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História Chosen Fanfiction - O beijo


Escrita por: olivthay

Capítulo 12 - O beijo


[...]

Estava no meu carro totalmente brigando com a barra do meu suéter cor de creme e resmungando que não teria esse problema se Aphrodite apenas tivesse devolvido meu moletom. Me arrependi desse pensamento assim que ela bateu na janela do passageiro, destravei as portas e fiquei boquiaberta de vê-la usando meu moletom de novo. Seu longo cabelo loiro caia em suas costas, sua testa estava sem o desenho da Marca (qualquer Vamp que ver pensaria que ela passou maquiagem) ela usava a mesma calça preta de antes e uma bota de salto stiletto (sem nenhum enfeite de natal, felizmente) que a deixava mais alta e estilosa, e de alguma forma meu moletom nerd não impediu que ela ficasse mortalmente sexy. Alguma coisa podia fazer Aphrodite ficar feia?

- Olha, não roubei sua blusa nem nada - ela começou com um quê de timidez na voz - Acontece que fiquei preocupada com meu cabelo e não deu tempo de procurar uma roupa, então vesti apenas para tampar a blusa com o brasão da escola ok? Não é como se essa coisa nerd combinasse comigo e tudo mais.

Queria dizer que não estava irritada, mas tenho certeza que meu olhar de admiração entregou o que eu pensava. É, Zoey, parabéns. Então, apenas dirigi para fora da escola. Sair da escola não foi difícil porque muitos alunos ainda estavam voltando das férias de inverno e vários guerreiros estavam entrando e saindo.

Felizmente, tinha uma loja de conveniência 24h apenas algumas ruas atrás da Utica Square. Não tive problemas em entrar e comprar o celular, mesmo com minha tatuagem tampada com maquiagem tenho certeza que o vendedor achou estranho duas garotas comprando um pré-pago tão tarde.

Assim que saímos da loja meu estômago roncou.

- Caraca, que fome. - eu disse a Aphrodite quando estávamos de volta ao carro - Precisamos parar em algum lugar para eu pegar algo rapidinho pra comer.

- Também estou com fome, aqueles seus amigos toupeiras não me deixaram comer. - Aphrodite comentou - Mas tem poucos lugares abertos a essa hora.

Tentei lembrar de todos os restaurantes que tinham ali perto enquanto voltava para a avenida, então o delicioso e familiar aroma veio diretamente para mim, penetrando as janelas entreabertas do Fusca. Minha boca já tinha começado a salivar quando avistei o enorme logotipo amarelo e vermelho na calçada.

- Ah, nham! Vamos ao Charlie's Chicken!

- A comida é horrível de tão gordurosa - Aphrodite observou.

- Faz parte. Heath e eu sempre comíamos aqui. A comida preenche os grupos básicos: gordura, purê de batata e refrigerante de cola.

- Você é nojenta. - ela disse.

- Eu vou pagar - retruquei.

- Negócio fechado - ela concordou no ato.

Aproveitadora.

Apesar de ser tarde da noite, o Charlie's estava bem cheio, abrimos caminho entre a manada de gente, finalmente entrando na fila logo atrás de uma obesa de dentes péssimos e um careca que fedia a chulé. Aphrodite viu o pedido da moça a nossa frente chegar e torceu o nariz.

- Minha vida já é uó, e depois que acabar de comer essa merda gordurosa aqui com você, provavelmente vou ficar com espinha até no dente.

- Ei, um pouquinho de gordura é bom para os cabelos e as unhas. Tipo vitamina E.- quando conversar com Aphrodite se tornou tão fácil?- Até vou fazer o pedido para você.

- Posso pedir alguma coisa diet?

- Dá um tempo, não tem nada diet no Charlie's.

- Eles têm refrigerante diet. - ela respondeu olhando para o menu.

Olhei feio para seu corpo perfeito e falei:

- Para você está em falta.

Como o esquema era realmente de fast-food, não demorou muito para nosso pedido chegar, e Aphrodite e eu encontramos uma mesa parcialmente limpa e começamos a engolir o frango frito gorduroso e a batata frita com ketchup. Mas não me entendam mal, saboreei cada pedaço do frango e das batatas, apesar de estar engolindo tudo com pressa e com pouca delicadeza, precisávamos voltar logo para à escola.

Aphrodite era mais cuidadosa. Pegou delicadamente uma coxa de frango e torceu o nariz para mim quando acrescentei sal às batatas já supersalgadas.

- Você vai inchar que nem um peixe morto.

Fiz um gesto de dispensa para suas palavras.

- Se eu inchar vou usar agasalhos até eliminar tudo pelo suor - sorri e dei uma boa dentada no frango.

Ela estremeceu.

