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História Chase - Old Habits


Escrita por: Happy-End

Notas do Autor


Obrigada as pessoas que me ajudaram e desculpe pela demora.

Capítulo 3 - Old Habits


- Mãe?

A chamo em um sussurro antes de entrar em seu quarto. Suspiro ao veja-la encolhida na beirada da cama quando vou até a janela a abrindo deixando o luz do sol invadir.

- Bem melhor certo? Você gosta de sol.

Coloco delicadamente minhas mãos em seus ombros para não assusta-la e afago seus cabelos tentando passar algum conforto no carinho. Solto o ar que nem percebi estar prendendo quando  sinto sua cabeça  pressionar de leve minha mão como se buscasse mais do contato.

Minha mãe entrou em depressão quando a minha irmã desapareceu e consequentemente parou de falar. Desde um simples sim ou não, ouvir sua voz é algo completamente irreal. Eu fico esperando que ela diga qualquer coisa, não importa o que, eu só quero que ela fale comigo. Sinto falta dela

Ela simplesmente não parece estar aqui, é como se estivesse em um lugar distante onde não consigo alcançar. Como se sua presença fosse apagada da terra e só estivesse o corpo para provar que ainda está aqui.

Ela não parece mais com a minha mãe

A mãe que eu lembro, quando consegui uma bolsa integral em medicina ficou rouca de tanto gritar pela rua que o filho dela era um gênio, que  quando eu apareci com minha primeira namorada, no final do meu ensino médio, quase chorou de felicidade por saber que eu não era tão esquisito e virjão, e que mesmo que fosse ocupada sempre sabia quando algo estava errado conosco.

Ela era esse tipo de mãe. Sinto falta disso.

Sinto seu olhar sobre minha mão, agora vermelha e um pouco enxada. Apesar de ter parado o sangramento e jogar álcool ainda era visível que estava machucada.

Tento sorrir enquanto pego a sua mão e entrelaço nossos dedos.

- Foi um acidente. Vou colocar os curativos mais tarde, Ok?

Ambos sabíamosmesmo que dessa forma temos um ao outro. Mesmo que seja da forma dela ela ainda se preocupa com o que acontece comigo.

- O que eu fiz ontem? Omma, eu sei que está curiosa! - ajoelho de frente a ela - Você sabe... meus amigos me chamaram para uma festa na faculdade. Eu também conheci uma menina legal. Eu sei que você se preocupa com meu estado civil, mas não sei se gosto dela, então não crie expectativas.

Isso também é uma mentira. Eu tranquei a faculdade. Não somos ricos e o seguro desemprego dela acabou a bastante tempo, então eu precisava trabalhar.

Na época da faculdade eu assistente do professor, por ser o primeiro da turma, mas mesmo com o salário razoável para um estudante eu ainda tinha minha mãe, os seus médicos e remédios para pagar. No primeiro mês eu consegui me virar, mas os remédios, as consultas com os médicos, os matériais da faculdade, além das contas normais da casa, acabaram com minha poupança.

Trancar a matrícula foi a melhor decisão, que mesmo que não tenha sido fácil de se tomar, era a melhor escolha que eu tinha levando em conta tudo que estava acontecendo.

Não gosto de mentir, porém ela sempre sorri quando conto mentiras assim, isso me deixando feliz e animado. Não vejo seu sorriso a bastante tempo.

-  Você deveria sorrir mais omma. Seu sorriso é bonito - olhos nos seus olhos tristes e mudo de assim - Você ainda não comeu, certo? Espera um pouquinho.

Vou até a cozinha e corto algumas maçãs em forma de coelhos, do jeito que ela gosta, pego o arroz e os acompanhamentos. A comida não era exatamente gostosa, mas era comestível. Acabei aprendendo a cozinhar mesmo que quase tudo seja bem ruim. E bom, ela não fala sobre isso também.

Quando tudo está pronto  coloco em uma bandeja e me aproximo do seu quarto, este no começo do corredor, abrindo a porta lentamente.

- Mãe? - Pergunto em um tom de voz mais baixo e não a vejo.

Meu coração despedaça. O quarto da Hanbyul. Quando vejo minha omma  chorando baixinho encolhida na cama da dela, do jeito que ela sempre faz, meu coração despedaça de novo e de novo e de novo.

Depressão. Tentativa de suicídio. O choro constante. Saudade. Dor da perda. A responsabilidade. Sempre. Isso nunca acaba ou melhora.

Coloco a bandeja na cômoda e a abraço com toda a força sentindo suas lágrimas molharem minha blusa.

- Está tudo bem mãe. Você  já tomou o remédio?

Ela balança a cabeça negativamente. Coloco a pílula vermelha e o copo de água em suas mãos, observando discreto as tomar.

