História Cinderelo - Oficializando

Baekhyun acordou sentindo uma pequena dor em seu braço que viu ser da agulha do soro. Viu que mais uma vez estava no hospital. As lembranças do acontecimento  vieram em sua mente, o fazendo ter dois sentimentos: confusão e vazio. Ao abrir seus olhos viu Chanyeol sentado no banco ao lado de sua cama com a mão segurando sua cabeça baixa. 

— Você acordou? — Chanyeol viu o corpo se mexer pela visão lateral e viu Baekhyun erguer o corpo lentamente. — Eu vou chamar o médico. 

Assim que Chanyeol levantou, Baekhyun mais uma vez perguntou a confusão que estava tendo em seu coração. Nunca imaginou que uma atitude de lhe ajudar partiria de Chanyeol, mas então lembrou que o ídolo estava mostrando diversas surpresas por esses dias. Lembrando do último flash de sua memória lembrou da cena de Yifan não indo em sua direção e seu peito ficando vazio por chamar aquele nome e não ser retribuído por um sorriso caloroso ou a mão daquele que era apaixonado. 

O que tinha acontecido?

A resposta não aparecia. 

A outra parte da lembrança estava em Chanyeol o segurando antes de cair. Como ele tinha ido parar ali no momento perfeito? Ele não tinha nenhum compromisso no shopping.  Lembrou da feição preocupada do cantor e ficou bastante irritado por não entender o motivo do seu coração ter ficado acelerado naquele momento. Ver Chanyeol vindo em sua direção conversando com o médico o fez se sentir estranho, aquela sensação de conforto e preocupação que Chanyeol estava exalando em sua direção, o estava deixando estranho. 

— Pelo visto você deixou um ídolo preocupado com você, não é mesmo jovem? — o médico comentou checando os sinais vitais. — Nós podemos liberá-lo, mas aconselho procurar a psicóloga aqui da clínica para tratar esse quadro, ele pode agravar se não for acompanhado por um profissional. 

— Obrigado doutor. — Chanyeol curvou escutando o toque do seu celular. — Alô, Shindong. 

— Você enlouqueceu de acompanhar o Baekhyun até o hospital? — Shindong falava estressado do outro lado. — Tem uma massa de repórteres na porta do hospital querendo respostas, eu não posso me aproximar pela entrada. Encontre algum jeito de sair daí. Te encontro na porta dos fundos, aqui está liberado. 

Chanyeol encerrou a chamada e foi direto com o médico: 

— Eu preciso de dois uniformes de médico para sair pelos fundos. — pegou sua carteira. — Quanto preciso pagar por isso? 

— Não se preocupe. — o médico colocou a mão sobre o antebraço do ídolo o impedindo de tirar as notas da carteira. — Eu só peço que tome conta dessa garoto e o faça visitar nossa psicóloga, o quadro dele pode se agravar a qualquer segundo. — comentou baixo enquanto a enfermeira tirava as agulhas e aparelhos do corpo de Baekhyun. — Conto com você. — olhou para a enfermeira e voltou a falar em um tom normal. — Leve-os até o local de uniforme e dê dois para eles. 

E assim foi. Baekhyun e Chanyeol agora estavam vestidos de médicos, com seus uniformes azuis, máscaras e toucas. Os repórteres estavam na portaria do hospital por onde passaram fingindo estarem empurrando uma maca que estava com o volume de um corpo feito por lençóis e travesseiros. Chegaram na porta dos fundos onde Shindong já estava com a mini van esperando os dois de porta aberta. 

— O presidente acabou de me ligar e quer vê-lo. — Shindong falou enquanto colocava o cinto de segurança. — Boa coisa não é, ele pediu que eu marcasse uma coletiva de impressa para daqui a três dias. 

— Desculpa. — Baekhyun tirava a máscara com uma expressão triste. — A culpa é minha. 

— Não se culpe, Baekhyun. Tudo é culpa da vaidade da Seohyun. — Chanyeol arrancou a touca e a máscara com raiva. — Como ela ousa espalhar essa mentira!? Onde estava o manager dela para controlar aquele boca maldita? 

— Não vamos culpar ninguém e tentar ajeitar essa bagunça. Vamos ver o que o CEO vai querer. — Shindong deu a partida no carro. 

***

— Por que você fez isso Seohyun? — Hoojun estava na sala do CEO da empresa de Seohyun. — Mesmo as pessoas não sabendo do nosso relacionamento eu me senti um lixo com a mentira que inventou em rede nacional. Está no top 1 de pesquisas essa sua mentira. Você não liga para a gente? 

