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História Chosen Fanfiction - O parque


Escrita por: olivthay

Capítulo 33 - O parque


Era domingo de manhã agora. No início eu não sabia para onde estava indo, mas depois de usar a passagem do alçapão, rapidamente alcancei a Utica Street¹. Continuei andando.

Um trovão ressoou ao longe, e eu levantei os olhos para o céu, que estava escurecendo. 

- Vá em frente. Pode chover em cima de mim, o meu dia não pode piorar muito - eu falei comigo mesma quando atravessei a rua.

Sim, eu estava irritada. 

Eu não conseguia acreditar no que Aphrodite e Shaylin tinham feito. Meu rosto ficou quente só de pensar em Shaylin observando a cena entre mim e Heath. Que inferno, meu inteiro ficou quente! E Aphrodite... ela quem armou toda a coisa da espionagem. Por que? Não estávamos construindo um relacionamento sólido? Baseado na comunicação e no respeito? Aquilo não parecia muito respeitoso.

Será que ela realmente tinha sentimentos em relação a mim? Será que ela tinha mudado, ou será que eu esqueci quem ela realmente era e fiquei cega, sem enxergar o que eu não queria ver? Que inferno!

Será que Aphrodite ainda continuava apenas atrás de popularidade e poder? Depois de tudo? Não... Aphrodite e eu nos carimbamos. Não podia ser tudo parte de um plano, poderia?

Houve um estrondo no céu, como que ecoando minhas emoções.

O meu peito queimava quando alcancei a calçada e fiz uma pausa, percebendo que eu tinha alcançado o Woodward Park. Quase me virei e fui embora. Era domingo, quando as pessoas normalmente se aglomeravam no parque para tirar fotos com flores, crianças, piqueniques e tal, mas, quando olhei para o parque, parecia vazio. A tempestade que se aproximava era uma coisa boa então. 

Sentindo-me aliviada por encontrar um destino, entrei no Woodward Park, andando entre os tufos de narcisos por um caminho sinuoso em direção à área ladeada pela Twenty-first Street². Era no alto de um cume que tinha enormes arbustos de azaleia, eu gostava mais da parte íngreme com caminhos de pedras que serpenteavam pela grama até uma parede de pedras no fundo. Diziam até que tinha uma caverna lá no fundo. 

Andei pelo caminho pavimentado, fazendo curvas através dos arbustos de azaleias para alcançar um banco de pedra na trilha. 

Chutei uma pedra.

Aphrodite tinha mandado me espionar! Eu simplesmente não conseguia esquecer essa traição. Imaginei o que Stevie Rae diria quando eu  contasse a ela. Então me dei conta de que, se eu contasse para minha melhor amiga, também teria que contar sobre mim e Heath no jardim, e eu não queria contar de jeito nenhum isso pra ela nem pra ninguém...

- Ah, que inferno! Não vou ter escolha sobre contar isso ou não. É claro que Aphrodite e Shaylin não vão ficar de boca fechada. 

Eu parei. Tinha alcançado o topo da trilha, lá embaixo era uma área rochosa com várias grutas e um enorme lago raso. Pensei em me atira lá de cima, mas constatei que não era tão alto e a queda provavelmente não me mataria.  Pensando melhor, eu realmente não queria me matar. Eu teria que voltar para a Morada da Noite e encarar minha bagunça.

Deusa, isso era deprimente. E irritante. E exaustivo. 

Um trovão rugiu, dessa vez mais perto. Fugir ou me esconder não estava resolvendo nada, eu deveria realmente voltar para a escola. Talvez depois de dormir um pouco e acordar me sentindo menos um cocô e mais uma garota, eu poderia encarar os problemas. Me virei para a trilha, decidida a voltar para a escola, quando vi dois caras. 

Eles pareciam esfarrapados, sujos. As roupas não serviam direito. Um deles segurava um saco de lixo, pendurado no ombro. Foi ele que me viu primeiro. Ele deu uma cotovelada no amigo e me indicou com o queixo, abrindo um sorriso cheio de dentes podres. O amigo dele assentiu e eles caminharam em minha direção. 