- Quer ficar sozinha?

Ela balança a cabeça em um sinal afirmativo.

- Coma um pouco Ok? - ela balança a cabeça novamente - Eu estou indo para a faculdade agora. Volto quando puder.

                           

No começo foi um pouco difícil arrumar um emprego. Os salários na Coréia de Sul são uma droga e eu não tinha muita experiência, mas nas primeiras semanas acabei descobrindo que eu só tinha uma coisa que me dava os empregos: ser bonito. Não sou narcisista nem nada parecido, mas por causa do meu rosto foi relativamente fácil conseguir alguns empregos.

Ao longo dos primeiros  dois meses aprendi que alguns trabalhos são melhores que outros. Sejam pelas condições de trabalho: salários, horários e tipos de trabalho; ou pelos meus patrões, alguns que descaradamente acharam que o trabalho era outro.

Apesar de tudo, não é tão ruim.

Tenho quatro trabalhos de meio período atualmente: um em uma cafeteria durante a manhã, um de  garçom a tarde e de barman a noite, fora quando faço alguns trabalhos de faculdade para os estudantes do primeiro ano, quando o pagamento é bom.

Apesar de tudo parecer sem lógica eu tenho uma rotina. Pego o caminho de sempre conferindo as horas, onde eu quase sempre estou atrasado, coloco meus fones de ouvido e corro. Bato ponto 8:00. Saio do café 13:00 e vou ao restaurante / salão de festas no centro batendo ponto 13:30. Fico lá até as 20:30 quando tenho uma hora para trocar de roupa e ir para a boate, também no centro de Seul, para meu terceiro emprego onde saio 03:00 AM.

Eu basicamente vivo para trabalhar, cuidar da minha mãe e economizar.

Suspiro enquanto ponho meus fones de ouvido. Apesar de tudo eu ainda amo música. Talvez seja a única coisa que eu ainda tenho completamente e me faz feliz de verdade.

As calçadas na minha frente são estreitas e cheias de árvores de cerejeira, bonita suficiente para ter vários casais tirando fotos juntos sorrindo. O cheiro das flores é tão forte e ao mesmo tempo tão sutil... Faz minha cabeça parar de latejar e um sorriso sincero aparecer em meu rosto.  Tudo parece tão bom… Eu amo a primavera de Seul.

Meu primeiro trabalho fica a cerca de 15 minutos de casa, então me dou o luxo de parar minha caminhada e olhar ao redor. Os casais que parecem se amar, as crianças rindo ao lados de suas mães, os carros passando na rua. Tudo isso é único de sua forma.

Imagens calmas assim me deixam confuso.

O que aconteceu comigo?
Quando eu fiquei assim?
As coisas vão melhorar não vão?

Essas coisas me dão vontade de chorar e eu não posso fazer isso.

Dou uma última olhada para as flores e sigo meu caminho até meu emprego.

O sino toca quando abro a porta do estabelecimento. Esse é meu trabalho favorito atualmente. O cheiro do café e dos doces é agradável e os fregueses são sempre calmos mas animados. As   cores pastéis nas paredes fazem o ambiente ficar mais aconchegante e as flores coloridas nas janelas fazem parecer que não estamos na capital.

Não consigo dar um passo para dentro, quando sinto milhões de tapas no braço pela menina de cabelos castanhos e estatura mediana. Solto uma gargalhada apesar da dor. Aquela piralha tem a mão tão pessada que sempre deixa marcas aonde me bate e  isso acontece todo santo dia.

- Meu deus, para garota! Temos clientes então finja ser gente.

- Você é grande filho da mãe - Diz parando de me bater e olhando para os clientes com um sorriso, acho que fingindo que está tudo bem. Ouço alguns risinhos dos fregueses. Louca

- Me diz como ainda não foi despedida? Isso não é justo, só porque sua tia é a dona?  Você é no mínimo violenta.

Hyeri me arrasta para a bancada  e joga o avental na minha cara. Reviro os olhos. Tão doce …

- Cala a boca Hanbin, eu tenho um encontro em vinte minutos e por sua causa eu ainda não me arrumei!

Hyeri sai pegando suas coisas e jogando na mochila resmungando coisas que acho ser:  " Eu te odeio!!!! "  e "Porque ele nunca chega na hora?? "

Visto o avental e coloco minha mochila onde anteriormente estava a dela com uma careta de dor.

- B.I você viu onde eu coloquei... PUTA MERDA o que aconteceu com sua mão????

Olho para ela - Hum, nada de mais.

Hyeri sai pisando duro murmurando algumas coisas nada bonitas e volta com a maleta de primeiros socorros.

