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História Chosen Fanfiction - Calmaria antes da tempestade


Escrita por: olivthay

Capítulo 26 - Calmaria antes da tempestade


- Caraca, que sono! - me espreguicei e olhei para a minha gata, que dormia pacificamente e ronronava como um motor velho, com inveja. 

Suspirei e voltei a encarar o livro a minha frente, estava quase terminando as anotações e então poderia dormir um pouco. Tinha certeza que já era dia, mas estando no subterrâneo era difícil ter certeza (a menos que você fosse um Novato Vermelho, ai você era obrigado a saber ou corria o risco de torrar legal).

- Você ainda está acordada? Toda essa concentração vai te fazer ter cabelos brancos mais cedo. - a voz implicante de Aphrodite soou da porta e me virei para encará-la.

Pisquei algumas vezes e percorri seu corpo com os olhos. Não por cobiça, mas pela lembrança que sua roupa despertou em mim, era a roupa que ela usava quando a conheci. Um suéter da escola com o simbolo dos sextanistas, uma saia de pregas muito curta, uma calça colante cheia de brilhos por baixo e botas pretas até os joelhos. Era uma a imagem da vadia. Mas uma vadia e tanto...

- Hello?? Nala finalmente mordeu sua língua? - ela perguntou com um sorriso zombeteiro ao soltar o lençol que eu usava como "porta" do quarto e se aproximar. 

Limpei a garganta e tratei de me recompor.

- É só que.... uh, essa roupa... eu já vi você usando antes, me lembro de pensar que você parecia uma cópia da SJP. - balancei a cabeça com a lembrança, quase sete meses atrás e parecia uma vida diferente. 

Aphrodite jogou a jaqueta que segurava e a mochila em cima da minha cama e sentou-se na beirada.

- Quem diabo é SJP? - perguntou com um franzir de sobrancelhas e então sua expressão suavizou - Acho que eu me lembro... foi o dia que chegou a House Of Night, me lembro de quase gostar de você quando teve a coragem de gritar comigo. 

- Sarah Jessica Parker - a loira fez uma cara de tédio para a referência e eu dei de ombros - uma versão mais jovem e mais bonita, se quer saber. 

Aphrodite riu, mas de alguma forma o som não parecia tão bonito quanto normalmente era. Soou mais cansado do que feliz. Olhei para o relógio na mesa de cabeceira e arregalei os olhos.

- 08:00 AM? Caramba, não é atoa que eu esteja tão cansada. Você está chegando agora? 

Ela esfregou a testa e assentiu antes de se jogar pesadamente na cama. 

- Tive que sair da escola antes da hora do almoço, não recebeu minha mensagem? 

Peguei meu celular e destravei para ver que realmente tinha uma mensagem de horas atrás:

"O advogado da minha família convocou uma reunião comigo e preciso sair da escola para resolver uns assuntos, já peguei permissão. Te vejo de manhã."

- Oh, eu não tinha visto. Thanatos me passou todos os livros de Sociologia Vampírica e preciso entregar uma síntese dos 101, 105 e 108 só hoje para depois me concentrar apenas no 206. - esfreguei a testa e fechei os livros - Mas por que o advogado te chamou? Aconteceu algo com seus pais?

Aphrodite bufou.

- Você vai morrer de estudar, e não, não aconteceu nada com eles. Meio que aconteceu algo comigo. 

Me levantei abruptamente e me aproximei da cama para me sentar ao seu lado.

- Você está bem? 

Ela se sentou para me encarar, os olhos azuis brilhavam de forma confusa e cansada.

- Estou rica, Z. - minha expressão deve ter sido muito confusa porquê ela suspirou e explicou: - Aparentemente meus pais desnaturados fizeram, mesmo da prisão, a única coisa que acham que faz parte de criar um filho: dar dinheiro. Mas eles não me deram apenas uma quantia grande para gastar pelo mês, me deram algo que vai realmente durar por alguns anos, uma conta em meu nome e cartões gold com tudo o que a justiça não vai congelar pelo tempo que eles ficarão presos.

A encarei por um momento tentando compreender a situação toda, se nem todos os bens foram congelados, então os pais dela já eram ricos antes da vida politica e agora deixaram toda uma fortuna para ela? Deusa, só podia ser muito dinheiro mesmo

Peguei a mão dela e depositei um beijo em sua palma, um gesto para reconforta-la e mostrar que eu compreendia. Imagina só viver 19 anos sem o amor de seus pais e então quase ser morta por eles e depois receber grandes quantias de dinheiro como uma forma de "tapar os buracos"? Não podia ser fácil. Não era de admirar que Aphrodite fora uma megera por tanto tempo.

- Você recusou? - perguntei suavemente.

- Inicialmente sim, mas o advogado disse que as contas apenas ficariam lá... sempre esperando. - ela sorriu amargamente - Tinha uma carta deles também, meu pai acha que sou uma filha ingrata mas que não merecia ficar sem respaldo financeiro agora que sou humana - sua voz soou trêmula e eu apertei sua mão - foi só por perceber que eles estavam com pena que eu aceitei o dinheiro, depois o advogado me explicou que não era apenas bondade deles e sim um procedimento ordenado por um juiz. Então também procurei o delegado encarregado do caso e falei de tudo que aconteceu.