— Eu tava cansada do Chanyeol ficar mentindo da relação dele com o Baekhyun. Além disso estou pensando nos lucros. — o CEO estava calado no momento, pois ao contrário de estar com raiva de sua artista, estava feliz com sua atitude que com certeza traria benefícios para a empresa dali um tempo. — Com esse MV qualquer boato de uma relação minha e do Chanyeol vai aumentar o número de visualizações. Eu não sou o tipo de pessoa que pensa no amor antes da carreira. — Seohyun levantou da poltrona virando seu olhar para Hoojun que naquele momento tinha pegado um vaso de planta e jogado na parede. — Controle-se! Se você está se sentindo com um par de chifre, que sinta. Eu cansei de ficar nessa relação escondida com você, parei para pensar que se ela fosse descoberta, eu perderia muita coisa. 

— Só me responda uma coisa. — Hoojun estava com as veias do pescoço saltadas. — Você ter começado a namorar comigo foi só um jogo para causar ciúmes no Chanyeol? 

— Quer mesmo ouvir a resposta? — Seohyun bufou jogando sua franja para trás. — Sim, foi. 

Hoojun saiu com passos pesados da sala batendo a porta do escritório. 

— Devo parabenizar sua atitude, minha doce Seohyun. — o CEO bateu palmas para a atriz. — O presidente da empresa do Chanyeol quer fazer um acordo. Acabou de ligar. 

— Como eu digo, essa cabeça bonita serve para pensar, querido presidente. — Seohyun abriu um sorriso enquanto ia em direção à porta acompanhada de seu chefe. 

Eles estavam indo para a empresa de Chanyeol. 

***

Shindong tinha passado pelo apartamento para que Chanyeol e Baekhyun pudessem se trocar, afinal tinham deixado suas roupas no hospital. O manager ficaria esperando na portaria. 

— Desde quando você tem essa fobia, Baekhyun? — Chanyeol perguntou espontaneamente assustando Baekhyun que estava perdido em seus pensamentos dentro do elevador. 

— Meus pais morreram em um acidente de carro. — ele só queria fazer Chanyeol entender de onde vinha aquele medo crescente, aquela ansiedade anormal. Afinal mais alguém além de Yifan tinha que saber dessa sua pertubação da ansiedade. — Primeira foi minha mãe e depois meu pai. Quando eu vi naquela rua o corpo do meu pai depois de ter perdido minha mãe, eu só consegui correr até ele e pedir para voltar enquanto eu chorava. — colocou a mão no peito por sentir aquela fincada no coração pela dor da morte de seus pais. — Uma multidão começou a reunir ao meu redor e eu fiquei com muito medo de todos aqueles olhares em minha direção, comecei a sentir uma falta de ar muito grande. Desde então eu não consigo ficar consciente por muito tempo quando existe muitas pessoas ao meu redor. 

— Você já buscou tratamento? — Chanyeol perguntou escutando o bip do elevador avisando que tinham chegado no andar do apartamento. 

— Depois que comecei a morar com minha madrasta eu não pude fazer mais nada para mim. — saíram do elevador ainda conversando. — Eu era apenas um empregado para eles, eu nunca tive tempo para pensar em mim de verdade, eu passei muito tempo de luto e no final eu não mais importava com o que pudesse acontecer comigo. 

Chanyeol ficou em silêncio digitando a senha para entrar no apartamento. Cada um dos dois foram para seu quarto trocarem de roupa. Baekhyun ficaria no apartamento enquanto o ídolo iria sozinho para a empresa para conversar com o CEO. Ele não estava com um pressentimento bom daquela conversa, mas queria esclarecer aquela mentira para que o presidente tirasse as devidas satisfações. 

Depois de vestir seu casaco buscou o top de pesquisas na internet para ver os comentários da notícia que tinha saído sobre si e Seohyun. 

" Eles formam um excelente casal!"

"Provavelmente já namoravam nos bastidores e agora assumiram. Fighting ChanSeo!"

"Tenho certeza que vai sair o anúncio do namoro deles oficialmente agora."

Chanyeol guardou seu celular, raivoso. Estava com a cabeça pensando diversas coisas, ela não parava em momento nenhum. Ao escutar aquela história de Baekhyun e ter percebido que ele tinha chamado por Yifan antes de desmaiar e o mesmo apenas negar a ajuda, o estava fazendo criar dentro de si um espírito protetor. Devia ter sido um punhal certeiro no coração de Baekhyun a falta de ajuda daquele que considerava ser seu melhor amigo e aquele pelo qual estava apaixonado. Seus sentimentos pelo pequeno estavam confusos e naquele momento não tinha tempo para colocá-los em ordem, mas pressentia que Baekhyun estaria com vontade de perguntar à Yifan a falta de ajuda. 

