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História Children of the Night - Boxe


Escrita por: Campcake e MillenerCrazy

Notas do Autor


Boa Leitura :)

Capítulo 4 - Boxe


Fanfic / Fanfiction Children of the Night - Boxe

Celly pov.

Eu queria fosse um sonho queria apenas abrir os olhos e acordar, mas, a triste realidade era que não era um sonho. Circulo meu abdômen com meus braços, dentro de mim havia um feto, uma vida se formava dentro de mim, o que fazer quando você não deseja gerar-la

Minha visão começou a ficar turva conforme as lagrimas começaram a preencher meus olhos

-Celly... Você esta bem? –havia receio na voz de Mayara, como se a mesma escolhesse minuciosamente as palavras antes de dizê-las 

Nego com a cabeça

-O que você tem? –pergunta

Como se a resposta já não fosse obvia

-E-eu n-nã-o que-ro e-es-ta cri-nça – tento dizer em meio dos soluços

As feições do rosto de Mayara ficaram tensas – Você... Quer tirar?

Meu corpo tremia, eu não podia levar àquela gravidez a diante - Eu não quero esta criança –falei pausadamente me controlando ao máximo para não cair no choro

-A criança não tem culpa - sua voz estava embargada

-Eu sei que ela não tem culpa – apertei o tecido do suéter que eu vestia-, mas, eu não a quero –encaro o chão- eu... Nunca quis ficar grávida

-Existem situações que não podemos controlar – murmura

-Esta eu posso controlar – falo

-É um fardo insuportável acredite – seus olhos estão chorosos

-O bebê será um peso, eu tenho apenas 18 anos – seco minha palma suada no tecido na minha calça de moletom – esta na hora de eu focar na faculdade, carreira...

-Não coloque a culpa no bebê – corta Mayara

-Desculpa... Mas o corpo é meu, eu mesma arco com as conseqüências de meus atos – falo

Mayara não emitia nenhuma palavra, seu rosto não tinha nenhuma expressão, seu silêncio era perturbador. Ela se virou de costas incapaz de me encarar, comecei a ouvir pequenos ofegos, os ombros de Mayara tremiam muito

Ela estava... Chorando

-Mayara? –toquei seu ombro

Ela se virou para mim seus olhos castanhos que antes eram mortiços e sem brilho, neste momento lagrimam despencavam do mesmo, seus lábios tremiam bastante, a respiração estava descompensada

Toquei com a ponta dos dedos sua bochecha na intenção de oferecer um conforto Mayara se esquivou do meu toque segurando meu pulso. Ela limpou o rosto com a costa das mãos

-Não serei eu que irei impedir como você mesma afirmou conseguirá lidar com as conseqüências de seus atos – seu olhar voltou a ser frio e sem vida- a vida é sua, a consciência também, mas, é apenas um aviso –ela se aproximou alguns passos de mim, nos duas estávamos separadas por três palmos de distancia - nada ira fazer com que você tenha sonhos tranqüilos –ela sorriu, mas, não um sorriso comum um sarcástico como se ela tivesse falando de si mesma- conheço uma doutora, ela me deve um favor, marcarei uma consulta

Abaixo a cabeça desta vez sou eu que não consigo encará-la, sinto meu coração pesado

Mayara pov.

“O som do tapa quebrou o silêncio da madrugada, meu rosto ardia, lagrimas caiam silenciosamente pela minha face, outro tapa foi desferido contra meu rosto, outro acompanhado de mais outro

Meu corpo produz um baque surto, assim que o mesmo bate contra o chão, abraço meu abdômen na tentativa de proteger o pequeno ser que se forma dentro do meu interior. Os tapas acabam sendo transformados em socos que são desferidos em todo meu corpo, vários pontapés acertam minhas costelas e meu rosto, fazendo com que as lagrimas se misturem com o sangue

Eu rezo em meio das lagrimas, eu só queria que ele parasse que ele se parasse de me bater e fosse embora. Por um momento ele parou e caminhou ate o quarto suspirei aliviada. Mas, ele retorna e trás consigo um objeto cilíndrico de madeira, ele golpeia meu abdômen me fazendo berrar de dor

