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História Chaos - Dia nublado, noite sombria


Escrita por: babyofcamila

Notas do Autor


Olá pessoas!
Esse capítulo eu deixei com a narração da Camila, foi mais pra saber mais sobre ela. Mais mistérios.
E recomendo que escutem "You're so vain" no começo (link nas notas finais) e pausarem na hora certa ou quando quiserem.
Ainda tenho dúvidas se amei ou se odiei esse capítulo, então deixo pra opinião de vocês.
Boa leitura!

Capítulo 2 - Dia nublado, noite sombria


Fanfic / Fanfiction Chaos - Dia nublado, noite sombria

Era manhã, a brisa lá fora fazia as as folhas que estavam se renovando para a primavera dançarem. Eu gosto de observar. Tanto a natureza, quanto as pessoas. Eu tinha uma vida considerada "calma" por algumas pessoas. Não saio muito, não falo com muitas pessoas, não tenho amigos, não tenho namorado,  não faço a mínima questão de ter, porque não é por falta de opção, até mesmo mulheres tem flertado comigo, eu só não vejo necessidade de ter alguém, não depois de tantas decepções no que eu achava ser "amor", e no que eu achava ser "amizade". Eu diria que ultimamente eu tenho estado bastante caseira, daquele tipo que lê algum livro sobre mitologia grega e que ouve músicas até a bateria acabar. Tenho eu outro hobbie também, tocar violão e cantar, eu amo fazer isso, porque é como uma terapia pra mim, me acalma e me traz paz, a paz que já faz tanto tempo que não sinto mais. Agora por exemplo, estou olhando o tempo nublado lá fora, e o aleatório toca "You're so vain", automaticamente começo a pensar.

Mas nem sempre eu fui tão aparentemente calma assim ...

"You walked into the party
Like you were walking into a yacht
Your hat strategically dipped below one eye
Your scarf it was apricot
You had one eye in the mirror
As you watched yourself gavotte"

(Você entrou na festa
Como se entrasse em um iate
Seu chapéu estrategicamente posicionado sobre um olho
Seu cachecol em tom damasco
Um de seus olhos no espelho
Enquanto você dançava uma gavota) 

Há três anos atrás, eu tinha uma vida de uma jovem normal. Eu tinha uma melhor amiga, eu ficava com pessoas, eu tinha amigos, tinha colegas, desde sempre era bastante cobiçada, ia a festas, ficava bêbada em noites de sábados. Mas ainda me lembro quando tudo mudou... Sabe esses dias que você se sente mal, precisa esquecer de algumas coisas que te deixam paranoica? Então, uma garota como eu era, com 16 anos e tendo uma companhia para fazer besteiras, encher a cara e quebrar regras, só pensava em fazer isso. Eu era louca, eu sei. 

"And all the girls dreamed that they'd be your partner
They'd be your partner and

You're so vain
You probably think this song is about you
You're so vain (so vain)
I bet you think this song is about you
Don't you, don't you"

(E todas as garotas sonhavam em ser sua parceira
Ser sua parceira e

Você é tão fútil
Provavelmente acha que essa música é sobre você
Você é tão fútil
Aposto que você acha que essa música é sobre você
Não é? Não é?)

Então eu sai de casa, chamamos uns meninos que um deles eu considerava amigo, se eu soubesse que ele seria um dos motivos principais da minha dor, eu jamais teria considerado aquele nojento como amigo. Então eu fiz o que tanto queria, bebi. Bebi muito, a ponto de esquecer o que havia acontecido na noite anterior. Então vieram os flashbacks, e eu me recordei de poucas coisas, desejei morrer. Havia sido o pior dia da minha vida.  Sabe a sensação de confiar em pessoas, achar que elas são suas amigas, e descobrir que na verdade, elas só querem o seu mal? Então, era isso. Me culparam. Haviam dito que eu era a culpada pelo que aconteceu naquela noite, que já não me assombra mais como antigamente. Mas a única culpa que tive, foi a de confiar. É algo que nunca se deve fazer, mesmo que envolva sua amiga de quase 6 anos.

