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História Chosen Fanfiction - Aniversário


Escrita por: olivthay

Capítulo 2 - Aniversário


 - Pois é, meu aniversário é sempre um pé no saco. - eu disse à minha gata Nala. (Tá, na verdade eu sou mais a humana dela do que ela é minha gata. Sabe como são os gatos: eles não tem donos, tem empregados. Um fato que a maioria tenta ignorar.)

Enfim, continuei falando com a gata como se ela estivesse ligada em cada palavra que eu dizia. O que neeeeem era o caso. - São dezessete anos de aniversário pé no saco, em todo 24 de dezembro. Já estou acostumada. Nada demais. - Eu sabia que estava dizendo aquelas palavras para convencer a mim mesma. Nala soltou um miauff com aquela sua voz de fata velha resmungona e foi lamber as partes íntimas, deixando claro que aquele assunto a entendiava.

- Já sei o que vou fazer - continuei enquanto terminava de passar um pouquinho de delineador nos olhos. - Vou receber um monte de presentes bem-intencionados, que não são bem presentes de aniversário e sim coisas com temas natalinos - Porque as pessoas sempre tentam misturar meu aniversário com o Natal, e isso nunca dá certo. - Mas vou sorrir e fingir que estou adorando meus presentes de natalversário, já que as pessoas não entendem que não se deve misturar as duas datas. Pelo menos não se quiserem agradar.

Nala espirrou.

- É exatamente como me sinto em relação á isso. Mas sejamos legais, porque quando eu digo alguma coisa, fica tudo pior. Eu acabo ganhando os benditos presentes, as pessoas ficam chateadas e dá tudo errado. - Nala não pareceu convencida e começo a pensar que eu também não. 

Com um suspiro encarei meu reflexo no espelho, e percebi que meus olhos estavam enormes e escuros. Por um segundo pensei que fosse obra do delineador, e então com um pouco de surpresa percebi que era a minha Marca que me deixava tão exótica. Apesar de já ter sido Marcada a dois meses, a tatuagem de lua crescente cor de safira entre meus olhos e as elaboradas filigranas de passamanaria, tatuadas ao redor do meu rosto, ainda tinham a capacidade de me surpreender. Passei a ponta do meu dedo sobre uma das espirais azuis. Depois, quase sem pensar, baixei a gola do meu suéter para expor o ombro esquerdo. Joguei meus longos cabelos para trás com um movimento rápido de cabeça e exibi os desenhos que começavam na base do pescoço e se espalhavam por todo o meu ombro, descendo pela coluna até chegar ao fim das costas. Como sempre, a visão das minhas tatuagens me causaram um arrepio elétrico que eram uma mistura de deslumbre e medo.

Suspirei novamente quando algo dourado capturou minha visão no canto do espelho: um pacote dourado enviado por minha mãe estava na mesa de cabeceira. 

Nala espirrou de novo.

- Você tem razão, melhor acabar logo com isso. - me estiquei para pegar o pacote e me sentei na beirada da cama, abri o envelope e retirei o cartão - Ah, que inferno. É pior do que eu esperava - Havia uma enorme cruz de madeira na parte da frente do cartão, e um papel enrolado á moda antiga no meio da cruz (com o prego sangrento preso a ela). Estava escrito FELIZ NATAL, em letras vermelhas (representando o sangue, naturalmente). Logo abaixo vinha escrito com a letra da minha mãe: Espero que você esteja se lembrando da sua família neste momento abençoado do ano. Feliz aniversário, com amor, da mamãe e do papai.

- É a cara dela - resmunguei com uma pontada no estômago - E ele não é meu pai - rasguei o cartão, joguei no cesto de lixo e me levantei abruptamente para sair do quarto. Ficar ali mais um minuto e pensar sobre aquilo só me faria cair em lágrimas. 

Caminhei para a porta e quase tive um mini infarto ao abrir a porta e encontrar Damien prestes á bater. 

- Ai está você - ele me deu um sorriso doce - Todos estão perguntando porquê você está demorando tanto. - Disse ao me abraçar rapidamente.

Tentei dar um sorriso radiante que provavelmente saiu como uma careta.

