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História Chelyabinsk - Primeiro Sinal.


Escrita por: HatterCheshire

Capítulo 1 - Primeiro Sinal.


Aquele dia estava quente, ninguém podia negar. Com a máxima próxima aos quase trinta e quatro graus Celsius, todos se sentiam assar nas roupas negras e abafadas, o equipamento de proteção obrigatório, que era constituído por blusas grossas, aparelhos que se espalhavam pelo corpo todo em pequenos bolsos e que faziam suas ações se tornarem ainda mais desconfortáveis. Ali, parecia que o inferno havia chegado e queimava sua pele os fazendo hiperventilar. Nunca se acostumaria com aquilo.

- Ventiladorzinho de merda! Quebrou de novo! - guinchou frustrado um dos soldados que tinha as faces suadas e pingava constantemente, todos podiam sentir a claustrofobia do lugar abafado em que se encontravam. O ventilador, ou o que já fora um, tinha somente vinte centímetros de altura e dez de comprimento, era empoeirado e gorduroso que já havia perdido a grade da frente de segurança o que se tornava meio perigoso e com fios soltos, mas ninguém parecia ligar, se conseguissem um pouco de ar fresco, já valia. Mas, observando um dos seus companheiros bater irritado contra o pequeno motor que tentava voltar a funcionar, se sentirá compadecido, provavelmente, era outro guerreiro que já dava seus últimos sinais de vida também naquele inferno.

 

- Deixe isso pra lá Sam, se continuar a se mexer de mais vai ficar com mais calor ainda. - alertou o capitão da operação com os olhos baixos e tentando, ao que tudo parecia, controlar o próprio calor do corpo. Queria ele ter aquele dom de concentração, por que sua bunda já estava começando a molhar e sentia o tecido da calça colar o fazendo sentir ainda mais o pequeno banco de ferro nada confortável em que estava sentado, a sensação também o incomodava, estava assando!

 

- Que saco! Por que temos que vir para esse lugar, no final? Eu aceitaria até mesmo o Iraque do que essa merda! - resmungava irritado. O calor mexia as vezes com a cabeça das pessoas, as fazendo se tornar irritáveis, ainda mais quando se sabia que não era nada impotente de mãos e braços e podia muito bem tirar aquelas malditas roupas e se refrescar pelo menos um pouco.

 

- Não depende de nós. São ordens superiores. - falou como se não tivessem chance de argumento. E realmente não tinham, eles sabiam daquilo quando se alistaram, não podia reclamar, só aceitar de cabeça baixa com o rabo entre as pernas e fazer o que ordenavam.

 

Maldito governo!

 

- Tsc, queria ver aqueles idiotas no nosso lugar, ai tomariam no rabo bonitinho. - blasfemou com uma careta e todos riram perante já a tão conhecida personalidade resmungona do amigo. Pelo menos, aquilo servia para descontrair o ambiente.

 

- Já estamos chegando? - perguntou um ao seu lado e o capitão levantou os olhos e ergueu o pulso para verificar seu relógio. Já estavam na estrada já a quase cinco horas, e o percusso todo durava umas seis horas mais ou menos, então...

 

- Mais uma hora e meia. - respondeu com um suspiro e todos abaixaram os ombros em desanimo.

 

- Ei... - chamou Sam por um momento e todos se viraram em direção ao mesmo interrogativos. O mesmo estava com uma expressão quase indecifrável no rosto, que parecia um misto de curiosidade e mau pressentimento. - Não estão sentindo um ventinho frio?

 

Se entreolharam confusos com o que o companheiro insinuava. Frio? Aquele lugar parecia uma sauna e todos suavam como gambas, frio é a última coisa que sentiriam ali.

 

- Está começando a delirar, Samuel. - o mesmo fez cara feia com o comentário de um de seus companheiros e se remexeu desconfortável, tinha certeza que havia sentindo um frio subindo pelas pernas.

 

- Não estou delirando! Senti um vento frio! - guinchou contrariado e curvou o tronco esticando uma mão para ficar quase em riste com o chão e remexeu a mesma pelo ar como se estivesse brincando com água.

 

- Está louco! - gracejou um dos soldados negando com a cabeça e Samuel arregalou os olhos quando, pode sentir, por uma pequena fresta pequena, mais suficientemente grande, um ar frio entrar pela mesma.