"You had me several years ago

When I was still naive"

(Você me teve há muitos anos atrás

Quando eu ainda era ingênua)

Não gosto de detalhar e nem mesmo lembrar, mas dali em diante tudo mudou. Tirando algumas coisas boas que aconteceram, aquele havia sido o meu pior ano, me lembro até hoje. Depois de uns meses fingindo que nada havia acontecido, eu descobri uma verdade que me chocou profundamente naquele ano. Minha melhor amiga, na verdade, era mais como inimiga. Depois de desmascará-la, descobri coisas que doeram. A verdade pode doer mais que a mentira, mas é necessária. Ela tinha planejado tudo aquilo para acontecer naquela época, ela disse simplesmente que "aquilo já ia acontecer". Aquilo doeu. Aquilo perfurou a minha alma.

"You said that we made such a pretty pair
And that you would never leave
But you gave away the things you loved
And one of them was me"

(Você disse que formávamos um belo par

E que você nunca iria embora

Mas você jogou pro alto todas as coisas que amava

E uma delas era eu)

 Como pude ser tão estúpida? Todo esse tempo, todas essas indiretas, todos os comentários e insinuações. Ela parecia querer ser como eu, e parecia me querer só para ela. Nada de namorar alguém ou ser apaixonada, ela não queria isso vindo de mim. Ela me queria só para ela, só para beber, só parar ficar com outras pessoas por aí, só para viver uma vida que ela inventava. 

"I had some dreams there were clouds in my coffee
Clouds in my coffee and"

(Eu tinha alguns sonhos haviam nuvens em meu café
Nuvens em meu café)

Depois de me decepcionar tanto assim com essas duas pessoas, depois dessa coisa trágica que aconteceu, depois de eu me sentir injustiçada, depois de eu me sentir traída, depois de cada dor, eu não conseguia mais confiar nas pessoas, até hoje não consigo como antes de tudo, eu não conseguia mais beber perto de perder a consciência perto de alguém que não confio, eu não conseguia mais acreditar que a bondade ainda existia, eu era apenas uma garota decepcionada e que estava se tornando fria.

"You're so vain
You probably think this song is about you
You're so vain (so vain)
I bet you think this song is about you
Don't you, don't you, don't you"

(Você é tão fútil
Provavelmente acha que essa música é sobre você
Você é tão fútil
Aposto que você acha que essa música é sobre você
Não é? Não é?)

Parei de prestar atenção na letra da música depois desse refrão, dei pause. Só de lembrar de todos esses traumas, eu quase estava cedendo uma inútil lágrima. Agora as coisas mudaram, já não sou mais aquela garotinha de anos atrás. Agora eu sou uma nova pessoa. Que por sinal já devo ir para meu emprego. Não é o emprego que eu sonhava quando criança, mas é um ambiente que eu gosto, tem pessoas que eu estou conhecendo melhor mas a maioria só por observar mesmo, embora vá fazer um anos que estou aqui, isso é devido ao problema que tive anos atrás, mas estou recuperando coisas boas aos poucos, trabalho em administração e as vezes ajudo com secretariado também, numa empresa que é bem conhecida aqui. Coloquei minha blusa social, minha saia social que eu achava bem elegante, embora raramente usasse pelo fato de ser uma empresa com padrão não tão rígido assim, coloquei meias calças e salto, e fui.

 

A empresa está mais calma que ontem, devido a hoje ter apenas uns dois novatos programados para a seleção e entrevista, e os mesmos funcionários de sempre. Já estava quase na hora dos que tentariam a vaga chegarem, quando de repente entra uma mulher. Eu não sabia o que estava sentindo, mas me sentia intimidada. Ela estava com uma saia preta colada, blusa preta espremendo seus seios fartos e.. não Camila, pare de olhar, que feio! E um blazer. Eu senti uma vibração dentro de mim, arrepios e meu coração acelerado quando nossos olhos cruzaram. Eu me sentia como uma presa de tanto que era intimidada pelo olhar sombrio daquela mulher de lábios avermelhados, e nem sei ao certo o porque de me sentir tão intimidada. Desviei o olhar e voltei para o que eu estava fazendo.