- Como você é nojenta. Não acredito que gosto de você...

Parei de comer e a encarei. Gostava de mim? Ela desviou o olhar.

- Enfim, isso só prova que estou no meio de uma crise pessoal.

- O que... - a frase morreu quando ouvi uma risada familiar e olhei para a entrada do restaurante. E então senti o ar abandonar meu corpo, como se tivesse levado um soco no estômago.

Ele estava carregando uma bandeja com sua combinação preferida (a de número 3, com a maior porção de batatas fritas) e também uma combinação bem levinha. A garota não estava levando nada, mas estava com a mão enfiada no bolso da frente dele, fingindo que tentava enfiar umas notas de dinheiro nele. Mas ele é supersensível a cócegas, razão pela qual, apesar de estar estranhamente pálido e com olheiras profundas, ele estava rindo como um debiloide. Estávamos do outro lado do salão e eu tinha certeza que ele não podia me ver, mas quando eu ia me virar e esconder o rosto o sorriso em seu rosto morreu. Seu corpo estremeceu como se a primeira visão de mim tivesse lhe causado dor. Ele se virou para a garota e comentou algo com ela e então caminhou lentamente em minha direção.

- Oi, Zoey - ele disse tão tenso que pareceu um estranho.

- Oi - respondi baixinho.

- Você está bem? Não está machucada nem nada assim?

- Tô bem.

Ele soltou o ar, como se estivesse aliviado. Seus ombros relaxaram.

- Aconteceu algo á alguns dias e - ele olhou para Aphrodite de um jeito bem expressivo, fitando a blusa que ela usava. Claro que ele sabia que era minha.

- Ahn, Heath, está é minha... aaahn, amiga da Morada da Noite, Aphrodite.

Heath continuou encarando Aphrodite por alguns minutos antes de se virar para mim, com certeza descobrindo que eu não queria falar com ele a sós. Mesmo que estivesse com ciúmes ou com ódio, ele não falaria nada com ela. Eu conhecia Heath, ele era um cavalheiro.

Ele me olhava cuidadosamente.

- Tá, olha, acho que a carimbagem entre nós acabou.

Confirmei com a cabeça.

- Pra valer?

- É. Acabou pra valer.

- Como? - perguntou.

Fechei os olhos.

- Acabou quando me carimbei com outro.

- Outro humano? ou aquele Erik?

- Não! Nenhuma das opções. - respondi envergonhada.

- Tem outro cara? - ele me julgava com o olhar, eu ia explicar, mas seus olhos se arregalaram e seu semblante se transformou na mais pura decepção - Você fez aquilo com ele.

Não era uma pergunta, mas assenti mesmo assim. A humilhação se completando.

- Como você foi capaz de fazer isso, Zo? Como foi capaz de fazer isso comigo? Com a gente?

- Eu sinto muito, Heath. Nunca tive intenção de magoar você. Eu só...

- Não! - ele levantou a mão como se a fosse barrar minhas palavras - Não quis magoar é o caramba. Eu amava você desde o fundamental, você ficar com outro me dói.

- Você está com outra hoje. - Aphrodite disse friamente, suas palavras pareciam cortar o ar.

Heath olhou para ela com os olhos faiscando.

- Eu deixei uma amiga me convencer a sair de casa pela primeira vez em vários dias. Uma amiga. - ele voltou a me olhar - É a Casey Young, ela costumava ser sua amiga também.

Engoli secamente.

- Sabe o que acontece com um humano quando se quebra a carimbagem? - ele cuspiu.

- Causa dor... - respondi.

- Dor? Dor é pouco. Zoey, primeiro pensei que você tinha morrido. E, quando pensei isso, quis morrer também. Mas eu sabia que você não tinha morrido porque eu podia sentir que alguma coisa estava acontecendo contigo - ele fez uma careta - senti ele te tocar. Depois só havia um buraco em minha alma no lugar que você costumava ocupar. E dó o tempo todo, todo dia. E você nem me ligou.

- Heath, eu errei. Sinto muito, eu só não podia... eu estava tão.. me desculpa.

- Isso não basta, Zo. Não desta vez. Não neste caso, e eu não te quero mais. Te amar dói demais, Zoey.

Heath deu as costas para mim e voltou para Casey. Murmurou algo no ouvido dela e ela assentiu, ele pegou no braço dela e, deixando a comida intocada na mesa, Heath saiu da minha vida.

Eu não disse nada quando Aphrodite agarrou meu braço, me fez levantou e me tirou do Charlie's Chicken. Ela pegou as chaves do meu fusca e abriu a porta do passageiro para mim, depois ocupou o lado do motorista. Dirigiu em silêncio até a Morada da Noite enquanto eu chorava no banco do passageiro, totalmente alheia a qualquer coisa que não fosse minha enorme capacidade de magoar as pessoas. Eu tinha mesmo é que ficar sozinha. Me senti suja por estar carimbada com Loren e quis arrancar o sangue dele do meu corpo, quebrar a ligação a qualquer custo.