 

- Capitão, acho que estamos com um problema. - anunciou o soldado desencurvando o tronco e observou enquanto via seu comandante olhar para algum ponto do local como se acabasse de notar algo também.

 

- Creio que esteja... Já não estamos nos mexendo há cinco minutos. - comentou com o olhar sério e se levantou pegando a arma M4A1 como prevenção e todos seguiram a ação de seu comandante rapidamente. Era raro quando aqueles tipos de situações desagradáveis aconteciam, mas tinham que estar preparados para aquilo. Maldição!

 

- Estão andando ao redor. - anunciou um dos soldados com os ouvidos mais afiados e todos retesaram os ombros, não conseguiriam fazer uma armada surpresa pois o caminhão fechado em que se encontravam era blindado o que já dava uma boa vantagem. A única porta que tinham de saída era a traseira e todos estavam armados, talvez os outros de fora também estivessem.

 

- Tsc, eles vão abrir. - falou Samuel já com uma arma na direita e uma granada na esquerda, ninguém ali precisava ser um gênio para saber que não estavam com muita vantagem e também a situação desconhecida não ajudava. Quando ouviram o barulho da tranca, os corações aceleraram em antecipação.

 

- MAS QUE MERDA! - berrou um dos soldados quando as portas se abriram, e sentiu uma bala acertar seu braço, perfurando a carne.

 

*-*-*-*-*-*-*-*

 

Vale-tudo clandestino, uma modalidade de lutas corpo a corpo, em que você tem que subir em um ringue e demonstrar o coam resistente ou pelo menos, habilidoso o suficiente é, para não acabar com um osso quebrado ou talvez um membro fraturado. Desde os primórdios das lutas, essa é a mais violenta e sanguinária. Não há estilo de Luta especifico e armas não são permitidas. Mais parecido com o boxe, não há tempo marcado e muito menos médicos a sua espera para ser tratado. Com as mãos limpas e sem nenhuma proteção, você estará pondo sua sorte em riste e assim, provando que é o maior idiota de todos por estar em cima daquele tatame que era mais um palco muito bem armado para os adoradores de sangue, do que provando que é mais corajoso do que muitos ali. Você não era o protagonista daquela noite, era só mais um homem, subindo ao ringue e tentando matar e ser morto.

 

- Será que dá para parar de tentar levar porrada?! - seu técnico gritou em seu ouvido e em resposta, somente demonstrou um sorriso débil e sangrento. O gosto de ferro inundava sua boca e podia sentir o corte em sua bochecha interna arder junto a seus músculos. Provavelmente, se saísse vivo daquela, amanhã estaria todo roxo e dolorido. - Você tá parecendo uma cachoeira! Desista logo dessa merda e vamos embora daqui, Jonas! - o lutador negou com a cabeça copiosamente cuspindo o sangue acumulado para algum lugar do ringue. Não tinha entrado naquela para sair de mãos abanando.

 

- Me espere em frente ao caixa Oli. - mandou enquanto dava um passo cambaleante para frente e sentia uma leve tontura. Talvez estivesse exagerando além da conta aquela noite.

 

- Ei, Tio, acha mesmo que pode me vencer? Você tá tão acabado que dá até pena. - riu anasaladamente pelo nariz que escorria ainda um pouco do conhecido liquido vermelho que já secava se tornando uma casca grotesca e negra. Jonas sorriu para o garoto a sua frente que não teria menos de 20 anos e se pois em posição, novamente de ataque já perdendo completamente a conta de quantas vezes foram naquela noite que fizera aquela mesma ação. Já haviam sido, achava, umas cinco ou seis lutas, talvez. Todas sendo finalizadas por nocaute ou desistência, ninguém parecia querer morrer aquele noite.

 

- Gente que fala de mais, é o primeiro a perder. - mencionou provocador e o mais novo com a face já meio inchada pelos vários socos que levara e meio ensanguentada, demonstra uma careta de puro desagrado. Queria logo acabar com aquele homem que estava parecendo uma praga aquela noite. Geralmente, sempre matia sua estratégia, esperar até o infeliz lutar até se acabar e depois se alto apresentar, quando o mesmo já estaria cansado e fisicamente abatido, o dando grande vantagem para a vitória. Era um gesto sujo, mais todos ali sabiam, quem não cometia atos sujos, não lucrava.