— O Yifan está no shopping se quiser conversar com ele para entender o que aconteceu. — Chanyeol comentou quando passou pela cozinha vendo Baekhyun lavar as coisas que estavam na pia. — Eu vi o que aconteceu e sei que não deve estar bem. — Baekhyun virou e recostou na pia. — Eu me sentiria mal, então vá até o shopping e pergunte o que aconteceu, acho que merece uma resposta. — assim saiu pela porta. 

Baekhyun ficou pensativo por um momento, mas resolveu fazer o que Chanyeol falou para fazer. Pegou seu moletom no quarto, uma máscara para esconder seu rosto e chamou um táxi para levá-lo até o shopping. 

***

Chanyeol chegou à empresa acompanhando de Shindong e encontrou o CEO da empresa de Seohyun, sentando em uma das pontas da mesa da sala de reunião, enquanto o seu presidente estava na outra ponta e Seohyun ao lado de seu chefe junto ao manager ao seu lado. 

— Você já desmentiu sobre o que você falou em rede nacional, não é Seohyun? — Chanyeol falou assim que abriu a porta da sala envidraçada, queria terminar logo aquilo ali. — O seu teatro foi impecável, mas foi o pior de seus planos. 

— Eu já desmenti, mas o seu presidente não gostou muito da ideia. — Seohyun abriu um sorriso irônico. — Acho que foi tarde demais. 

— Do que está falando? — ergueu uma sobrancelha, estranhando a situação. 

— Mesmo sem saber, Seohyun acabou dando mais audiência ao MV. — o CEO estava radiante e aquele sorriso amarelo estava irritando o ídolo. — Decidimos que essa mentira de Seohyun deve continuar circulando como verdade pela mídia. Foi um excelente marketing para o MV. O público está ansioso para saber mais sobre a relação de vocês, e eu junto com meus acionistas estamos pensando em montar uma linda história de amor entre vocês dois que vai render uma valorização nas ações da empresa. 

— Eu não posso estar escutando isso... É loucura! — Chanyeol comentou batendo o punho na mesa. — Eu não vou entrar nisso! 

— Você é obrigado a entrar! — o CEO percebeu que teria que lidar com a situação com o pulso firme. — Está no nosso contrato que qualquer iniciativa vinda das minhas ordens relacionadas a trabalho devem ser acatadas por você sem negociação. — a expressão de Seohyun era de puro gosto, aquele anúncio seria a oficialização de seu plano de acabar com qualquer relacionamento que em sua cabeça existia entre Chanyeol e Baekhyun. — Já está tudo confirmado e a coletiva de impressa para o anúncio será feita daqui a três dias como solicitei à Shingdong. E não adianta querer dar qualquer show, pois tenho certeza que não vai querer receber um processo por quebra de contrato, sua renda não seria suficiente para entrar em um caso contra mim. 

— Seu... — Chanyeol já ia descontrolar, mas teve seu corpo impedido de ir na direção de seu chefe pelo seu manager. — Me solta! Eu não acredito que isso está acontecendo. 

— Eu não estou entendendo sua reação, sinceramente, Chanyeol. — o presidente comentou. — Antes você topava qualquer coisa que lhe trouxesse lucro e tenho certeza que não se importaria de atuar um relacionamento com a linda atriz Seohyun. O que deu em você? 

— Não se preocupe senhor. — Seohyun resolveu falar. — Tenho certeza que essa atitude grosseira está vindo de desentendimentos do passado, mas depois do anúncio ele vai entender que essa é a melhor opção, quer dizer, a única opção. 

— Sim, querida. Você tomou a atitude mais certa. E a entrevista de Baekhyun já foi remarcada, portanto não teve grandes alterações. — Chanyeol não aguentou mais ouvir aquela conversa que estava parecendo ser invisível. 

Infelizmente se viu de mãos atadas. Não poderia entrar em um processo naquele momento, pois significaria o fim de sua carreira e naquele momento todo seu salário passaria a ser do tratamento do pequeno Min. Dispensou Shindong e foi em direção ao banheiro de funcionários da empresa e olhando no espelho seu rosto corado de raiva viu lágrimas descendo pelas suas bochechas. 

***

Baekhyun tinha perguntado ao segurança do shopping onde ficava o escritório do presidente, onde supôs que Yifan estaria. A secretária muito educada comentou que ele estava em uma reunião e que ele poderia esperar dentro do escritório até que ele chegasse. 

Quando ia sentar-se na poltrona escutou a porta se abrir, mas ao virar não encontrou a figura de Yifan, mas sim a de seu pai. 

— Quem é você? — perguntou o senhor desabotoando um dos quatro botões do terno. — A secretária disse que estava procurando meu filho. 

— Olá, Sr.Wu. Sou Baekhyun, Byun Baekhyun. — reverenciou-se com total formalidade. — O melhor amigo de seu filho, Wu Yifan. 

