História Circus - Monstros de Circo

— Vem, acho que é por aqui! - Lynn corria, puxou Armin pela mão entusiasmada. 

A segunda edição da Corrida de Orientação estava um sucesso. Além de Sweet Amoris, escolas nas redondezas também estavam participando, o que trouxe mais divulgação e arrecadação de fundos. Dessa vez, Armin resolveu participar com Lynn, sua namorada. Os dois formavam uma dupla: O objetivo de Lynn era ganhar, o de Armin, bem, ele não tinha um objetivo, estava lá apenas a mando de Lynn.

— Ei, ei! Espera, calma aí The Flash! - Armin a parou rindo.

— Não! A gente não pode parar! A gente tem que ganhar isso daqui, Armin!

Armin a puxou delicadamente pela cintura, a colocando contra uma árvore.

— Sua aposta com a Rosa pode esperar, não?

Armin deu um sorriso, abrindo o casaco de Lynn, abaixou um pouco a cabeça e deu inúmeros beijos no pescoço da mesma. Segurou sua coxa direta e a levantou, dando pequenos apertos. Lynn sentiu algo estranho em seu corpo. Não era mais virgem, mas algo estava estranho. Quer dizer, não o fato de estarem nas preliminares no meio de uma floresta a noite. Algo mais sombrio.

— Armin, agora não...

 Armin não respeitou. Continuou a beijando. Lynn bufou e olhou rapidamente para o lado: Haviam algumas coisas que pareciam placas, extremamente coloridas e brilhantes em um enorme caminho, ao fundo desse caminho parecia haver algo, mas não sabia direito o que. Lynn deu duas batidas fortes da mão de Armin.

— Ai! - ele sacudiu a mão. 

— Olha aquilo! - Lynn apontou para as placas. — Parece que tem uma coisa, bem lá no fundo!

— E...? 

— Nós vamos lá!

— Espera um pouco, você não tinha dito que queria ir? Isso só vai nos atrasar, sabia?

— Tá, tá! Vamos! - Lynn voltou a puxa-ló.

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Todas as placas falavam de um circo: " Venham, venham! O circo já chegou! " " Compre um ingresso e ganhe pipoca de graça! " " Palhaços divertidos! " entre outros.

Lynn pode ver que havia uma grande tenda listrada, era preta e branca. Estava completamente suja. Olhou desconfiada para Armin, que retribuiu o olhar. Ela estava curiosa e apreensiva. Deu um passo a frente. 

— Lynn? Você não vai entrar aí, não é? - perguntou Armin com a voz meio trêmula, amedrontado.

— É só uma tenda velha. - respondeu.

— Se é só uma 'tenda velha', como você disse, por que quer entrar aí?

— É como se algo me chamasse. Olha, se você não quiser ir tudo bem, é só ficar aqui. 

Lynn entrou na enorme tenda. Estava tudo escuro, não conseguia ver nada. Armin entrou correndo em seguida e abraçou por trás, guiado apenas pela luz do celular.

— E-eu ouvi alguma coisa lá fora! - disse ofegante. 

— É sua imaginação, medros... 

Antes que pudesse terminar, um barulho alto tomou conta de toda a tenda. Luzes estavam se acendendo em volta do enorme picadeiro. Uma figura estava no meio, em um longo vestido negro. Virou-se lentamente, e o casal pode perceber que se tratava da diretora. Os dois trocaram olhares, totalmente confusos. Gritos ecoaram, e Lynn os reconhecia. 

— Parecem os gritos do Alexy. Ele deve ter se machucado em algum lugar aqui perto. - a encarou — Eu vou procurar ele, certo?

— Você vai me deixar aqui? Sozinha? 

— A diretora está logo ali. - Armin a beijou — Não é como se eu fosse morrer. Eu já volto.

Lynn assentiu com a cabeça. Armin saiu em disparada do circo.

—- Respeitável público, o show já vai começar! - anunciou.

