1. Spirit Fanfics >
  2. Cicatrizes >
  3. As Primeiras Peças do Quebra-Cabeça

História Cicatrizes - As Primeiras Peças do Quebra-Cabeça


Escrita por: Apolinds

Notas do Autor


Quem é vivo sempre aparece e olha quem chegooou.
Eu sei, eu sei, não deveria nem ter vergonha na cara de aparecer por aqui, especialmente depois de tanto tempo afastada. Os motivos óbvios pela minha falta de postagem foi meu pc pifado que foi arrumado mas voltou a quebrar, daí é realmente impossível escrever, embora não seja desculpa, pois minha irmã sempre me dá oportunidades para estar escrevendo no pc dela. O problema é que eu não estava conseguindo realmente escrever. Eu finalmente consegui escrever algo que preste, mas o capítulo ficou longo depois, então dividi em duas partes. A primeira é essa (que cara, tá muito foda, 2bjx) e a segunda vou postar quando tiver tempo.
Eu super espero que vocês gostem e peço que me desculpem por demorar, eu disse quinhentas vezes, mas não faz mal dizer mais uma vez: eu NÃO vou abandonar. Essa fanfic é meu bebê e de jeito nenhum vou deixá-la sem final. Por isso respirem. Pode demorar 2 anos, mas vou acabar ela.
Vamos a leitura.
VÃO PRAS NOTAS FINAIS. TENHO COISAS PRA FALAR LÁ.

Capítulo 17 - As Primeiras Peças do Quebra-Cabeça


— Você não os matou, não é? — ela perguntou tensa.

— É claro que não! — disse Henry ofendido — Qual a parte de estarmos em um hospital você não entendeu?

— Não faça essa cara de indignação. Estou indo pela lógica aqui e a lógica diz que você iria arrancar a cabeça deles.

— Se você quer mesmo saber, vontade não me faltou — resmungou ele.

— Ah é? E por que não os matou?

— Muitas testemunhas — desdenhou Henry — E eu não queria sujar meu terno.

Ela o olhou. Seu modo defensivo acionou todas as alas de alerta em sua mente. Havia algo que Henry não estava contando e ela não estava certa se queria ou não saber.

— Seja claro, Henry. Quais eram os vampiros que estavam lá? — perguntou calmamente.

— Não eram os mesmos do shopping. Um era loiro com os cabelos lisos, mais ou menos da minha idade. O outro era ruivo, adolescente. Magrelo. — Uma expressão de desagrado moldou suas feições de pedra.

— Olhos dourados? — ela perguntou. Ele assentiu. Ela cerrou os olhos. — Humm... O que esse ruivo fez com você?

— Por que acha que ele fez algo?

— Porque você tem esse olhar de serial killer nos olhos. Você teria matado ele se fosse uma situação mais propícia. Agora, me diga. O que aconteceu que você não está me contando?

— Nada — respondeu Henry automaticamente.

— Henry — suspirou.

Ele grunhiu e apertou os braços em volta dela. Ele parecia um animal enjaulado forçado a fazer algo que não queria. Guiada por instinto, ela amassou com as mãos pequenas os ombros duros, acalmando-o com seu toque. Ele a encarou, a raiva muito clara. Era estranho, mas ela soube exatamente seu estado de espírito e o que fazer para tranquilizá-lo. O contato de seus corpos parecia ser o caminho mais simples.

Henry rosnou.  Ness deixou o próprio rosnado retumbar em seu peito, saindo de seu lado para sentar escarranchada em cima dele. Humor homicida ou não, Henry foi incapaz de deixar as mãos fora dela, uma mão muito masculina pousando em sua espinha por debaixo da camiseta. Ela tremeu, um tremor que nada tinha a ver com medo.

— Converse comigo — sussurrou.

Henry fez careta, desviando o olhar. Ela bufou, puxando seu cabelo e o forçando a encará-la. Um rosnado contrariado borbulhou por seus lábios, um que ela identificou como um aviso silencioso para que ela parasse de testar seu humor. Entendendo e dando pouco crédito para o aviso, ela inclinou-se contra ele e mordeu seu lábio inferior. Forte. Um lembrete que ela não iria se submeter às suas vontades.

