História Charming Prince - Sentimentos são

— Quer parar, Oh Sehun? — Jongin resmungou irritado tentando empurrar o rosto do mais novo. — Isso dói, bastardo! — Rosnou bravo ao receber mais uma mordida um tanto forte no braço direito. — Desgruda! — Murmurou apertando o nariz do outro até que ele se soltasse para respirar.

— Você é tão chato. — Afirmou com os lábios apertados em um bico que Jongin achava deveras fofo. — Me dê atenção, Jonginnie… — Disse arrastado, enroscando seu corpo ao do namorado como um gatinho manhoso. — Você anda tão ocupado ultimamente e toda vez que eu venho aqui tá lendo ou jogando e me ignora completamente! — Reclamou arrastando o nariz pelo pescoço do mais velho que se arrepiou inconscientemente. — Eu quero carinho…

Jongin riu soprado antes de soltar no chão o livro que segurava e levar Sehun para o seu colo, segurando sua cintura com uma das mãos e a outra fazendo carinho em seu rosto.

— Criança mimada. — Murmurou com a voz meio rouca ao aproximar seus rostos e mordiscar levemente o lábio inferior do namorado.

— Não me julgue por pedir um pouco de atenção. — Resmungou coçando a bochecha. — Eu não teria deixado você ajudar nesse trabalho do Chanyeol hyung se soubesse que ele ia te roubar por tanto tempo.

— E desde quando você tem autoridade pra me proibir de fazer alguma coisa, hm, Oh Sehun? — Arqueou a sobrancelha e fez cócegas na cintura do mais novo que se contorceu incomodado, tentando afastar as mãos de seu corpo.

— Desde o dia em que te pedi em namoro e você aceitou. — Embrenhou os dedos nos cabelos escuros de Jongin e os puxou de leve para trás, esfregando seu nariz contra o dele. — Não avisei? Ter aceitado meu pedido de namoro foi tipo dizer que ia me dar liberdade total sobre todo você, te tornando minha propriedade em tempo integral.

— Parece que esqueceu de me contar essa parte. — Murmurou com um meio sorriso no rosto, olhando em seus olhos; nunca se cansaria de observar aquelas bonitas esferas negras que brilhavam apenas pra ele.

Sehun deu de ombros e soltou os cabelos de Jongin, descendo as mãos até sua nuca, enroscando-o com os braços, aconchegando-se contra ele com um suspiro deliciado e escondendo o rosto na curvatura de seu pescoço.

— Eu quero carinho, Nini…

— Hm... — Pensou por alguns instantes. — Quer que eu pause os estudos por hoje e te leve ao cinema?

Sehun suspirou antes de revirar os olhos, resmungando alguma coisa sobre poder ter escolhido um namorado mais inteligente na vida, mas no final ter ficado com aquele e Jongin franziu o cenho, confuso com o ataque repentino.

— Amor. — Sehun murmurou levantando a cabeça e encarando Jongin com a expressão divertida. — Acompanha aqui o raciocínio, ok? — Pediu meio sério e Jongin aguardou que ele continuasse. — Eu tô carente de você, de ficar aqui quietinho enquanto a gente conversa e troca carinho, carente daqueles fins de semana em que a gente ficava em casa na cama sem hora pra levantar e sem se preocupar em incomodar os vizinhos com nossas risadas escandalosas. Carente só de nós dois. — Finalizou dando um selinho nos lábios da pessoa que mais amava na vida e sorriu tímido. — Entende porque não faz sentido a gente sair de casa? — Bagunçou os cabelos do mais velho com a mão direita. — Eu só quero que você fique um pouquinho comigo, só isso.

— Já disse que amo quando começa com essas coisas de ser sincero não importa o quê? — Jongin mordiscou os lábios finos do namorado que deu uma risadinha sem-graça. — Adoro como você tenta fazer com que nosso relacionamento seja o mais transparente possível, mesmo que às vezes aja como um babaca.

— Outch. Mais uma pra lista das declarações de duplo sentido que você já me fez. — Sehun riu. — Pelo menos nessa só me chamou de babaca.

— Veja pelo lado bom: você é o único babaca que eu amo e deixo agir assim comigo.

— Shiu, tá piorando as coisas pro seu lado, amor. — Franziu o cenho, pensativo. — Ou pro meu? Não tenho certeza.

Jongin deixou escapar a risada escandalosa e tão espontânea que sempre fazia com que Sehun perdesse alguns segundos de seu tempo encarando-o com admiração. No rosto, o mesmo olhar de bobo apaixonado de quando vira o mais velho rir assim pela primeira vez. Se aproximou devagarzinho e puxou o rosto de Jongin, colando os lábios num selinho demorado.

Ao se afastar percebeu que ele ficara o tempo todo de olhos abertos, se pela surpresa ou pela mania de sempre querer gravar os detalhes do seu rosto, Sehun não saberia dizer.

— A gente pode escolher um desses filmes da Disney que você tanto gosta e assistir coladinhos no sofá, com pipoca e uma jarra de achocolatado.

