História Choosing Problems - Capítulo 15

- Me solta! Me solta!

            Mitch não entendia porque, mas tinha muito medo de Gian, alguma coisa nele o deixava apavorado, e isso não podia ser uma coisa boa. Antes Gian era só um cara que conversava com ele, mas do nada começou a querer agarra-lo, isso era estranho, era como se uma máscara tivesse caído, e agora ele o temia mais que qualquer um. Enfrentaria Axel e Monroe quantas vezes fosse preciso, mas Gian o desesperava de um modo estranho.

            Avi ouviu a voz de Mitch e correu em direção a ele entes de ver quem estava lá. Chegou a eles, agarrando a mão de Gian a torceu o fazendo se agachar. Avi torcia a mão dele de modo estranho, se forçasse provavelmente quebraria alguma coisa.

- Qual é o seu problema? – Avi perguntou irritado. – Você é surdo ou está brincando com a sorte? Espero que escute agora. A próxima vez que pôr a mão em Mitch eu te jogo no abismo de cabeça que é pra ter certeza de não precisar ver essa sua cara nunca mais. Você me entendeu, eu te mato.

            Com isso Avi soltou o braço dele, mas o empurrou calcando seu pé, e ele quase não teve tempo de levar a mão no chão antes de cair de cara. Mitch estava ali ao lado, com a mão na boca e os olhos cheios de agua. Uma roda de pessoas tinha se formado ali em volta. Avi puxou Mitch pra si que se agarrou a cintura do maior.

- Te assustei? – Avi perguntou a Mitch.

- Não, ele me assustou. Eu tenho medo dele, Avi. Muito medo.

- Está tudo bem... Tudo bem. Nunca vou deixar que ninguém te faça mal.

            Gian tinha se levantado e Kevin foi pro lado dele.

- Vá embora – Kevin mandou apontando a linha do trem.

            O rapaz olhou feio para Kevin, mas foi.

- Você está bem? – Avi perguntou ao namorado.

- Sim, eu... Só tenho muito medo dele. Tem alguma errada com ele.

- Bom, isso com certeza tem.

- Tudo bem aqui? – Mitch ouviu alguém perguntar, conhecia a voz, era de alguém com quem nunca tinha conversado diretamente.

            Olhou pra lado e ali estava Quatro o olhando, então se soltou de Avi e se virou para o líder.

- Sim, eu só me assustei – Mitch respondeu.

            Quatro olhou bem para ele. Era o homem de mais de quarenta anos, mas era um tanto bonito e charmoso. Notou Christina ali atrás dele, só observando a situação.

- Você não é o rapaz que foi agredido?

- Sim, sou eu...

- Você não tem sorte.

- Um pouco. Mas isso é muito pior.

- Como?

- Bom, eu não me importo de enfrentar Axel e Monroe, eles eram só dois babacas de cabeça oca, mas Gian me apavora de uma tal maneira que eu nem consigo reagir. Tem algo muito errado com ele – contou Mitch.

- Como eu pensei... Bom, vamos ficar de olho nele. Mas o que exatamente ele quer com você?

- Não sei... Ele... Tentou me agarrar esses dias – falou Mitch baixando a cabeça.

- Como se livrou dele?

- Avi me ajudou.

- Você estão juntos, certo? – Quatro quis saber.

- Sim – Avi respondeu.

- Bom, então, como você já é parte da facção não precisa mais ficar no dormitório. Se incomoda em ficar com Avi?

- Como?

- No quarto dele, até termos certeza que tudo foi resolvido.

- Não, tudo bem. Eu posso ficar com ele – respondeu Mitch.

- Ótimo. Fique de olho nele, Avi.

- Deixa comigo.

            Com isso Quatro se afastou com Cristina que começou a falar com ele.

- Tudo bem? Quer ficar ou ir embora? – Avi questionou a Mitch.

- Vou ficar, ele não vai atrapalhar minha noite.