Me senti afogando em minhas emoções.

Nem vi quando Aphrodite estacionou na escola, ela disse alguma para o guerreiro que nos parou a caminho do dormitório e continuou me arrastando. Só voltou a prestar atenção na realidade quando estávamos no meu quarto, me sentei pesadamente na cama. Solucei o que faltava, deixando que a culpa me consumisse apenas por aquele momento, esperando que ela fosse liberada a cada lágrima.

Aphrodite caminhou até o banheiro e voltou de lá com alguns lenços de papel que me entregou. 

- O-obrigada - gaguejei enquanto fungava.

- Você está toda melecada e sua maquiagem está escorrendo - ela disse com a voz surpreendentemente gentil.

Assoei o nariz e comecei a limpar meu rosto. A filha do prefeito me olhou por mais alguns segundos e antes de começar a andar para lá e para cá pelo quarto. Seus passos firmes indicando que ela estava irritada, seu rosto estava concentrado e suas sobrancelhas franzidas indicavam que ela estava travando uma batalha interna. Que diabos ela estava pensando?

- Aphrodite, eu estou bem. - falei, a mentira saindo com alguma dificuldade.

Ela não parou de andar, mas me olhou daquele jeito estranho. Apesar de eu ainda não entender, aquela noite seu olhar parecia mais expressivo algo entre dúvida e desejo.

- Sabe, estou começando a entender que ser diferente não é legal. Eu só faço besteira - solucei secamente, meu corpo parecia não ter mais água para liberar.

Aphrodite parou de andar e se recostou na porta do banheiro. Levou uma mão a testa e parecia agoniada pelo que diria a seguir:

- Olha Zoey, essa é a questão. - ela engoliu secamente, sua voz baixando o tom - Eu te acho espetacular.

Pisquei para ela, totalmente incrédula com suas palavras. Nem em um milhão de anos eu poderia prever que tais palavras seriam dirigidas a mim por Aphrodite.

Ela pareceu sentir meu olhar em si e ergueu os olhos.

- Não entendo porque você deixa esses caras te tratarem tão mal, você é tão... - ela jogou as mãos para o alto e suspirou - Você merece mais. Se pelo menos se permitisse olhar em volta...

Suas palavras foram fazendo sentido em minha cabeça. Sua atitude nas últimas semanas, ela ter ficado ao meu lado quando todos me abandonaram. Sua declaração despretensiosa de mais cedo sobre gostar de mim, a forma como me defendeu dos meus amigos e de Erik. Seu olhar estranho e sua atitude protetora. Aphrodite não estava do meu lado apenas para se desculpar com a deusa e ser uma pessoa melhor, menos ainda para combater o mal no mundo, ela estava por mim. Ou melhor, ela tinha ficado por mim. As coisas foram somando em minha cabeça, ela não estava brincando. Aphrodite realmente gostava de mim.

"Vocês tem um longo caminho pela frente, boa parte deste caminho estarão juntas. E se seguirem seus instintos, talvez fiquem juntas por mais tempo."

As palavras da deusa se repetiram em minha mente enquanto Aphrodite me avaliava. Não sei como minha expressão estava, mas não tinha muito tempo para reagir pois a loira caminhava em minha direção. Seus passos eram hesitantes enquanto seus olhos estavam decididos, ela correria o risco.

Em dois tempos suas mãos frias estavam em meu rosto e eu sentia meu coração martelando em meu peito ao passo que seu rosto se aproximava, lentamente... me dando tempo para me afastar.

Pensei em como tinha prestado atenção nela nos últimos dias. Sua beleza, seus sentimentos e como eu tinha prezado sua companhia sem considerar que era uma amizade de fato.

Não me afastei. Eu queria aquilo tanto quanto ela. Bom, supondo que ela queria muito.

Seus lábios perfeitos encontraram os meus e ficaram assim por um tempo, apenas pressionando. E então se abriram para explorar o outro, um mundo inteiro de sensações desconhecidas aparecendo. Seus lábios eram macios e sua respiração fazia cócegas em meu rosto, seus dentes roçavam de leve em meu lábio inferior de vez em quando, em outras vezes ela sugava de leve o superior. Sempre testando. Provando.

Nunca imaginei que beijar uma garota fosse tão bom e seriamente, só me dei conta disso quando ela se afastou. Meu coração batia como louco e meus lábios pareciam congelados e eu era incapaz de formular uma frase, mas na verdade eles estavam queimando para fazer aquilo de novo.



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