Sehun murmurou sem conseguir pensar em nada mais elaborado para dizer e Jongin assentiu, porque na verdade não sabia se conseguiria falar qualquer coisa sem gaguejar. Odiava-se por sempre se tornar fraco quando o namorado fazia aquelas coisas de surpresa e sem pensar. Se odiava por saber que mesmo se tentasse, nunca conseguiria ter metade da coragem que Sehun tinha e ser para ele metade do que ele era pelos dois.

— Jongin.

Virou a cabeça na direção da voz do mais novo só então reparando que ele saíra de seu colo e sentara no chão frente à estante onde guardava os DVDs. Com a mão estendida e a cabeça um pouco inclinada para o lado, Sehun chamava Jongin com impaciência.

Jongin escorregou para o chão, engatinhando até que estivesse colado ao lado do mais novo, apoiando a cabeça em seu ombro.

— Eu gosto desse. — Sussurrou apontando para o filme cuja capa mostrava uma casa suspensa por diversos balões coloridos.

— Seria mais fácil apontar os que você não gosta. — Resmungou balançando a cabeça. — Vamos de “A Bela e a Fera”, acho que esse eu nunca vi.

— Que sem infância! — Jongin disse indignado, ajeitando a postura e puxando a caixinha de plástico das mãos do outro. — É um clássico, como você pode nunca ter assistido?

— Não assistindo, ué. — Encarou Jongin com a sobrancelha arqueada. — Do mesmo jeito que você nunca tinha provado bubble tea.

— É diferente, Sehunnie.

— Não tem nada de diferente, não discute comigo. — Beijou Jongin antes que ele pudesse dizer alguma coisa.

— É diferente. — Jongin sussurrou irônico, mordendo os lábios do namorado. — Um beijo não vai me fazer mudar de ideia.

— E dois? — Perguntou inocente, sinalizando o número com os dedos.

Jongin negou com a cabeça e riu, puxando-o para mais perto.

— Tá tentando me subornar, Oh Sehun-ssi? — Apertou de leve o nariz do outro.

— Tá funcionando?

— Cara de pau.

— É a convivência, amor. — Deu de ombros. — Meu namorado de vez em quando tem ideias ótimas.

Jongin estreitou os olhos, mordendo a bochecha branquinha do mais novo, deixando-a avermelhada.

— Ya! Ya! — Sehun resmungou afastando-se e estapeando o ombro de Jongin. — Já disse que não é pra me marcar em lugares visíveis, idiota. Eu fico roxo fácil, esqueceu? — Esfregou a bochecha. — Agora vai parecer que eu tenho um chupão no meio da cara. — Bufou irritado. — Nossa, mas o Chanyeol hyung vai me zoar muito amanhã.

— Nem é um chupão de verdade, deixa eu fazer outro no seu pescoço. — Retrucou divertido, se aproximando.

— Fica longe, besta. — Colocou a mão espalmada no rosto do mais velho, segurando-o. — Eca, seu nojento! — Fez uma careta recolhendo a mão que Jongin lambera, limpando-a na bermuda do mesmo.

— Foi só um pouquinho de saliva, fresco.

— Me deixa te lamber então. — Colocou a língua para fora, se inclinando para frente e Jongin lhe apertou as bochechas, mordiscando sua língua e chupando-a com vontade.

Sehun gemeu em surpresa antes de ser puxado, praticamente caindo sobre o namorado e apoiando as mãos de mau jeito em suas coxas. Fechou os olhos quando a língua de Jongin invadiu sua boca, enroscando-se junto à sua e roubando cada resquício de ar que tivesse.

— O filme. — Jongin murmurou entre os lábios do mais novo, sem realmente ter vontade de se afastar.

— Uhum. — Sehun resmungou tão desmotivando quanto, puxando o rosto de Jongin para mais perto. — Só mais um segundo.

Voltou a beijar o outro com toda sua empolgação, até que ambos tivessem que parar para respirar. Ofegantes, se separaram depois de um selar demorado e sorriram um para o outro antes de voltarem para a posição anterior.

— Um dia eu ainda vou te fazer sentar essa bunda bonitinha no sofá e assistir todos os filmes da Disney que eu quiser.

— Minha bunda não é só bonitinha, seu ridículo, ela é gostosa pra caralho. — Retrucou divertido. — E eu só assisto se você me der um vale bubble tea de pelo menos cinco meses no meu aniversário.

— Mas os filmes são de graça!

— Só que a permanência da minha “bunda bonitinha” no sofá, não.

— Tá insinuando que eu deveria pagar pela bunda do meu namorado, Oh Sehun? — Abriu um sorriso malicioso. — Se soubesse antes que era fácil assim tirar as coisas de você...

— Há, há. — Estreitou os olhos. — Engraçado pra caramba, você. — Deu um peteleco na testa de Jongin. — Anda logo, levanta daí e vem me ajudar. — O puxou. — Antes que eu me arrependa dessa ideia de monopolizar o namorado. — Resmungou.

— Meu amor por você também foi sempre recíproco assim, amor. — Abraçou Sehun por trás e beijou seu pescoço, andando colado a ele até a cozinha.

— Falso. Você nem ligava pra mim quando eu te pedi em namoro da primeira vez, ainda jogou na minha cara que tinha uma queda por aquele hyung lá, do terceiro ano.