- O que eu faço com você??? Estraga meu encontro que ainda nem aconteceu e vem parecendo que saiu na porrada com alguém. Essa coisa no seu pescoço é chupão?

- Eu não cobri direito? - Falo baixinho

-  Não é isso, da pra ver só de pertinho. - Ela da uma pausa e me encara - Hanbin… não vai me dizer o que aconteceu? Eu achei que você tinha um namorada maluca, mas você sempre fica triste quando aparecem marcas, e bom, você não tem namorada - Ela tira minha franja dos olhos - Você é um bebezão.

A observo enfaixar rapidamente minha mão com os lábios comprimidos, uma das manias dela quando está nervosa.

- Ei, eu estou bem.

A garota bufa, mas dá um meio sorriso

- Idiota.

- Não fale assim com seu Oppa. Finja ter educação.

A menina me mostra a língua e o dedo do meio. Ela é aquele tipo de pessoa que sempre faz posse mas é totalmente infantil.

- Hyeri?

Ela se vira pra mim ainda murmurando coisas, provavelmente mais xingamentos - O que foi praga?

- Não exagere na maquiagem, você é bonita então não saia parecendo um palhaço. Também não force a barra e seja você mesma, ok? Vai dar tudo certo.

Hyeri me olha de cima em baixo e da um sorriso perfeito enquanto me bate.

- Se está agradecida não me bata, peste.

Sinto seus braços em torno de mim em uma espécie de abraço  - Oppa, você é o melhor. Um idiota, mas o melhor.

- Anda logo, você está atrasada não está? Obrigado pelo curativo - Dou um peteleco na sua testa  - Fighting!

Depois de mais um tapa no braço ela desaparece para o interior da loja.

Eu amo a Hyeri. Ela é uma criancinha fofa e metida a adulta, me lembra a minha irmã as vezes, mas foi quem me ensinou o que eu precisava saber sobre o trabalho. Nós brigamos o tempo toda, mas ela é uma das pessoas mais próximas de mim e eu sou o conselheiro fiel dela.

Vou atendendo as mesas pedindo desculpas pela demora. Nesse horário a maioria dos clientes são estudantes e funcionários da empresa vizinha que na grande maioria são mulheres. Hyeri diz que são minhas fãs ou um bando de vacas malucas, depende do humor dela.

Toda aquela atenção desnecessária me incomoda um pouco porque não acho que deveriam frequentar o café por minha causa, mas devo admitir que é fofo a forma que me tratam, como se eu fosse um idol ou o oppa delas. 

Confiro o relógio. 12:50. O tempo passa rápido aqui, o problema é que o salário do restaurante é melhor e por isso não trabalho em tempo integral. Vejo Yoona entrar para me substituir e agradeço os céus que ela não seja como eu no quesito horário.

Me despeço dos clientes e tiro o avental o dando para a outra garota.

                        

Sempre antes de ir para meu último trabalho, pego o metrô ( também conhecido como o inferno na terra,  sardinha humana, lar dos tarados e das crianças que não param de gritar ) confirmo se está tudo bem e se minha mãe comeu, troco de roupa, como alguma coisa e pego o metrô de novo.

Eu detesto o trabalho na boate As luzes são tão fortes que fazem meus olhos arderem, a fumaça, o cheiro das bebidas, cigarro e sexo fazem meu nariz coçar. Esse lugar é diferente quando você está sóbrio.

Coloco meu cabelo para cima em um topete e coloco um pouco de delineador. Não gosto disso, mas meu chefe diz que eu fico gostoso desse jeito, então eu sou obrigado a usar assim. As minhas roupas são simples, blusa preta justa e as calças apertadas que destacam minha bunda da mesma cor.

Hoje é sábado, então isso está lotado até o teto e provavelmente volto para casa bem mais tarde, ou seja, dinheiro de hora extra.

Não é o melhor lugar de se trabalhar. O barulho te deixa praticamente surdo e te faz ter que chegar mais pertos dos clientes, o que definitivamente não é uma boa ideia, e o cheiro dá ânsia de vômito depois de certa hora.

# Porque eu continuo aqui? #

Dinheiro. Eles pagam MUITO bem. Ninguém fica muito tempo, já que a maioria acha que trabalhar em uma boate é sinônimo de dar pra todo mundo. Bem, não é assim. Você não fica perdendo tempo transando com os clientes. Você trabalha o mais rápido possível e da em cima dos clientes de forma discreta pra fazerem eles gastarem mais, não para te engravidarem. Eu estou aqui a 5 meses e só vi uma pessoa ficar o mesmo tempo que eu.

Esse lugar me faz perder a cabeça e isso não compensa o dinheiro. Eu quero saber depois de achar um trabalho bom que pague o mesmo.

