, sem exagerar, tentando acalmá-la. A respiração ofegante dela me fazia mais nervoso, e comecei a tremer. – Eu não vou. – Assegurei como pude.

– Está mentindo.

– Não estou.

– Está sim! – Gritou, me assustando. Eunjung, vendo que eu tinha abaixado a minha guarda, me empurrou com força, fazendo meu corpo bater na parede atrás de mim. – Eu já disse, não vou ouvir nada que ouse me falar. Você só quer uma oportunidade de tirar o Chanyeol da Soyeon. – Acusou. Ela estava tão nervosa quanto eu. – Mas não adianta, mesmo que você esteja apaixonado por ele, não vai conseguir separá-los.

Todo o sangue do meu corpo se esvaiu. Minha boca se abriu em descrença, o suor frio que se acumulava na minha testa, começou a rolar pela lateral do meu rosto. Eu já não focava mais na figura atordoada de Eunjung, porque minha atenção foi roubada para quem estava parada atrás dela com um semblante sério, com as sobrancelhas quase unidas.

– Soyeon… – Deixei escapar dos meus lábios trêmulos.

Eunjung virou na hora, ficando na minha frente, provavelmente numa tentativa de atrapalhar minha visão.

Nós três nos encontrávamos no meio do corredor. Eu, precariamente escorado na parede, sem confiança em meus pés, só queria sair correndo dali. Soyeon alternava o olhar entre Eunjung e eu, com aquela expressão nada boa.

– O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou.

Ao ouvir a voz, que era normalmente doce, soando naquele tom repreensivo, como se estivesse escutado tudo, lágrimas começaram sair dos meus olhos sem eu ter o mínimo controle. Eu estava tão assustado, tão assustado, eu só queria… Kyungsoo… Cadê você?

– Conversando, Soyeon. – Eunjung passou a mão pelos cabelos macios, pondo a franja atrás da orelha, aparentemente mais calma.

– Não é o que a cara do Baekhyun está me dizendo. – Disse, sem sair do lugar. Tentei enxugar o meu rosto repleto de lágrimas e melado de suor precariamente, fungando algumas vezes, me recompondo. Meu peito se apertava na dolorosa vontade de chorar ainda mais, mas não queria desmoronar ali. Não agora.

– Eu posso ter exagerado um pouco… – Eunjung desviou o olhar da amiga, mesmo que eu sentisse que não estava arrependida.

– Exagerou a ponto de inventar coisas? – Soyeon questionou. Meu corpo ficou ainda mais rígido, se era possível.

– Tudo que eu disse era verdade. – Eunjung riu. – Soa como mentiras, não é? Mas é a verdade.

Soyeon se calou, me encarando fixamente dessa vez.

– Baekhyun. – Sua expressão amansou um pouco, anuindo a careta que não combinava com o rostinho delicado. – É verdade?

– Não pergunte pra ele, Soyeon, vai te encher de mentiras. – Eunjung se pronunciou raivosa.

– Eu sei julgar sozinha quem mente ou não, fique tranquila. – A repreendeu. A frase pode ter sido dura, mas eu podia enxergar preocupação pelo estado de Eunjung. Talvez ela soubesse sobre os sentimentos da amiga por mim. Ou poderia ser outra coisa? – Então, me responda, Baekhyun, eu preciso saber. Você está apaixonado pelo Chanyeol?

Os dois pares de olhos, mesmo com emoções diferentes, pesavam em mim. Soyeon estava com o cenho meio arqueado, o rosto meio corado e os lábios pequenos comprimidos numa linha fina.

Decidi que devia a minha sinceridade a ela.

– Sim. – Falei a maior verdade da minha vida.

Soyeon assentiu lentamente, depois de alguns segundos. Sorriu pra mim de um jeito triste, mas tão triste que minhas lágrimas voltaram. E dessa vez com mais força. Eu senti uma vontade imensa de correr para abraçá-la. Eu já não enxergava claramente, por causa do borrão que o meu choro causava, então vi precariamente quando Soyeon pegou no braço da amiga e passaram direto para a sala.

Eu fiquei sozinho, mentalizando que deveria voltar para a minha própria sala, mas não conseguia me mexer. Também não conseguia respirar direito. Dei dois passos pra frente, tapando a boca para não deixar meus soluços evidentes, já que o sinal do fim do intervalo havia acabado de soar estridentemente. Se eu pelo menos…

Num susto, fui puxado pra trás por mãos desconhecidas. Meus rosto bateu em algo macio, e senti um perfume que nunca tinha sentido antes. Mas era bom, surpreendentemente bom. Tão bom que meu corpo relaxou instantaneamente, como mágica. Me agarrei no estranho, nem me importando se tudo aquilo fazia sentido ou não. Eu só queria que alguém me segurasse.