Meu corpo bate no chão fazendo-me despertar, sinto um nó se formar no meu estomago, calafrios percorriam sem parar pela minha espinha, caminho ate o banheiro e coloco tudo para fora. Pressionei meu corpo contra os azulejos do banheiro, as lagrimas começaram a descer pelo meu rosto

¨¨*¨¨

Meus dedos se prendem em torno dos pulsos de Celly, enquanto á conduzo pelas ruas movimentadas, ela solta um chiado dolorido quando a pressão dos meus dedos começa a machucar sua pele

-Onde estamos indo? – pergunta

-Tribeca [N.A:ou Triangle Below Canal, é um bairro conhecido pelos prédios reformados de maneira luxuosa, não ache que é um bairro de pessoas pretensiosas , há espaço para simplicidade alem de ser um bairro com um jeito todo contemporâneo,é também lar de famosos como Beyoncé e Jay-Z ;) ]

-O que vamos fazer lá?

Parei bruscamente fazendo Celly bater em mim - Gabi e Maynara moram em Tribeca, você vai passar o dia com elas

-E você?

-O que vou fazer diz respeito apenas para mim – respondo

As ruas contemporâneas de Tribeca estavam calmas, um tanto quanto incomum para esta hora do dia, o sol era escondido pelos prédios de tijolos que já cercavam toda a paisagem, as pessoas se movimentavam calmamente pelas ruas, como se elas quisessem prolongar cada segundo do dia. Caminhamos em completo silencio, paramos em frente de um prédio branco de vidros espelhados. Os apartamentos daquele prédio eram por andar, Gabi e Maynara moravam na cobertura  

 Quem nos recebeu foi à governanta da casa, Neide uma beta de meia idade, baixa, com olhos redondos e castanhos, os cabelos lisos eram presos em um coque bem firme, ela é um hibrido de lince

-Em que posso ajudá-la? – pergunta 

-As meninas se encontram em casa? –pergunto

Seus olhos castanhos me avaliam dos pés a cabeça – Estão no ateliê, peço que espere um estante para que eu possa chamá-las

Não demorou muito para Maynara e Gabrielle aparecerem na sala-Maya? –Gabi enrugou o cenho- o que você faz aqui?

-Eu preciso resolver uns assuntos, será que Celly poderia ficar aqui? –pergunto

-Sim, ela pode – responde Maynara

-Qual foi o curso que você escolheu?Já conseguiu decidir? – Gabi se dirige á Celly

-Artes Plásticas – responde

Maynara abre um sorriso – Fico feliz que tenha gostado do curso –uma pequena covinha marca sua bochecha – o tempo que você ficar aqui, eu passarei os deveres para você ela adiantar a matéria

-Eu já vou indo –toda á atenção é direcionada para mim- não levem á mal, mas, eu não quero correr o risco de esbarrar no seu – sinto que algum se aproxima por trás de mim, logo sinto um forte odor de alfa misturado com colônia francesa masculina – pai- murmuro a ultima palavra

Eu me viro para trás, um homem alto trajado de um terno caríssimo, seus cabelos já grisalhos denunciando sua idade cuja já passa dos quarenta, seu cheiro de alfa misturado com a colônia mais cara, seu hibrido é de leão, um sorriso sarcástico acompanha seus finos lábios

-Você –ele me olha com desprezo –bem que eu reconheci o mau cheiro – ele levanta a mão direita para tampar seu nariz, ele olha na direção de Maynara e Gabi – minhas filhas, por favor, me digam o que esta delinqüente faz aqui? –seu cenho enruga quando ele percebe a presença de Celly – e você quem é?