- Aphrodite, você delatou seus pais? 

Ela apertou minha mão.

- S-sim, e agora os bens que ficariam congelados são da justiça e do Estado e o que eles já me deram... bem, é meu. - seus olhos ficaram frios e eu senti meu coração se partir e a puxei para um abraço - Eles são incapazes de me amar, Zoey. Me ofereceram dinheiro como uma forma de me comprar, de tapar os buracos dos sentimentos que, ao ver deles, me fazem fraca.

- Você não é fraca - murmurei em meio aos seus cabelos - Também não deve ser condenada por escolher não defende-los. 

Ela ficou em silêncio por um longo momento, a respiração instável e eu senti algo molhar meu suéter. Por fim, ela murmurou:

- Acha que eu provei ser tão sem coração quanto eles quando decidi deixá-los na miséria? 

Apertei seu corpo em meus braços e nos acomodei melhor antes de responder.

- Não pense isso, nunca. Você escolheu lutar por você só dessa vez, ser alguém melhor longe deles. Com tudo isso começou a aparecer as coisas sujas que seu pai fazia com o mandato dele, não era um dinheiro limpo e com certeza não era deles. Você não merece nada do que fizeram com você, não se culpe por reagir. 

Aphrodite se entregou as lagrimas e chorou até seus ombros sacudirem e suas mãos agarrem minha cintura com tanta força que machucava. Meu coração se partiu e se encheu de raiva ao vê-la tão frágil, Aphrodite que sempre era tão forte e sábia... e também me senti importante por ela confiar em mim o suficiente para demonstrar sua dor e acreditar que eu poderia ajudá-la. Acariciei seus cabelos e a puxei para nos aconchegar direito e puxei uma coberta sobre nossos corpos (ainda com as roupas da escola e Aphrodite de sapatos), cantarolei algumas canções de ninar do povo de Cherokee até ela se acalmar e cair num sono pesado. Mesmo com sua respiração suave, o calor de nossos corpos e nossas gatas ronronando aos nossos pés, eu ainda fiquei acordada por algum tempo, a conexão entre nós tão forte que eu podia sentir seu sono inquieto e seu coração ferido. 

[...]

 - Zoey! Aphrodite! Vocês precisam se apressar, alguns Novatos já estão subindo, o ônibus logo vai sair! - Stevie Rae falou antes de engolir rapidamente o resto de seu cereal enquanto eu e Aphrodite entravamos na cozinha. 

Eu fui para os armários a procura do meu amado cereal favorito, Count Chocula. Quando voltei para a mesa vi que Aphrodite tinha colocado uma caixa de leite e uma lata de Coca para mim, sorri agradecida. 

- Caramba, vocês parecem mortas - Stevie Rae comentou - O que andaram fazendo em? 

- Ah, por favor - Erin resmungou também ao mexer nos armários.

- Não queremos detalhes de sexo logo no café da manhã - Shaunee completou pela gêmea mal humorada. 

Engasguei com meu cereal e tenho certeza que minhas bochechas ficaram vermelhas, mas Aphrodite apenas balançou a cabeça sem dar importância para o comentário enquanto sacava a rolha de uma garrafa de champanhe. 

- Tentem não constranger as meninas tão cedo... - Damien comentou mesmo que seus olhos brilhassem maliciosamente enquanto ele organizava seus livros, seu olhar maldoso se transformou em confusão quando olhou para o champanhe o suco de laranja nas mãos de Aphrodite - Espera, você não vai tomar isso no café, não é? 

- Qual é o problema? - ela resmungou - São mimosas, sua classe não poderia mesmo entender. 

- Vai queimar seus neurônios de humana. - Stevie Rae comentou e as gêmeas fizeram ruídos de aprovação. 

- Também vai tirar sua concentração para as aulas - Damien continuou com seu tom professoral.

- Me poupe. - Aphrodite resmungou entre goles de sua bebida, mas eu podia ver que o brilho estava de volta á seus olhos, talvez a falação dos meus amigos também melhorasse seu humor - Imaginem quão mais inteligente do que vocês eu seria se não destruísse um pouco dos meus neurônios todas as manhãs? Considerem um presente.

Disfarcei uma risadinha com uma tosse muito fingida.

- Vadia... - Shaunee falou com doçura.

- ... do Inferno. - Erin completou alegremente.

Aphrodite deu de ombros.

- Gêmeas retardadas e compartilhadoras de cérebro que não tem os caras por perto para dar um beijo de bom dia, não falem comigo. - Aphrodite replicou com a voz escorrendo como mel ao se aproximar de mim e me dar um selinho. 

- Adoraria ver as gêmeas arrancarem esse sorriso besta da sua cara, Aphrodite, mas precisamos ir - Stevie Rae falou antes que as gêmeas pulassem na mesa para agarrar o pescoço de Aphrodite.

Engoli apressadamente o resto do meu cereal e peguei meu refrigerante nada saudável antes de seguir meus amigos para a escola, as vezes momentos como aquele faziam todos os momentos difíceis valerem a pena. Pelo sorriso de canto que Aphrodite tinha quando alcançamos o ônibus escolar, eu podia jurar que ela pensava o mesmo.



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