Mais um rosnado. Dessa vez com uma cadência mais suave, embora a raiva ainda estivesse lá. Ness ignorou-o e deixou que suas presas alongassem para raspar do queixo ao pescoço. Lembrou-se de repente dele mordendo o lóbulo de sua orelha e um sorriso sonhador encheu seus lábios antes dela fazer a mesma coisa que Henry fizera.

— Nessie... — sibilou Henry, agarrando-a pela nuca. Ele a puxou para longe, uma demonstração de força que a teria aborrecido se não estivesse distraída. Ela estava totalmente focada em tirar Henry daquele humor negro e se fosse uns amassos que traria o Henry que ela conhecia de volta, então ela faria.

Ele esmagou a boca na dela, fazendo-a arfar em excitação. Ergueu as mãos para tocá-lo no rosto e o beijou, tomando seus grunhidos para ela. O veneno queimou ligeiramente sua língua, um ardor desconfortável que ia desaparecendo à medida que ocorria a cicatrização acelerada.

Suas mãos deslizaram por seu peito, as pontas dos dedos encontrando os botões da camisa social. Imagens sedutoras dela desabotoando a camisa coloriu cada uma de suas vias psíquicas, o desejo de tocar a pele dura sem pedaços de panos como barreira transformando seu corpo em calor líquido.

Nessie estremeceu quando Henry a varreu com sua língua. Ela o arranhou em resposta, suas unhas maltratando o tecido fino. Henry mudou a mão, fixando-a inesperadamente na parte debaixo de sua coxa, próxima, muito próxima de uma nádega. Ela gemeu longamente, o corpo alongando, procurando o delicioso toque gélido.

De repente o quarto pareceu quente demais, o corpo de Nessie estava quente demais. Havia partes de sua anatomia que reagiam a Henry de uma maneira que não estava acostumada. Ela sentia seus seios dolorosamente pesados, os mamilos tão rígidos que roçavam contra o tecido da blusa da maneira errada. E o seu núcleo... Ness não tinha ideia que aquele tipo de dor poderia ser tão irritante.

Suas presas cresceram, picando o lábio inferior. Ela puxou para longe da boca de Henry e pressionou os lábios na clavícula fria, chupando e mordendo. Uma vibração contra ela a fez gemer pela sensação. Henry ronronava deliciosamente, suas mãos grandes agarrando cada lado de seu traseiro, fazendo-a ver estrelas. Ela derreteu, murmurando sons desconexos quando Henry passou a acariciar sua carne.

De alguma maneira suas mãos pararam dentro da camisa de Henry, tocando a pele que era gélida, mas que de alguma forma queimava contra suas palmas. Um grunhido rolou pelo seu tórax em apreço que Henry engoliu com sua boca ao enredar a língua na sua. Sem pensar, Nessie enroscou as unhas no tecido da camiseta e com um prático movimento rasgou-a. Henry parou de beijá-la, algo que ela sinceramente amaldiçoou, e olhou-a com intensos olhos negros.

— O que você está fazendo? — perguntou ele com uma voz profunda.

Ela beijou tentadoramente próxima a sua nuca, destruindo mais e mais a camisa.

— Abrindo caminho — ela murmurou. Seu tom era rouco, um sussurro sem fôlego enquanto permanecia focada em livrar-se daquele pedaço insignificante de pano.

— Hmm... Eu deveria ficar preocupado em tê-la tirando minha virtude? — Henry questionou, seu tom brincalhão, mas com um pequeno traço duro. Suas mãos ainda estavam coladas em sua bunda e Nessie remexeu-se suavemente de encontro a elas. Henry a parou no lugar, os dedos cavando na parte inferior de suas nádegas.

— Desde quando você tem uma... Como foi mesmo que disse? — Ela sorriu zombeteira. — Ah... Virtude.

— Eu fiz um voto de castidade — gemeu Henry quando ela arrancou os retalhos para fora dele. — Não posso quebrar o voto.