– Dessa vez você não deve me negar. – Uma voz calma soou pertinho do meu ouvido. – Deixa eu te ajudar.

Separei meu rosto apenas o suficiente para ver o rosto do rapaz. Meu nariz formigou ainda mais quando vi o rosto sorridente de Yixing.

Acenei no meio dos meus ranhos. Ele me embalou, como se fosse uma criança, fazendo ''shhh'' quando meus soluços começavam a ficar mais altos. Depois de um tempo, que eu não fazia ideia, começou a andar, pressionando a mão contra minha cabeça, fazendo-a ficar afundada em seu peito, quando notou que as pessoas começaram a perceber o meu estado. Fechei os olhos para que as expressões delas não me atingissem.

Viramos para o corredor onde ficava a nossa sala, e ouvi meu nome ser chamado.

– Eu já peguei suas coisas e avisei o professor que você está passando mal. – Kyungsoo se aproximou. – Obrigado, Yixing, eu não poderia deixar ele sozinho pra vir aqui, mas já que apareceu naquela hora, me ajudou bastante.

– V-você viu tudo? – Perguntei num fio de voz.

– Claro, achou mesmo que eu te deixaria sozinho? – Enxugou meio sem jeito as minhas lágrimas, mesmo que aparecessem outras no lugar imediatamente.

– Então, o Baekhyun já está em boas mãos. – Yixing me abraçou forte, fazendo carinho na minha cabeça. – Eu não quero explicações, só que você fique bem.

– Uhum. – O abracei de volta. – Muito obrigado.

– Até mais. – Deu um beijo na minha testa e entrou na sala.

– Vem. – Kyungsoo disse.

Ele carregava as nossas mochilas e estavam claramente bem pesadas. Eu disse baixinho que poderia carregar a minha própria, mas ele me ignorou. Apenas fiquei quieto, seguindo-o para as escadas.

– Vou embora com você. – Explicou o porquê de ter pegado o próprio material também.

Quando estávamos no pátio da escola, passamos perto da quadra, onde vários garotos estavam jogando vôlei. Abaixei a cabeça, com medo de alguém me reconhecer e ver a minha cara toda vermelha e inchada, contudo foi muito tarde. Bem na hora que quis me esconder, Chanyeol, de todas as outras pessoas, me viu. Ele, no início, estava com um sorriso grande, que desmanchou rapidamente assim que notou como eu estava. Fez menção de correr até nós, mas foi impedido por Sehun e Jongin, que o puxaram de volta para o meio do jogo. Os dois piscaram pra gente, quando o mais alto ficou de costas.

– Pelo menos eles servem pra alguma coisa. – Kyungsoo resmungou. – Se Chanyeol viesse aqui, eu daria um soco tão grande na cara dele…

Eu me permiti rir um pouco.

Continuei meu caminho, e em algum momento virei para ver Chanyeol, que, para minha surpresa, me olhava preocupado, mesmo tão longe. Não sorri, nem falei nada, apenas fechei os olhos, focando no caminho a minha frente.

Chanyeol às minhas costas, e eu seguindo em frente… Seria algo simbólico?


Notas Finais


O principal motivo do meu atraso foi que minhas aulas na faculdade começaram e fiquei toda perdida, sem cabeça pra nada skldjasklhss mas eu consegui, aaaaaaaaaaaa acabei com quase uma caixa de toddynho pra escrever.
Espero que entendam as situações nesse capítulo, assim como as personagens :D lembrando que às vezes as coisas não funcionam do jeito que a gente gostaria...
Dando ênfase na parte o Instagram que várias pessoas me pediram pra colocar de novo, tá aí! çaskdj cheio de tretas, até q
Mas sem mais lágrimas porque eu não funciono com tristeza!
Me perdoem mais uma vez pelo atraso, não desistam de mim :((((((((( eu li com muito amor todos os comentários do capítulo passado, e com certeza vou começar a responder quando eu arranjar um tempinho <3333 eu amo MUITO vocês e agradeço muito, muito, MUITO o apoio que venho recebendo. É muito especial pra mim.
Obrigada!
Qualquer coisa, estou no @baekayaro no twitter! <3
Até mais~


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