1. Spirit Fanfics >
  2. Chosen Fanfiction >
  3. Passado

História Chosen Fanfiction - Passado


Escrita por: olivthay

Capítulo 31 - Passado


Caraca, Shaylin e todas as coisas que ela falava sobre cores estava me estressando! 

Agarrei meus livros e minha bolsa com mais força quando abri as portas que davam no jardim e respirei o ar puro da noite. Já era quase lua cheia, em breve eu teria que realizar um ritual das Filhas das Trevas. Caminhei sem pressa até meu Carvalho no muro leste (eu ia lá tantas vezes que acabei tomando o lugar como "meu"), sentar naquele banco mal iluminado e olhar o céu parecia um bom jeito de descansar e recuperar as energias antes de voltar pra aula com Thanatos.

Estudar magia podia ser verdadeiramente exaustivo. Mas não tão cansativo quanto aguentar Shaylin e a língua grande dela. Tá, isso é meio maldoso, no fundo eu até gosto dela, mas a menina sabe ser inconveniente. Ela ficava me encarando e franzindo a testa ou mordendo o lábio até que eu explodisse e pedisse que ela dissesse o que estava vendo, então ela começava toda uma reflexão sobre como eu estava estressada e sombria. Cara, ela me deixava estressada e sombria. Agora eu podia dar razão á todas as vezes que Aphrodite reclamou da garota, ter aula com ela era realmente difícil. Era ainda pior quando Thanatos estava ensinando à ela como agir com tato e saber a hora de falar sobre certos assuntos sem invadir a privacidade de ninguém e eu precisava agir toda madura e Grande Sacerdotisa em Treinamento e não lançar os cinco elementos atrás de Shaylin.

Fiz um desvio na trilha do jardim e percorri os últimos metros que me separavam do Carvalho antigo do muro leste. Me joguei pesadamente no banco á alguns metros da árvore e inspirei profundamente. Só de estar em um lugar de poder eu me sentia renovada, era muito parecido com recarregar uma bateria. E o muro leste é, definitivamente, um lugar de poder. Se havia mesmo magia antiga no mundo moderno, então uma parte considerável dela estava concentrada ali. A Pedra da Lua até esquentava perto do enorme Carvalho. Mas outro elemento que fazia aquele lugar perfeito era que os outros estudantes o evitavam, apesar de escuro e de ter um alçapão que possibilitava várias escapadas para fora da escola, os Novatos morriam de medo da energia do lugar e preferiam evitar e se concentravam em ficar nos jardins, nos bancos perto da fonte ou dando uns amasso perto dos estábulos ou do Templo de Nyx. Mas na maior parte do tempo eu não ficava assustada com a magia que tinha ali. Depois de entender sobre magia antiga e perceber que mesmo minhas tatuagens e meus poderes eram exóticos, eu diria que aquele lugar era onde eu melhor me encaixava: poderoso e desconhecido. Algo diferente. 

Olhei para o meu relógio e suspirei, devia ter uns vinte minutos antes de Thanatos mandar Shaylin me buscar para continuarmos o treinamento. A Grande Sacerdotisa percebera que eu precisava de um tempo e me deu um descanso, mas eu ainda precisaria voltar. 

Uma série de ruídos estranhos vieram do alçapão e eu me levantei de um pulo. Que merda, da última vez que aquilo abriu eu tinha sido enfiada na merda até os joelhos. E sinceramente, ser pega tão desprevenida poderia me fazer molhar minha roupa.

Me preparei para invocar os elementos e colocar para correr qualquer intruso, quando cabelos num tom de areia e uma jaqueta de um time de futebol entraram em meu campo de visão. 

- Não... - sussurrei deixando meus braços penderem, inertes, ao lado do meu corpo. 

A figura saiu do alçapão e olhou em volta de forma abobalhada, estreitou os olhos para adaptá-los à nova luminosidade e então sorriu.

- Zo! Encontrei você! 

Heath, todo lindo, humano e cheirando a álcool, caminhava em minha direção. 

- Caraca, é bem mais fácil entrar aqui com por essa portinha do que pulando o muro, é foda subir aquela altura toda. - ele deu uma versão bêbada do seu sorriso de garotinho quando olhou pra mim de verdade - Hey, Zo. Você tá gata.

Cruzei os braços sobre o peito e encarei Heath sem saber o que sentir. Da última vez que o vi ele não estava sendo um cavalheiro, na verdade, eu poderia usar a palavra cretino para descrevê-lo naquela ocasião. Mas agora... agora ele estava ali, usando o uniforme do time de futebol da minha antiga escola, segurando uma sacola com algumas embalagens e sorrindo adoravelmente sob efeito de álcool. Era a imagem do meu namorado da escola: sempre aprontando e então vindo se desculpar bêbado. 

- Que diabos você está fazendo aqui, Heath?- me ouvi dizendo. Por enquanto eu escolheria ficar com raiva, era o sentimento mais seguro para ter perto do meu ex namorado humano. 

Heath cambaleou para mais perto de mim e quando dei um passo para o lado, ele entendeu que eu não queria contato físico e caminhou até o banco.

- Ouch - ele disse quando se jogou pesadamente no banco e então vasculhou a sacola que estava em sua mão - Eu trouxe queijinho-quente e sopinha de tomate, hehe, você ainda adora né?

Eu observava cada um dos seus movimentos cuidadosamente. Seus olhos brilhavam com tanta expectativa que vi minha resistência diminuir e caminhei até o banco.

