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História Chosen Fanfiction - Stevie Rae


Escrita por: olivthay

Capítulo 4 - Stevie Rae


Não foi fácil conversar com Erik. Bem, na verdade a melhor forma de dizer é: não foi fácil desconversar com Erik. Mas eu diria que terminou bem já que terminou em beijo. Certo? 

- Com certeza vamos ficar bem agora, não é, Nala? - perguntei á minha gata enquanto calçava as botas que ganhara das gêmeas na noite anterior. 

Nala soltou seu tão conhecido "Miauff" de desgosto e eu ignorei.

- Realmente não dá para conversar com você pela manhã. - resmunguei. 

Levantei da cama e caminhei até o banheiro para avaliar minha aparência.

Uma calça jeans skinny, um suéter preto, as botas das gêmeas, o cachecol que Damien me dera e o colar de boneco de neve de Erik. 

- Pareço um enfeite de natal gigante. - murmurei para o espelho. - Não se pode ganhar todas...

Suspirei e sai do quarto, era tanta coisa para fazer e eu nem sabia por onde começar. Precisava passar algum tempo com meus amigos para me redimir, fazer uma pesquisa para meu ritual de ano novo, dar um jeito de enganar meu namorado a noite (que com certeza adoraria passar algum tempo a sós comigo) para roubar bolsas de sangue e sair do campus para encontrar Stevie Rae, no meio disso tudo precisava evitar Loren e encontrar um lugar para minha amiga semi morta se instalar. Inferno. 

Eu não sabia por onde começar, mas meu corpo parecia saber exatamente para onde ir. Ao invés de descer as escadas para a sala do dormitório das garotas, continuei andando pelo corredor até parar em frente á um quarto que eu não me sentia muito á vontade de entrar. Mais bizarro do que eu indo lá inconscientemente foi Aphrodite abrindo a porta antes que eu pudesse erguer a mão e bater. Claro que isso me fez dar um gritinho histérico.

- Credo, Aphrodite, não dá pra fingir que você não é tão bizarra? 

- Entra logo, estúpida. - disse com a voz rouca.

Eu iria fazer um sermão de "você não pode tratar as pessoas dessa forma, é por isso que você se encontra tão sem amigos", mas as bolsas escuras sob seus olhos me fizeram parar.

- Você teve uma visão? - perguntei ansiosamente - Stevie Rae? 

Ela se jogou graciosamente em sua cama de dossel (rica!) e massageou as têmporas.

- É, mais uma visão super confusa cheia de mortes e novatos vermelhos nojentos e claro, sua amiga bizarra estava lá também. 

- Stevie Rae não é bizarra, ela só está perdida, só isso. 

- Sei. Perdida nos becos procurando moradores de rua para se alimentar, isso que você quer dizer? - sua voz era sarcasmo puro.

Senti vontade de dar uns tapas naquele rosto perfeito.

- Aphrodite, não vim aqui para te ver sendo a megera de sempre, na verdade eu nem sei porque estou aqui, eu só...

- Eu sei. - ela me cortou - Você precisa de um lugar para esconde-la, eu posso ajudar com isso. 

- O que? Como você sabe? - perguntei em choque indisfarçado. 

Aphrodite revirou os olhos e me encarou como se eu fosse retardada.

- Chame de sexto sentido, tanto faz. - disse com simplicidade - Acontece que meus pais estão viajando e a casa deles está vazia, é bem perto daqui. Seguro. 

- Você espera que Stevie Rae fique na casa dos seus pais? - agora eu a encarava como se ela tivesse um chifre.

- Não, idiota, você não pensa? Deusa! Ela vai ficar no apartamento anexo, o apartamento da empregada. - Suspirou - Água quente, energia, comida nos armários e tv a cabo. 

- Seus pais tem empregada? - perguntei com cara de boba, as vezes era difícil imaginar o tamanho da riqueza dos pais de Aphrodite.

Ela deu de ombros e continuou.