Paro de divagar e olho para os clientes em minha frente. A maioria é clientela fiel, boa parte  riquinhos da cidade, que gasta fácil com os sorrisos que eu dou.

Olho para o lado e vejo Choa debruçada no balcão sorrindo de forma sexy para o cliente a sua frente o convencendo a pegar uma garrafa cara de whisky. Quando a noona sente meus olhos sobre ela, pisca me encorajando.

Choa Noona me ensinou sobre como sobreviver nesse trabalho, como não me meter em enrascada com os clientes e ganhar comissão. A gente se ajuda quando um cliente acha que um flerte é o mesmo que " vamos transar em um canto".

Respiro fundo. Hora do show

- Oi - Digo com a voz rouca acompanhada de uma piscada - Qual seu nome?

Vejo a garota à minha frente corar - Pode me chamar de Joy.

Rio baixo, ela é bem fofa - O que vai querer Joy?

- Você?

Rio mais alto chamando atenção. Minha risada talvez seja um pouco… escandalosa. Sinto alguns olhares maliciosos sobre mim mas os ignoro, concentrando na menina à minha frente.

- Você nem tem certeza, e bom, eu não estou nas opções. Tequila?

Ela sorri - Pode ser.

Sorrio de volta dando a bebida

- Eu também quero você - escuto uma voz masculina dizer.

Sorrio de lado quando acho o dono da voz. Um loiro alto com um eye smile perfeito.

- Acho que não escutou que não sou uma opção. - Dou uma piscada fazendo a bebida de outro cliente enquanto ele se senta no banco.

- Isso vale pra mim também? - Responde em deboche - Eu sou bem diferente da outra garota, e bom, você é gay.

Tiro uma mexa de cabelo que cai sobre meus olhos e vejo o homem a minha frente sorrir sacana.

Bufo - Eu não sou gay

- Ok, então você é um hétero que gosta de homens  secando sua bunda.

Me debruço sobre o balcão - Se não for pedir nada sai do banco.

- Vodka pura. E seu número.

Entrego seu copo e vou atendendo outros clientes.

- Te vejo mais tarde babe.

Rolo os olhos ignorando sua saída.

A noite passa rápida e dou graças a deus a isso. Eu só quero comer e dormir. Fico em pé o tempo todo em todos os meus trabalhos, e isso dói as pernas, quando tenho que correr de um lado para  o outro, dói muito mais.

Formo um bico nos lábios. Eu sei que pareço uma criança reclamando assim, mas meu deus, minhas pernas protestam a  qualquer movimento que não seja o  caminho para a minha cama.

Meu expediente finalmente acaba as 5 da manhã e por sorte o café não abre nos finais de semana. A boate ainda está bem cheia e sorrio sacana vendo a Choa se pegando no canto com alguém. As regras são bem simples: trabalhe bem, e quando seu expediente pode transar com quem quiser. A noona aproveita bem isso.

Junto minhas coisas e saio pela porta dos funcionários quando sinto um puxão.

Puxo meu braço com força tentando me soltar, minha garganta se fecha pelo medo e minhas pernas amolecem. Coloco toda a segurança e a calma que eu não tenho na minha voz  - Me solta, agora.

A pessoa me puxa com mais força me fazendo ir ao encontro ao seu peito duro.

- Eu disse que te esperava. - Diz tropeçado

Aí meu deus. Ele tá muito bêbado. - Me larga, Ok?

Vejo o mesmo loiro de antes se aproximar ainda mais colando nossos corpos - E se eu não quiser?

Antes que eu possa responder alguma coisa me pressiona na parede esmagando nossos lábios.

Eu quero que ele se afaste. Eu quero gritar e fugir o mais rápido possível dali. Eu queria que a Choa ou qualquer um estivesse aqui e me ajudasse.

Consigo empurra-lo - Não me toque. Fica longe de mim entendeu? Eu vou chamar o segurança se não fizer.

O loiro ri - Eu gosto de você. A gente se vê depois Hanbin.

Como ele sabe meu nome ?

Minha cabeça está uma bagunça e a adrenalina proveniente do pânico espalha pela minha corrente sanguínea.

Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem

Espero um pouco antes de sair com receio de encontra-lo de novo e corro o mais rápido que consigo até chegar ao metrô.

Suspiro aliviado quando tranco a porta de casa. Não aconteceu nada no caminho, então eu posso dormir e tirar tudo isso da cabeça. Posso não posso?

E quando eu sinto minha cama sob meu corpo eu caio no sono imediatamente.


Notas Finais


Que sofrencia foi postar esse capítulo meu deeeeeus. Não queria ir de jeito nenhum. Mas foi ( amém! ) Gostaram? Espero que sim ^^

Desculpe qualquer erro que passou e eu não vi.


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