— Diz o homem que está com as mãos em minha bunda — ela disse. Ela se afastou apenas alguns milímetros, levando as mãos para frente e quebrando cada um dos botões negros. Ela fitou-o com os olhos ampliados. — E o que é isso o que estou sentindo debaixo de mim? — Ela se mexeu em seu colo, seu traseiro pousando diretamente em sua grossa ereção. Henry sussurrou um palavrão e ela mordeu o lábio para conter o ruído selvagem que crescia em seu peito.

— Cristo, mulher. Pare com isso! — Henry rosnou, cessando seus movimentos. Nessie deixou escapar um choramingo, certa de que iria morrer pelo pulsar entre suas pernas.

— Não corte minha diversão, Henry — balbuciou ela, mãos encontrando pele masculina.  — Meu corpo dói e tocá-lo... Tocá-lo me dá prazer. — Sua visão caiu para analisar o dourado-pálido de sua pele recém-descoberta.

 Nessie não se lembrava de ter visto Henry sem camisa. Ela sentiu seu QI caindo perto de zero quando esticou a mão para tocar cada cume duro e linha rígida de seu abdômen. O impulso que bateu nela naquele momento era tão forte que Nessie sabia que estava tremendo. Ela queria mais do que tocar. Ela queria beijar, lamber, chupar... Eram os pensamentos mais pecaminosos que ela já tivera em vida. E o curioso era que não era nada relacionado à morte. Ness não estava nem ai para as preocupações. Tudo o que interessava era tirar sua camiseta e amassar seus seios no tórax de Henry e enrolar as pernas em seus quadris.

Henry estava em dúvida se aquilo era o inferno ou o paraíso. O cheiro da excitação de Nessie queimava em suas narinas, forte e picante, um perfume deliciosamente sedutor que o deixava em ponto de bala. E agora lá estava ele afundado nos pensamentos que ela enviava inconscientemente, imagens detalhadas e nítidas que Henry tinha certeza que Nessie não percebia estar transmitindo.  Ele estava sem fôlego — embora fosse fisicamente impossível — quando uma visão de Nessie deslizando por ele nua encheu sua mente com uma onda vermelha de luxúria.

Merda.

— Chega — falou, girando-a na cama num segundo e estando longe no outro. Nessie chiou quando pousou deitada entre os travesseiros.

— O que foi... Isso? — ela perguntou, sentando-se e afastando o cabelo ruivo do rosto.

— Isso é o que acontece quando você me tenta ao ponto de me fazer querer jogá-la no chão e tomá-la como um animal — rosnou, apoiando-se na porta do banheiro.

Os olhos de Nessie o perfuraram, o rubor brilhante em suas bochechas falando mais sobre seu poder feminino do que timidez. Mesmo enquanto Henry tentava controlar o corpo para não avançar, sua mente listava todos os jeitos de manter a pele de Nessie naquele lindo rosado. 

 — Seria ruim? — perguntou ela, ajoelhando-se no colchão. — Tomar-me como um selvagem?

Henry fechou os olhos. — Você não pode estar me fazendo uma pergunta dessas.

— Eu não sou boba, Henry. Posso ser virgem, posso ter um corpo jovem demais para você, posso não ter a idade que gostaria, mas minha mente, minhas vontades, meus desejos... — ela suspirou.  — Não existe uma parte em mim que não te deseje.

— Oh, eu sei exatamente o quanto você me deseja — disse, abrindo os olhos. — Seus pensamentos são muito interessantes, Nessie.

Vermelho coloriu ainda mais Nessie e ele viu um flash de mortificação nos orbes marrons antes que ela endireitasse os ombros e o fitasse diretamente como sempre fazia.

— Se sabe, então entende que não me preocupo com nada.  — Passou um cacho para trás da orelha. — Não tenho nenhum conhecimento quando se trata do relacionamento entre macho e fêmea. Eu sou boa em armas, lutas marciais e assassinatos e nada do que me foi ensinado se encaixa nesta situação. Não sei o que fazer para agradá-lo, não sei onde tocá-lo. Meus instintos são tudo o que me guiam, Henry. Eu não tive anos para refinar meus dotes como você.

