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História Cinquenta Tons de Esdeath - Wave


Escrita por: AstolfinhoRider

Capítulo 20 - Wave


Fanfic / Fanfiction Cinquenta Tons de Esdeath - Wave

- Sinto-me feliz que tenha voltado- confessou Wave, enquanto andavam em direção ao jardim, estavam hospedados no terreno de Esdeath até o final do outono- Ficou fora por dias.

-Estive ocupada- respondeu Kurome, enquanto equilibrava-se em uma pequena mureta coberta por hera que separava a calçada do jardim, a mureta tinha pouco mais de meio metro, mas era fina, e era incrível que Kurome conseguisse equilibrar seu peso nela, de modo que não a quebrasse tampouco ferisse a vegetação- Sentiu minha falta?

-Senti, claro- respondeu, meio que sem jeito- Onde esteve afinal?

-Procurando pela minha irmã- respondeu, escorregando da mureta e caindo graciosamente sobre o chão.

-Obteve sucesso?

-Não... Ela e aquela corja estão bem escondidos, e o povo mais simples parece que os protegem, posso ter passado por ela, quem sabe?

-O que faria se a encontrasse?

-A mataria, obviamente-  Kurome rodopiou sobre os pés e saltitou como uma criança em volta de Wave. Kurome estava mais alegre do que o habitual e sua felicidade era contagiante- Um tempo de folga é revigorante, não é?

-Bem, eu acho que sim- Wave riu sutilmente- Quem dera eu tivesse uma folga. Estive todo esse tempo vigiando o Tatsumi.

-E ele já traiu a nossa senhora? Podemos dar um fim a aquele rebelde?- Kurome levou a mão até o punho da espada presa ao cinto.

-Ele não fez nada demais, esteve o tempo todo se recuperando do ferimento.

-É verdade- Kurome parecia ter se esquecido daquele detalhe- Bem, chegamos.

Pararam na frente de uma pequena casa, tinha pouco mais de dois cômodos, apenas o suficiente para uma pessoa sozinha viver com relativo conforto. A decoração era a mais simples possível: paredes brancas e algumas janelas com detalhes em dourado, entretanto, a casa era cercada por um grande jardim de flores multicoloridas, algumas azuis como safiras, outras brancas e brilhantes como pequenas estrelas, e o cheiro das plantas temperava o ar.

-Enfim, em casa- disse Kurome- Estava cansada de dormir em espeluncas pela cidade.

Wave pensou em dizer qualquer coisa, mas limitou-se a sorrir e acenar a cabeça antes de virar as costas para ir embora, amaldiçoou sua covardia, porque Kurome estava linda naquele dia: o cabelo curto caia solto pelos ombros, porque ela os havia deixado crescer alguns centímetros a mais do que o habitual, e ela já não vestia mais seus trajes negros de combate, usava apenas um vestido leve e azul, sem nenhum adorno além da bainha e da espada, presas a um cinto dourado na cintura.

‘’Diga alguma coisa! Qualquer coisa’’

Mas não disse, ficou calado enquanto seus passos o levavam para longe de Kurome.

-Espere, Wave- disse Kurome, enquanto abria a porta da casa- Me disse que sentiu saudade de mim, não quer entrar e beber alguma coisa?

Wave franziu o cenho, o convite era bom demais para ser verdade, Kurome nunca pareceu se importar com a sua companhia, e o procurava apenas quando precisava desabafar, ou treinar com a espada, mas nunca por entretenimento.

Mas aquele era um convite que ele não poderia negar.

Wave sentou-se em uma cadeira de madeira velha, que ameaçava quebra-se a qualquer momento. Esperou. Kurome apareceu momentos depois com dois copos e uma bebida transparente em uma garrafa sem rótulo, ela ofereceu-lhe um copo, e a bebida parecia ser tão forte que queimou suas narinas quando ele provou seu aroma.

-Que diabos é isso?

-Uma bebida artesanal- Kurome sorveu um gole, fez uma careta- Uma bebida artesanal bem forte.

Wave girou o liquido dentro do copo, era grosso como leite.

-Tudo bem- bebeu. O liquido desceu arranhando a garganta, era de fato forte e amargo- É bom.

-Não é não- Kurome fez uma careta- Deixei-a aqui para terminar de fermentar, acho que errei o ponto. Errei muito, na verdade.

-Eu gostei.

-Você não entende nada de bebidas.

-É... Nisso você tem razão- Mas provavelmente aquele liquido poderia dar a um homem a coragem necessária para se expressar.

-Eu consigo literalmente ascender uma fogueira com isso- Kurome colocou o copo de lado, debruçou-se sobre a cadeira e Wave notou como cada movimento de Kurome era gracioso, ou talvez fosse apenas a sua mente lhe pregando peças, ou mesmo a bebida fazendo efeito, mas ele tinha certeza de uma coisa, Kurome era linda- Aquele maldito Tatsumi deve estar possuindo Esdeath nesse exato momento.