- Me chamo Cellynne – ela o encara

-O que faz aqui? –ele descaradamente a olha de cima a baixo  

-Ela é aluna nova na faculdade pai, esta na mesma classe que eu - responde Maynara

-Aproveite cada segundo que minha filha dedicar á você garota –ele olha para Celly- pois eu te garanto que minha filha é a melhor –ele volta a me encarar- e quanto a você, volte para o mesmo buraco que você saiu e não retorne nuca mais

-Eu me lembro de você ter dito isso da última vez que nos vimos –lanço um sorriso de deboche para ele- desculpe não sou do tipo que segue ordens – lanço uma piscadela para ele, o mesmo apenas trava seu maxilar e fecha as mãos em punhos – adeus ate à próxima

¨¨*¨¨

A brisa gélida de fim de outono bagunça meus cabelos, fazendo-me encolher em meu suéter, esfrego minhas mãos freneticamente uma nas outras na intenção de aquecê-las

Enquanto caminho pelas ruas barulhentas, não consigo parar de pensar por um segundo na gravidez de Celly, não impedirei o aborto como ela mesma disse o corpo é dela, apesar do pequeno ser indefeso não ter culpa nenhuma

Sinto meu corpo colidir com algo, eu desperto de meus pensamentos quando percebo que derrubo algum no chão

-Troye? –ajudo o mesmo a se levantar

-Caramba, custa prestar atenção? –ele bufa enquanto limpa a sujeira de sua roupa

-Minha vontade de prestar atenção nas coisas, é igual a sua habilidade em dança –o encaro- é zero

O som de risadinhas fofas chama minha atenção, eu não tinha percebido que Troye estava acompanhado, havia um garoto alto com cabelos cacheados e castanhos que iam ate seu ombro, pele branca, olhos verdes, corpo magro com leves curvas, pelo cheiro doce ele era um ômega hibrido de gato

-E você é quem? –pergunto

-Me chamo Harry Styles – falou o mesmo, suas bochechas ganharam um leve tom rosado

-Ele é meu melhor amigo –falo Troye- estávamos fazendo compras antes de você trombar comigo

Faço um estalo com a língua – Apenas vocês dois? –pergunto, Troye resmunga apenas um “urum”- Annie não esta com vocês?

-Ela preferiu ficar em casa – respondeu Harry

-Vocês já estão retornado para o apartamento? –pergunto

-Sim, por quê? –pergunta Troye

-Vou com vocês, lembra quando vocês falaram que quando eu precisasse de algum conselho era só eu procurá-los – dou uma leve mordida no meu lábio inferior – estou precisando de um conselho agora

Nuvens cinza cobrem a imensidão azul, o vento começa a soprar mais forte fazendo com que as arvores percam suas folhas já amareladas. Caminhamos ate o leste da cidade, paramos em frente de um prédio de tijolos laranja com escadas de incêndio e janelas vermelhas, o prédio tinha quinze andares, o apartamento que Troye dividia com Annie era o sétimo

O apartamento era aconchegante, o estofado cinza das poltronas combinava com os moveis de madeira, velas aromáticas deixavam o ambiente um tanto mais rústico, as cortinas na cor creme tocavam o chão

Annie estava sentando em uma poltrona, pela suas feições ela ficou surpresa em me ver - Maya? –ela me encara- o que faz aqui?

-Eu... Preciso conversar – murmuro

-O que aconteceu? –Annie se aproxima de mim e me abraça

Retribuo o abraço, meu coração estava tão pesado, sentia um bolo na minha garganta, calafrios percorriam minha espinha, aperto com força o material da camiseta de Annie, lutando contra as lagrimas q insistem em querer cair de meus olhos

Troye se juntou ao abraço – Você pode nos contar o que aconteceu quando se sentir confortável, nos entenderemos se você apenas quiser chorar, respeitaremos seu silêncio – sussurra e deposita um beijo em meus cabelos

A cada palavra que eu contava ambos arregalavam os olhos, mas, continuavam em silêncio, aos poucos aquela sensação do aperto em meu coração era aliviada

-Eu não posso obrigá-la a ficar com o bebê – sinto novamente um bolo na minha garganta

-Existe outra coisa que ainda te aflige? –Annie pressiona sua têmpora

Mordo meu lábio inferior –Não –minto por enquanto prefiro manter em sigilo os pesadelos que venho tendo

Annie sorri minimamente – Eu te conheço á quatro anos, eu sei quando você esta mentindo

-Eu sei o que ela vai sentir depois deste aborto, agora ela acha que é sua única “opção” –faço aspas com as mãos- mas, durante a fria madrugada ela vai se arrepender vai chorar e se lamentar pelo o que aconteceu

