Lúcia já era crescida, tinha desenove anos, porém seu espírito de criança é tão vivo quanto a mais bagunceira criança daquela vila! Tinha acabado de se mudar, e seu sonho era abrir uma loja de doces chamada Kyandi, já se era uma ótima confeiteira. Como a vila era considerada a "casa" das crianças, viu como uma ótima oportunidade! Estava com tudo pronto e planejado, então, com ajuda de seu irmão Herique, montou a confeitaria em sua própria casa.
A início, parecia que não tinha chamado a atenção de ninguém, talvez porquê parecia uma casa, não uma doceria. Assim mesmo, começou a fazer os doces.
Os doces traziam as proximidades um inconfundível cheiro de morango e chocolate. Tyler, de seis anos, era uma criança muitíssimo curiosa, vizinho da nova moradora, sentiu o cheiro. Faminto, saiu de casa correndo, e se deparou com a Lúcia, muito bonita, igual boneca, perguntou:
- Moça, esse cheiro tão bom é daqui?
- Siiim! Que bom que você veio! -Diz Lúcia, muito empolgada - Vou abrir uma doceria, quer ver?
- Quero! Sim!
Tyler tinha aberto um sorriso amarelado, entrou correndo na casa. Quando passou pela porta, ficou boquiaberto! Era o paraíso dos doces!
Imagino quantas histórias este lugar reserva...
Na verdade, a doceria não era nada em especial, era só uns balcões coloridos vazios, e uma mesa com doces ainda embrulhados. A cozinha, toda bagunçada. Era açúcar pra lá e pra cá, ainda estava tudo uma zona! Mas Tyler não via isso, ele achava aquela simplicidade toda um reinado.
- Eu nunca vi algo mais maneiro que isso!
Henrique, quatorze anos, que acaba de sair da cozinha, observa a criança totalmente impressionada, e diz:
- Ah! Isso são só uns sacos de açúcar e massas sem graça! A surpresa mesmo a gente ainda tá fazendo!
- Então vai ficar melhor ainda?
- Siim!! Se nos der mais algumas semanas, isso vai virar uma doceria de verdade! - Diz Lúcia, levando umas caixas para a cozinha.
- O que tem nessas caixas? O cheiro tá vindo da cozinha?
- Sim... Mas você não pode entrar lá, viu?
- Lúcia, se ele é nosso primeiro visitante, que tal darmos um brindezinho pra ele? - Oferece Henrique
- Legal! É um bolo gigante? - Pergunta Tyler, com brilho em seus olhos escuros.
- Ha, não! Mas não vai se arrepender! Saiu fresquinho do forno!
Era um cupcake decorado, de chocolate. Parecia saboroso!
- Agora, menininho, vai lá brincar, estamos muito ocupados...
- Por que? Como assim? Vocês também?
Não deu mais tempo pra conversa, os dois estavam muito ocupados, então Tyler apenas agradeceu e foi embora.
As crianças estavam brincando de ciranda. Todas estavam juntas, meninos e meninas, e era raro de acontecer isso, pois sempre ficavam pelo menos um grupo de quase cinco crianças separado, mas dessa vez, era um grupão! Tyler tentou se juntar ao grupo, contando pra todo mundo sobre a nova confeitaria e falando sobre o cupcake que tinha ganhado, todos se aproximaram e pegaram um pedaço. Tenho de admitir, aquilo deve ser muito bom, do jeito que as crianças descreveram, docinho dos sonhos, deve ser realmente algo dos deuses! E olha que criança não mente!
Mas, com todo mundo pegando um pedaço, não tinha sobrado nada pro Tyler, que estava faminto. Então ele pediu um pouco do lanche de cada um, pois seu pai demora muito pra voltar do trabalho com comida, então ele sempre pede lanche, mas as respostas sempre eram as mesmas, um "não", curto e grosso.
Ele se sentiu muito aborrecido, era uma injustiça todos poderem pegar o lanche dele e ele não poder comer nada. Mas já tinha passado, ele foi participar da brincadeira das crianças e esqueceu até da fome.
A brincadeira não parava...
Já estava anoitecendo, quando viu um carro, era bem velinho e estava bem sujo de terra, pois as estradas de lá eram de barro. Todas as crianças foram lá descobrir quem havia chegado, mas era apenas um carteiro, humilde carteiro. Ele se dirigiu a casa de Lúcia, e Tyler, curioso, foi observar.
Era o pai de Henrique e Lúcia, tinha vindo buscar Henrique, pois Lúcia iria morar sozinha.
Logo o carteiro viu Tyler na porta, e, com um papel amassado nas mãos se dirigiu a criança:
- Oi pequeno! Já recebeu uma carta antes?
- Não, tio. É pra mim?
- Opa garoto! Toda sua!
- Obrigado!
- Menininho, eu vou embora, mas já está tudo pronto e amanhã a tia Lúcia vai abrir a confeitaria, você vai ser o primeiro visitante! - Diz Henrique, já colocando umas caixas vazias no carro, provavelmente para reciclagem.
- Que dez!! Essa é a melhor confeitaria do mundo! - Se vira para Lúcia - Amanhã não vai estar ocupada, vai?
- Não vou, prometo que vou te dar todo o tempo do mundo. - Responde Lúcia, abrindo um largo sorriso.
Tyler se despediu, pois ficou esperando pelo seu pai, bem de noite. Ninguém estava na rua.
Ainda tentando ler a carta, pois não sabia ler, ele sempre ficava de olho na rua, mas admirando aquela inesquecível paisagem. Parece que cada dia era um céu diferente... Hoje, estava meio nublado, com a lua meio embaçada e o céu meio esverdeado, que ia se misturando com turquesa. Ao horizonte, dava para ver uma alta cerca de madeira por perto, ainda pouco nítida, pois estava meio nublado.
Um céu realmente muito lindo
Karol tinha oito anos, era uma amiga muito inteligente e madura, parecia um adultinho, mas que nunca estava ocupado. Ela era uma das melhores amigas de Tyler, então, ciente de que ela sabia ler, ele perguntou o que estava escrito na carta e quem tinha mandado, com um brilho nos olhos, realçando seu traço curioso.
- Ok, eu leio pra você!
Era uma carta amassada, amarelada... Parecia antiga... O que será que tem nela?
[...]
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