Céus, mas aquele ambiente de repente me parecia quente. Talvez o ar condicionado tenha quebrado, talvez eu estivesse com roupas demais, talvez fosse apenas o olhar daquela mulher que havia acabado de entrar na sala e.. não, não, não, isso é só coisa da minha cabeça. 

Não que eu tenha problemas em sentir algum tipo de atração por mulheres, nunca me limitei a ter um rótulo. Desde pequena eu tinha esse interesse... e na adolescência ficou mais forte com as meninas que me deixavam nervosa ou até mesmo meio sem graça e intimidada. Mas nada tinha se comparado ao poder do olhar daquela mulher. 

O dia passou normal, anotações, organizações, ajudar aqui, fazer tarefa ali, beber café, e por aí vai... Meu instinto estava acordado desde aquele horário que ela pisou nessa empresa, infelizmente. Eu estava meio quente o tempo todo, me pegava distraída as vezes, mas logo voltava a fazer as coisas. Ela era só uma mulher jovem assim como eu, em busca de emprego. Só isso. Não há nada de ruim nisso.

Mas a curiosidade, a maldita, me fez checar o currículo dela. 

Seu nome era Lauren Michelle Jauregui Morgado, tinha vinte anos, morava há três quarteirões da minha casa, e tinha uma carreira profissional recentemente instável, o que não sei é bom ou péssimo sinal. Okay, chega disso. Quero ir para casa e simplesmente ignorar tudo mais uma vez.

Então na saída, eu a vi no ponto de ônibus, eu estava com meu jeep preto que eu tinha conseguido uma promoção e ajuda para comprar há um ano atrás. Então pensei se deveria oferecer carona ou não. Pensa, pensa, pensa. Eu pensava nas consequências que isso poderia trazer. Ela poderia ser louca, ou ela poderia ser normal e negar, ou ela poderia ser assassina em série, ou ela poderia aceitar. Droga! Essas possibilidades me deixam insegura, que se dane, só hoje. 

Eu estava tremendo um pouco quando abaixei o vidro do carro. Ela olhou se aproximando aos poucos, desconfiada.

- Ahm.. Boa noite, você gostaria, ahm, você, é-érr... - para de gaguejar sua boba, ela vai te achar louca - bom, eu te vi hoje l-lá na empresa  - fingi não saber - voc-cê poderia ir de carona comigo, mas só se quiser.

Ela parecia ver minha alma através de meus olhos, não consegui manter o contato por muito tempo e desviei, eu já me sentia quente de novo.

-  Não precisa, obrigada. - merda, ouvir a voz dela tão próximo à minha causou um certo arrepio, e meu coração deu um solavanco de nervoso quando ela negou. Mas eu estava ficando mais determinada.

- Senhorita, vamos, não seja mal agradecida. Estou com tempo livre agora, e aqui tem bastante espaço ao contrário dos ônibus. - achei convincente.

- É, pode ser. - suspirei aliviada.

Ela me passou seu endereço, coisa que eu já sabia. Mas fingia surpresa pelo local. Disse para a mesma entrar.

Algo na voz dela, e no jeito que ela se comportava, o jeito que parecia fechada, ou talvez o tom de mistério que ela tinha... Isso era tão estranho e um pouco perturbador, e me deixava maluca. O caminho se iniciou silencioso, até que resolvi cortar.

- Então, srta..?

- Jauregui. Lauren Jauregui.

- Prazer, eu sou Camila Cabello. - Optei por usar esse nome meu, achei que depois de toda tormenta do passado, era melhor eu mudar algo em minha identidade, ao menos para as pessoas, e para eu mesma tentar ser outra Camila, então pensei em usar mais o segundo nome "Camila" que Karla. Embora eu ainda use quando quero parecer mais rebelde. Sorri para Lauren.

- Saudações senhorita Cabello, prazer é algo que poucos podem dizer que tiveram ao me conhecer. - eu podia jurar que estava tremendo, suando, mas meu estômago parecia ter congelado, meu coração acelerava. Eu tentava controlar a respiração.

