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História Cherry Boy - Verão I


Escrita por: danibby

Notas do Autor


Aqui está mais um capítulo ^^ Até as notas finais~

Capítulo 3 - Verão I


Fanfic / Fanfiction Cherry Boy - Verão I

Passaram-se 3 meses desde que conheci Jongin.

O Sol já raiava mais forte, fazendo com que o clima ficasse insuportavelmente quente. Às vezes chovia bem forte, como uma tentativa do universo para compensar todo o calor; mas só fazia com que ficasse mais úmido e abafado. O verão já havia chegado.

Desde o incidente no parque, eu e Jongin passamos a nos encontrar naquela árvore para lermos juntos nos fins de semana. Nesses dias, chegávamos na mesma hora e ficávamos juntos até o almoço, que era quando cada um ia para sua respectiva casa. Meu esforço para não parecer muito nervoso perto dele era imenso e tinha o efeito que eu queria, porém tinha uma consequência: as conversas eram poucas porque meu método contra a ansiedade de falar com ele era, exatamente, não fazer isso.

Na última semana da primavera, criei coragem, chamei-o para almoçar comigo depois de um de nossos encontros, se é que posso chamá-los assim, e Jongin aceitou sem hesitar. Fomos a um restaurante self-service perto do parque. Estava cheio, mas conseguimos montar o prato, pagar e achar uma mesa sem dificuldades. Tudo em silêncio.

O único problema que eu percebia ao ficar perto de Jongin era a falta de diálogo entre nós, provavelmente porque não éramos muito íntimos um do outro, nem extrovertidos o suficiente para conversar sobre qualquer assunto aleatório. Eu também não sabia sobre o quê assuntar... além de livros, claro, então esperei por alguma possível aproximação dele — porém nada veio. Talvez ele também não soubesse o quê falar comigo ou só não estivesse interessado em mim. Entretanto, aceitou o meu convite para almoço, mas e se ele só estava tentando ser gentil? Às vezes só esperava uma iniciativa minha e-

  — Kyungsoo, desculpa se eu não estou falando. Não gosto de conversar enquanto como — admitiu Jongin, ironicamente de boca cheia.

— Ah... tudo bem, é m-melhor assim — eu disse, erroneamente, fazendo o garoto à minha frente quase engasgar com o que estava mastigando e me olhar incrédulo, quase machucado.

— Er... como assim? Você não quer conversar comigo?

— Q-quero sim! Só que você disse que não gosta de falar enquanto come... Pensei que você fosse quem não gostaria, na verdade.

Com isso, Jongin voltou a se calar e deu atenção ao prato à sua frente. Ele estava me deixando confuso; mas tudo bem, desde que tudo que saísse da minha boca não fosse considerado algo contra ele. O garoto de cabelo rosa desbotado (quase alaranjado) se ofendia facilmente, já que não interpretava muito bem o que diziam. Era como se considerasse todos como inimigos que planejavam a falha dele — seriam todas as outras estações invejando o clima belo e agradável da primavera e procurando seus defeitos, mas isso tiraria todo o propósito de harmonia entre elas. Assim, mesmo aparentando ter toda a beleza, ainda era inseguro sobre a  mesma — porém se defendia com unhas e dentes ou, no caso da estação, seus espinhos.

— Kyungsoo, por que você ainda está puxando o suco pelo canudo se ele já acabou? — perguntou Jongin, chamando minha atenção novamente. Eu precisava urgentemente parar de analisá-lo, sim, é muito errado e incômodo. Procurar e julgá-lo pelos defeitos dele não me levaria a nada. Na verdade, poderia até complicar nossa relação que mal começou.

Percebi que Jongin acabara com sua refeição há tempos e eu também, apesar de nem lembrar do gosto do que havia naquele prato.

[]

Após o almoço, Jongin me convidou para dar uma volta pelo parque. Dessa vez, caminhamos no sentido contrário ao da árvore de cerejeira, que era o caminho mais longo, pelo qual eu evitava passar. Nos primeiros cinco minutos, ficamos em total silêncio e eu jurava ter escutado o garoto ao meu lado suspirar e sussurrar consigo mesmo algo: “por que é tão difícil falar quando eu quero?”.