- Já que eles não estão lá, ela só aparece uma vez por semana para deixar tudo em ordem, não acho que vá ser um problema.- suspirou dramaticamente antes de voltar a falar - Mas voltando ao que importa: sua amiga louca.

- Pela enésima vez: Stevie Rae não é louca! Ela apenas tem problemas, fale de uma vez!

Aphrodite deu um sorriso debochado como se estivesse prestes á falar uma gracinha, mas jogou o cabelo para o lado em claro sinal de que mudou de ideia. Sua expressão repentinamente séria.

- Tanto faz. Minhas visões estão mudando, antes eu via as coisas como uma observadora, mas agora parece que eu sou a vitima. Com aqueles jogadores de futebol não foi nada fácil ou claro de entender, eu senti a dor e a confusão, parecia que eu estava sendo assassinada também. Era tudo do ponto de vista deles, muito dificil de entender o que estava realmente acontecendo.- Ela fez uma pausa e estremeceu - Como daquela vez que vi sua avó se afogando. Era como se eu fosse sua avó, foi apenas sorte que vi a ponte de relance e entendi onde ela estava.

Fiz que sim com a cabeça.

- Eu me lembro que você estava confusa. Pensei que não estivesse querendo me contar tudo o que sabia.

Ela deu um sorriso sarcástico.

- É, eu sei. Não que eu me importe com o que você pensa.

Revirei os olhos, contendo minha vontade de sacudi-la. Ela era irritante.

- Vamos logo para a parte de Stevie Rae.

- Fiquei sem ter visões por um mês, o que foi bom já que meus pais insistem que eu os visite nas férias de inverno. 

Pela sua cara feia, visitar os pais não era exatamente legal, o que eu já sabia. Seu pai é prefeito de Tulsa. Sua mãe era o próprio Satanás. Basicamente, eles faziam meus velhos parecerem legais.

- Ontem no meu aniversário rolou uma baixaria com meus pais. - comentei.

- Seu padrasto é um daqueles malucos do Povo de Fé, não é?

- Totalmente. Minha avó o chamou de anta escrota.

Depois dessa, ela riu. Tipo, riu mesmo. Eu fiquei olhando, impressionando de ver seu rosto perder o jeito frio e bonitinho e passar a ser caloroso e belo.

- É, odeio meus velhos. - limpei a garganta. 

- Quem não odeia? - ela disse.

- Stevie Rae. Pelo menos não odiava até... - minha voz falhou e eu tive que me esforçar para não chorar.

- Então parte da visão já aconteceu e ela se transformou num monstro. 

- Ela não é um monstro! 

Aphrodite levantou as sobrancelhas loiras e pensei que ela estava com medo, recuei e desviei os olhos.

- Apenas diga o que viu. 

- Eu vi vampiros sendo mortos de um jeito horrível. Brutal. Algo realmente cheio de ódio. E eu vi quando Stevie Rae morreu. De novo. Desta vez, de verdade. E sei que, se esta visão se concretizar, isto de algum modo significa que todas as mortes de vampiros que vi também acontecerão. - ela passou a mão pela testa, como se estivesse com dor de cabeça - Então temos que dar um jeito de salvar Stevie Rae, porque Nyx não vai gostar de um monte de Vamps morrendo.

Engoli secamente, suas palavras me deixando momentaneamente paralisada.

- Como Stevie Rae morria?

- Neferet a matava. Ela empurrava Stevie Rae para debaixo da luz do sol e ela morria queimada.

[...]

Minha cabeça rodava depois da conversa com Aphrodite. Por isso corri desesperadamente até o centro de mídia para pesquisar sobre o ritual enquanto contava as horas para meu plano de encontrar Stevie Rae. Exatas duas horas de pesquisa.

 

Meu celular vibrou e o pesquei do meu bolso para ver o que era. Uma mensagem de Erik.

Sessão exclusiva de 300 hoje é 00:00. Vamos? Aparentemente o cinema leva as criaturas da noite em consideração. 