Henry sabia que Nessie deveria estar dando tudo de si para se expressar, algo que normalmente ela não fazia. Ness odiava falar de si mesma, do que rondava seus pensamentos, e ela estar tentando abrir-se o deixou lisonjeado.

— Seu toque me encanta — disse por fim. — Mas ao mesmo tempo tira-me todo o controle. Tudo o que quero é pressioná-la debaixo de mim e me afundar em você. Você me excita como ninguém fez e não, não seria ruim tê-la contra o chão, porém não é assim que desejo que nossa primeira vez ocorra.

Um brilho sádico iluminou os olhos de Nessie e ela se debruçou, apoiando os cotovelos na cama e a cabeça nas mãos.

— Você é um romântico — ela disse, deleitada. — Você gosta de bombons e jantares a luz de velas, não é?

Uma estranha sensação picou as bochechas de Henry. Ele imaginou que se fosse humano estaria corado e isso o irritou um pouco. Como aquele pedaço de vampiro podia causar essa reação nele?

— Ser romântico seria ruim para você? — ele perguntou, empurrando o embaraço para longe.

Nessie bateu as longas pestanas.

— Nem um pouco. Só não me passou pela cabeça que você faria o do tipo. Você irá me cortejar, Henry? — ela sorriu.

Henry cerrou os olhos, incerto de como agir.

— Se eu a cortejasse, você se oporia?

— Mas esse é o intuito, não é? Independente de eu querer ou não, sua obrigação é me convencer de suas intensões.  — Olhos cheios de riso, uma pitada de maldade no fundo do marrom.

— Hum... Então tudo bem se eu levá-la para dançar? — ele perguntou despreocupadamente. Ele se divertiu quando a expressão de Nessie se fechou.

— Eu não danço — disparou em um tom que não haveria nenhum debate sobre o assunto.

— Posso ensiná-la.

Ela balançou a cabeça rapidamente — Não.

— Sim — cantarolou Henry.

— Henry... — ameaçou Nessie. Ele arreganhou os dentes em um sorriso selvagem.

— Pense como será dançarmos juntos. Sou um ótimo dançarino.

Uma repentina explosão de excitação afogou seus sentidos. As presas de Henry alongaram em resposta, assim como outra parte da anatomia dele. Endurecendo, inchando. Ele encontrou o olhar de Nessie e pelo cerrar de seus olhos e o morder continuo do lábio inferior, sua imaginação deveria estar rolando solta.

O olhar dela desceu e focou em suas calças. Seu membro estremeceu como se soubesse que era o foco. Nessie sorriu, um sorriso perigoso que não se encaixava no rosto jovem.

— Ensine-me a dançar, Henry — pediu ela, a voz cantante.

Deuses me ajudem, pensou rangendo os dentes.

— Eu não posso imaginar o que está passando em sua cabeça, mas é bom que pare. Pelo menos se quiser permanecer virgem!

— Mas eu não quero! 

— Nessie! — ele rugiu. Nessie gargalhou, largando-se na cama. Ela virou, deitando de barriga para cima enquanto o corpo sacudia em risos.

Encantado e frustrado em medidas iguais, Henry não pôde deixar de se apaixonar um pouquinho mais com a visão de Nessie rindo despreocupadamente. Era certo que ele se apaixonara pelo modo mal-humorado de Ness, mas ele admitiu que não existia nada mais bonito do que vê-la de pijama, deliciosamente solta no meio de uma king-size com o cabelo emaranhado pelo sono e os lábios inchados por seus beijos. Se uma Nessie irritada o divertia em medidas desproporcionais, vê-la feliz quase trazia seu coração morto de volta à vida.

Deus, ele a amava.

Nessie soltou um pequeno ofegar de sobressalto quando de repente ele apareceu em cima dela, beijando-a até retirar seu fôlego. Não demorou nem um segundo para que ela enlaçasse seu pescoço e o puxasse para si. Ele sugou sua língua e gemeu quando ela repetiu o gesto, acrescentando as unhas em torno de seu tórax despido. Ele a esmagou na cama, sentindo os pequenos mamilos enrijecidos se apertar contra seu peito.