-Sente ciúmes?- perguntou Wave, bebendo outro gole da bebida, Kurome retirou as sapatilhas e as atirou para a porta em um movimento rápido.

-Ela trata ele bem demais, não acha?

-Você trataria alguém que ama da mesma forma, estou errado?

-Alguém que amo?- Kurome levou um dedo até os lábios, Wave se perguntou se algum dia o coração de Kurome pertenceu a alguém- Não acredito que Esdeath ame mesmo a Tatsumi.

-E por que não?

-Não sei, intuição.

-Intuição feminina?- perguntou Wave.

-Talvez- Kurome sorriu- Mas diga-me, Wave, como anda sua vida amorosa?

A pergunta surpreendeu Wave, ele sorveu um gole da bebida e rangeu os dentes quando ela desceu queimando pela garganta.

-Lenta- admitiu- Na verdade, não tenho tempo pra isso.

-Sempre há tempo, Wave. Já beijou alguma mulher?- questionou Kurome, havia um sutil prazer em sua voz.

-Muitas.

Kurome o encarou como se não acreditasse em suas palavras.

-Uma na verdade- admitiu Wave- E eu não tinha mais do que dez anos, não me lembro muito do que era. E você?

-Já beijei algumas pessoas.

-Homens?

-Alguns.

-Mulheres?

-Muitas- sorriu, balançando a cabeça lentamente.

Wave sorveu outro gole da bebida, queria se embebedar, mas estava falhando miseravelmente.

-Mas, se beijou uma única garota em toda a sua vida, presumo que nunca tenha tocado uma.

-Tocado?

-É, tocar, me entende? Você, uma garota, sozinhos em um quarto, todos os problemas do lado de fora e...

Wave a calou com um movimento gestual.

-Está perguntando se eu sou virgem?

Kurome riu.

-Estou- respondeu- Não há nenhum problema nisso.

-Eu sou- admitiu, mas não sentiu vergonha alguma em faze-lo, não para Kurome.

-Está se guardando para a pessoa certa?

-Falta de opções, na verdade- admitiu outra vez, perguntando-se o motivo daquela conversa. Desistiu de beber.

-Existem muitas meretrizes por aí.

-Meretrizes- Wave sorriu- Não... Não fazem o meu tipo.

-E quem faz o seu tipo?

‘’Você’’- pensou Wave- ‘’Você Kurome, eu a amo, eu a desejo’’ mas a única coisa que conseguiu responder foi:

-Ainda não sei.

-Você é um homem interessante, Wave, é um guerreiro formidável e é gentil, além de ser uma das poucas pessoas que conheço que me trata bem de verdade, e não me vê como uma assassina ou como um fantoche- encarou-o com seus profundos olhos negros- Me trata com respeito, e como uma amiga de verdade. Você é um bom homem, Wave, vai encontrar logo alguém que o mereça de verdade.

As palavras o atingiram como estacas, ‘’Não quero alguém que me mereça, eu quero você, Kurome’’, Wave se perguntou se ela sabia de alguma coisa, e se estava ali apenas para lhe mostrar que a relação dos dois não passava somente de uma aliança, e que seu amor por ela era apenas uma brincadeira de seu coração.

-Não acho que isso seja possível.

-E por que não?

-Porque eu... - ‘’Porque eu te amo!’’- Eu já amo uma pessoa, mas- sorriu tristemente- Bem, ela não liga muito para mim.

-Isso é ruim- disse Kurome- Muito ruim. Pode me dizer o nome dela para que eu possa cuidar dela?

‘’Kurome’’

-Alician- respondeu, o nome inventado lhe pareceu ridículo.

-O nome dela não é esse- Kurome balançou a cabeça- Não tem ninguém com esse nome no império, talvez nem no mundo.

-Quem disse que ela é do império?- replicou Wave, tentando ao máximo parecer convincente, coisa que ele sabia que estava falhando miseravelmente- Ela... Ela é do sul.

-É do sul- repetiu Kurome, em tom de deboche-Pare de mentir a si mesmo, sabemos que ela mora aqui.

-Fala como se soubesse quem ela é- Wave fingiu rir, mas no fundo temia que ela soubesse de verdade.

-Mas eu sei.

-E qual é o nome dela, se não é Aliciem?

Kurome suspirou ao perceber que Wave estava tão nervoso que até mesmo havia errado o nome da sua falsa paixão.

-O nome dela é Kurome- disse ela, subitamente.

-Kurome?- Wave engasgou.

-K...U...R...O...M...E- repetiu ela- Esse é o nome da pessoa que você ama, ou estou errada?

Wave congelou, o coração disparou de repente, como se fosse novamente uma criança que havia acabado de descobrir o amor.

-Kurome... E-Eu...

-Esdeath me contou o que sentia por mim no caminho para cá. Ela me disse tudo, até mesmo das partes mais obscuras da sua mente pervertida de homem.

Wave suspirou, e foi como se todo o medo de seu corpo virasse vapor, já não havia mais o que temer, Kurome sabia, ela já sabia desde o momento que havia passado pelo portão, talvez já soubesse antes mesmo de ele próprio admitir o que sentia.

