História Chocolate (EM CORREÇÃO) - Chocolate ao leite com gotas de Decepção

— D.O, chama o SAMU! — Falei quando o próprio atendeu a ligação.

— O que foi dessa vez, Diabo do meu ódio?

— Não deu certo.

— O que não deu certo, Baekhyun? Eu faço feitiçaria, mas não tenho bola de cristal. Se tu não me falar eu não vou saber.

— A macumba, Kyungsoo! — Disse quase gritando, mas não gritando, se é que dá para me entender.

— Como assim não deu certo? Você me disse que indagorinha* o Junmyeon estava querendo te pegar no elevador, brincar de lobo mau e chapeuzinho, descer o morro da vasurvenuzia ou qualquer coisa que indique fazer sexo loucamente com você.

— Pois é! Ele quis, mas o Sehun NÃO!

— Como assim não? Nada, nadinha, necas de pitibiriba?

— Tu acha que se ele quisesse alguma coisa eu estaria sentado no chão do banheiro, ligando para o meu melhor amigo macumbeiro e usando a desculpa de que eu estava com caganeira para poder usar o banheiro sem causar nenhuma desconfiança?

— Nosso, amigo! Cê tá desesperado mesmo, ein.— Ele falou debochado. — Mas eu vou resolver isso! E você sabe por quê?

— Não, Kyungsoo, dá para ser mais direto?! Não vê que eu estou desesperado?

— Porque eu sou Do Kyungsoo, o primeiro do meu nome, filho de Goyang, príncipe da magia negra, Satansoo, o deus da ignorância, o filho do tinhoso, o não queimado, rei do visualizei e não respondi, mil cairão ao meu lado, dez mil cairão à minha esquerda, mas eu continuarei de pé, batendo cabelo.
 

— Tá bom, agora vamos voltar ao assunto em questão, que no caso era EU e essa minha vida desgraçada.

— Enfim, isso não me importa. Mas você sabe o que me importa?

— NÃO, KYUNGSOO! Infelizmente o macumbeiro aqui é você.

— Tá, você não perguntou, mas eu irei dizer. Eu me importo com o meu feitiço, por isso irei sair dos meus aposentos reais e descerei até esse apartamento mequetrefe para resolver esse B.O e com B.O eu não quero dizer boletim de ocorrência e sim as merdas que você vive me metendo.

— Tá, tá! — Disse, já sem paciência para os monólogos intensos de Do. — Estou te esperando, e seja discreto! — Terminei já quase desligando na cara dele.
 

                                  ***


— Ah, você finalmente saiu daí. — Ouvi Sehun falar escorado na parede, enquanto eu fechava a porta do banheiro — Vem, eu quero te apresentar uma pessoa. — Disse com a voz monótona de sempre, me pegando pela mão.

— Você me esperou o tempo todo aí? — Perguntei, apontando para a parede em que ele estava esperando encostado.

— Claro.

— Humm, fofo! — Falei com um sorriso bobo no rosto, que logo foi dissipado com sua próxima frase.
 

— Tanto faz. — Falou enquanto nos dirigia a sala, que já se encontrava ocupada por um garoto de cabelos negros com uma câmera na mão, muito bonito diga-se de passagem, sentado no sofá confortavelmente.
 

— Então, Baek, esse é o Yixing. Ele cursa fotografia comigo e também queria ajuda nas exatas, então, meio que fui obrigado a convidar ele para essa aula. — Sehun falou enquanto aquele tal de Yixing não tirava os olhos de mim, cogitei a hipótese de ter me sujado em algum lugar comprometedor de tanto que ele me secava.
 

— Nossa, Sehun! Como você nunca me apresentou essa pequena tampa de panela, tão charmosa, que é o seu amigo? — Virou-se perguntando à Sehun, que ficara chocado ao ouvir tal pergunta.

— Com licença, amigo, mas você está falando de mim? — Apontei para mim, dando mais ênfase a pergunta.

— Sim, você mesmo, pequeno pigmeu. — Falou enquanto se aproximava mais de mim, com um olhar encantado. Aí caiu a ficha! Ele só podia estar sob o efeito do feitiço. — Linda bacia de melancia cortada, menino fofo! — Completou, erguendo a mão para tocar o meu rosto, mas sendo brutalmente interrompido por Sehun.
 

— Que isso, Yixing? Está louco? Tira a mão do Baek! — Exclamou enquanto protegia o meu rosto das investidas do fotógrafo.