— Faz novecentos e noventa e um anos que não ponho a mão em uma mulher — ele falou ao permiti-la respirar. — A coisa da castidade não é uma brincadeira. Eu não estive com ninguém depois que fui transformado.

— Sério? — perguntou Nessie surpresa. Seus lábios estavam úmidos e vermelhos, uma adorável distração — Por quê?

Encolheu os ombros. — Não havia razão para tal coisa. Não é como se eu tivesse convivido com outros vampiros para saber o que me atraí. Depois que virei vampiro, humanas me pareceram frágeis demais e não me senti a fim de testar, especialmente porque sabia que minha pele seria o primeiro empecilho na hora do sexo.

— Eu gosto — murmurou Ness. Sua mão acariciou-o do pescoço à linha de sua calça.

— Eu gosto da sua temperatura também. — O calor dela era delicioso, uma lembrança vivida de sua humanidade. Ele amava o corpo quente de Nessie, do continuo bater de seu coração, do sangue correndo nas veias. — Você me tenta. Me tenta mais que qualquer fêmea que um dia já fui intimo. E por ter se passado tanto tempo não acredito que possa ser delicado. Não agora.

Nessie suspirou. — Não estou pedindo delicadeza. Estou pedindo você. Sem restrições, sem pessimismo.

— Você é maravilhosa, sabia? — ele falou, beijando delicadamente a ponta de seu nariz.

Ela corou.  — Pare de ser um galanteador. Já que não iremos fazer nada de interessante, termine logo de contar o que aconteceu no hospital.

Henry gemeu. — Ah, não!

Nessie puxou seu cabelo. — Sim. — Enlaçou as pernas em seus quadris.  — Diga-me o que o vampiro ruivo te fez.

— Nem eu sei o que ele fez com certeza. Só sei que ele me reconheceu. Como se já tivesse me visto.

— Talvez tenha. Não é como se você soubesse o que se passa na cidade.

— Eu teria sabido de um clã de olhos dourados na cidade. Helena e eu sempre nos certificamos de não haver muitos nômades por aqui. Já não me basta o bando de vampiros que o mestre colocou atrás de você, agora há um clã estranho e desconhecido que também parece ter interesse em você. Com esses dois já são cinco, Nessie. Cinco e não sabemos o que eles querem.

— Na verdade... Eu acredito que existam mais — murmurou Ness, desviando os olhos.

Henry enrijeceu, olhando para o lábio inferior que a híbrida mordiscava nervosamente.

— E você sabe isso por...? — a pergunta ficou no ar, o aço revestindo sua voz deixando esclarecido que ele não estava satisfeito com o repentino rumo da conversa.

— Depois da nossa... Humm... Conversa... Na floresta — ela corou — eu acabei indo perambular na cidade. Escalei o telhado do teatro municipal e fiquei ouvindo a orquestra. No final dela eu senti o cheiro de vampiros lá e meio que os segui depois que o concerto acabou.

— Você está me dizendo que eu passei quase vinte e quatro horas pensando que tinha partido e que nunca mais voltaria enquanto você estava se intrometendo em um concerto? — sua voz ergueu duas oitavas.

Ness fez careta, os pequenos dedos espalhando-se em sua barriga. Os músculos se contraíram ao toque e ele teve que lutar para não ser distraído pela maldita mestiça.

— Quer saber? Acho que você tinha razão. Muito melhor nós nos beijarmos do que discutirmos — As mãos femininas subiram para seu pescoço.

— Pare de me tentar com suas mãozinhas quentes e convidativas. Você queria conversar e agora nós vamos. — Ele agarrou os braços magros e os abaixou — Que história é essa de ir atrás de vampiros?

— Ugh! Eu fiquei curiosa, tá bom. Eu reconheci o cheiro do dia em que fomos para a floresta e encontramos o Tohr, lembra-se?

— Se eu me lembro de você bancando a estúpida? Sim, claro.  Ai — ele se encolheu quando Nessie o acertou com um soco.

Ela o olhou irritada.