-E-eu a-acho que s-sei o que p-pode ter o-ocorrido com a g-garota q-quem vocês estão f-falando – uma tímida voz soa atrás de mim

Olho por cima do ombro e vejo o garoto que estava com Troye mais cedo, ele estava encostado no batente da porta, ele brincava com a barra de seu suéter lilás, havia um leve tom de rosa em suas bochechas

-Do que você esta falando? – o encaro

Ele encolhe os ombros e morde o lábio inferior como se estivesse tentando encontra às palavras certas para começas a falar – Eu tinha um amigo, assim como esta garota que vocês falavam,ele também havia sido abandonado pelo seu alfa

-Espera ai –eu o interrompo- como você sabe que ela foi abandonada?

-Troye já havia me contado –murmura- ele descobriu que estava grávido um tempo depois do abandono, naquele momento o aborto para ele parecia ser a única opção – ele encara suas unhas- após o aborto ele não era mais o mesmo, parecia mais um espectro, ele um dia me disse que se pudesse voltar no tempo ele não teria realizado aquele aborto – seus olhos encheram de lagrima – ate que um dia...

-O arrependimento o consumiu?  -pergunto

-S-sim – algumas lagrima já escorriam pelo seu rosto

Sinto meu coração apertar dentro do peito, isso era o que eu mais temia o quando o arrependimento destruí-la por dentro será tarde demais para ela voltar atrás 

¨¨*¨¨

O céu estava em um misto de laranja com vermelho, as nuvens brancas estavam distribuídas de forma um tanto desigual, nenhuma ousava se aproximar do sol, as nuvens deixavam que o mesmo se despedisse da cidade movimentada, ele dava fim ou seu espetáculo

Caminho ate chegar à frente da academia na qual treino Boxe, é uma academia de porte médio, ela era especifica apenas para treinar ômegas, os únicos alfas que entravam na academia eram os treinadores ou o gerente do estabelecimento

Sempre preferi treinar sozinha, apesar da insistência do treinador para que eu me reunisse com os outros ômegas, apenas treino como uma forma de desestressar e também como auto defesa, ate porque arranjo bastante confusão

Estou treinado Jab no saco de areia a mais ou menos quinze minutos, sinto meus braços cansados – pelo fato de eu não ter feito alongamento-, minhas mãos já estavam dormentes, eu não conseguia controlar direito minha respiração, acabei ficando ofegante rapidamente

-Parece que algum quer arrebentar o saco de areia hoje – ouço uma voz atrás de mim

Vivian Faria, a filha do dono da academia, seus cabelos são pretos com generosas mechas tingidas na cor rosa, olhos escuros e brilhantes, seu corpo exibe belas curvas, ombros largos, lábios rosados e carnudos, seu hibrido é de leão, era a ômega de um dos alfas mais desejados da faculdade, Chanyeol

-Só estou um pouco estressada – respondo

-Com o que? – pergunta

-Digamos que como irmãs mais velhas me sentem no dever de aconselhar suas irmãs mais novas, mas o que fazer quando ela esta com uma idéia fixa na cabeça

Vivian da uma gargalhada – Entendo perfeitamente, Taehyung jamais segue um conselho meu, ele insiste ate quebrar a cara

-Talvez por que ele seja um alfa e não quer receber ordens de um ômega, que segunda a nossa hierarquia deveria ser submisso á ele - respondo

Ela entreabriu os lábios, mas do mesmo não saiu som algum. Os pais de Vivian são alfas, quando ela se descobriu em ômega os pais dela, ao contrario de muitos outros pais, eles não á matricularam em uma A.O (Academia de ômegas), para ensiná-la como ser uma boa submissa para seu alfa, os pais de Vvian fundaram a academia especializada em treinar apenas ômegas, quando o irmão mais novo de Vivian – Taehyung- de descobriu alfa os pais de Vivian continuaram a amando com a mesma intensidade, sempre fazendo o possível para ela não se sentir inferior por ocupar um lugar tão baixo na sociedade 

-Desculpe –murmuro- eu falei sem pensar, estou tendo um dia ruim e não deveria descontar nada em você

