AkiMitsu-senpai disse que eu não deveria “chegar” daquela maneira na Vicktória-senpai, mas afinal o que uma valentona como ela poderia saber sobre o amor? Sobre como conquistar a Vicktória-chan?
Nada.
Eu… acho.
Apesar que se eu parar pra pensar, AkiMitsu-senpai deve ter muito mais experiências românticas do que eu – que não tenho nenhuma.
Mas sou teimoso. Muito teimoso. E não parava de pensar em Nightray-senpai.
- Hm… Nightray-senpai. Você sairia comig-…?
Ela tossiu forte, me cortando. Se levantou, deixando os biscoitos sobre minha mesa e saiu da sala as presas. Estava constrangida.
Ela fugiu de mim.
Suspirei e afoguei as magoas comendo seus biscoitos.
Durante a aula um garoto de roupas estranhas e coloridas, assim como seu cabelo azul, pediu um biscoito dos que comia. Eu fiquei acuado, porque não era bom em comunicação com estranhos, também porque ele era mais alto (como a maioria dos caras) e não parecia de bom humor. Mas neguei. Neguei por ciúme.
Ele arregalou os olhos de cor purpura.
- N-não é por maldade, é porquê… uma garota me deu e… – ele não me deixou termina, já tinha começado a rir.
- Nem precisa terminar, eu já entendi – e apertou a minha bochecha, e eu corei assustado.
O menino sentado à frente dele – que deveria ser seu irmão gêmeo já que eram idênticos – riu olhando pra mim.
Foi como conheci o Alexy e o Armin. Mais outro momento constrangedor graças a Vicktória-senpai.
No dia seguinte eu tomei toda minha coragem e fui até a sala dela para receber seus biscoitos, quem sabe pergunta sobre aquele seu possível trabalho dos rumores. Mas era principalmente pelo motivo de estar agoniado para vê-la.
Respirei fundo e abri a porta com toda motivação e com os olhos extremamente cerrados.
- Nightray-sen…
- Ei! Vicktória! – Fui interrompido por uma voz mais alta e mais grossa que a minha, que vinha de alguém que estava atrás de mim.
Engoli em seco e olhei para cima. Castiel me encarou de volta com a sobrancelha arqueada.
- Tá olhando o quê? Baixinho.
Tremi.
Por que todo mundo fica enfatizado o fato de ser baixinho? Abaixei a cabeça inconformado.
Vicktória-senpai se aproximou com cara de tédio olhando para o Castiel, mas quando me fitou rapidamente desviou o olhar.
Fiquei mais pra baixo ainda.
- O que quer, imbecil?
- Cuidado com a língua, tábua.
Ela ruborizou fortemente, irritada. Começou xingando e batendo nele com força, lhe empurrando. E ele ficava recebendo tudo aquilo ainda gozando da cara dela, a deixando mais irritada ainda.
Vi duas garotas ficarem fuzilando Vicktória-chan com o olhar e ainda por cima ouvi comentários de Bia, minha antiga colega de turma do grupo de fazer cookies:
- Olha, Peggy. Vicktória sendo intima com Castiel de novo.
- Até que daria um bom casal.
Depois disso eu fui incapaz de gostar de Peggy.
Sai correndo no mesmo momento.
[…]
Afogado nas próprias magoas o menino se pôs a correr, chamando a atenção de Vicktória.
- Kentin! – Ela chamou, mas logo tampou a própria boca, corada. Constrangida.
- Hm… o quatro-olhos é seu namoradinho, é? – Brincou Castiel.
Como resposta ela chutou sua canela e cuspiu um “imbecil”!
- Não chame ele de quatro-olhos! Ele tem nome! O nome dele é Kentin!
Os olhos acinzentados de Castiel se arregalaram vendo Vicktória perdendo a compostura por uma brincadeira tão boba que ele tinha feito. Piscou os olhos consecutivas vezes, confuso.
Ela virou o corpo rapidamente para ir atrás do menino, mas… ele já tinha sumido do corredor.
E esse fora mais um momento em que ela o deixou cabisbaixo sem conseguir fazer nada pra reparar o erro.
[…]
Eu pensei que não veria Vicktória-senpai mais naquele dia, mas eu a vi.
Lá estava ela agachada na minha frente.
- O que faz aqui? – Me perguntou ainda com sua expressão fria, porém ela inclinou a cabeça sutilmente para o lado. Era extremamente fofa.
Enxuguei as lágrimas. Sim, eu era um chorão.
- Nada. O que faz aqui? – Perguntei tentando ajeitar meus óculos para vê-la melhor, mas não conseguia.
- Você sabia que viria aqui. Está é a sala do clube de culinária, e você está escondido embaixo da mesa, chorando.
Me encolhi colocando meus braços cruzados em cima de meus joelhos e deitando minha testa neles, para esconder meu rosto. Com a voz sendo abafada, respondi:
- Não estava chorando, senpai.
