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História Chosen Fanfiction - Tretas


Escrita por: olivthay

Capítulo 17 - Tretas


Aphrodite estava em seu quarto e lixava as unhas despreocupadamente, seu coração leve e sua consciência também. Estar com Zoey a fazia feliz, e ser útil a fazia sentir-se inclusa. Suas dúvidas agora foram reduzidas, e fingir que continuava sendo Novata não era difícil, era apenas desconfortável. Ela nunca iria admitir em voz alta, mas ter a horda de nerds melhorava as coisas, mesmo que eles ainda não soubessem da sua condição humana, detalhes.

A loira levantou-se para ir até seu spa particular (que consistia em um banho relaxante com chuveiro Vichy que eram quatro chuveiros gordos, dois no teto e dois nas laterais do box de mármore do banheiro), até ela precisava ser mimada de vez em quando, mas uma dor lancinante atrás de seus fez com que a garota voltasse a sentar. 

- Merda - gemeu quando sua visão ficou vermelha.

A dor aumentou quando as imagens começavam a tomar forma e um senso de urgência tomou conta de seu corpo: encontrar Zoey.

- Malévola! - tateou pela cama em busca de sua gata e recebeu um miado enlouquecido e preocupado em resposta - encontro Zoey, traga ela até aqui.

Sem saber se sua gata tinha entendido ou mesmo saído do lugar, Aphrodite segurou a cabeça que latejava e se concentrou em não desmaiar, as imagens vindo com força. Uma confusão de sensações.

De repente ela não estava mais na segurança e no calor de seu quarto na Morada da Noite, estava na noite de fim de inverno, no meio do mato e perto de construções abandonadas, uma área inteira de construções de mineração abandonadas. Uma dessas construções dava em enormes portões, ela percebeu que estava se afastando deles rapidamente, um pouco mais além dos portões dava para ver a entrada de um túnel subterrâneo e logo a garota percebeu onde estava. Os tuneis dos Novatos Vermelhos. 

Um aperto em seus pulsos fez sua atenção voltar para seu corpo (que não era bem seu, era da vítima), ela estava sendo arrastada e se debatia como louca, sua boca amordaçada, suas roupas estavam sujas e mal cheirosas. 

Eles a arrastaram até a linha de trem mais afastada, quase embrenhada no mato e esquecida e jogaram seu corpo sem cuidado no chão. Agora ela podia ver seus rostos, estavam engravatados e eram humanos, tinham facas e bíblias e crucifixos em mãos, eram cerca de nove pessoas e faziam uma espécie de circulo a sua volta. O corpo que Aphrodite estava, tremia de puro medo e confusão, o que estava acontecendo? Os homens falavam ao mesmo tempo, todos pareciam estar orando ou coisa do tipo e poucas frases podiam ser compreendidas, como: "livrar o mundo das abominações", "expurgar o mal destes corpos" e "salvar as almas imortais". 

As orações foram ficando mais altas quando dois homens saíram de um carro, seus rostos estavam protegidos pelas sombras da noite naquela distância, mas Aphrodite estava num corpo de um Novato Vermelho e ele enxergava melhor que outros Novatos durante a noite, então quando os homens se aproximaram: um com faca em punho e o outro com uma bíblia, Aphrodite gritou. Ela gritou pela faca que cortava sua pele e que afundava em sua barriga, ela sentiu seus órgãos sendo retirados de forma grotesca e desumana, mas o principal motivo que a fez gritar foi ter reconhecido seu pai como um dos homens que pairava sobre seu corpo e tiravam sua vida.

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Eu estava na biblioteca de mídia quando Malévola e Nala, completamente enlouquecidas entraram na sala e começaram a miar de forma desesperada para mim, se eu não fosse tão ligada a minha gata ou tão rápida em reagir em situações de perigo, eu jamais teria entendido que era para correr até o quarto de Aphrodite. Meu estômago de um nó tão forte que pensei que ia vomitar. Subi as escadas em tempo record e com velocidade digna de um guerreiro cheguei ao quarto de Aphrodite. 

A única luz do quarto vinha de uma pequena vela. Aphrodite estava sentada na cama, apoiando os cotovelos nos joelhos, que estavam junto ao peito, com o rosto mergulhado nas mãos, Malévola se enroscou ao lado lado dela.

- Você está bem? - perguntei.

Ela ergueu o rosto para falar comigo e eu arfei, seus olhos estavam completamente injetados, a parte branca de seus olhos completamente vermelha, não cor-de-rosa e inflamada como numa reação alérgica, mas vermelhos mesmo. Tipo sangue. 

