História Choco Cookies - A distância

Vicktória

Oi.

Já estou com saudades. (˃̥̥ω˂̥̥̥)

Está foi a primeira mensagem que recebi antes de subir no avião. Até porque não posso usar o celular lá dentro.

Soltei um riso nasal, enquanto digitava com uma mão, puxando a mala na outra:

Também estou. (˃̥̥ω˂̥̥̥)

Confesso que ainda continuei mandando mensagens dentro do avião, só parei quando ouvi a voz da aeromoça avisando a todos desligarem os aparelhos eletrônicos.

Então seria assim nosso relacionamento?

Apesar de estarmos distantes um do outro, acho que ciúmes não seria uma grande questão. Ele estava indo para um colégio militar masculino e eu para um internato feminino.

Um modo conservador que os pais têm de resolver os problemas com seus filhos: os mandando para longe. Filhas para uma espécie de convento, filhos para esses colégios que Kentin está indo… lugares extremamente conservadores como nossos pais… uma maravilha! – Sarcasmo aqui no final.

Eu estava numa suíte máster e não precisava dividir o quarto. Estranho? Também achei, mas era assim aquele colégio. Dependendo de quanto pagava, seu filho poderia ficar num quarto melhor que o do “coleguinha”.

Meus pais não perderiam a oportunidade de ostentar.

Olha, Vicktória, se casar-se com Viktor Chavalier terá ainda sua vida luxuosa. Continuará sendo uma princesa. – Meu pai vivia dizendo isso.

Louco com a ideia de Viktor assumir os negócios, porque… né, é homem!

Os pais dele o ensinaram desde pequeno sobre negócios e a mim foi ensinado o suficiente para auxiliar “meu marido”.

— Ah, eu mereço! – Debochei, irritada só de lembrar daquilo.

O conservadorismo de minha família me enoja. Eles têm esperanças que isso vai me mudar, que vai me fazer entrar na linha. Quando me instalei em meu quarto, já sentada em minha cama, abri meu notebook e fui no Skype.

— Vick-chan, miga! – Gritou AkiMitsu.

— Vicktória!!! — Gritou Lety — Te amo!

— Caralho, que quarto é esse?! Tem certeza que isso é uma escola? Você fugiu pra um hotel cinco estrelas?

— Ooh, gente rica é outra coisa… como é aí? Você já comeu?

— Parece a Iris falando assim Lety! Esfomeada.

— Você é esfomeada também!

— Que bom que você pode usar a internet aí, Vick.

— Obvio que ela ia poder, vão fazer ela estudar nisso que nem uma condenada. Não tem nada de bondade nisso. Ah! É verdade que eles obrigam a seguir a religião deles? Sabe? Ser católica?

— Não, né, Lety? Apesar que — puxou um folheto do bolso da blusa — ela tem que ir a uns cultos usando vestido ou saia.

— E isso não é meio que obrigar?

Elas ficaram se entreolhando, depois voltaram a encarar a câmera.

Seus olhos se arregalaram. Lety já estava com os olhos cheio de lágrimas.

— Por que tá chorando, Vick-chan?! — Gritou AkiMitsu.

Sim, eu estava chorando, o que fez Lety chorar também. Logo apareceu Tsuki sorrindo, dizendo “oi”, mas foi só nos ver chorando que se emocionou também.

Até tirou um lenço de uma bolsinha que carregava que compartilhou com Lety.

— Sinta que simbolicamente estou te oferecendo esse lenço via virtual. — Disse enquanto o estendia pra câmera. Pra mim.

Ri.

Ri entre lágrimas.

AkiMitsu bufou cruzando os braços.

— Pronto, três choronas. Podem parar com isso! E Vick, tem mais gente querendo falar com você.

Elas estavam no pátio.

Foi só AkiMitsu dizer isso e apareceu minhas amigas de turma. Sim, não disse colegas, disse amigas de turmas.

Irônico. Houve um tempo em que não tinha amigas. Depois conheci Lety que me fez conhecer AkiMitsu e Castiel, que me fizeram conhecer Lysandre e Tsuki. Rosayla que adorava me usar de “manequim”. Eu, Lysandre e Tsuki viramos seus manequins humanos. Me lembro de cada espetada…

E com esses amigos conhecendo outros e mais outros.

Como Kim:

— Poxa, guria! Agora que tu tá longe, eu sou a única alta da turma. Me destaco sozinha.

E Violette:

— Na aula de culinária eu sou a única calada… era bom ter você que me entendia e tinha mais paciência em ensinar que o professor.

Iris:

— Não vou ganhar mais seus cookies?! Estou chateada, Vicktória, não podemos perde contato, eu nem te ensinei como faz a coroa de flores como da Lana del Rey.

As meninas – com exceção de Kim – se viraram pra ela.

— Você SABE?!

— Parece que você terá trabalho pela frente. — Comentei rindo.

Eu nem tinha conseguido abrir a boca desde aquela chamada começou. Elas riram comigo. E foi reconfortante como um abraço.

Você não está mais só.

Era o que eu sentia.

“Juro que cheguei agora, senão teria entrado em contato mais cedo.”

– Ken.

“Eu sei, Iris me contou. Não creio que só dela que você tem contato. ”

– Vick.

“Desculpa, senpai, mas é a única amiga sua que não me dá medo. >_< ”

 

“No way!

Como assim?

Da Aki e da Lety eu sei, mas e Kim? ”

 

“Como assim: Mas e Kim?

Pelos mesmos motivos que tenho medo da AkiMitsu e do Castiel: me assusta quando ela fica brava. ”

 

“GRITO XD

Ok, eu até entendo. Mas e Rosayla? ”

“Ela tem foto de todo mundo da escola. Isso não te choca? ”

“Okay…

Mas POXA Violette?!”

 

“Ah, ela não. Não tem medo. Mas… mal falo com ela, acabei esquecendo. Ela eu quero adicionar. ”

 

“Então acho que esqueceu de Tsuki também? ”

“Bem… não.

Sou amigo dela também.

Ela me assusta, mas ela é inofensiva… acho… talvez? ”

 

“Talvez…”

“Não fala assim, senpai.

Me assusta. ”

 

“Imagino que não goste de filme de terror. ”

“Não! ”

“Grito. XD “

Prosseguimos a conversa no dia seguinte:

“Mas e você, senpai?

Ainda não adicionou meus amigos. ”

“… eu sei.

Mas eles sempre foram tão falantes e eu…

Fico sem jeito, sabe? ”

 

“Viu?

Você é como eu. ”

“Acredito que temos amigos nossos e alguns em comum. Só alguns. ”

“Iris é nossa amiga comum? ”

“Acredito que Iris seja mais sua amiga do que minha. ”

“Digo o mesmo em relação a AkiMitsu. ”

“Então… Tsuki? ”

“Sim, Tsuki é nossa amiga completamente em comum. ”

“Ela gosta de nós dois do mesmo jeito. ”

Contínua…