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História Circo das Maravilhas - Trem Maria Heloísa


Escrita por: DollWitch

Notas do Autor


Espero que gostem.
Se gostarem,comentem,por favor.A história não é movida a comentários,mas é sempre bom saber que alguém gosta do que eu faço.

Capítulo 2 - Trem Maria Heloísa


Arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo que não conseguia segurar muita coisa(mas pelo menos me protegeria do calor. Um pouco),e saí do banheiro.

Meu o quarto estava vazio, graças aos deuses. Desde a morte do diretor, e de...Lyse...A relação entre mim e as crianças estava cada vez mais difícil.

Eles me culpavam pela morte do diretor. Falavam que se eu não tivesse negado, ainda teríamos um diretor carinhoso que cuidava bem das crianças(e que tentou estuprar e esfaquear duas garotas, mas aparentemente isso também era minha culpa).

Então, eles envenenaram Elyse.

Nenhuma de nós viu. Eles colocaram o veneno no chocolate dela. Mas Moon, você fala, se você não viu, como sabe?

Eles me contaram. Sádicos filhos...

Bom, é claro que não daria pra eu ficar aqui, esperando o momento que eles fariam o mesmo comigo. Eu decidi fugir enquanto todo mundo ia pra escola.

Eu peguei algumas coisas. Minhas roupas ficaram numa mochila. Meus livros e desenhos ficaram em uma bolsa, e eu peguei algum dinheiro e um pouco de comida(não seria roubo considerando que eu morava ali).

Ninguém me veria, provavelmente.

Eu coloquei a mochila nas costas e peguei a bolsa com os livros.

Eu sabia que a essa hora havia um caminhão que vinha toda quarta-feira entregar comida, e então saía da cidade. Acho que seria uma boa hora.

Eu ouvi o barulho do caminhão chegando e saí pela janela do quarto. Eu fui até a frente do orfanato e me escondi atrás de uma parede, esperando todo mundo sair dali, e entrei na parte de trás do caminhão, me escondendo atrás de algumas caixas com cheiro de comida.

Ouvi o som das portas de trás se fechando, e tudo ficou escuro. Eu decidi dormir. Demorei um pouco, mas com tudo escuro foi mais fácil.

...

Acordei com o caminhão chacoalhando, provavelmente por causa de um buraco ou algo do tipo. Voltei a dormir.

...

Definitivamente esse caminhão chacoalha muito. Eu acordei caindo, dessa vez, e as caixas caíram junto.

Ah não, o caminhão parou.

Ah não,eu ouvi passos.

Ah não, ah não, ah não, ah não, ah não.

Ouvi a porta abrindo, e o lugar ficou mais claro, mas aparentemente eu tinha dormido bastante, pois era notável que era noite.

—Ei!-eu ouvi.-Ei! O que você tá fazendo aí?

—Hã...-eu fiz. É, eu sei, a melhor em falar com as pessoas.

—Eu falei com você, garota.-eu ouvi.

Comecei a me levantar.

—E-Eu meio que...Estou fugindo...?-eu disse.

—Fugindo?-a voz mudou completamente, e eu vi que era um homem de meia idade.-Fugindo do que?

Eu peguei minhas bolsas, fui até a porta e saí do caminhão.

—Não importa, eu não vou mais incomodar, mas você poderia me dizer onde eu estou?-eu perguntei.

—Você está em Estema.-ele disse.

Eu olhei ao redor. Devia ser mais de oito da noite, e aparentemente o pessoal estava comemorando algum feriado, pois haviam decorações como bonecas de pano penduradas nas portas, e potes de mel.As cores eram lindas e aconchegantes.

—Você deu sorte, hoje é a noite dos perdidos.-disse o homem.-Eles celebram isso todo mês. Toda casa que tiver mel na frente e uma boneca na porta de entrada, está aberta para quem precisa.

—Legal...-eu disse.-Mas eu não vou incomodar ninguém. Só vou procurar algum trem pra ir embora.

—Quem disse que você vai incomodar?-ele perguntou.-Não, não, é tradição deles, eles estão mais que felizes em fazer isso.

—Se você diz...-eu disse.-Qual é o s-seu...-eu respirei fundo.Tenho problemas com falar com estranhos,e pessoas em geral,o que às vezes faz minhas palavras saírem gaguejadas demais ou difíceis de entender.-Seu nome?

—Heitor. Aliás,-ele disse, tirando algo do bolso. Era um papel vermelho espelhado, onde estava escrito, em letras douradas "Trem Maria Heloísa".Eu fiquei olhando,hipnotizada pelas cores vibrantes e bonitas.-isso aqui é uma passagem especial para o trem. Vai pagar a viagem completa para qualquer trem, a qualquer hora, e eles oferecem roupas e cobertores. É seu agora.