- Estava chorando sim. Olha. – Senti suas mãos geladas tocarem meu rosto quente e me obrigando a ergue a cabeça. Fui corando, enquanto ela já retirava meus óculos limpando as lentes em seu uniforme. Me olhou nos olhos e vi um sutil sorriso aparecer. – Seus olhos são verdes…
Se aproximou mais de mim, me fazendo corar mais intensamente. – Se é que era possível. – Sentia calor muito grande no rosto pelo ruborizar. Ela passou a mão em minha testa erguendo a franja para me ver melhor. Nervoso, desviei o olhar.
- São lindos…
Engasguei constrangido.
Segurou meu queixo e ficou virando meu rosto de um lado para o outro. Me analisando.
- Kentin é muito fofo. – E voltou a limpar minhas lentes como se tivesse dito o obvio.
Eu fiquei boquiaberto.
- N-não sou não. – Ela torceu a boca. – Eu sou muito magro, franzino e…
-… fofo – completou arqueando a sobrancelha como se estivesse irritada por eu ter descordado dela.
Engoli em seco e baixei a cabeça. Não queria deixa-la irritada comigo de novo.
- P-por que está dizendo isso?
- Porque vamos a festa de AkiMitsu e eu resolvi deixa a minha vergonha de lado. Afinal ela foi gentil com você e te disse coisas que eu sempre pensei em dizer. – Enrugou o cenho, irritada. – Você poderia acabar gostando dela, certo?
- NÃO! – Neguei tão rápido já me inclinando bem a frente dela que a assustei, mas em primeiro momento nem me importei. – Não olharia AkiMitsu-senpai, porque gosto de Vicktória-senpai! Que foi a primeira garota a ser gentil comigo!
Ela ficou um tempo me olhando e quando me dei conta que me declarei de novo, corei intensamente e ouvi ela rir. Pegou meu queixo e colocou meus óculos.
- Odeio você com eles, mas tudo bem. – Abriu sua bolsa e de lá tirou uma revista de modelo. Abriu umas paginas e me mostrou uma linda modelo loira de olhos verdes. – Essa sou eu. – Engasguei com minha saliva e olhei para ela chocado. Os rumores eram verdadeiros. – Uso peruca e lente para ficar mais difícil de reconhecer, porque meus pais não gostam desse trabalho. Eu adoraria ter olhos verdes, por isso uso a lente…
- Mas seus olhos são lindos, Vicktória-senpai!
Ela deu a risada mais doce que já ouvi.
- Acho os seus mais bonitos. – Pegou em meu queixo novamente. – Então não me perca de vista, tá?
Manei a cabeça concordando consecutivamente. Ela me deu um bilhetinho com o endereço da casa de AkiMitsu-senpai e um beijo na bochecha que me fez praticamente desmaiar.
- Te faço biscoitos amanhã.
Quando acordei, me perguntei se tinha acordado mesmo ou se tinha morrido. Afinal quais eram as chances de uma modelo beijar minha bochecha?
E se ela era modelo… por que fazia os biscoitos?
[…]
- Então… você ficou com ciúme de mim? – Perguntava AkiMitsu com certo humor, deitada de lado no telhado tomando coca-cola, enquanto Vick-chan estava sentada com ela.
- Tive.
- E se sentiu culpada por dar mais atenção ao Castiel do que a ele?
- Sim.
- Por que você acha que ele ficou com ciúme de você e de meu ruivo?
- Sim. E na próxima vez não manda Castiel me chamar pra ir falar com você, acho que Ken tem medo dele.
Foi o suficiente pra sua amiga cai na gargalhada.
- Medo do Castiel?! Castiel? – Vicktória maneou a cabeça concordando. – Fala sério, Castiel é inofensivo. O que ele poderia fazer com o Ken?
- Bater?
- Não, ele não faria isso e não fale assim dele só porque você o detesta.
Vicktória torceu a boca. Ela tinha essa mania de fazer essa careta quando ficava irritada.
- Desculpe. Mas é porque temos gostos diferentes, e também você foi muito intima do Ken…
- Ah, pera, para com isso. Você e Ken são dois ciumentos atoa, ok? Você sabe muito bem que eu converso facilmente com qualquer um. Convidei pra festa, porque sei que é mais tímida do que eu. E com música e pouca luz, todo mundo fica menos tímido.
- E onde você é tímida? – Perguntou arqueando a sobrancelha.
Ela ficou pensativa por um momento.
- Quando Castiel fica me bolinando na educação física. – Vicktória caiu na gargalhada. – Ei, falo sério. Não ria das desgraças dos outros. – isso só fazia a amiga rir mais. – Só porque o seu menino é fofinho e não bolinador, não te dá o direito de rir de minha pessoa. – Vicktória começou a recuperar o ar. – Mas fácil você bolinar ele…
Ela piscou algumas vezes e ficou pensando seriamente nisso, assustando sua amiga.
Talvez ela devesse mesmo ser o menos tímida possível.
Continua…
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