Eu sabia que deveria ter corrido em direção a avenida. Era a coisa mais inteligente a se fazer. Mas eu não me importava, então sentei no banco de pedra e esperei. Talvez eles fossem apenas passar por mim, dizer "bom dia" e só. Talvez.

- Ei, garota, você, ahn, tem algum trocado ai? - o primeiro cara perguntou quando eles me alcançaram.

- Sim, a gente podia usar o dinheiro para comer - o segundo cara disse.

Eu estava virada para o lado, esperando que eles fossem embora. Meus cabelos jogados sobre minhas tatuagens. Então eu empinei o queixo e olhei diretamente para eles. Eles arregalaram os olhos quando viram minhas tatuagens.

- Sério? Em que planeta vocês acham que é normal dois homens pedirem dinheiro para uma garota que está sozinha em um parque deserto? - enquanto eu falava, senti minha raiva aumentar de novo.

- Ei, qual é a sua? - o cara com o saco de lixo perguntou - Você é uma vampira. Não é a gente que pode assustar você.

Um prazer mórbido tomou conta de mim quando me dei conta de que eles me viam como uma vampira completa.

- Então, vocês costumam assustar garotas humanas para que elas deem dinheiro a vocês?

Deram de ombros.

- Se uma garota não quer ser assustada por alguém, não deve ficar sozinha aqui.

- Então a culpa é da garota? - eu fiz a pergunta hipoteticamente, mas o cara do saco de lixo respondeu.

- Sim, a culpa é da garota!

- Mas não vamos assustar ninguém se a pessoa nos der dinheiro.

- Mas nós não aceitamos cartão de crédito. 

- Vocês são uns otários. Que tal arrumar um emprego em vez de mexer com garotinhas?

- Mexer com garotinhas paga melhor.

Sorri.

- Eu estava sentada aqui, pensando em meus próprios assuntos. Vocês tem que se lembrar disso, foram vocês que provocaram - eu me levantei. Meu corpo inteiro queimava de raiva, eu estava realmente irritada - Vocês escolheram a garotinha errada.

- Ei, a gente não estava perturbando você, só estávamos passando - o outro cara disse, puxando o braço do amigo para saírem dali.

Então eles pensavam que iam sair de fininho e encontrar outra garota para assustar? 

Eu sentia como se meu coração fosse explodir em meu peito. Isso, Zoey... mate-os! Uma voz feminina soou em meus ouvidos, sedutora e maligna.

- Não, hoje vocês não vão! - gritei enquanto atirava minha raiva neles. Uma raiva materializada em uma bola incandescente de luz azul que se chocou contra os dois homens, levantando-os do chão e arremessando-os contra a parede do cume.

Eu estava ofegante e me sentindo bem com o que tinha acabado de fazer. Eles ia pensar duas vezes antes de mexer com outra garota! Idiotas!

Um trovão retumbou acima de mim e um raio atingiu o centro do parque, fazendo os pelos do meu braço se arrepiarem. Foi então que eu percebi que estava segurando a pedra da vidência.

Pisquei surpresa e balancei a cabeça. Espere ai, o que tinha acontecido?

Olhei para os dois homens, eles ainda estavam lá, deitados. Sem se mexer. 

Soltei a pedra da vidência, minha mente nublada pela confusão. Uma fumaça vinha do meio do parque, o ar estava cheio de eletricidade e fogo, me dei conta de que um raio devia ter atingido uma árvore. O Woodward Park estava em chamas.

Mas os homens no cume não se mexiam. 

Minhas pernas ficaram bambas e minha cabeça doeu terrivelmente quando a verdade me atingiu. Cambaleei de volta para o banco e tentei reunir forças para sair correndo daquele parte. 

O céu desabou em uma chuva forte, de modo que eu não poderia dizer se o arrepio que me percorreu a espinha foi de frio ou de medo quando a risada maligna de Neferet me alcançou. 

 

 

 

  


Notas Finais


Utica Street¹: uma rua no centro de Oklahoma.

Twenty-first Street² : Uma avenida também em Oklahoma.


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