 

- Pode vim velhinho. - cuspiu as palavras também se colocando em posição de ataque e quando ouviram novamente o sino tocar, deram inicio a nova luta. Jonas sabia, o garoto viria com tudo. Apesar de ser esperto, ele não pensava que resistiria mais tempo com o seu número grave já de combates e quanto aquilo havia afetado sua resistência física. Realmente, estava ferido, cansado e dolorido. Sentia seus braços arderem junto com as suas pernas e por um momento se alto perguntou se já não estava ficando muito velho para aquilo ou era somente falta de treinamento intensivo e pesado.

 

Seu corpo rugia por descanso mais ele não o podia dar naquele momento. Pois seu oponente já viera com um jub de direita e de esquerda repetidas vezes o que o fizera dar vários passos atrás e logo protegendo sua cabeça com os braços e tentando não facilitar uma brecha para não ser nocauteado logo no começo.

 

Precisava pensar, e com toda certeza não pensaria muito. O garoto era previsível, detinha das mesmas investidas e era um pouco lento com as passadas, apesar de recompensar sendo muito ágil com os braços e olhos, que detinham se uma visão periférica maior do que a sua já que estava cansado e suado, seus olhos se fechavam algumas vezes e aquilo o atrapalhava consideravelmente. Seu estilo de luta mais usado era o boxe e parecia não conhecer muitas outras técnicas, além a do bater antes e pensar depois.

 

Desviou de um soco com agilidade e suspirou. Aquilo acabaria tão fácil que parecia extremamente chato a seu ver.

 

- Ei, garoto. - chamou enquanto se defendia de outra investida e o mais novo o encarou extremamente irritado. Por que não conseguia acertar aquele velho fodido de merda? O mesmo já estava completamente acabado, não era? Por que ainda parecia estar tão bem fisicamente apesar de demonstrar todos os sinais plausíveis para sua vitória premeditada?

 

- O que? - gritou frustrado e Jonas rolou os olhos e em um movimento surpresa, dera um bote rápido e certeiro. Em um movimento com a técnica de Kimura e sem muita dificuldade, jogara o garoto contra o chão o imobilizando e de alguma forma, deixando a posição no mínimo desconfortável enquanto aplicava pressão sobre seu ombro sem piedade. O mais jovem gritou em surpresa e agonia. O chão do palco que usavam para as lutas, era de pedra dura e com alguns cascalhos, nem mesmo se importando com o quanto aquilo seria prejudicial para os lutadores se alguns caíssem ao chão, nunca era mudado, pois parecia dar ainda mais emoção a luta e muita vezes, ele nuca nem mesmo ligara para aquele chão, mais naquele momento... Sentiu sua coluna bater e gritou em desespero quando pode presenciar seu braço ser torcido com força quase em um destroncamento e o mais velho e agora por cima, parecia rir ao ouvir seu grito.

 

- Filho da puta! - gritou tentando se soltar, mais com o movimento, sentiu o local pressionar ainda mais e parou ofegante sabendo bem que era perigoso se fizesse movimentos muito bruscos.

 

- Vai se render? - perguntou provocador e quando percebeu um movimento desesperado da parte do menor, colocara ainda mais pressão sobre o local. Já podia sentir seu osso quase deslocando. Bom, não que isso fosse causar um grande dano, sempre era fácil colocar ossos no lugar, pelo menos em sua cabeça já um pouco anuviada que nem mesmo estava se importando com os gritos e xingamentos de seu adversário e os pedidos ensandecidos da plateia para finalizar logo o menor e os comandas de Oli para dar logo fim naquela baboseira para eles irem beber alguma coisa.

 

Hm... Beber, ele estava realmente com certa sede já a algum tempo.

 

- Nunca seu babaca! - falara orgulhoso e o mais alto dera de ombros. Que assim fosse então. Havia dado a chance não era? Se o garoto não quis, então que ficasse querendo, pois ele tinha que tomar alguma coisa logo para sanar sua vontade.