-Tudo bem – ela da um sorriso

-A propósito, parabéns por ter ganhado o campeonato

Já faz exatamente sete anos que Vivian compete no campeonato local de Boxe, em todas as vezes que ela participa leva ouro para casa. No campeonato apenas podem competir ômegas e alguns betas

-Valeu

Continuo o treino, acabo fazendo um movimento de mau jeito e solto um chiado dolorido

-Vai acabar se machucando se continuar a socar assim – Vivian fica na lateral do saco – você pode socá-lo ate cair de exaustão ou – seus olhos castanhos brilham em malicia – ir para o ringue comigo

Vivian pega um par de luvas e caminha para o ringue que fica no centro da academia, logo que entro no ringue, acompanhada por Vivian percebo que acabamos atraindo alguns olhares, algumas pessoas param de treinar para nos observar

¨*¨

Já estamos no terceiro round, meu corpo esta dolorido, diversos hematomas acompanham meus braços, abdômen e coxas, quando Vivian acerta meu rosto  meu lábios inferior lateja no mesmo um corte se forma, logo o gosto metálico do sangue invade de forma indesejada meu paladar

Vivian nasceu para estar no ringue, era como se o mesmo fosse um ente querido extremamente intimo. Ela é insaciável e extremamente habilidosa, alem de ter um profundo conhecimento das mais variadas técnicas, o que faz com que seus ataques e defesas se tornem magníficos

Vivian bloqueia meu soco com seu braço esquerdo e com o direito acerta meu abdômen – ouço algumas pessoas darem suspiros doloridos – sinto meu estomago contrair

Quando realizo uma seqüência de socos, consigo derrubá-la, subo em cima de seu corpo caído e desfiro socos na mesma. Mesmo com meu peso machucando seu abdômen, ela conseguiu bloquear diversos ataques, ela conseguiu imobilizar meu braço esquerdo e golpeia meu tórax, me fazendoeu cair para trás tentado recuperar meu fôlego. Nossa luta teve fim quando Vivian me acerta um soco na minha têmpora fazendo com que tudo para mim escurece

Tudo o que eu conseguia enxergar era a escuridão, meu corpo pesava tanto, minha cabeça formigava, aos poucos fui recuperando os sentidos. Quando consegui abrir os olhos a luminosidade do ambiente incomodou meus olhos, fazendo com que eu piscasse varias vezes para tentar me acostumar

Vivian dava tapas no meu rosto na intenção de tentar me reanimar, algumas pessoas estavam em volta de mim

-Aich – foi à única coisa que consegui pronunciar

-Você esta bem? –Vivian parecia aflita

-Minha cabeça esta girando – murmuro enquanto massageio minha têmpora

-Foi por conta do soco atingiu em cheio sua cabeça, mas nada que fará um estrago permanente – fala um doutor que trabalha na academia

-Menos mal – comento

-Desculpa – Vivian encara seus joelhos

-Tudo bem – dou um soco de brincadeira em seu braço – me ajudou com o estresse

Ela devolve o soco – Bobona – murmura

¨¨*¨¨

-O que estamos fazendo aqui?-perguntou Celly quando entramos no hospital

Eu não respondi nada, apenas continuo á conduzi-la pelos corredores do hospital, aperto meus dedos em seu pulso, paramos de caminhar quando chegamos ao bloco dos recém nascidos, ouço Celly dar um suspiro pesado

Quando nos aproximamos da janela Celly desvia o olhar e encara seu tênis

-Porque me trouxa aqui? –pergunta

-Você se sente incomodada por estar em um local como este? – pergunto

-Não respondeu minha pergunta – murmura

-Nem você a minha – semicerro os olhos – você esta 100% certa para fazer este aborto?