— É sério. O perfume era idêntico ao da floresta. Era um macho e uma fêmea. O cheiro bateu com o do macho. E a fêmea... — os olhos vaguearam — Eu há vi uns meses atrás.

— O quê? Nessie, o que mais você não está me contando? — Henry estava furioso. Odiava saber que ela estava escondendo coisas dele.

— Nas vezes em que Helena e eu saímos para fazer compras eu acabei voltando ao shopping onde Aimée e Matthew nos encontrou. Nas três vezes em que eu fui eles estavam lá. Na primeira a pequena vampira e o vampiro soldado estava junto. Na segunda ela veio sozinha. Na terceira ela trouxe outra fêmea, a fêmea do teatro. — Nessie suspirou tristemente. — Quando a vi senti que precisava falar com ela. Estava prestes a atravessar o mar de pessoas quando a aparição de Matth me pegou desprevenida.

— Ele a viu? — Horror preencheu Henry.

— É claro. Eu não sabia se ele estava sozinho ou não. Só sei que não podia arriscar. Voltei para perto de Helena e fingi que estava tudo bem.  — Seus olhos se cerraram um milímetro. — Ela não sabe de nada. Não vá brigar com ela.

Ela o conhecia bem. Henry já estava pensando em uma forma de arrancar a pele da irmã e fazer de tapete por permitir que Ness se arriscasse daquela forma. Mas o olhar afiado de sua fêmea o assegurou que se ele tentasse culpar Helena por isso ele não iria cair em seus agrados nem tão cedo.

— Por que você tem tanta certeza que eles são bons? — perguntou — E não me diga que não o faz porque sei que sim. Você não iria atrás de vampiros que mal conhece se não houvesse um bom motivo para tal.

— Eu não sei — murmurou Ness. — Não sei o que há de errado comigo. É uma sensação. Uma parte de mim que está tentando me mostrar algo que não sei o que é. — Ela fez um barulho frustrado. — Queria tanto lembrar.

Henry suspirou. Um tempo atrás ele teria dito palavras de incentivo e conforto que a tranquilizariam e a faria se esquecer de seus medos. Agora tudo o que ele desejava era esconder Nessie e impedir que os misteriosos vampiros de olhos amarelos chegassem perto dela. E tudo isso porque Henry também tinha uma sensação. Todo seu corpo gritava “PERIGO” em grandes letras pintadas de neon. Ele não queria Nessie perto deles. De jeito nenhum. Ele queria enrolá-la em algodão e guardá-la de olhos gananciosos.

De repente ele compreendeu porque se sentira tão irritado com o magrelo do hospital. Olhou para o rosto aflito de Nessie e suprimiu uma careta com os pensamentos que surgiram em sua mente. Analisou os traços finos e pálidos, as mordidas quase apagadas brilhando de forma tênue. Inconscientemente fez comparações, buscando por familiaridade. Os olhos de Nessie naquele instante era de um bonito marrom quente que o fazia se lembrar do seu lar na Romênia. Toda vez que a olhava ele se recordava da terra que ele tanto amou, das florestas onde ele correu livre e feliz.

Ele olhou para os fios castanhos arruivados de sua hibrida. Eles eram difíceis, enrolados de uma forma selvagem que só uma escova de ferro poderia domar. De um ruivo profundo que não era marrom, mas também não completamente vermelho. Era a junção das duas cores que o fazia parecer quase irreal. Uma cor que refletia a cor dos cabelos daquele vampiro.

E aos poucos ele foi encontrando mais referências físicas. Como o contorno do maxilar, o corpo magro, as mãos esguias... Sim, se Henry estivesse certo então ser vampiro não era a única coisa que Nessie compartilhava com o vampiro do hospital. Não mesmo.

A língua de Ness coçava para questionar Henry quando o silêncio perdurou por mais alguns minutos. O calor sexual que ela vira em seus olhos dez minutos antes tinha diminuído ao ponto de que eles eram vermelhos mais uma vez e não um bordô escuro que se passaria facilmente por preto. Ainda assim, o olhar de Henry era de alguém que refletia profundamente e estava muito próximo de fazer uma grande descoberta, uma que estava bem clara que não o agradava.