— Kyungsoo, no que você está pensando?

— Nada...?

— Como “nada”? Não precisa ter vergonha! Eu sou tão inofensivo quanto aquelas flores ali — disse ele, apontando para as rosas que faziam parte do jardim local, mas logo fez que não com a cabeça — Bem, não exatamente. Até onde eu sei, não tenho espinhos, sabe?

— E espinhas, hein? — perguntei enquanto ria, aproveitando para olhá-lo de soslaio ao me projetar para a frente.

— Até que sim — confirmou Jongin, levantando a franja alaranjada e revelando uma espinha que já quase sumia — Mas elas machucam ninguém, então não tem problema.

Ficamos calados por um tempo após as risadas caírem, entretanto Jongin parou bruscamente e fez uma cara horrorizada para mim.

— Eu não acredito nisso!

— Nisso o quê, Jongin...? — questionei, confuso com a voz e expressão ofendidas dele.

— Você me driblou! Mudou de assunto totalmente e não me contou o que estava pensando.

— Na verdade, eu fiz nada. Você que começou a falar sobre ser inofensivo e...

— ...Isso não vem ao caso! Só me diga o quê estava pensando.

Bem... o que se passava na minha cabeça? Primeiro, possíveis diálogos ensaiados para ter com Jongin. Segundo, possíveis situações (que estavam para impossíveis, mas não importava). Terceiro, maneiras de responder a pergunta dele. Eu poderia muito bem inventar uma desculpa e dizer que era sobre “a morte da bezerra”, porém um dos meus objetivos mentais era ser honesto com Jongin em todas as chances que eu tivesse.

— Você. Eu. Diálogo. Como.

— Impressão minha ou eu te robotizei com a pergunta? — Jongin riu e eu fiz o mesmo. Sua risada me contagiou por alguns segundos e, antes mesmo deles acabarem, já esperava por mais.

— Robôs não pensam como eu, exatamente, então não.

O garoto ao meu lado continuava com suas contradições e brincadeiras que, apesar de bobas, me faziam rir. Para ser sincero, não eram só as brincadeiras, e, sim, o seu sorriso que me lembrava o sol matinal da primavera: não muito apagado, entretanto não muito brilhante — estava lá na medida certa. Jongin parecia não argumentar mentalmente antes de falar, mas isso tornou tudo um pouco divertido. Errava algumas frases, mas não por mero capricho. Depois de um tempo, cheguei à conclusão de que estava tão nervoso quanto eu e mostrava isso do seu próprio jeito.

Percebi que estávamos no fim da volta quando paramos na árvore de cerejeira, nosso ponto de encontro.

— Kyungsoo, meu caminho para casa é por aqui, então... já vou indo — anunciou, com incerteza e esperando minha reação.

— Ah, ok. Foi divertido passar o tempo com você — comentei, fazendo com que Jongin sorrisse e retribui involuntariamente.

— Vamos fazer isso mais vezes!

Ambos ficamos parados, olhando um para o outro sem saber o que fazer, mas, antes que eu pudesse continuar a despedida, Jongin começou:

— Quer ir à praia comigo nesses próximos dias? Parece que o verão já está chegando, as férias também... seria divertido, não acha?

— Sim, claro! Me manda mensagem depois combinando tudo direitinho. Vai ser muito bom.

Indo embora, senti minhas bochechas ficarem um pouco quentes, mas não liguei (pois as do Jongin também estavam).

[]

— De novo, por que eu chamei vocês para irem comigo à praia, mesmo? — questionei depois da milésima piada sem graça feita por Jongdae e Junmyeon.

Estávamos a caminho da praia, onde nos encontraríamos com Jongin. Combinamos de sair no quarto sábado do verão e o garoto pediu que eu chamasse meus amigos para fazerem companhia; até tentei impedir, porém ele queria conhecê-los melhor e saber com quem eu andava.

— Ah, mas eu não quero ser vela deles — reclamou Junmyeon, pela terceira vez desde que entramos no carro.