 

- Mande olá para seu médico por mim. - mencionou e todos puderam ouvir um som que faria até mesmo um lobo arrepiar a espinha amedrontado. Um silvo foi escultado, antes da cena grotesca e já tão esperada ser presenciada. O braço do oponente de Jonas, havia sido destroncado, e ficado de uma maneira perturbadora e desregular, uma imagem que muitos fariam questão de esquecer ou lembrar antes de irem jantar ou dormirem.

 

Com um sorriso no rosto, o mais velho no ringue se levantou vitorioso enquanto presenciava o mais novo gemer e gritar abaixo de si, submerso em sua própria dor.

 

Ouviu as palmas da multidão e levantou o braço estendido ao ar por instinto já tão conhecido quando sentia finalmente ter vencido uma luta e no embalo, dado fim, naquele momento, as suas disputas daquela noite. Era como um alivio indeterminado que não sabia se teria novamente em sua próxima.

 

Enquanto os assobios e aplausos continuavam e até mesmo alguns grunhidos e gritos com blasfêmias, Uma mulher em questão, totalmente diferente e que se destacava na multidão, silenciosamente observava vestida de roupas finas e cabelos loiros devidamente penteados, sorriu em reconhecimento e assentiu pra si mesma. Havia achado o seu alvo e ele era mai útil do que pensava.

 

 

O saco de gelo derretia lentamente contra sua pele quente pelo sangue que ainda parecia coagular ali e gemeu dolorido enquanto sentia Oli o aplicando um medicamente nas feridas apertas e logo depois em um dos hematomas mais sérios. Estavam em um bar local para comemorar sua vitória, um bar já tão conhecido e frequentado que todos que observassem a cena de seu técnico cuidando de suas feridas tão abertamente enquanto bebia uma cerveja barata e fumava, logo desviariam o olhar já sabendo de quem se tratava e do que havia novamente acontecido aquela noite.

 

Jonas havia lutado em lutas clandestinas novamente, levando umas e acertados outras e, por fim, ganhado como sempre. É claro, alguns o olhavam mais infelizes do que outros, já que muitos apostaram contra o homem de trinta e cinco anos, pensando que, por sua idade ligeiramente perto dos quarenta, estaria mais sujeito perder algum dia.

 

Doce engano. Pensava o moreno enquanto tragava da cerveja que sempre tinha um gosto meio amargo ou doce, dependendo do dia, sempre mudava sua consistência. Era como se o dono do bar fizesse questão de muitas vezes pegar restos de outros bares e servir como bebida nova. Se alguém um dia tivesse sorte, chegaria e beberia da melhor cerveja da cidade, se não, bem, talvez bebesse a velha urina de esgoto.

 

- Esse gosto nunca muda. - resmungou largando o copo na mesa e Oli suspirou pesadamente o desferindo um tapa na cabeça de súbito fazendo Jonas guinchar dolorido e virar o rosto irritado encarando o mais velho. - Mais que merda! Por que fez isso?!

 

- Por ser um idiota! É claro que o gosto nunca muda, por que essa cerveja é igualzinha a você! Um merda que nem mesmo pensa nas consequências que trará! - ralhou de modo fervoroso e Jonas franziu o cenho perante a frase de Oli.

 

- Eu ganhei não é? Então não reclame, se o se bolso está cheio de grana agora é por minha causa, ok? - refutou bravo e dolorido. Tudo o que menos precisava naquele momento era de um puxão de orelha de seu técnico, que na verdade parecia mais seu empresário de lutas clandestinas. Se precisasse de grana ou de uma luta boa para passar a noite, era só falar com aquele homem de estatura mediana, com gosto péssimo para roupas e de nariz grande que pensava estar sempre certo e nunca aliviava sua face que estava sempre torcida como se tivesse acabado de comer uma fruta incrivelmente azeda.

 

- Não estou reclamando, estou te alertando sobre sua péssima mania de não ouvir e acabar quase se matando sem necessidade. - sua face velha se contorcia ainda mais e pegou uma gaze limpa em cima da mesa onde havia uma extensa caixa com curativos e outras coisas para necessidades médicas. Jonas se perguntava se aquele homem algum dia teria sido médico ou algo parecido, pois sempre era habilidoso em seus curativos e nunca errava quando precisava de levar pontos pelo corpo. Jogou a cabeça para trás e suspirou sentindo algumas gotas geladas do saco que ainda detinha contra a face descer sobre seu pescoço o fazendo arrepiar incomodado. Deveria estar com uma cara péssima.