- Estou pronta agora. - respondi com um pouco de culpa.

Se ele percebeu qualquer sinal do meu incomodo não deixou transparecer, talvez decidiu acreditar que era só nervosismo. Ou talvez eu tenha sido rápida demais em julgar.

- Nunca conheci alguém que ficasse tão desanimada com o próprio aniversário como você. Sério, o que está acontecendo com você?

Eu soltei outro suspiro: - Vocês gays são assustadoramente intuitivos.

- Somos assim. Mas você está tentando me enrolar, não está funcionando - ele chegou a pôr a mão na cintura e bater o pé.

Sorri para ele, mas sabia que a expressão não combinava com meus olhos. Com uma intensidade que me surpreendeu, eu de repente senti uma vontade desesperada de dizer a verdade a Damien.

- Estou com saudade de Stevie Rae. - desabafei antes que pudesse segurar a língua.

Ele não hesitou, sabia que se sentia da mesma forma. - Eu sei.

E foi isso. Parecia que um dique tinha irrompido dentro de mim, e as palavras saíram desembestadas. - Ela tinha que estar aqui! Ela estaria correndo que nem uma louca para fazer a decoração de aniversário e provavelmente fazendo um bolo sozinha.

- Um bolo horrível. - Damien disse fungando um pouquinho.

- É, mas seria uma das receitas favoritas da mamãe  - eu disse, imitando o sotaque carregado de Oklahoma de Stevie Rae, o que me fez sorrir entre lágrimas.

- E as gêmeas e eu ficaríamos irritados por ela insistir que todos nós usássemos aqueles chapeuzinhos de pontudos de aniversário, com aqueles prendedores que pinicam sob o queixo - ele um arrepio de horror nem tão fingido assim - Deus do céu, aquilo é tão pouco atraente.

- Tem algo em Stevie Rae que me faz sentir bem. - Não percebi que que estava falando no tempo presente, até que Damien parou de sorrir.

- É, ela era demais. - ele disse com enfase no extra no era.

Se ele ao menos soubesse...

- Certo, vamos! Estou sentindo necessidade de abrir presentes. - desconversei.

- Aimeudeus! Mal posso esperar para você abrir o meu! - ele disse efusivamente - Levei uma eternidade para comprar.

[...] 

Damien me conduziu pelo dormitório feminino até a biblioteca e sala de informática, assim que abriu a porta meus amigos irromperam num coro desafinado de "parabéns pra você". Ouvi Nala resmungar e, pelo canto do olho, a vi saindo pela porta em direção á entrada. Covarde, eu pensei, apesar de estar com vontade de fugir com ela.

- Parabéns! - As gêmeas disseram juntas assim que a canção chegou ao fim. Bem, elas não eram gêmeas de verdade, mas eram tão bizarramente parecidas (irmãs de almas) que ninguém reclamava. Por mais que Erin Bates seja uma linda e muito branca garota de Tulsa, e Shaunee Cole seja uma mulata descendente de jamaicanos de Connecticut.

- Feliz aniversário, Z. - disse uma voz profunda e sexy que eu conhecia muito bem. Saí do abraço de gêmeas e fui para os braços do meu namorado, Erik. Bem, um dos namorados. O outro era Heath, um adolescente humano que namorei antes de ser Marcada, e com o qual não deveria ter mais nada, não fosse pelo fato de sugado seu sangue e estabelecido uma nova ligação entre nós. É, é confuso. Sim, eu suponho que Erik vai me dar o fora qualquer dia desses por causa disso. 

Ele me tomou em seus braços e deu aquele sorriso 220w e me olhou docemente. 

-  Ei, Erik, que tal compartilhar um pouco dessa doçura de aniversário? - Shaunee balançou as sobrancelhas para o meu namorado.

- Sim, coisinha linda. Que tal um beijinho aqui também? - Erim complementou.

- O aniversário não é dele, só se beija o aniversariante. 

- Oba! Ela ainda não abriu os presentes! - Um mini redemoinho chamado Jack Twist entrou na biblioteca. 

- Hello! Falando em presentes - Shaunee disse. - Vai abrir aquele com o laço esquisito ou não?