— Olha, se der errado, eles quem serão nossas velas — comentou Jongdae com um sorriso maldoso no rosto, recebendo uma expressão confusa do outro. Nem parecia a pessoa que estava mandando todas as forças positivas do universo para minha relação com o Jongin.

Junmyeon me mandou um olhar desesperado pelo retrovisor, obviamente sem saber o que fazer sobre o comentário de Jongdae. Não era o tipo de pessoa que ignorava esse naipe de assunto facilmente — ainda mais já sabendo o que o outro sentia por ele. Em uma de nossas conversas, Junmyeon confessou gostar do meu amigo, mas não sabia se estava pronto para um relacionamento. Talvez Jongdae fosse peculiar demais — entretanto, os dois eram e, em minha mera opinião, combinavam bastante.

Quando meu melhor amigo soltou um de seus gritos agudos, eu simplesmente desisti.

— Se arrependimento matasse...

Ao chegar, olhamos em volta até encontrar Jongin, que reservou um espaço na areia para o grupo. Não estava muito cheio, mas vi um número razoável de pessoas nadando ou pegando sol. O dia estava bem bonito, com o céu bastante azul e quase nenhuma nuvem; estava de manhã, ficar de baixo do sol não me mataria tanto.

Jongin estava sentado na areia com os joelhos encolhidos, olhando as ondas à sua frente. Seu cabelo rosa como as flores de cerejeira fora embora, dando lugar a um laranja com aparência de mal lavado. Vestia uma bermuda de banho azul clara e regata branca; seus pés já estavam cheios de areia e sua vestimenta também. Ele estava concentrado na vista, mas eu me concentrava nele e no quão bonito ele era.

Ao  perceber  minha  distração, Jongdae me cutucou e disse que eu não podia ficar encarando os outros, como sempre. Logo, tive que me aproximar de Jongin, tocando em seu ombro esquerdo para chamá-lo a atenção. Ele pulou com o contato repentino e virou-se assustado, porém sua feição ficou aliviada ao me ver.

— Bom dia, Kyungsoo! — o garoto disse, levantando-se e retirando a areia de sua bermuda; depois, de suas mãos também.

Fez tudo mantendo contato visual comigo e com um sorriso tão brilhante quanto o sol, que me fez ficar parado como um bobo — sem perceber que Jongin abrira os braços para me abraçar. Infelizmente, minha reação lenta foi interpretada como uma recusa. Somente tive tempo para cumprimentá-lo de volta com um “bom dia” quase sem som antes que Jongin voltasse sua atenção aos meus dois amigos. Conseguia sentir Jongdae rindo de mim.

Sentei-me na areia e comecei a remoer a oportunidade que acabara de perder. Naquele momento, eu estava me odiando tanto que nem me importei se Junmyeon e Jongdae estavam destruindo minha reputação ou não. Eu realmente não sei aproveitar o que a vida me oferece, pensei.

— ...Ele gosta de você! — Jongdae sentou-se ao meu lado, confiante — Aliás, Junmyeon e Cherry foram comprar algo para alimentar meu faminto estômago.

— Bem que podiam te deixar sofrendo com a gastrite... — sussurrei e meu amigo virou seu rosto para mim, fazendo sua melhor expressão vingativa.

— O que você disse, Do Kyungsoo?

— Eu perguntei como você está tão confiante de que ele gosta de mim,  seu idiota.

— O único idiota aqui é você. Está tão ocupado consigo mesmo que nem percebe isso. Incrível que você passa o tempo todo analisando o Jongin, mas não entende o mais importante: seu sentimento é recíproco.

Ficamos em silêncio por um bom tempo. Eu não discordava do que Jongdae dissera; realmente faltava o mais importante e eu havia deixado de lado por causa da minha insistente mania de observar.

— Desculpa por soar rude, mas eu quero que pense nisso. Você já chegou longe só de conseguir sair com ele; não quero que sua relação com Jongin seja como as suas outras... só que isso depende de vocês. — Jongdae cortou o silêncio ao ver que Junmyeon e Jongin voltavam — Agora melhora essa cara e aproveita o seu tempo com ele.