- Ahm.. Tudo bem senhorita Jauregui, saudações. Concordo que prazer é algo que não deve ser dito apenas por conhecer, mas por outras coisas... - Oh merda, eu não disse isso, merda. Isso levou um baita de um duplo sentido. Eu juro que vi um sorrisinho nascer em seus lábios. - Não foi o que eu quis dizer.. - sussurrei.

- Entendo. - sua postura ficou séria, isso me deixava meio inquieta.

- Bom.. então me diga, conseguiu entrar para a empresa? 

- Sim. Não é bem como se trabalhar fosse uma escolha, mas sim. Pode me deixar nessa rua aqui por favor? - Nossos olhares cruzavam o tempo todo, e isso me fazia sentir vibrações sempre que ocorria, por todo o corpo.

- Senhorita Jauregui, essa rua fica dois quarteirões da sua casa, o que custa eu te deixar lá? Essa hora a rua pode ser perigosa.

- Muito obrigada pela carona, Senhorita Cabello, mas eu não ligo. Quero descer aqui, pode parar o carro? - Isso soou mais como ordem que pedido.

- Tudo bem... mas tome cuidado, é perigoso. Te vejo amanhã na empresa? - Eu perguntei, por educação e talvez certa curiosidade, claro.

- Também é extremamente perigoso dar carona a desconhecidos, srta. É, até amanhã. Obrigada.

- Okay. - me direcionei à caminho de casa e a observei partindo pelo retrovisor com algo entre os dedos que me parecia ser um cigarro. Até mesmo o jeito que ela andava era misterioso e fazia mais uma vez eu me questionar o que essa mulher tem que me prende tanto a ela, como se eu fosse uma presa, eu não sou, não é?! Não. 

Finalmente cheguei em casa. Liguei para a lanchonete, pedi comida japonesa e tomei um banho enquanto aguardava. Comi e dormi, estava cansada por mais um dia de trabalho. Vida adulta é exaustiva.

 

 

Estávamos sem gasolina, na parte deserta da estrada. Não tinha ninguém, só nós duas ali naquele cubículo que mais parecia o inferno de tanto calor que havia dentro. 

- Sabe, srta. Cabello. As pessoas me desejam, assim como você. Ficam confusas assim como você. Mas as vezes, eu gosto disso, gosto do jeito que sua excitação é evidente. - ela tocou minha coxa.

- J-jaureg.. e-eu não estou excitada, é coisa da sua cabeça. - eu disse sentindo minha virilha pulsar.

Lauren me puxou pra sentar em seu colo, em cima do banco do passageiro. Olhou no fundo dos meus olhos, seus olhos estavam tão escuros... Suas mãos foram de encontro a minha cintura, forçando contra seu colo. Até que senti algo em sua coxa, meu coração disparou,  algo duro e gelado roçando em minhas coxas. Soltei um gemido fraco com o ato. Até que Lauren colocou sua mão ali, e tirou uma pistola apontando para minha cabeça.

- Me diga se o que não sente nesse exato momento não é adrenalina e excitação? - Ela sussurrou em meu ouvido, passando a arma pelas minhas bochechas, descendo até o maxilar, pescoço e subiu de novo para minha cabeça, meu coração parecia fazer contagem regressiva para uma bomba explodir. - Você deveria deixar de ser curiosa e me meter com o perigo. Não queira entrar na minha mente, você vai se perder e ficar tão confusa e nervosa quanto está agora. -  Ela destravou a pistola. - Está com medo senhorita Cabello, diga-me, está com medo?

- E-e-s.. n-não... p-por favor..

Então seus lábios correram para meu pescoço.

- Que ótimo, diga adeus para sua vida. - a arma estava firmemente em minha cabeça, quando ela disparou.

 

Eu estava arfando, suando, tremendo. 

Tinha sido um sonho.

Só um sonho.

Não era verdade.

Eu não desejava Lauren Jauregui.

Ela não havia me matado.

Eu estou viva.

Era só um sonho.


Notas Finais


You're so vain: https://www.youtube.com/watch?v=Q-nObAjjdsQ
E aí, o que acharam?
Obrigada por ler, espero que tenham gostado!


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