Confesso que por fora eu estava normal, porém, por dentro, meu amigo… Eu estava pirando, com um homão daqueles passado os braços fortes pela minha cintura e escondendo meu rosto no vão do seu pescoço – que tinha um cheiro muito bom –.

Ai meu Deus, eu sou um otário apaixonado por Oh Sehun.

— Que isso? Por que eu não posso tocar ele? Ele, por acaso, é seu namorado? Se for, me desculpe, Sehun, mas eu acho que estou apaixonado. — Falou, continuando a tentar me tocar.

— N-Não, a gente não namora. — Respondeu Sehun exasperado e com as bochechas super coradas. — Eu só não quero que você toque nele, afinal, vocês não tem intimidade e o Baek pode ficar com medo. — Falou ainda sem jeito, coçando a nuca e desviando o olhar mais ainda enquanto ainda retinha o braço protetor ao redor da minha cintura.

— Espera! O que? APAIXONADO? — Falou o dono da casa depois de se recuperar do seu momento "sem jeito".

— É, meu querido amigo, eu estou apaixonado por essa pequena flor de mandioca. — Aproveitou-se do momento de choque de Sehun para me puxar para os seus braços, o que resultou em uma briga feia.

Resumindo, Sehun me puxou de volta (enquanto gritava o quanto o tal Yixing era folgado), mas ele me segurou (no caso o tal Yixing), resultando em nós três caídos no meio da sala de estar, me fazendo soltar o grito da pink pantera de raiva. Tudo bem que era bom ter dois machos em cima de você, só que não daquela maneira! Se é que me entendem. Então, sentei os dois no sofá e comecei o meu sermão.

— Primeiro. — Falei ao apontar para o fotógrafo — Por que você me chama de pequeno em todas as frases? Eu tenho um metro e setenta e cinco, meu bem! Pequeno é seu pau!
 

— Hummm, o Smurf é irritadinho! Eu gostei, me amarro em umas tigresas assim. — Falou Yixing, me deixando horrorizado e recebendo um tapão de Sehun.
 

— Posso continuar? — Eu estava contendo uma risada, não sabia se era da cara emburrada de Sehun, ou das frases loucas que o amigo dele dizia. — Segundo: se você quiser me tocar, é sempre bom pedir permissão antes.

— EU CONCORDO! — Gritou Sehun.

— Tudo bem, minha pequena cozinha inox com piso de porcelanato. Tudo que você quiser. — Mandou um beijo no ar para mim, que foi agarrado e pisado por Sehun.

— Em terceiro e último. — Disse, acabando com o teatro dos dois. — Não precisa ser tão agressivo, Sehun, vamos viver em paz por pelo menos essas duas horas seguintes. — Terminei, recebendo dois acenos de cabeça como resposta e um toque de campainha de brinde.

— Eu atendo! — Me prontifiquei, porque já sabia quem era, e saí deixando os dois na sala.

                                ***
 

— Chama ou ligue, eu sou sua amiga! Se você quiser é só chamar, estou sempre disponível! Qual o problema? — Ouvi a voz sonora do meu melhor amigo na hora que eu abri a porta.
 

— Tá bom, Kim Possible, baixa a bola. — Falei, já guiando o macumbeiro até a sala. — E o mais importante, seja discreto!

— Discreto é o meu nome do meio. — Eu o fitei com uma cara incrédula por ele ter me respondido isso. — É isso aí, fica depois do Do e antes do Kyungsoo. — Continuei com a faceta incrédula para aquela situação. — Acredite ou não, mas meu nome todo é Do Discreto Kyungsoo.

— Eu desisto. — Disse para o próprio quando chegamos na sala.

                                 ***
 

— Então você veio aqui me pedir uma xícara de açúcar? — Perguntou Sehun, incrédulo, com a desculpa esfarrapada que o meu amigo deu.

— É! — Disse com a expressão monótona que ele sempre usava com quem ele não ia com a cara.

— Mas da última vez que você veio aqui você disse "se você continuar me olhando com essa cara de porta, eu vou cortar suas bolas fora e usar de brinco.” — Sehun falou com uma cara assustada, Kyungsoo era uma das poucas pessoas que assustavam ele.

— Disse? Não me lembro. — Respondeu o Do dissimuladamente.
 