— Eu lembro disso. — Riu. — E de todas as coisas pra mostrar que tava com ciúmes, você decidiu me beijar a força e também me mordeu. Fiquei um tempão com a marca desses dentinhos afiados no meu ombro.

— Não me arrependo. — Puxou a lata de achocolatado e o pacote de pipoca do armário, entregando ambos nas mãos de Jongin que colocou a pipoca no micro-ondas e o achocolatado no balcão. — Se eu não tivesse feito aquilo, duvido que conseguiria te deixar tão obcecado por mim como ficou. Foi meu charme. — Piscou na direção do mais velho antes de abrir a geladeira e pegar a garrafa de leite. — Pega o açúcar pra mim, amor.

— Vê se não exagera dessa vez ou a gente não vai conseguir tomar de novo. — Fez uma careta entregando a lata à Sehun com um pouco de receio, além de uma jarra e a colher que pegara no armário.

— Não foi minha culpa daquela vez, aquela marca que era horrível. Você sabe que achocolatado bom é aquele que dá pra colocar açúcar e ainda assim ele não vai ficar enjoativo, mesmo que na verdade já venha adoçado. — Pontuou colocando um pouco de leite na jarra.

— Eu sei, mas é que você é um gordo de pensamento e sempre exagera com essas coisas.

— É melhor sobrar do que faltar, Jonginnie.

Jongin riu bagunçando os cabelos do mais novo e deixando um beijo molhado em sua bochecha. Observou divertido o rosto concentrado de Sehun ao contar as colheradas de chocolate e açúcar: os olhinhos semicerrados, a boca levemente aberta com aquelas presinhas à mostra e o nariz meio franzido; uma graça.

— Eu tenho o namorado mais bonito do mundo. — Jongin piscou repetidas vezes, com um sorriso meio afetado na cara.

Sehun virou o rosto depressa na direção do namorado e fez uma careta, rindo meio sem jeito.

— Seu idiota.

— Tantos filmes pra assistir e eu escolhi um musical. — Sehun resmungou enfiando outro punhado de pipoca na boca.

— Para de reclamar e presta atenção. — Jongin revirou os olhos, recostando-se mais confortavelmente no colo do mais novo.

— Musical é coisa pra criança e esse, por exemplo, foi feito pra garotinhas. Não sei como consegue assistir várias e várias vezes a mesma história entediante.

— Porque é legal. — Deu de ombros, bebendo mais um gole do achocolatado. — E foi você que quis ver esse, não reclama. A gente podia estar vendo, sei lá, Piratas do Caribe, que pra mim não ia fazer muita diferença.

— É que eu queria ver um dos que ainda não tinha assistido com você.

— Acabei de chegar à conclusão de que você é confuso, problemático e meio doido igual a Bela. — Jongin afirmou. — Entendo perfeitamente as mudanças de humor da Fera, se fosse ele ficaria do mesmo jeito. Vocês dois deixariam qualquer pessoa louca.

— Que absurdo, eu sou super de boas. — Reclamou ofendido. — Você que fica tendo essas crises de temperamento que nem a Fera, mas no fundo é uma manteiga derretida. — Acariciou a cintura de Jongin com a ponta dos dedos. — Se fosse pra comparar alguém aqui, seria você, senhor Fera. Mas na verdade...

— Shh! — Jongin virou meio de lado, tapando a boca do namorado com a palma da mão. — Essa é a segunda melhor parte, Sehunnie, olha. — Apontou para a televisão, completamente concentrado.

Sehun encarou a tela no momento em que os protagonistas se preparavam para descer as escadas do salão do castelo e então o bule começava a cantar o que seria a música tema do casal; tentou prestar atenção, mas no momento em que Jongin puxou seu rosto sem nenhum aviso e sorriu em sua direção, os olhos castanhos brilhando de animação, não conseguiu se concentrar em mais nada.

Jongin sussurrou parte da letra da música começando um carinho gostoso na base de seu pescoço e Sehun e riu ao se dar conta do que ele estava fazendo. Se levantou com um sorriso doce no rosto quando Jongin o puxou para o meio da sala.

Agarrou-se ao mais velho encostando o rosto em seu pescoço e fechou os olhos, deixando escapar um suspiro quando Jongin segurou sua cintura e começou a girá-los com calma pelo cômodo.

Era exatamente por causa daqueles momentos que Sehun continuava ali, grudado em Jongin com toda sua força, porque ele era o melhor de toda aquela baboseira de finais felizes e era só seu; seu amigo, seu namorado, seu príncipe, sua alma gêmea, sua Fera.

E Jongin... Bem, Jongin acreditava em contos de fadas.

Tinha arrumado o príncipe encantado mais lindo — às vezes meio metido e boca suja, tinha de admitir — de todas as histórias, e por incrível que pudesse parecer, ele só tinha olhos para ele.

A frase “e foram felizes para sempre” se espalhou por sua mente e nunca uma cena de desenho animado fizera tanto sentido como aquela de “A Bela e a Fera”.

Nada mais precisava ser dito, porque em resumo, os sentimentos sempre seriam como uma canção.