-Não era um assunto que ela deveria se intrometer, e ela deve ter aumentado muitas coisas, e inventado outras.

- Não, não era. Planejava me contar um dia? Ou planejava viver para sempre em um amor platônico?

-Eu sinceramente não sei. Acho que eu planejava nunca lhe dizer nada.

Kurome ergueu uma das sobrancelhas.

-Não acha isso egoísmo de sua parte?

-Talvez- replicou, então a encarou profundamente- Kurome, eu...

-Esdeath disse que me ama, e que era para eu conversar com você acerca desse assunto porque aparentemente uma guerra está para acontecer, e muita gente vai morrer, muita mesmo. Alguém me ama- repetiu ela, olhando para o teto- Inesperado.

Wave se manteve quieto. ‘’Ela está brincando comigo...’’. Kurome não o amava, tampouco tinha motivos para ama-lo, eram apenas colegas de trabalho, então, para que continuar naquele teatro idiota?

-É verdade- respondeu.

-Que é inesperado?

-Que eu a amo- e Wave percebeu naquele momento que aquela declaração requisitou mais coragem do que qualquer outra coisa na vida.

Kurome se calou por alguns momentos, depois se ergueu da cadeira.

-Por que diz isso? O que eu fiz para merecer o seu amor? Eu sou uma assassina, meu corpo fede a sangue e a morte, o que eu poderia oferecer? O que o fez se apaixonar por mim?

-Bem... Eu acredito que é possível olhar nos olhos de uma pessoa e perceber que a ausência dela pode deixar a nossa alma solitária triste e vazia- repetiu as palavras que Tatsumi lhe disse pela manhã, e elas nunca lhe pareceram tão verdadeiras e sinceras- São seus olhos, e... E todo o resto.

-Você merece coisa melhor- disse Kurome- Você merece alguém que possa ama-lo da forma que você merece e...

-Eu a amo- disse com toda a convicção que poderia.

Wave se levantou abruptamente, estaria pronto para agir ou ir embora, não havia como voltar atrás depois daquela declaração, mas foi o que Kurome fez a seguir que o deixou paralisado. Kurome o abraçou com força, e logo Wave sentiu as lagrimas da companheira umedecendo suas roupas. Kurome chorava, chorava como uma criança, e Wave retribuiu o abraço.

Ficaram naquele abraço apertado por minutos, horas, dias, ou mesmo uma eternidade, ambos não saberiam dizer com exatidão, um abraço apertado, seguro, um abraço sincero. Depois Wave a afastou lentamente, olhando com emoção o rosto de Kurome, vermelho e inchado pelas lagrimas.

-Desculpe-me por isso- disse Wave, virando-se em direção à porta, mas Kurome o segurou pelo braço, e agora ela sorria, e os olhos negros estavam brilhantes, como mil pequenas estrelas no céu noturno.

Kurome o puxou para perto dela e o beijou, o coração de Wave disparou outra vez, mas então teve a impressão que ambos estavam sincronizados, não foi um beijo longo, mas ambos não se desfizeram do abraço, e então Wave, em um impulso de coragem, escorregou os dedos pelo laço do vestido de Kurome, desamarrando-o, e o vestido escorreu pelo corpo esguio da guerreira lentamente, como agua, expondo o seio esquerdo, Wave tocou-o com a ponta dos dedos, mas Kurome afastou-o gentilmente.

-Não... Não olhe para o meu corpo...

Havia cicatrizes na pele alva, algumas profundas, feitas por objetos afiados, outras, apenas pequenos pontos sobre a pele, uma memória cruel de um duro treinamento. Mas Wave não se importava com aquilo, e lentamente desfez o outro nó, e o vestido escorregou até o chão, despindo-a totalmente, e restou apenas Kurome, alva, ferida e bela, os pelos do corpo dela se eriçaram quando Wave também se despiu, e então Wave a beijou outra vez, desta vez com mais ardor.

-Eu não sei o que fazer- disse Wave, enquanto aproximava-se para beijar um dos seios de Kurome.

Estava acontecendo, finalmente estava acontecendo, Wave quase não acreditava, mas ele e Kurome estavam juntos.

-Eu o guio- disse Kurome, enquanto Wave tateava o seu corpo, nunca havia sentido uma sensação tão boa em toda a vida.

Kurome guiou-lhe pelo próprio corpo, pelo seu pescoço, seus seios, barriga e enfim o meio de suas pernas, Kurome gemeu quando o sentiu dentro de si, havia algo especial no toque de Wave, algo mais profundo do que apenas a satisfação carnal.

E naquele instante, quando Wave se ergueu para enfim penetra-la em um abraço tão forte e firme quanto o amor que sentia por ela, Kurome teve a certeza que o amava, e quando chegaram ao orgasmo, Kurome gritou.

Ela o amava, e ele a amava, tinham certeza disso.

Tinham certeza que se amavam, e que um não poderia perder o outro.

 



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