Contive a vontade de suspirar e fingi empolgação.

- Certo, vou abrir primeiro este. - peguei o presente de Jack, o embrulho tinha um enorme laço em cima. - Acho que vou guardar este laço, é tão legal.

Damien piscou para mim em agradecimento e ouvi Erik e Shaunee abafando o riso atrás de mim, e dei um chute neles.

Ah, minha nossa.

- Um globo de neve - tentei soar feliz - e com um boneco de neve dentro! - Oh, minha Deusa. Isso não é presente de aniversário. - Obrigado, jack.

Jack sorriu brilhantemente e me senti culpada por não gostar de seu presente. O próximo era de Damien.

Parecia leve e precisei conter minha esperança, tinha um tom creme e chique e senti a empolgação chegando. 

- Ahh, que lindo! - passei a mão no cachecol, feliz por não ser verde e vermelho com desenhos de papai Noel.

- É de caxemira - Damien disse presunçosamente - Viu os bonecos de neve bordados nas pontas? Não são lindos?

- Sim, lindos - concordei desanimada.

Já era hora de sair correndo?

- Muito bem, agora somos nós - Shaunee disse ao me entregar uma  caixa grande e negligente.

- Não seguimos o tema do boneco de neve - Erin disse, fazendo cara feia para Damien.

- É, ninguém nos avisou - Shaunee também fez cara feia para Damien.

- Tudo bem - eu disse um pouquinho rápido demais, e com entusiasmo excessivo, rasguei o embrulho e arfei. Dentro do pacote tinha um par de botas de couro e salto stiletto que seriam totalmente lindas e quiques se não fossem as árvores de natal alinhavadas nas laterais. Deusa... não é possível. - É linda! - abracei as gêmeas rapidamente e puxei com um pouco de pressa uma caixinha que estava na palma da mão de Erik.

A primeira coisa que registrei foi o veludo.

Oh, deusa! Veludo! Nada de natal poderia vir em uma caixinha de veludo. Veludo implicava em jóias. Abri apressadamente a caixinha e não pude disfarçar a decepção ao olhar fixamente para a joia dentro da caixa. Uma corrente de platina totalmente perfeita se não fosse pelo pingente de boneco de neve. 

- Erik... - murmurei.

- Gostou? Eu vi na loja e achei a cara do seu aniversário, precisava comprar para você. - ele disse todo doce e charmoso. 

- É mesmo, e foi ideia de Erik usar o tema de boneco de neve! - Damien comentou animadamente.

Não me diga, pensei.

- Deixe- me colocar em você - ele pediu gentilmente. 

Me virei e deixei que colocasse em meu pescoço.

- É bonitinho. - Shaunee disse.

- E muito caro. - Erin complementou.

- Combina perfeitamente com o cachecol que te dei - Damien estava radiante.

- e com meu globo de neve! - Jack deu pulinhos.

- É realmente tema de natal no aniversário. - Eu disse - Obrigada pessoal, agradeço pela dedicação e pelo tempo que vocês tiveram para encontrar esses presentes tão especiais.

Houve uma espécie de fungada coletiva e eu ia acrescentar alguma desculpa para dar o fora dali quando a porta foi aberta abruptamente. Olhei para trás, e pisquei para me recompor do breve momento em que fiquei encantada (vai entender porquê), a luz do corredor brilhou em cada fio de seu cabelo loiro. Aphrodite jogou o cabelo para trás e ergueu uma sobrancelha esnobe. 

- Tome. 

Jogou um pacote em minhas mãos, e graças a Deus eu estava perto da porta, não precisava pagar mico para complementar o inferno daquele dia.

- O carteiro passou enquanto você estava aqui com sua horda de nerds. - falou com tom de desprezo. 

- Cai fora, Aphrodite - Shaunee disse.

- É, vaza antes que a gente te jogue água e você derreta. - Erin ameaçou.

- Não tô nem ai - Aphrodite ignorou os olhares das gêmeas e olhou para mim com um amplo e  inocente sorriso - Uma graça esse colar de boneco de neve - nossos olhares se encontraram e ela piscou antes de dar meia volta e sair da sala.

 

 



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