- Sim, eu ainda amo queijinho e sopinha de tomate - dei um meio sorriso, meu coração se apertando com a lembrança de todo o tempo em que amei Heath e todas as lembranças que vinham com isso - Por que, Heath? Por que você está aqui?

Ele enrugou a testa e esticou a mão para pegar a minha, o movimento rápido demais para um cara meio bêbado. Mas desde que eu fora Marcada, toda vez que Heath estava bêbado perto de mim, parecia que o álcool tinha um efeito reduzido nele.

- Porque isso é o normal, Zo. Nascemos para ficar juntos, gata, eu e você! - suas sobrancelhas se uniram no alto de sua testa e seus olhos azuis ficaram intenso enquanto ele se concentrava - Sei que fui um idiota aquele dia, mas eu quero passar minha vida com você, Zo. Mesmo se for toda confusa e rodeada de caras, eu posso ser menos possessivo. Não vou ser ciumento, posso até ser só seu consorte, apenas... fique comigo, gata.

Eu não consegui falar nada. Delicadamente ele ergueu minha mão, traçando os dedos por minhas tatuagens lentamente até o cotovelo. Bem ali, aquele contato, aquele calor, tão fácil de lembrar porque eu era apaixonada por ele. 

- Você é especial para Nyx e também é especial para mim, acho que sua deusa é legal o suficiente para permitir que a gente siga nosso plano. - ele sorriu - Você se torna uma vampira poderosa e então pode viver fora da escola, e ai a gente estuda na Universidade Comunitária num curso a noite, dai você não vai precisar cobrir suas tatuagens e a gente pode ficar junto... Sabe que não funcionamos separados, zo. Os últimos meses foram um inferno... eu quis vir aqui todos os dias. 

Puxei minha mão para longe dele repentinamente. Meu peito queimando com o calor que emanava da pedra, a confusão no rosto de Heath me alertou que ficar longe era a coisa certa. Eu era uma bagunça, mas Heath nunca fez nada para me ajudar a melhorar, para ele estava tudo bem viver uma vida de forma estagnada, sem almejar evolução. Apenas o sonho americano. Mas eu não era mais a garota apaixonada por ele. Não era. Eu tinha alguém diferente em meu coração agora, alguém que me fazia evoluir. Me empurrava para fora da zona de conforto e acreditava no meu potencial... 

- Estou com outra pessoa agora. - respondi friamente.

- Aquele Erik ainda? Ou aquele outro cara? - ele riu com deboche e então balançou a cabeça - Tanto faz, eu aguento. Eu posso ser mais um. Uma Sacerdotisa pode ter Guerreiros e Consortes não é? Bom, tudo bem. Eu vou ser seu Companheiro. Eu li sobre isso, sabia que tem milhares de informações na internet? 

Me levantei sacudindo a cabeça. 

- Heath, você falou umas coisas horríveis para mim da última vez que nos vimos. Não importa quão problemática eu seja no amor, nada justifica aquele comportamento. Eu tenho outra pessoa agora, alguém que eu não pretendo trair, que eu não preciso de mais ninguém. Chega de deixar esses hormônios de 17 anos me controlar, você precisa ir embora.

Heath me encarou por alguns segundos. Ele estava sério. Determinado. E então ele falou:

- Ele pode fazer isso por você? - com um movimento rápido ele puxou um canivete do bolso e fez um corte no dedo. 

O cheiro me atingiu em cheio: doce, suave, sedutor. Um instinto poderoso tomou conta do meu corpo me dizendo para agarrar a mão de Heath e drenar o sangue do seu corpo. Algo me dizia que ele ficaria feliz com aquilo. Agarrei a Pedra da lua que estava queimando e tirei ela de perto da minha pele, deixando a pedra balançar em cima da minha blusa. Os pensamentos começavam a se atropelar em minha mente e se eu pudesse me ver, diria que não tinha nada humano, ou mesmo de vampiro em mim. Pelo menos não um vampiro civilizado.  O mundo começava a desfocar e só sobrava aquele desejo sobrenatural que fazia o sangue ser o centro do meu universo...

- Zoey? - a voz de Shaylin veio do meio dos arbustos, em menos de dois minutos ela chegaria até nós. 

A voz dela foi como acordar de um pesadelo, de repente eu estava super consciente de tudo ao meu redor. Principalmente do sangue pingando do dedo de Heath. Então me aproximei o bastante para agarrar o braço de Heath e juntar as coisas na sacola antes de  arrastá-lo até o alçapão.

- Acabou pra gente, Heath. Vivo uma vida diferente agora. - implorei - Se você realmente se importa comigo, vá embora daqui. 

Ele assentiu. Os olhos cheios de lágrimas. 

- Talvez seja mesmo tarde demais. Adeus, zo.

Engoli secamente. Estava muito difícil falar.

- Adeus, Heath. 

Ele se enfiou no buraco do alçapão e puxou a portinhola e saiu da minha vida. De novo. Dessa vez pra valer. 

Sequei as lágrimas que se formavam em meus olhos e me virei tentando parecer nada mais do que cansada para encarar Shaylin. Ela olhou para minhas coisas perto do banco e me procurou com o olhar.

- Oh, ai está você. Está falando com alguém? 

Sua voz parecia enjoativamente doce, mas ao mesmo atenciosa. Me repreendi por estar com raiva dela, quando eu deveria agradece-la por aparecer e me impedir de controlar um erro. 

- Eu estava apenas praticando um pouco, vamos? - forcei um sorriso e ela acenou. 

Deixei que ela se desculpasse por me estressar e que falasse sobre o treinamento enquanto eu murmurava ocasionalmente. Parecia que eu estava gritando por dentro e ninguém conseguia me escutar.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...