Conferi o relógio e suspirei. Eram 20:30, não ia dar tempo de resolver tudo. Precisava encontrar o sangue para Stevie Rae, conseguir algumas roupas dela e também dar um pulo no Wal-Mart e comprar um celular pré-pago para ela. Droga.

Não vai dar, desculpa. Tenho umas coisas para resolver, sabe como estou megaestressada. Ainda estou fazendo pesquisa para o ritual.

Respondi apressadamente e nem me dei ao trabalho de esperar por uma resposta. Ela não viria. Erik ia ficar puto comigo de novo. Quantas vezes eu conseguiria magoar aquele cara tão doce? 

Quando deu 21:00 eu sai do centro de mídia e me esgueirei sorrateiramente pelo dormitório feminino, procurando não ser vista pelas gêmeas (só teria que mentir mais). Encontrei o pingente de coração de Stevie Rae quando estava vasculhando sua gaveta para pegar roupas. Eu estava com ela na noite em que morreu e, quando voltei ao nosso quarto, o esquadrão vamp de limpeza (ou seja lá o nome que eles usam) já havia passado e levado as coisas dela. Eu fiquei furiosa. Realmente "p" da vida e insisti que devolvessem algumas coisa, felizmente consegui algumas coisas.

De qualquer forma, quando peguei sua calça jeans, algo caiu do bolso. Era um envelope amassado onde se lia "Zoey" escrito com a caligrafia confusa da minha melhor amiga. Senti uma dor no estomago ao abrir. Dentro havia um cartão de aniversário -daqueles bem bobinhos, com um desenho de gato (que parecia a Nala) fazendo cara feia e usando um daqueles chapéis pontudos de aniversário na frente. Dentro se lia "Feliz aniversário. Ou sei lá o quê. Nem ligo, sou uma gata!" Logo embaixo tinha um coração enorme com as palavras " Eu amo você! Stevie Rae e Nala, a resmungona." No fundo do envelope havia uma corrente de prata embolada, eu a levantei e vi um delicado pingente de coração. Dele caiu uma foto dobrada milhões de vezes, abri cuidadosamente e solucei de leve ao reconhecer nossos rotos espremidos um no outro na hora que apertei o flash. Esfreguei os olhos e dobrei a foto novamente, colocando-a de volta no medalhão e o coloquei no pescoço.

- Certo. - funguei - Eu vou te salvar. 

[...]

Comprar o celular pré-pago (além de escova de dentes, sabonete e um CD do Kenny Chesney) foi fácil, difícil seria convencer Stevie Rae a ficar na casa de Aphrodite. Ou faze-la acreditar que a garota das visões queria ajudar.

Ao ver o sinal da Philbrook, virei á esquerda e Aphrodite disse:

- Bem, estamos quase chegando. É a quinta casa à direita, não pegue a primeira entrada para a garagem, pegue a segunda.

Nós chegamos e tudo que eu pude fazer foi arfar- É aqui que você mora?

- Morava.

- É uma mansão, caramba!

- Era a porra de uma prisão. Ainda é. - eu ia dizer qualquer coisa profunda sobre ela ser livre agora que fora Marcada e não era menor de idade, mas seu próximo comentário espertinho me fez esquecer o que tinha de positivo na sua vida - E é muito irritante você ser tão purinha que não pode falar palavrão. Dizer "porra" não vai matá-la. Nem vai fazer você perder a virgindade.

- Eu falo palavrão. Eu digo inferno e droga e até merda. Muito - fiz beicinho.

- Não interessa - ela disse, sem disfarçar que estava rindo da minha cara.

- E não tem nada errado em ser virgem. Antes isso do que ser uma biscate.

Aphrodite ainda estava rindo: - Você tem muito o que aprender, Z.

 A segui até a entrada do apartamento dos empregados, na parte de trás da casa, totalmente boba com a riqueza do lugar. De repente me lembrei de algo:

- Stevie Rae não tem mais a mesma aparência de antes.