As luzes das arquibancadas se acenderam, Lynn olhou para trás, o que ela viu a chocou: Variados corpos sem vida jogados nas arquibancadas. Uns em estado de decomposição, outros pareciam ter perdido a vida em poucas horas, outros já estavam no estado de esqueletização. Devem ser bonecos, a escola está nos pregando uma peça, TEM que ser bonecos! pensou.

— Nossa primeira atração: O músico! - disse a diretora. 

A luz se acendeu em uma parte específica do palco. Era Castiel, ele estava com uma guitarra na mão, parecia estar em um estado de zumbificação. As cordas da guitarra foram substituídas por cordas vocais HUMANAS. Algo voou do teto e caiu bem na frente dela. Era o corpo de Lysandre. O pescoço e o rosto estavam destroçados, quase irreconhecíveis. Os olhos heterocromáticos estavam saltados para fora, a garganta totalmente aberta. As cordas vocais da guitarra de Castiel pertenciam a Lysandre.

Lynn saiu correndo, entrou em um pequeno rasgo na fenda. O lugar era macabro, haviam várias jaulas com pessoas dentro. Se aproximou de uma jaula em específico. Um pequeno letreiro cotinha o nome 'Charli'. Lynn sentiu como se já tivesse ouvido um nome assim. 

Lentamente, da sombra da jaula uma figura saiu. Era um garoto de cabelos castanhos com orelhas de coelho marrons costuradas na sua cabeça, ele era completamente magro, parecia que não comia a dias. Lynn andou pra trás assustada e acabou por pechar em outra jaula, o nome do letreiro era Dimitry. Um pequeno lençol branco cobria a maior parte. Lynn o puxou, era um garoto de longos cabelos castanhos-acinzentados. Ele era branco como papel, magro, e não tinha dentes, apenas os caninos que lutavam para mastigar... Um gato???

Lynn se afastou apressadamente, até escutar um barulho estranho, vinha de uma jaula. Virou a cabeça lentamente e pode ver uma coisa nojenta: O corpo de Violette nu, totalmente mutilado sento estuprado por Dake. Ela sentiu vontade de chorar, Violette era doce, gentil, aquilo não podia ser real.

Andou silenciosamente até outro rasgo na fenda e saiu. Haviam vários trailers estacionados com palhaços pintados. Algo foi jogado em sua frente, por conta da grama alta não foi possível ver. Tateou o chão freneticamente, algo molhado e morno banhou seus dedos. Pegou e puxou. Era a cabeça de Armin e Alexy, ambas cortadas e costuradas uma a outra no pescoço. Largou no chão imediatamente e levou suas mãos a boca. O rosto se inundou em lágrimas. Algo a tocou, Lynn virou, esperando que fosse Armin dizendo " pegamos você " ou algo do tipo. Mas não, não era. Era Ambre com um grande vestido rosa e uma coroa, a boca desfigurada banhada em sangue. Li e Charlotte estavam com uma maquiagem de palhaço, ambas parecendo estar em um estado catatônico. 

— Quer ficar como a gente? 

Ambre perguntou, batendo com um taco de beisebol na cabeça de Lynn em seguida.

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Lynn acordou sentindo uma enorme dor na cintura e na cabeça. Tirou algo que estava em seu rosto: Uma máscara de palhaço. Sangue jorrava de sua cabeça, mas nada se comparava a dor na cintura. Olhou para os lados, ela estava bem no meio do picadeiro. Olhou desfocadamente para as pernas. Logo tudo foi se formando. Elas não estavam lá. Apenas uma enorme poça de sangue.

— Ó, já acordou? - indagou a diretora. — Estamos prestes a terminar! - ela levantou uma serra elétrica.

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Sentiu o macio e morno travesseiro abaixo da sua cabeça. Lynn sorriu, foi tudo um sonho. Um sonho muito horrível. Ela se levantou da cama e saiu aliviada, sorridente, sem perceber uma única coisa. Abaixo de seu travesseiro havia um ingresso manchado de sangue... Se semelhava com aqueles que vimos nos circos.