Eu olhei para aquele pedaço de papel que poderia me dar um assento confortável, comida e me deixaria aquecida.

—É...É sério?-eu perguntei.

—É claro que é sério!-ele disse.-Você escolhe se vai em alguma casa primeiro ou se vai direto pro trem, mas fique com a passagem.

Eu peguei a passagem e fiquei olhando o papel vermelho e as letras douradas.

—Bom, eu tenho que ir.-ele disse.-Aliás, qual seu nome?

—Moon...-eu disse.

—Tchau, Moon!-ele disse fechando a parte de trás do caminhão. O caminhão começou a andar e foi embora.

Eu olhei para as casas, e pensei se valeria a pena entrar em uma, mas decidi que não. A intenção dessas pessoas era muito boa...Mas eu queria ficar o mais longe possível de Sentient, e eu estava a apenas uma cidade de distância. Se viessem me procurar, eu seria encontrada muito rápido.

Mas eu tinha que perguntar onde ficava a estação de trem, então eu fui pra casa mais próxima e bati na porta.

Ouvi passos agitados, e a rapidamente a porta se abriu, revelando uma criança com uma janela nos dentes e cheia de curativos adesivos, no rosto, nas pernas e nos braços.

—Sim?-perguntou a criança.

—Oi, coração.-eu disse me agachando.-Você poderia me dizer onde está a estação de trem Maria Heloísa?

—Claro, moça! Fica no fim daquela rua bonita lá!-respondeu.

Eu sorri e dei um beijo em seu nariz.

—Você não quer ficar aqui essa noite, moça?-perguntou.

—Não, coração, eu estou com pressa.-eu disse.-Mas obrigada.

—De nada!-disse, acenando. Eu acenei de volta e comecei a andar em direção a rua indicada. Ouvi a porta sendo fechada e continuei em frente.

No fim da rua, havia uma estação de trem. Era pintada de vermelho com detalhes em dourado, e parecia estar mais aquecido naquele lugar do que no resto da cidade.Com certeza era um lugar bom para alguém sem teto morar.

Mas por enquanto eu não estava sem teto. Eu ainda podia ir para a cidade mais distante que aquele trem me levaria.

Eu ouvi o som do trem.

Eu vi o trem chegando. Era um trem enorme, vermelho, com o nome gravado na frente em dourado, assim como as janelas e portas.

Eu fiquei hipnotizada pelas cores mais uma vez.As cores que eu estava vendo ali eram mais fortes e vivas do que qualquer cor que eu tenha visto desde que cheguei no orfanato.

As pessoas saíram, era um monte de pessoas ,que se abraçaram com outras que já estavam ali. Eu era uma das únicas que não estava abraçando ninguém, só estava entrando no trem mesmo.

Na porta de entrada do trem havia uma mulher usando terno vermelho com uma gravata borboleta dourada.

—Passagem?-perguntou ela.

—U-um homem me entregou isso...-eu respirei fundo.-M-me entregou isso aqui.E-Ele disse que isso ia pagar viagem, comida, roupa e-e cobertores.

—Ele está certo.-ela disse.-Pode entrar.

Eu passei por ela e olhei para o trem.

Era incrível.

Era todo pintado em dourado e bege. O assentos eram vermelhos e ao que parece dava pra puxar pra ficar mais parecido com uma cama. Haviam mesas bonitas e lustres bonitos e abajures bonitos e pratos bonitos e quadros bonitos e espelhos bonitos e era quente e tinha cheiro de comida boa e parecia confortável e ah meus deuses nenhuma dessas coisas tinha estado na minha vida antes.

Eu fui até um dos assentos e me sentei. Eu me senti uma criança testando um brinquedo novo e amando isso.

Lyse gostaria disso. Tenho certeza.

Eu comecei a pular no sofá, como se pula numa cama nova e confortável.

Coloquei minhas bolsas na mesa que ficava em frente ao assento. Tirei papel, meus lápis gastos e meio sem cor, e meus livros.

Eu teria muito tempo pra ler e desenhar.


Notas Finais


Meio que uma passagem entre o orfanato e a felicidade.
Gentileza.Nunca apareceu muita na vida dela.
Eu não percebi isso enquanto estava escrevendo,mas o dourado e vermelho do trem podem simbolizar o conforto e o sentimento de calma da Moon enquanto ela foge da miséria que o pessoal chamava de orfanato,pois me lembram uma lareira.
Espero que tenham gostado.


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