História Cinderela Pop (Percabeth) - Capítulo 27

Eu não precisava ter tido pressa. Assim que chegamos, minha tia, que estava nos esperando na porta, disse que a banda só começaria a tocar à meia-noite, e antes disso um DJ, que inclusive era da equipe do  namorado dela, estava animando a festa.

- O Tristan está lá com ele, verificando uns equipamentos - ela disse, me cumprimentando.- E aqui está o seu disfarce.

Em seguida ela foi abraçar a minha mãe, e as duas começaram a conversar sobre as novidades. Antes de entrar na festa, ainda ouvi a minha mãe dizer que tinha voltado definitivamente, e eu não podia imaginar felicidade maior! Quero dizer, podia...

Fiquei olhando para aquela máscara nas minhas mãos, meio emocionada por tudo que ela me lembrava. Ou melhor, por de quem ela me lembrava. Então a coloquei no rosto, respirei fundo e entrei.

Fui andando, tentando encontrar a Thalia,e sem querer passei pela cabine de DJ. O Tristan estava mesmo lá e resolvi cumprimentá-lo.

- DJ Cinderela!- ele disse, sorrindo, assim que me viu.- Você está ainda mais bonita hoje! Acho que não vai gostar do que vou dizer, mas cores claras caem muito bem em você! Melhor que preto!

Dei um abraço nele, olhei para as picapes e de repente me senti meio triste. Eu sentia tanta falta daquilo! Daria tudo para estar no lugar daquele DJ!

- Com saudade de colocar todo mundo pra dança?- ele perguntou, acompanhando o meu olhar.

Apenas confirmei com a cabeça e dei um suspiro. O Tristan então se virou para o DJ que tinha contratado e eles ficaram um tempinho conversando. Um pouco depois ele se voltou para mim, sorriu e disse:

- Toma.

Fiquei olhando sem entender. Ele estava me estendendo o fone de ouvido que o DJ usava para fazer as mixagens.

- Não quer matar a saudade?- Ele franziu as sobrancelhas.- Pensei que você ia gostar de fazer isso até a hora de o show começar. Só faltavam vinte minutos. Mas, se você não quiser, posso assumir. Dei folga para o meu amigo.

Dei um abraço tão apertado nele que quase quebrei o fone, que ficou entre nós.  Explicei onde a minha tia e minha mãe estavam, ele agradeceu e, quando já estava indo na direção que eu tinha indicado, voltou e disse: 

- Annabeth, tem outra coisa... não sei se sua tia te contou, mas estou abrindo um bar.  Vou continuar com a empresa de sonorização, mas esse era um sonho antigo meu, ter um lugar onde as pessoas possam ir para conversar, mas também dançar...

Com toda a confusão das últimas semanas, eu mal havia conversado com a tia Afrodite. Por isso fiquei surpresa, mas também feliz por saber que ele estava realizando um sonho.

- Nesse bar, em um dia de semana, vou fazer uma espécie de matiné...- ele continuou.- Quero que seja especialmente para pessoas da sua faixa etária, que estão nessa fase do final do ensino médio e início da faculdade... Quando eu estava nessa idade sentia falará de algo assim... Todos os agitos sempre eram para pessoas mais novas ou mais velhas. Bem, mas o fato é que eu acho que ninguém melhor que você para animar essa galera. Não sei como vai ser agora que sua mãe voltou, mas queria desde já te fazer esse convite. Se quiser dar uma de DJ Cinderela durando um dia da semana, ou até mesmo esporadicamente, a vaga é sua.

Fiquei tão feliz que até o abracei! Eu não sabia que rumo a minha vida iria tomar, mas agradeci o convite e prometi que faria o possível para aceitar.

Ele então foi se encontrar com a minha tia, e eu fiquei sozinha com a aparelhagem.

O meu coração até acelerou quando coloquei a primeira música e vi algumas pessoas correrem para a pista de dança. Deixei que o ritmo me envolvesse e mixei como havia muito não fazia. Eu realmente não sabia o que ia acontecer dali para frente, ou quando poderia fazer aquilo de novo, por isso aproveitei cada minuto.

Enquanto o som rolava, dei uma olhada na set list que o DJ tinha preparado e de repente vi uma música que, se eu pudesse escolher apenas uma para colocar, seria aquela. Não perdi tempo.

Em pouco segundo, You Get What You Give ecoou pelo salão. Vi que as pessoas gostaram e fiquei pensando se, do camarim, daria para ouvi-la. O Perseu já devia estar lá, pois em 15 minutos o show dele começaria...

Eu ainda estava pensando nisso quando ouvi uma voz atrás de mim.

- Você realmente gosta dessa música do New Radicals.

Senti meu corpo inteiro congelar. Aquela voz. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Virei devagar e lá estava ele. Com a máscara igual a minha, mas com a boca virada para baixo. Foi como se eu estivesse tendo um déjà-vu.

- Gosto - consegui responder.- Ela me lembra de alguém... de quem eu gosto de lembrar.