- É mesmo? Se você não dissesse eu jamais ia me tocar. Tipo, a maioria das pessoas que morrem e ressuscitam transformadas em monstros sugadores de sangue são totalmente normais.

- Estou falando sério.

- Zoey, eu a vi em minhas visões. Ela está podre.

- Pessoalmente é pior.

- Não é surpresa.

- Certo, mas não quero que você diga nada à ela.

- Você se refere á ela estar morta ou a ser podre?

- Nenhuma das duas coisas. Não quero que ela se assuste quando estou torcendo para ela não pular no seu pescoço e cortar sua garganta, seria uma pena manchar todo esse lugar com sangue. Sem falar da nojeira.

- Que amável da sua parte - ela resmungou.

Me virei para sair e disse por cima do ombro:

- Ei, Aphrodite, que tal tentar algo novo? Algo legal.

- E se eu simplesmente não disser nada?

- Também daria certo. - fui até a porta.

- Ei - Aphrodite gritou - Ela pode mesmo cortar minha garganta?

- Com certeza. - eu disse, e fechei a porta.

[...]

Eu sabia que Stevie Rae havia chegado ao gazebo antes de mim. Não a vi, mas senti o cheiro. Eca. Sério, eca mesmo. Eu torcia para que um banho pudesse dar um jeito naquilo, mas não podia pedir muito, afinal, ela estava morta.

- Stevie Rae, eu sei que você está aqui em alguma parte - chamei. - Saia, eu trouxe suas roupas, um pouco de sangue e o último CD do Kenny Chesney - o último eu acrescentei para chantageá-la abertamente. Ela era louca pelo Chesney. Não, eu também não entendo.

- O sangue! - sibilou uma voz que vinha do mato.

E foi mais de susto do que compreensão que eu joguei uma bolsa de sangue na direção da voz. Stevie Rae agarrou o saco e com os olhos resplandecendo em um horrível tom de vermelho enferrujado, ela saiu aos tropeços para a luz. Rangeu os dentes e rasgou a ponta do saco com os dentes, levantou-o e bebeu tudo de uma vez. Quando terminou e me encarou, seus olhos estavam menos vermelhos.

- O negócio não é bonitinho não, tu num acha?

Sorri e fiz de tudo para ignorar o quanto na verdade eu estava horrorizada:- Bem, minha avó sempre diz que boa gramática e bons modos tornam tudo mais agradável, de modo que talvez você possa corrigir o "tu num acha" e tentar pedir "por favor" da próxima vez.

- Preciso de mais sangue.

- Trouxe mais quatro sacos, estão na geladeira do lugar que você vai ficar.

- Do que você está falando? Só me dê as roupas e o sangue.

Respirei fundo.

- Isso tem que acabar, Stevie Rae. 

É assim que as coisas são comigo agora. Isso não vai mudar. Eu não vou mudar.- ela apontou para o traçado de lua crescente na própria testa - Esta Marca nunca vai ser preenchida e eu estou morta para sempre.

Olhei para o traçado em sua testa, estava apagando? Achei que estava bem mais claro, ou no minimo menos definido, o que não podia ser bom. Isso me abalou.

- Acho que você está mudada, não no mesmo sentido que eu. Você fez um tipo diferente de transformação, mais difícil, mas nem tudo está perdido. Você vai ficar bem. Será que você poderia me fazer o favor de me deixar ajudá-la? Não pode ao menos tentar acreditar que no final vai dar tudo certo?

- Eu não sei como você pode ter tanta certeza disso - ela disse.

- Eu tenho certeza pois estou convicta de que Nyx ainda ama você e tem alguma razão para deixar isso acontecer.

Um brilho de esperança brilhou em seus olhos - Você acha mesmo que Nyx não me abandonou?

- Nyx não a abandonou e eu não a abandonei. Vamos, o lugar que encontrei é aqui perto.

 



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