- Ok. Olha vou ali conversar com meu irmão, então precisando é só me chamar.

- Ok – Mitch respondeu assentindo.

            Avi só beijou a testa de Mitch e se foi. Jessa que permanecia ali olhou o irmão de olhos arregalados.

- O que foi isso? – ela perguntou assustada.

- Ah! Bom, depois que fui pra Audácia tem sido bem complicado.

- Deu pra notar, quem é o maluco?

- É um transferido, ele tentou me agarrar esses dias e hoje veio me encher de novo.

- Você parece ter medo dele – comentou a irmã.

- E tenho, pavor. E nem sei porque. Quando o conheci vi algo estranho em seu olhos, mas não via mal nele. Agora só vejo maldade.

- Talvez tenha traumatizado...

- Talvez...

            Com isso trocaram a música e agora tocava algo no estilo Audácia. Jessa franziu o cenho com a mudança.

- Ah! Então é isso que acontece aqui depois que os mais velhos se vão – Jessa comentou.

            Foi só ela dizer isso que Mitch viu seus pais se aproximando. A mãe deles tinha uma expressão de desagrado. E o pai só a olhava de lado sem saber o que fazer.

- Mitch e Jessa pra casa agora – ela chegou praticamente gritando.

            Mitch olhou ela meio incrédulo e então sorriu.

- Como é que é? – ele perguntou a encarando.

            Não queria desrespeitar a mãe, mas ela sempre foi assim, queria que todos vissem a família dela como a família perfeita, parecia até se esquecer que na Franqueza os defeitos era aceitos normalmente, para que ninguém sentisse obrigação de mentir pra esconder nada. A mãe sempre tinha sido firme e dura com eles, e Mitch não podia mentir que seu comportamento fora umas das razões de ter saído de casa.

- Você me ouviu...

- Querida, Mitch não vai mais pra casa com a gente – Mike falou pra mulher.

- Mas agora é hora de ir pra casa... Essas músicas...

- Você não está entendendo. Ele só escuta essas músicas agora, são músicas da Audácia. Então, não insista.

- Mas, Jessa...

- Jessa é adulta e já nem mora com a gente, então não pode controla-la. Viemos aqui nos despedir de Mitch.

            Mike foi até Mitch e o abraçou.

- Estou torcendo pela sua felicidade, meu filho. Por favor perdoe sua mãe, você sabe como ela é.

- Claro, pai.

            Assim Mike o soltou e levou a mãe deles em direção ao caminho para sua facção.

- Ela está pior – Mitch comentou.

- Na verdade ela ficou pior depois que você se foi. Te acusou de trair a família e tudo mais, mas o pai não se abala você sabe.

- Sei, minha vida foi boa lá graças a ele.

- Com o tempo ela vai entender – afirmou Jessa.

- Bom, não dá pra saber, não é?

            Mitch ficou conversando com a irmã distraído, até que resolveu dar uma olhada em volta. Depois que os mais velhos e crianças tinha ido embora o entrosamento era muito maior. Não tinha mais panelinhas ali e sim grupos de pessoas de todas as facções conversando e rindo entre si. Alguns dançava, outros só curtiam o momento. Sem notar o que fazia Mitch estava se balançando ao ritmo da música, e Jessa sorria pra ele. O irmão sempre foi mais solto que ela, e ali estava ele com aquele cabelo estranho, piercing, roupas muito negras e dançando. E apesar de tudo que ele vinha passando estava feliz, algo o estava fazendo feliz, e Jessa gostava de ver isso. Sempre torceu pela felicidade do irmão.

            Mitch então sentiu ser abraçado por trás e na hora sentiu o frio na barriga de medo, o tomar, mas então ouviu a voz de Avi, e o alivio o tomou.

- Ei! Por que você não se juntam a nós? Estão sozinho aí a tempo demais.

            Jessas sorriu para ele.