— O garoto Baekhyun, daquela casa que meu filho trabalhou. — resmungou com uma expressão sarcástica. — Que bom que veio aqui hoje. — sentou-se na mesa onde estava a placa de presidência. — Bom que deixo claro algumas coisas. — Baekhyun estranhou aquela mudança de expressão repentina. — Você sabe onde meu filho está? Ele está em uma mesa tendo sua primeira apresentação aos acionistas da nossa empresa. A vida dele mudou desde o momento que descobri que ele é sangue do meu sangue. Ele nasceu para governar um império e não para ser motorista de uma família. Quero que ele apague esse passado que não deveria ter o pertencido. — cruzou os dedos e os colocou em cima da mesa. — E se você faz parte desse passado sinto dizer que você também será apagado. 

— Perdão? — Baekhyun não estava entendendo, ou estava e não queria assumir que estava.— Não quero faltar o respeito, mas acho que está querendo tomar uma decisão pelo seu filho sem nem ao menos consultá-lo, somos amigos há anos, tenho certeza que ele não quer apagar essa amizade. 

— Eu não preciso consultá-lo para uma decisão que será melhor para o futuro dele. — o Sr.Wu mantinha uma expressão neutra. — E ao menos que queira atrapalhar o futuro dele com suas boas lembranças de amizade, peço que se retire. Tenho certeza que assim que ele entrar no mundo dos negócios, amizade sera uma mera convenção. 

Baekhyun viu que não adiantaria começar uma briga ali, pois perderia a razão. Saiu correndo com lágrimas que não podiam ser evitadas. Olhando para o chão acabou por esbarrar em um peito e ao levantar a cabeça viu ser de Yifan que mostrou uma expressão assustada ao ver seu melhor amigo caído no chão. 

— Baek... O que está fazendo aqui? Você está bem? — Yifan estendeu a mão, mas Baekhyun levantou sem ajuda limpando seus olhos rapidamente. — Eu... 

— Eu não vou falar nada agora, porque eu sinceramente não estou conseguindo pensar em nada. Me desculpa, Yifan. — esbarrou no ombro de Yifan e depois entrou no elevador. 

Saindo pela portaria viu que uma forte chuva começou. Escutou seu celular chamar e atendeu vendo ser o número de Chanyeol. 

— Olá, você é o número que está como um dos primeiros na lista de contato desse cliente. — uma voz feminina estava do outro lado da linha. — A chuva começou e o cliente não quer ir embora, mas precisamos fechar nossa barraca. 

— Onde ele está? — respondeu já fazendo sinal para um táxi. 

***

Com seu estado emocional, Baekhyun não se importou ao sair do táxi, o pedindo para esperar, quando viu Chanyeol sentando em um degrau da calçada onde a barraca que vendia soju e iscas de peixe estava. Chanyeol estava embaixo da chuva e bêbado, característica que foi observada por Baekhyun quando se aproximou dele. 

Pagou o gasto na barraca e começou a arrastá-lo em seu estado de sonolência até o táxi. 

— Por que logo hoje tudo de ruim resolveu acontecer? — Baekhyun comentou baixo dando o endereço do prédio de Chanyeol. 

— AHA! É O BACON! SALVADOR DO DIA! — Chanyeol falou antes de apagar com a cabeça em seu ombro. 

Baekhyun não se importou com a cabeça em seu ombro e mais uma vez se pegou olhando o contato de Yifan no celular, mas não teve muito tempo para isso, pois tinham chegado ao destino.

Com toda a força que tinha restado Baekhyun encharcado como Chanyeol começou a carregar o ídolo para o apartamento, o jogando na cama ao chegar ao seu quarto. Tirou todos os objetos do bolso e colocou na mesinha do lado da cama de Chanyeol. Resolveu tomar um banho para renovar a pouca energia que ainda tinha em si. Tirou a blusa molhada de Chanyeol e a calça de moletom que ele usava, pois era capaz dele ficar resfriado. 

Enquanto Baekhyun estava no chuveiro, Chanyeol acordou e jogou seu braço na mesinha de cabeceira encontrando o celular do menor. Com movimentos lentos encontrou, depois de desbloquear o telefone sem senha, o contato de Yifan na tela. Em um ímpeto pegou o celular e discou para aquele número que por sorte Yifan atendeu: 

— Alô? — escutou do outro lado da linha. 

— Você! — Chanyeol exclamou alto pelo telefone. — Desprezou o Baek e a partir de agora... — demorou um pouco. — Eu não vou mais recuar, eu vou conquistar o Baek e você não vai impedir isso. Se é uma competição que quer, é uma competição que vai ter. — chamada encerrada e a bateria acabou. Chanyeol voltou a dormir. 

"Reza a lenda" que pessoas bêbadas são mais sinceras. Chanyeol estava sendo sincero naquele momento?