— Ah, você disse sim! Não sei se você se lembra, mas foi em uma segunda-feira ensolarada. — Continuou Sehun, mas parou imediatamente ao perceber o olhar matador que recebia do menor. — Vou pegar o açúcar agora, quer refinado ou mascavo? Você que escolhe! — Falou afobado, me arrancando uma risada que eu tive que conter.

— Pra que a pressa meu caro vizinho? Já que estamos todos unidos nessa sala, vamos conversar! — Disse, já sentando ao seu lado no sofá.

— Vamos? — Falou o loiro um pouco incerto, me olhando como se pedisse ajuda.

— Então, no decorrer dessas duas horas você não vem se sentindo um pouco mais atraído pelo Baek? — Soltou o baixinho na cara dura, fazendo o loiro se engasgar com a própria saliva e soltar um "o que" meio esganiçado enquanto eu batia nas suas costas.

— Assim, você não olha para ele e pensa em beijar essa linda boca que ele tem? — Continuou na maior cara de pau, fazendo Sehun, que tinha acabado de se recuperar da crise de tosse, começar a ficar vermelho feito um pimentão.

— Ou, sei lá, jogar ele na cama e fazer coisas inapropriadas para menores de 18 anos. — Agora até as orelhas de Sehun estavam vermelhas e ele escondia o rosto com as mãos.
 

O constrangimento estava tão grande, que eu já estava ao ponto de intervir. Contudo, quando eu abri minha boca para falar, Yixing levantou a mão e começou a gritar.

— Eu, Eu, Eu. — Igual um aluno pedindo permissão para falar.

— Quem é você, criatura? — Perguntou Do, que até agora não tinha notado a presença do moreno na sala.
 

— Sou o Yixing, amigo do Sehun. — Falou animado. — E eu queria dizer que eu sinto isso tudo pelo Baekhyun! Vontade de beijar ele e fazer coisas loucas, coisas selvagens, jogar ele na parede e chamar de lagartixa.

— Okay, anotado! — O baixinho falou enquanto fingia anotar algo no seu caderno imaginário, atracando uma risada de Yixing. Esse cara é um boboca mesmo. — Resolveremos seu problema depois, agora, voltemos para o assunto em questão.

— Para um último teste, pode olhar para o Baek por 10 segundos?! — Pegou a cabeça de Sehun e virou de encontro a minha, que estava ao seu lado.

"Quando a luz dos olhos meus, com a luz do olhos teus resolvem se encontrar", era essa música que eu ouvia quando pensava no nosso primeiro momento romântico. O mundo parando, a paisagem atrás virando um borrão, a música tema da novela mulheres apaixonadas tocando, enquanto eu trocava olhares doces com o meu amado. Só que não foi bem assim, já que a nossa troca de olhares durou, no máximo, dois segundos antes de Sehun fazer a fuga das galinhas e dizer para o D.O que iria pegar o açúcar, saindo todo atrapalhado da sala. Derrubou uma mesa de centro e bateu o dedinho na parede que dividia os cômodos. Quando o dono da casa ficou a uma distância considerável da gente, o Soo virou para mim e falou:

— Quer a notícia boa ou a ruim primeiro?

— Desembucha logo, não faz a misteriosa, não.

— A ruim é que o feitiço não pegou no Sehun.  

Naquele momento fiquei estático, já que eu tinha, pelo menos, uma fina linha de esperança de que Soo conseguiria resolver aquele "problema".

— Mas a boa notícia é que o feitiço pegou naquele tal de Xing Ling. — Falou meu amigo, fingindo uma falsa animação enquanto batia palmas.

— É Yixing. — Disse ainda abatido, olhando para o chinês que se encontrava distraído com alguma coisa do outro lado da sala.

— Tanto faz, sou péssimo com nomes chineses. — Concluiu Do, bem na hora em que o Sehun apareceu com a bem dita xícara de açúcar.

E é aí que as coisas começam a ficar estranhas. Quando o Sehun se curva para entregar a xícara para o menor, o olhar de Kyungsoo se fixa em alguma coisa no peito dele e continua lá por um bom tempo, até eu ver os olhos de coruja se arregalarem de um jeito surpreso, me fazendo ficar ainda mais curioso. Demorou mais ou menos cinco minutos para o menor associar as coisas e pedir licença, enquanto me puxava pelo braço até o corredor que dava acesso aos quartos. Kyungsoo segurou os meus ombros e com uma leve excitação nos olhos, ele me diz:

— Eu acho que eu já sei o porquê do feitiço não ter pegado no Sehun.