-Mayara – ela suspira- eu já te disse por quê

-Você tem apenas 18 anos, deve focar na faculdade, sua carreira depende de seu esforço e dedicação e este bebê só vai atrapalhar seus planos – ela abaixou os olhos novamente para seu tênis - a vida não é um arco-íris onde apenas coisas boas acontecem, a vida é dura quando você menos espera ela te da uma rasteira e te derruba, mas depende apenas de você se vai levantar ou vai continuar deitada no chão se lamentando como um bebê chorão

Encaro a janela da maternidade, o grande vidro transparente nos dava a visão privilegiada dos bebês, todos eram separados pela cor dos macacões que usam, as cores variavam entre rosa e azul

-Este bebê não é um erro Celly – quebro o silêncio- no final você vera que foi a melhor coisa que já aconteceu na sua vida - um bebê perto da janela começou a rir enquanto dormia, os olhos de Celly se fixam no bebê que acabou de sorrir – quanto sua barriga começar a crescer você vai começar a imaginar como será a cor de seus olhos, o som da sua risada, imaginar como vai ser a sensação de pega-lo pela primeira vez em seus braços, naquele momento quando sua mão acariciar a bochecha de seu bebê você em silêncio fará uma promessa de protegê-lo por toda a sua vida

-E-eu... –Celly começa a chorar

-Você sabe que não vai conseguir evitar o primeiro tombo, a dor de um coração partido – sinto um nó se formar na minha garganta – você já imaginou durante uma noite de tempestade ele indo para sua cama, dormir com você porque ele tem medo do barulho dos trovões, por mais que você tente lutar contra, a vida um dia ira separá-lo, talvez por que sua pequena criança achou o amor da sua vida, agora ele ira construir sua vida, sua carreira ira ter filhos – sinto algumas lagrima escorrerem pelo meu rosto – você já imaginou como seu coração vai se iluminar quando ele te abraçar e sussurrar perto de sua orelha como se fosse um segredo, que você é a melhor mãe do mundo

Celly desaba a chorar, a mesma precisou buscar apoio na parede, seus soluços e lagrimas já eram perceptíveis

-Agora cabe a você dar o Benedito final, ainda pretende levar a diante este aborto?

Celly pov.

Eu observo em silêncio o interior do cômodo ás paredes branca da sala me deixavam inquieta, o cheiro de remédio me dava náuseas, o barulho incômodo da sola emborrachada dos sapatos das enfermeiras se chocando com o chão do hospital

A adrenalina que corre em minhas veias faz com que minha ansiedade aumenta a cada passo que a doutora dá, sinto meu coração se fundir com meu peito quando novamente a doutora caminha em minha direção carregando consigo um pequeno tubo de gel. Pequenos calafrios sobem pela minha espinha quando a pele nua da minha coluna toca o frio material de couro que reveste a maca onde me encontro deitada

Eu já havia lido uma vez por pura curiosidade, sobre como era realizado o aborto em ômegas, a medicina evoluiu muito se comparada à medicina dos humanos, antes da extinção dos humanos o procedimento era realizado por abortos químicos (A gravidez pode ser interrompida medicamente) ou cirúrgicos (O método consiste na remoção do conteúdo uterino por aspiração e curetagem)

Mas agora estamos no ano de 3013 d.e.h (depois da extinção dos humanos) [N.A: gente para quem ficou confuso eu estou escrevendo um capitulo que vai explicar detalhe por detalhe sobre como surgiu o universo abo ;)] nossos métodos de aborto é bem diferente do utilizado pelos humanos, não é necessário ingerir nenhum comprimido ou realizar qualquer procedimento cirúrgico, o procedimento é realizado através do computador para localizar o feto, após localizado é necessário utilizar um equipamento de ultrasom, o aparelho emite calor profundo através de ondas ultrasônicas

Sinto minha pele do meu abdômen se arrepiar e involuntariamente acabo encolhendo minha barriga na tentativa de fazer com que a sensação incomoda passe, meu coração dispara quando a doutora novamente se levanta e caminha ate um armário, Mayara continua na mesma posição desde que chegamos ao consultório, parada com os braços cruzados sobre o peito, com uma expressão indecifrável no rosto, a doutora volta carregando consigo o aparelho de ultrasom  

“O bebê não é um erro, no final você que foi a melhor coisa que aconteceu na sua vida” às palavras ditas mais cedo por Mayara ainda estas frescas em minha mente, eu só conseguia enxergar o bebê como um problema, mas agora... Eu quero saber como é a sensação de carregar aquele frágil ser em meus braços, poder ensiná-lo a falar, quero viver estes pequenos momentos

-Por favor, não faça isso – eu murmuro quando a doutora liga o aparelho

Ela ergue seu rosto, agora consigo observá-la com mais clareza olhos verdes, pele clara, sobrancelhas perfeitamente desenhadas, um par de orelhas de lobo encontrava-se entre seu cabelo escuro e ondulado, seu cheiro era maravilhoso ela é uma alfa

A doutora enruga seu cenho – Como assim?

