História Cinco Minutos - Capítulo Único

C I N C O  M I N U T O S

Ao longo dos anos que haviam passado, Grace encarava o vazio com um copo de Whisky em sua mão, mas o gosto era amargo ou então era ruim. Mas também quem disse, que beber aquela bebida no meio do cemitério e dentro de um jazigo era algo saudável.

Mas ela sentia-se no mínimo, em paz naquele local. O que em si, era algo estranho em alguém ainda tão novo, ela não tinha mais de trinta e cinco anos.

Ela estava incrivelmente amarrada ao passado, simplesmente não conseguia avançar, quando tinha o seu coração ali enterrado, com quem ela amava.

Antoine…

Com um mexer de sua mão, abrira o caixão que o cobria e onde á anos atrás, Luna e Grace a haviam convencido a deixá-lo descansar, até ao dia que acordasse ou…poderia nunca acordar. Essa possibilidade a deixava estarrecida e coberta de medo, ela desejava mais do que tudo revê-lo um dia, que ele levantasse e falasse com ela, a beija-se e dissesse que não iria embora .

Esses sonhos eram a esperança da loira, que sentia minguar cada vez que abria aquele caixão ao longo dos anos, vendo-o daquele jeito, inerte, lívido e tão longe dela.

Seu rosto já se encontrava molhado, ao notar os traços tão característicos dele, aquele terno preto sem gravata, com seu cabelo ruivo esticado para trás, belo era a palavra que o definia, desde a óbvia beleza até ao sacrifício que ele havia feito por ela.

Tocara a fronte dele, e novamente se torturava ao adentrar a mente dele.

“_Novamente por aqui, Grace…- Ela voltara seu olhar para ele, ali estava ele como sempre e numa paisagem particular, a cidade onde ela havia crescido a muitos anos atrás, com o parque com um jardim coberto de magnólias e balanços de criança, tudo como ela recordava, ele caminhava na direcção dela.- Interessante, esse local…onde nos conhecemos…

—Gosto imenso…Antoine…sinto tanto sua falta…

—Grace…- Ele rodeara sua cintura, aproximando-a dele, alisando os longos cabelos que ela agora tinha e ele denotava que os anos haviam passado por ela.- Eu não sei …

Ela colocara sua delicada mão sob os lábios dele, contendo o choro que ameaçava sair.

—Por favor, não continue…

Antoine olhara a sua bela mulher, e rodeara como num passo de valsa, encostando suas costas no seu peito, dedicara-se a falar-lhe ao ouvido.

—Tudo bem, mas não devia perder sua vida aqui…

—Aqui é onde, eu ganho vida…eu te amo tanto…

Ele sorrira e tomara-lhe os lábios, dando-lhe um beijo tão necessário e querido.

—E eu te amo, Grace…mas esta na hora de voltar…

—Porque?

Mas ele adiara responder, uns cinco minutos, voltando a gira-la e dançando uma valsa com ela naquele cenário tao conhecido deles.

—Terá exactamente cinco minutos, Grace para sentir minha falta…quero que chore, esperneie…-E a cada palavra, mais um giro voltando a endireita-la, ficara com o olhar direto bem nos olhos dela.- mas após esse cinco minutos, quero que viva mesmo que sem mim ali…e se eu voltar a acordar…oh, meu amor…terá permissão para perder o resto da vida comigo…

Grace chorava e ria ao mesmo tempo, beijara-o após o que ele dizera e lentamente, ele afastara-se, o cenário estava sumindo e ela estava voltando, mas ela não estava desejando voltar, algo estava interferindo, ao que Antoine ficara sério.

—Volte… “

E ela voltara, com os olhos rasos de água, sem entender que acontecera, simplesmente sentia o corpo dorido e estava deitada no chão do jazigo. Mas não sozinha…

—Isolada aqui, mana? Calma…

—Hope…que…aconteceu?

—Não sei do que você esta falando…que está fazendo, aqui minha irmã?

Ela rodara o corpo, dando de caras com sua irmã mais velha, Hope que reparara que tinha vindo sozinha, dera um fraco sorriso, sem muita animação.

—Bem…hoje...é..complicado…

—Eu sei …

E Grace notara que ela sabia, olhara para baixo dando de caras com o caixão em particular que lhe agoniava desde á muitos anos. Ela não queria entrar em pânico, pensando no que poderia ter acontecido, ele estava ainda respirando e igual por fora.

—Como está o papai ?

Era um assunto seguro e faria não pensar.

—Ainda igual, de mau humor…sabe que desde que briga com miss Caroline, mas isso desde sempre, ele sempre fica de mau humor, pobre é de meu filho que não aguenta o mau humor do avô…se refugia com o Carter, já que o meu filhote mais velho está na faculdade…- Hope suspirara tristemente, Grace sabia que ela sentia a falta do filho perto dela- E bem, brincando com os legos dele…ele tem uma paciência…o Carter…

Grace mantivera um acintoso sorriso, somente olhando enquanto sua irmã relatava o seu dia, sem notar o clima mórbido que ali encontravam-se ou fingia não reconhecer, mas ela era grata por sua irmã existir e estar ali para distrai-la.

Mas um barulho característico de algo remexendo, fizeram-nas olhar para baixo, dando de caras, com uma mão tão dela conhecida, desviara a mortalha e respirando bem fundo, e com seus olhos azuis característicos abrindo para a vida, Antoine olhava para as duas, mas o olhar cúmplice que ele lançava a Hope fazia ter na ideia que a irmã tinha algo a ver com aquilo.

Mas ela naquele momento, não estava atenta isso, seu olhar estava todo sob ele, que sorrira para ela.

—Demorei?

—Mais de cinco minutos, viu?

Antoine rira, girando com a sua loira no ar e tudo parecera incrivelmente certo, tomando seus lábios.

E Grace não soubera explicar como o seu coração rejubilava e finalmente, tudo estava no eixo e em paz consigo mesma e seu coração.