 

- A vida é minha. - respondeu impertinente e ouviu uma bufada desgostosa. Realmente, Oli pensava, aquele homem não detinha de tal medo da morte. De alguma forma, era bom para os negócios, isso significava que ele nunca reclamaria de onde seriam as lutas e como teria que finalizá-las, em contrapartida, era bastante arriscado. Uma pessoa que não tinha medo da morte acabava por sempre querer mais e por fim, ele não lucraria já que seu lutador estaria em péssimas condições ou com seu cadáver jogado em algum lugar daquela cidade infernal.

 

- Sim, é. Mais quando veio até mim pedindo ajuda, acabou vendendo sua alma, então. - espirrou uma boa quantidade de spray em um local ainda aberto e Jonas grunhiu pelo ardor que sentiu. Aquele velho filho da... - Me faça lucrar bastante e não morra antes que esteja devidamente dispensado. - requiriu e o moreno por um momento pensou em socá-lo com todas as suas forças, mas, incrivelmente, não conseguia nutrir muita raiva pelo mais velho. No final das contas, devia muito para aquele homem.

 

- Está bem... - suspirou se dando por vencido. Não estava muito afim de brigas ou discussões naquele momento. Talvez fosse ir direto para casa e cair quase morto em sua cama e acordar só dali a dois dias, ou somente pegasse uma mulher e fosse pra cama com ela, aahh... Não, ele não estava em condições para aquilo naquele momento.

 

- Mas, incrivelmente, suas ações impensadas repercutiram até que favoravelmente bem. Temos quatro lutas ainda para esse mês com o valor aproximado de cinco até dez mil dólares.

 

- Dinheiro Americano? - franziu a face em reconhecimento ao termo da moeda tão conhecida mundialmente. Nunca fora muito fã das bolsas de valores, mais pelo que sempre indicava, era uma moeda que pagaria muito bem todas suas contas.

 

- Sim, essa luta é em um lugar dirigido por Americanos. - informou respondendo sua pergunta enquanto pegava da caixa de primeiros socorros uma agulha especifica e uma linha negra. Estava na hora de fazer os pontos. Jonas mordeu a língua perante a visão do objeto prateado que parecia um anzol, já tão conhecido e provado em sua carne, odiava levar pontos. - Na verdade, é um lugar onde só os poderosos chefões vão e apostam uma grande quantia em dinheiro.

 

- Hum... Basicamente é o playground deles. - falou ironicamente e o mais velho assentiu enquanto esterilizava a agulha com cuidado.

 

- Sei que odeia os odeia. - comentou e Jonas formou uma fina linha com os lábios. Realmente os odiava, nunca se dera bem com os mesmos, odiava seu humor e sua ideia que eram os reis só por que eram a maior potência mundial. Tsc, grande coisa! Apostava sua vida que um garoto em uma zona perigosa no Afeganistão valia muito mais do que aquele bando de bundões que só coçavam os seus grandes rabos e...

 

- Maldição! - grunhiu quando sentiu a primeira fincada e Oli sorriu maldoso. Sabia muito bem no que Jonas deveria estar pensando e no quanto deveria estar difamando cada descendente ou político que fosse inteiramente Americano.

 

- Pare de pensar em bobagens e se concentre na grana que era ganhar com aqueles idiotas. Em uma cidade que nem a nossa eles só pensam em beber, foder uma mulher e gastar. Então aproveite e dure muito mais do que só sete rounds. - falara e o moreno riu em escarnio.

 

- Quando tempo faz que não fode uma mulher, Oli? - gracejou e sentiu naquele momento a agulha entrar rapidamente duas vezes seguidas contra sua pele e gemeu falando um palavrão. Agradecia por já estar acostumado a ser costurado, se não aquilo teria doido mais do que o necessário. - Desgraça-

 

- Olhe a boca! Se não quiser que eu costure outro lugar seu é melhor ficar quieto e se concentrar. -avisou cerrando os olhos e Jonas pode sentir a aura pesada do mais velho o ameaçando. Não se deu o trabalho de responder, somente se calou rapidamente. Ainda gostaria de não ter outros lugares de seu corpo costurados sem necessidade.