-Não prossiga com o aborto

Ela abre a boca espantada – Aborto? Do que você esta se referindo? –ela pega uma prancheta – aqui apenas diz que uma consulta de pré-natal foi marcada no nome de Cellynne Souza Ribeiro, é você?

-S-sim m-mas eu achei que a M-mayara havia marcado um a-aborto –ouço uma gargalhada

Mayara ria abertamente como se ela estivesse se divertindo com a situação toda – Eu disse que marcaria uma consulta

Eu olho para ela incrédula – Era tudo um plano? A maternidade? Aquele papo todo? Tudo fazia parte de um plano?

-Bom –ela coça a nuca – eu tinha em mente apenas conversar com você, mas acabei conhecendo outro dia um ômega chamado Harry, ele me contou uma história que ocorreu com o amigo dele, ele acabou me dando uma idéia de levar você para algum local onde você poderia ter algum contato com algum bebê – ela sorriu – ai veio na minha cabeça à maternidade

-Você planejava abortar? –ouço a voz da doutora

-S-sim

-Pode me dizer o por quê? –ela começa a anotar algo

-Fui abandonada pelo meu alfa, quando descobri a gravidez, eu apenas... Queria tira-lo – murmuro enquanto encaro minhas unhas

-Entendo –fala – é algo mais comum do você pode imaginar, os ômegas se ligam totalmente nos alfas e quando acaba ocorrendo um abandono, os ômegas acabam se culpando pelo ocorrido –ela suspira – e em alguns casos os ômegas descobrem que estão grávidos, a desejo de abortar é a primeira resposta para eles, é como se tentassem apagar qualquer resquício do seu alfa, mas o aborto não trás o alivio que na hora do desespero eles achavam que teriam, o aborto apenas trás arrependimento, muitas ômegas ate acabam ...

-Atentando contra a própria vida – completo

-Sim – a doutora se levanta – meu nome é Lauren Jauregui – ela me entrega um cartão – este é o numero do meu consultório, caso você precisar se alguma coisa é você ligar que eu não excitarei em ajudar

-Obrigado – murmuro

 [N.A:o capitulo foi finalizado pela Jujuba <3 nossa querida e fofa co-autora :3]

Olho para Maynara e suspiro, ainda deitada naquela maca e com a barriga a mostra a olho pensativa, um sentimento novo me invade algo com amor, medo e arrependimento. Tantas vozes ao meu redor falando que irei me arrepender se eu tirar aquela vida de dentro de mim, e eu na teimosia de seguir em frente. Por um pouco de orgulho não queria ouvir Maynara, mas agora cada vez mais escutava a mesma coisa: Arrependimento de abortar. Minha mente era um quebra cabeça onde as peças começavam a se encaixar e tudo a fazer sentido. Eu queria apagar o Alfa que me abandonou da minha memória, qualquer rastro dele em minha vida, mas agora notei que esta criança não tinha culpa, e se apagasse e tirasse esta criança de mim perderia parte de quem sou, nunca mais seria a mesma, lembranças me derrubariam à todo momento e o arrependimento seria meu companheiro. Olho a médica sair da sala e olho para Mayara e dou um breve sorriso.

 -May... -A chamo docemente e ela se aproxima de mim.

-O que foi Celly...

 Sua expressão era seria e no fundo uma preocupação quase inotavel, respiro fundo e meus olhos brilham talvez por lágrimas ou pelo sentimento bom que me invadia por dentro.

-Eu quero esta criança como parte da minha vida até minha morte. Quero ensina-la a viver, a amar, quero ser sua base e sua inspiração. Eu quero ser sua mãe...

 

 


Notas Finais


desculpe a demora hihi
espero q tenham gostado, comentários serão bem aceitos :p
feliz ano novo!!!!

Prox. Cap. Boate, rosto cinza,
bjssss ate o próximo capitulo


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