- A coisa é pesada - ela soou exausta - Po-pode pegar uma garrafa de água Fiji na geladeira pra mim? 

Corri até a minigeladeira e peguei a água. Então fui até o banheiro e peguei uma toalhinha com fios de ouro e rapidamente derramei um pouco da água mineral no pano antes de voltar para perto dela.

- Beba um pouco disso, feche os olhos e coloque isso no rosto. 

- Eu tô horrorosa, não tô?

- Ta. 

Ela bebeu vários goles da água, parecendo estar morrendo de sede, depois colocou a toalhinha sobre os olhos e se recostou no monte de travesseiros de grife dando um suspiro cansado. Malévola estava perto de suas mãos, mas eu ignorou seus olhos de gatos rachados como fendas e segurei uma das mãos de Aphrodite.

- Seus olhos já ficaram assim antes? 

- Você quer dizer doendo pra diabo?

- Não, eu tô falando de ficarem vermelhos como sangue.

Vi que ela levou um susto e tentou pegar a toalhinha, mas sua mão parou no ar e caiu na cama de novo. Ela suspirou dramaticamente.

- Eu vou ficar puta se essas malditas visões começarem a me deixar feia. 

- Aphrodite - chamei, tentando segurar o riso - você é bonita demais para ficar feia.

- Você tem razão, mesmo com os olhos vermelhos eu sou mais bonita do que todas. Obrigada por me lembrar, pra você que essa merda de visão me estressou tanto que cheguei a pensar isso. 

- O que foi agora?

Ela estremeceu de leve e eu apertei sua mão.

- Foi confuso, mas eu estava no corpo de alguém que é observado - ela fez uma pausa- uh, era, sei lá. Eu sei que é um Novato Vermelho, uma mulher.

- Stevie Rae? - perguntei esganiçadamente. 

- Não - ela respondeu - a pessoa se vestia mal, mas não tão mal. Eu acho... - ela tirou a toalhinha para me avaliar e depois suspirou - eu acho que era alguém que a alma não foi restaurada ainda. Um daqueles anormais que sua amiga anda escondendo.

- Ela não está escondendo nada! - eu disse, mas não saiu com tanta convicção quanto eu gostaria. - Não importa, não teve nem uma pista de quem era? E o que aconteceu? 

- Eu era a pessoa, então não pude ver de quem era o corpo, eu só sei que era alguém que apesar do medo, conseguia olhar ao redor e eu senti que se não estivesse presa... - ela engoliu secamente - que se não estivesse presa poderia matar aquelas pessoas. Eu não pude ver o rosto de todos, porque estava escuro e como ainda é final de inverno o céu tem muitas nuvens e tinha muito mato em volta, só vi que era perto dos tuneis e daquela linha de trem abandonada. - ela balançou a cabeça negativamente - Eles eram muitos, Zoey, eram humanos e entoavam orações sobre livrar a terra de todo mal, eu não sei, eles...

Suas palavras foram morrendo e eu senti seu pavor, as visões de Aphrodite estavam sendo cruéis por fazê-la sentir em primeira pessoa. Ela soluçou e levou as mãos ao rosto, seus ombros sacudindo um pouco enquanto ela chorava. Fiquei assustada.

- O que foi? O que você viu? 

Procurei por lenços de papel e entreguei para ela, depois de fungar um pouco e limpar o rosto, ela me olhou com pesar e soluçou de novo.

- Eu vi meu pai, Z. - seus lábios tremeram e seus olhos voltaram a encher de lagrimas - Ele estava com os fanáticos, ele que sempre temeu os vampiros, provavelmente perdeu a fé porque eu não sou mais poderosa e para ele isso é uma escória. 

Sentei do seu lado na cama e a puxei para um abraço.

- Não é sua culpa, nunca será. Ele entrou nisso por acreditar em suas próprias coisas, não tem nada a ver com você.

- Como não? - ela perguntou desesperadamente - Ele acha que eu ainda sou uma Novata, o que ele vai fazer? Me matar também? 

Eu não tinha resposta para sua pergunta. Meu coração estava aflito de preocupação e eu só podia apertá-la contra meu peito.

- Você vai ficar bem, Aphrodite, não vou deixar nada acontecer com você. - falei suavemente. 

Precisava ligar para Stevie Rae mais tarde, e alertá-la sobre isso. Mas naquele momento Aphrodite precisava de mim e eu me sentia completamente incapaz de ajudá-la. 

 

 



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