Ele a segurava fortemente contra a cama, uma mão pesada passando lentamente por sua coxa, subindo e descendo em um carinho inconsciente. Ela aproveitou isso, aproveitou do toque que parecia tranquilizá-lo e ela própria se deixou acariciá-lo, as mãos se enchendo com os ombros largos.

O sorriso de Henry fez seu coração acelerar. Ela entendia que a mente dele estava cheia de pensamentos, como também entendia que mesmo preocupado ele ainda conseguia vê-la. Ele a via, a sentia e amava. Do mesmo jeito que ela o via, sentia e o amava.

Porque era sincero e por ser sincero era o sentimento mais puro que Nessie já conheceu.

E ela compreendia que seu irritante companheiro estava para subir pelas paredes com o que poderia acontecer daqui para frente.

— Dominic — sussurrou, segurando seu rosto com as mãos — Olhe para mim.

Os olhos de Henry se ampliaram, surpreendidos, acompanhados de uma nova emoção que Ness não soube identificar. Ele pareceu estranhamente jovem assim.

— Você me chamou de Dominic — murmurou sufocado.

Ness sorriu, um pequeno sorriso que era gentil e conhecedor.

— Esse é o seu nome, não é? O nome que seus pais lhe deram... Eu acho que chamar-lhe por seu nome de batismo fará com que o que eu diga entre em sua mente de forma mais... Fácil.

— Faz muito tempo que não escuto meu nome em um momento tão... — A voz de Henry se perdeu.

— Simples — Nessie completou por ele. — Eu posso compreender a sensação. Não sei se poderia ouvir um dia meu nome verdadeiro e não estranhar.

— Vanessa combina com você — sorriu Henry.

— Bem, eu gosto de Dominic — ela sorriu de volta.  — Me faz imaginá-lo vestido com roupas dos séculos passados empunhando uma espada em cima de um garanhão.

Henry riu.

— Eu realmente tive um cavalo. Seu nome era Miezul Nopții.

— O que isso significa? — Nessie perguntou curiosa.

— É romeno para Midnight*. Ele era um dos melhores cavalos do clã. — Um sorriso saudoso — Nós ganhávamos a maioria das corridas.

— Como ele era?

— Seu pelo e olhos eram negros, o corpo era forte e musculoso, capaz de cavalgar por horas. Ele também era muito vaidoso e exigente. Gostava de ser escovado todas as manhãs e comer maçãs frescas logo após uma refeição de feno e capim. — Uma luz brincalhona brilhou em seus olhos — Eu costumava trançar sua crina assim como minha mãe ensinou. Helena adorava por penas de enfeite nele. Miezul Nopții detestava.

— Você sabe fazer tranças? — A ideia divertia Nessie.

— Meus cabelos eram longos. Tão grande quanto o seu. Precisei aprender a controlá-los. Atrapalhava durante o treinamento e dificultava na hora de usar a espada.  Minha mãe costumava pedir que eu escovasse seu cabelo antes de dormir. Nessas noites ela se sentava em uma cadeira de costas para mim e me perguntava sobre meu dia enquanto eu trançava seu cabelo. Isso sempre acontecia quando eu passava muito tempo fora de casa em alguma caçada com meu pai e os sentinelas.

Ness tentou imaginar a cena que Henry descrevia. Sem dúvidas a mulher que havia lhe dado à luz deveria ter tido uma personalidade única.

— Eu jamais teria imaginado algo assim, confesso. E eu realmente não consigo imaginá-lo com cabelos longos — ela disse, beijando-o suavemente nos lábios. — Como era o mesmo o nome da sua mãe?

— Seu nome era Niniane — respondeu Henry, beijando-a de volta com a mesma delicadeza. — E eu acredito que Helena tenha alguma pintura daquela época. Ela amava desenhar mesmo naquele tempo. Ela me forçou a ser seu modelo milhares de vezes.

Nessie olhou-o zombeteira. — Não teria nenhum nu artístico por aí, teria?

Henry a beliscou com as presas em resposta. Ela guinchou ao sentir os dentes afundando em seu lábio inferior.  Uma minúscula gota de sangue brotou.