- Claro, porque não? – respondeu ela.

            Com isso Avi puxou Mitch pela cintura em direção ao onde estavam seu irmão, Kevin, Alyssa, Scott, Alex, a irmã de Scott, Kirstie, Jeremy e mais algumas pessoas. Jessa os seguiu. Ali eles ficaram conversando até que o sol começou a nascer. Então todos se dispersaram voltando as suas facções.

            Mitch e Avi estavam exaustos e foram direto pra cama, onde apagaram por todo o dia. Acordando só bem a tarde. Então foram comer. Avi tinha sido chamado a sala de comando. Mitch não sabia de Scott ou Kirstie. Resolveu ir ao quarto, talvez estivessem lá e ele podia pegar suas roupas. Segui pra lá.

            Antes de entrar deu um olhada, não tinha ninguém ali. Entrou e seguiu direto a sua cama pegou a sacola que tinha recebido com as roupas e começou a colocar suas coisas ali, era melhor tê-las onde ia realmente usar.

- Onde está seu guarda costas?

            Sentiu o desespero lhe tomar ao ouvir aquela voz. Se virou e ali estava Gian o olhando com um sorriso vitorioso. Mitch arregalou os olhos e se afastou, mas a parede estava a suas costas.

- Gian! Por favor... Eu nunca te fiz nada – Mitch começou a implorar.

- Eu sei que não. Não estou aqui pra te machucar.

- Não? Porque ninguém persegue uma pessoa por nada.

            Gian então começou a andar em direção a Mitch agora com um sorriso assustador.

- É, você tem razão... Não foi por nada.

- Gian... O que você quer?

- Você... E eu sempre tenho o que quero. Tentei te aproximar de mim da maneira mais comum, mas você me ignorou por aquele idiota. Então você vai ser meu da pior maneira.

            Naquele instante Mitch sabia que não tinha escapatória.

- Alguém me ajuda! – gritou, mas então a mão de Gian estava na sua boca.

            Mitch tentou afasta-lo ou bater nele, mas estava em desespero não conseguia pensar, só se debatia o máximo que conseguia. O rapaz agarrou o braço de Mitch e o jogou na cama, em seguida se jogando em cima, Mitch sentiu algo bater com força contra suas costelas e sentiu uma dor aguda. Ele se sentou sobre as pernas de Mitch pegou um pano e enfiou na sua boca o impedindo de gritar, e como era um pano grande Mitch não conseguia cuspi-lo. Gian agarrou suas mãos as juntando e segurando com apenas uma das mãos. A outra mão ele usou para levantar a camiseta do menor e então levou a mão ao cos da calça abrindo o botão. Mitch chorava e tentava se livrar e fazer qualquer barulho que fosse, mas não estava funcionando muito. Gian tirou uma pequena corda de algum lugar e a usou para amarrar as mão dele juntas. Então se levantou de suas pernas, provavelmente com intensão de terminar o que fazia com a calça, mas no desespero foi o suficiente para Mitch puxar um perna em direção a si e chutar o peito de Gian que caiu de costas no chão. Livre Mitch pegou o pano em sua boca e tirou voltando a gritar pedindo por ajuda. Gian se levantou furioso e foi pra cima dele de novo, que usou as pernas para se defender, mas Gian se livrou se enfiando entre elas. Mitch levou a mão ao rosto dele enfiando um dedo em um olho, isso fez se irritar e socar o menor, que ainda gritava. Pegou o pano e voltou a calar o rapaz.

- Não me irrite, que vai ser pior pra você – avisou o rapaz em tom de ameaça.

            O choro era constante, não sabia mais o que fazer. Por que não aparecia ninguém? Fechou os olhos e chorou pedido em sua mente que alguém viesse salva-lo. Devia ter ficado no quarto de Avi. Avi! Onde ele estava? Que hora mais ruim para se separar dele.

Não conseguia mais reagir.