[]

Eu e Jongin fomos nadar logo após o café da manhã improvisado. A água estava bastante gelada e a sensação dos pedregulhos e areia me deixava cauteloso.

Fomos até onde a água batia no meu peito; as ondas estavam calmas, logo não seria um problema. Com o tempo, fui me acostumando com a temperatura. Eu estava tão calmo com o som das ondas e o mar em minha pele que não percebi Jongin sumir de vista.

Olhei desesperadamente pelos lados, buscando-o, porém nenhum sinal dele. Quando estava começando a voltar para a areia, senti algo se esbarrar com meu pé. Eu poderia muito bem ter achado que era uma alga, mas senti minha panturrilha sendo pega, puxada para trás. Afoito, balancei a perna na tentativa de me desprender e bati meu calcanhar em algo. Foi daí que tudo se esclareceu.

Jongin voltou à superfície em buscar de ar e com a mão sobre a bochecha que eu provavelmente havia chutado. Depois que se recuperou, olhou para a minha expressão assustada e começou a rir. Permaneci paralisado, pensando no que fazer — entretanto, prometi a mim mesmo que não perderia meu tempo com isso e foi assim que deixei a raiva momentânea tomar conta de mim.

Pulei em cima dele agressivamente e puxei-o para dentro d’água inesperadamente. Eu não queria machucá-lo, somente dar um pouco de medo. Poucos segundos depois, parei e respirei fundo, olhando para ele, que se recompunha do susto.

— Uau, eu não sabia que você quase me mataria desse jeito. — comentou Jongin, segurando-se para não rir.

— Você mereceu — retruquei.

— O que mais eu mereço? — questionou ele, como um tom brincalhão. O que será que Jongdae e Junmyeon disseram para esse garoto?, pensei. Respondi com uma expressão confusa e um tapa forte no braço dele.

— Kyungsoo, a praia te lembra algo importante? — Jongin perguntou e eu fiz que não com a cabeça.

Kyungsoo.

— Para mim, sim. Eu sempre vinha com minha família! Passeávamos por aqui sempre. Aqui e no parque, mas acho que é óbvio qual o meu favorito.

— Vocês não fazem mais isso? — perguntei enquanto balançava os braços dentro da água, tentando formar ondas como o mar e vi sua expressão mudar para uma mais séria.

— Hm... não. Atualmente, eles moram no interior. Meu pai e minha mãe. Moro aqui por causa da faculdade.

— Espero que você não se sinta sozinho aqui...

— Bem, isso é inevitável, mas eu tento compensar com as amizades que tenho aqui — contou, sorrindo depois de um tempo. — Que tal sairmos da água? Acho que os seus amigos já estão impacientes e meus dedos vão enrugar se eu continuar aqui.

[]

O restante do dia passou como um vulto. Nos divertimos no mar, e tive dores de cabeça com o Jongdae e as piadas sem graça, porém eram eles que me incentivavam a continuar com o objetivo.

Quando já estávamos de saída, no fim da tarde, vi Jongin escolhendo algumas conchas da beira do mar. O sol daquele horário deixava seu cabelo ainda mais laranja. Não demorou muito para terminar. Ele guardou a maior concha achada cuidadosamente na mochila que trouxe e levou as outras até eu, Junmyeon e Jongdae. Ele deu uma para cada um de nós e disse que para guardarmos como lembrança daquele dia.

— Ei, Jongin. Quer ir à uma festa que terá aqui na praia semana que vem? Kyung- Quer dizer, todos nós adoraríamos se você viesse! — Junmyeon convidou, inesperadamente.

— Principalmente o Soo — adicionou Jongdae, acabando com o disfarce já falho. Para o meu alívio, Jongin riu.

— Podem contar com minha presença, não é, Soo?

Soo.

— Sim, claro!


Notas Finais


Primeiramente, mil desculpas pela demora. Tive um bloqueio criativo horroroso e só consegui escrever recentemente. E sim~ esse capítulo terá parte 2 — porém nem todos serão assim.
Obrigada por ler até aqui~ até a próxima!


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