 

- Tsc. - estalou a língua depois de alguns segundos. - Sabe que é meio impossível durar mais de sete rounds em uma luta clandestina.

 

- Eu sei. - afirmou e Jonas o encarou perguntando com o olhar cínico e desacreditado: “Se sabe então por que quer que eu arisque meu pescoço?”. O mais velho somente retirara uma tesoura de sua caixa e cortara a linha depois de fazer um nó rápido e prático, dando por fim a ação de le aplicar pontos. - Mais são Americanos, não? Te conheço o suficiente para saber que quando der de cara com um vai querer mostrar que é melhor do que qualquer um que nasceu em solo vermelho, azul e branco. - O mais novo dera de ombros. Aquilo não era totalmente mentira. Se tivesse a oportunidade, esfregaria na cara daqueles idiotas como se realmente lutava e assim os desmarcaria rapidinho. Mas... Lutar até a morte para se provar a um Americano de merda, não valia a pena nem ali, na China.

 

- Pode ficar despreocupado. - informou pegando finalmente sua camisa quando se dera encerrado os curativos e a vestia com uma leve dificuldade. Realmente, teria que ficar de molho durante alguns dias se quisesse pelo menos lutar um round ou o que fosse parecido com uma luta.

 

- Por que eu nunca fico? - perguntou retoricamente para o nada e Jonas riu dando um leve tapa em seu ombro o oferecendo a beber um Whisky junto a ele e Oli somente negou. Nunca bebia ou enconstava uma gota de álcool nos lábios, o moreno se perguntava se era só frescura ou tinha algum motivo por trás. Talvez tivesse, mais de qualquer forma, não era de sua conta.

 

- Já está indo embora? - questionou enquanto observava o mais velho se levantar do banco ao lado e ajeitar seu casaco de tweed de cor verde de extremo mau gosto e organizar sua maleta rapidamente a fechando. As vezes se esqueci as vezes que apesar de ser velho, quase na facha dos sessenta anos, Oli de alguma forma tinha o porte forte e alguém nos seus cinquenta anos mais ou menos.

 

- Sim. - respondeu prontamente e pegou seu chapéu a mesa junto a maleta. - Preciso encontrar outra pessoa hoje ainda se possível. - falava de modo urgente e verificou os bolsos rapidamente pegando uma chave e novamente a recolocando no bolso como se para ter certeza de que estava lá. - Não exagere na bebida. - alertou sério antes de se virar e começar a sair do local e Jonas rolou os olhos perante o alerta do mais velho.

 

- Não mereço nem um beijinho de boa noite? - perguntou e recebeu um dedo do meio do mais velho antes de sair definitivamente do bar e o moreno se largou em seu banco de maneira preguiçosa. Observou seu copo ainda cheio por um momento e o pegou, tomando tudo de uma vez. Fechou os olhos sentindo a sensação do liquido amargo descer por seu esôfago e terminar em seu estômago como uma pedra. Soltou todo o ar de seus pulmões quando por fim deu a última golada e notou que naquela noite voltaria bêbado para casa.

 

Focando em seu propósito, o mesmo nem pode perceber, que a alguns metros, passando por uma televisão antiga e de aspecto gorduro... Sintonizava-se em uma estação de reportagem com estática que quase não se tornava possível definir a pessoa que noticiava. Uma repórter ao que tudo parecia de cabelos escuros e de face séria, mais não podendo ser completamente identificada pelo sinal ruim, contava os últimos acontecimentos daquele dia com a voz falhante, mas ao mesmo tempo boa o suficiente para se fazer entendida.

 

 

“Hoje foi enviada uma notícia que está chocando o país Americano e boa parte da Europa.

Um chamado, ao que tudo parece, de uma zona morta, antes inexistente, dando seus primeiros sinais de vida. A ONU foi conta quitada junto as forças armadas, FBI, CIA e agentes especiais dentre os vários países relacionados ao problema.

Entraram em ação hoje, ás 17:00hrs da tarde, com o impetou de descobrirem de onde esse chamado está vindo e o quanto mais ainda está por vim... Só sabemos que não houve feridos graves, e que a bomba não pertencia ao estado islâmico, ou qualquer país do Afeganistão e Irã.

Informaremos quando tivermos mais notícias.”



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