— Babaca — resmungou, estreitando os olhos.

— Isso é para você parar de ser uma diabinha.  — Henry abaixou o rosto e lambeu a gota de sangue.

— Pare de agir como um grande gato mau. Nós acabamos nos desviarmos do assunto principal.

— Foi você que me chamou de Dominic!

— Isso porque quero sua total atenção.

— Gatinha, mais atenção do que isso é impossível — Piscou um olho.

Ness balançou a cabeça.

— Apenas me escute — ela pediu, impaciente.

Henry mexeu a cabeça e ficou quieto. Ness respirou fundo, tentando buscar as palavras.

— Eu quero que você escute e entenda cada coisa que eu disser agora porque não estou indo repeti-las tão cedo. Então, por favor, preste atenção. — Ela o encarou. — Eu não lembro nada sobre o meu passado. Não sei quem eu fui, que nome me deram ou se sou importante para alguém. Mas eu sei, não me pergunte como, que existe alguma conexão entre os vampiros de olhos dourados e eu. Sei também que seja lá o que o mestre fez comigo, envolve-os de uma maneira muito mais complexa que imaginamos. Porém eu quero que você saiba, Dominic Hunter, Henry Reese, que independente de qual é a minha história e se eu irei lembrar ou não, esse coração que você está ouvindo, um que é mais rápido que de um humano, mais vivo que qualquer coração vampírico... Este coração nesse instante está batendo por sua causa. Lembrar quem eu era não mudará quem eu sou. E agora eu sou Vanessa Reese, uma híbrida desmemoriada que encontrou seu velho, irritante e delicioso companheiro imortal e que não vai, de nenhuma maneira, deixá-lo para trás.

Henry a beijou. Assim que terminou seu patético discurso sua boca domou a sua e a deixou quente por todos os lugares. Ela segurou seu rosto enquanto sentia a agressividade nele ir embora. Ela estava sem fôlego e de lábios doloridos quando ele a libertou.

— Melhor? — Respirou fundo, olhando-o.

Henry a olhou com um meio sorriso, os olhos quentes e cheios de emoção.

— Melhor — ele disse.

Nessie piscou um olho. — Bom. Porque eu não quero que duvide de mim e já que estamos esclarecidos vamos voltar ao assunto principal. Tudo bem?

— Sim — suspirou Henry.

Ness soltou um sorriso e pediu para ele contasse detalhe por detalhe o que acontecera no centro. Henry contou calmamente, falando sobre a sensação de intrusão em seus pensamentos e sobre a dúvida que tinha do vampiro ter pescado algo de sua mente. Admitiu mesmo a contragosto de sua insegurança e em como seus instintos estavam enlouquecendo.

Nessie ouviu tudo atentamente, os olhos não deixando seu rosto nenhuma vez. Ela o tocou com as pequenas mãos em todo o relato, o tranquilizando com sua presença e a silenciosa garantia de que ela não iria partir.

Mesmo se houvesse a possibilidade daqueles vampiros terem uma ligação além da raça.

Meia hora depois, Henry terminou de relatar. O que ele falara enchia sua cabeça e ela tentava encaixar as informações nas lacunas. Aproveitou daquele momento para se banhar e trocar de roupa. Ela se vestiu pensativamente, alguma coisa nas informações que Henry passara cutucando uma parte adormecida dela.

O vampiro do hospital... Tinha alguma coisa nele.

Ela só precisava descobrir.


Notas Finais


VEI, QUEM FOI PRA PARADA LGBT?
Eu fui, fiquei piradona e agora tô cheia de dor. Minha nossa! ds~pihdsp
Segundo, quem aqui gosta de Harry Potter? Estou escrevendo uma fic pós Batalha de Hogwarts com o foco em uma personagem original onde ela é irmã do Harry. Tá bem legalzinha e pretendo postá-la no Nyah!, mas se vocês gostarem da ideia eu posto aqui também. Ainda não tenho a sinopse, mas posto aqui quando fizer pra vocês terem uma ideia.
xoxo;
apol.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...