Point of View - Hayden
Eu queria muito achar que isso era algum trote ou que eu estava alucinando tudo isso, mas infelizmente, é real:
-Peter, tenho uma péssima notícia-digo, entregando a intimação a ele
-O que é isso?-ele questiona
-Uma intimação, ao que tudo indica, sobre a guarda de uma criança-respondo
Ele se senta no sofá, lendo a intimação, analisando palavra por palavra, parecia tão surpreso quanto eu:
-Sabe o que isso significa?-ele pergunta
-Sim. Nathan transou com uma vadia, teve um filho com ela e não quis assumir ou nos contar, então colocou o nome na certidão pra calar a boca da garota. Agora, nós vamos precisar arcar com essa criatura, isso SE for filha dele mesmo e SE a guarda for nossa-digo da forma mais fria possível
-Hayden, você faz idéia de como isso é incrível? Nathan deixou pra nós um presente!
As vezes eu me impressiono com a capacidade de Peter de ver tudo pelo lado colorido:
-Peter, não é um boneco, é a porra de uma criança! Tem que trocar, alimentar, dar banho, comprar fraldas, isso sem falar que essa criatura vai crescer e eu me recuso a criar essa criança se ela tiver a mesma personalidade do Nathan
-Hayden, toda criança é um presente da vida, independente de quem vem...
-Peter, não vem com esse papo pra cima de mim, você sabe que depois de Nathan, a coisa que eu mais odeio são crianças
-E o que você sugere?
-Não sei, mas não espere que eu seja babá dessa criatura. Vamos no fórum amanhã e ver o que pode ser feito pra evitar isso...
-Já parou pra pensar que essa criança tem o nosso sangue correndo nas veias dela?
-Tô evitando me envolver emocionalmente com qualquer criatura que seja....
Vou pra o meu quarto e pego meu celular. Digito um número que conheço muito bem:
-Alô, Coraline?
-Ah, oi Hayden? Você tá bem?
-Não muito. Olha, me desculpa por tudo aquilo, eu não queria...
-Não se preocupe. Não matou ninguém. Não tô puta, só um pouco mal por você ter mentido
-Isso não vai se repetir. A gente... podia conversar hoje à noite?
-Claro, pode ser aí?
-Sim, sim. Chama o Blake também
-Tá okay. Até mais tarde
*Quebra de tempo*
Algumas horas se passaram. Peter foi pra uma reunião de seu clube, o que facilitou minha conversa com os dois:
-Então, Nathan deixou um presentinho pra vocês depois que morreu?-Coraline questiona
-Infelizmente. Vocês conseguem me imaginar trocando a fralda de um bebê? Eu não consigo-digo, bufando-até depois de morto, ele fode com a minha vida, não é possível
-Olha, minhas aulas encerram semana que vem. Se precisar de ajuda...-Blake diz
-Não precisa, até porque tenho uma boa notícia pra você. Conversei com Lana e ela disse que tem uma vaga sobrando na PugHipster, e eu recomendei você
-É sério?
-Aham, eu já enviei o seu Currículo
-Obrigado, Hayden!-ele me abraça apertado
-Não foi nada, já que seu estágio só começa mês que vem, é uma boa chance pra você ganhar um dinheiro extra
-Se bem que... Com uma criança aqui, creio que você vai precisar de mais dinheiro do que Blake, não?-Coraline pergunta-Pelo que você me disse, o Currículo de Peter no clube ainda tá em análise e se você e ele ficarem desempregados por muito tempo, o cinto aperta
-É verdade...-diz Blake
-Calma, gente. Tem muita vaga de emprego por aí, não vamos chegar a esse ponto. O importante no momento, é encontrar alguma alternativa de impedir essa criatura de vir pra cá
-Bem, eles procuram por parentes próximos, talvez vocês não tenham sido os únicos intimados-Caroline supõe
-Então, o jeito é torcer pra encontrar alguém amanhã que esteja disposto a criar esse bebê, que eu nem sei se é menino ou menina...
-Se precisar de algo, é só ligar pra gente-Blake mostra o celular rosa que Coraline lhe emprestou-tenho um celular de última geração agora-ele diz, piscando pra mim
Não consigo conter a risada, algo que faço pela primeira vez desde que saí do hospital:
-Agora, eu preciso conversar sobre Wybie. Como vai ser a partir de agora?
-Simples, vou continuar fazendo parte do grupo, independente do que eu e Wybie passamos. Só não vou dirigir a palavra e responder qualquer pergunta ou comentário que ele fizer-respondo
-Vai agir como se ele não estivesse ali?-Blake pergunta
-Mais ou menos isso. Não se preocupem, estourei minha cota de homicídios...
-Okay, então. Precisamos ir, tá tarde...-Coraline boceja
-Tá bem, levo vocês até a porta
Os acompanho até a saída e tranco a porta. Vou pra o meu quarto e me deito, esperando o sono chegar
No dia seguinte (Fórum de Causas Familiares de Misthaven) [08:00]
Acordamos incrivelmente cedo (contra a minha vontade, é claro) pra chegar no horário. Não consegui dormir só de pensar no problema em que fomos envolvidos por causa da estupidez de Nathan:
-Peter e Nathan Vega-a recepcionista chama nossos nomes-e... Mercy Leontine
-Mercy Leontine?-questiono
-A única parente próxima do bebê, por parte maternal. Enfim, o caso de vocês, será na sala 108, okay?
Seguimos pelos corredores do prédio até encontrar a sala. Nos sentamos à mesa. Em seguida, entrou uma senhora, aparentando ter por volta de 60 anos. Ela estava em uma cadeira de rodas:
-Oh, bom dia... Então vocês são os irmãos de Nathan...?
-Sim, me chamo Peter e esse é meu irmão, Hayden-Peter nos apresenta e eu aceno para ela-A senhora é...
-Mercy, mãe da Catherine
"Então o nome da garota era Catherine"-penso
-Eu sinto muito por sua filha...-Peter diz
-Oh, sim... Ela sempre foi uma garota tão radiante, tão focada... Mas depois de todos esses contratempos, ela mudou muito...
É possível notar que essa mulher tinha uma ligação forte com a filha. Acho que ela ficaria bem triste em saber o que a filha estava fazendo em seus últimos momentos de vida:
-Perdão, houve um pequeno problema em outro fórum e a juíza precisou ausentar-se. Creio que o caso de hoje talvez seja adiado para a tarde-a recepcionista entra na sala, avisando
"Merda"...
-Poxa, será que posso ao menos ver meu neto?-Mercy pede
-Sim, mas apenas por 10 minutos-responde e sai da sala
-Hayden, então preciso ir pra aula-Peter diz
-Vá na frente, quero conversar com a mãe da tal Catherine...-digo
-Hayden, você n...
-Confie em mim....
-Tá bem... Te vejo à tarde
Ele me abraça e deixa a sala. Vejo Mercy se esforçando pra passar com a cadeira pelo pequeno degrau:
-Eu a ajudo...-digo, levantando a cadeira com cuidado
-Obrigado, garoto-ela me diz-o que acha de me acompanhar para ver o garotinho?
"Então é um menino..."
-Claro, por que não...?
A ajudo, levando-a na cadeira. Ela me guia pelos corredores até a sala onde ele estava. Era um quarto de bebê,prprovavelmente preparado pra mantê-los confortáveis durante o processo de escolha do tutor:
-Olá, meu pequeno-ela diz, brincando com aquele bebê-já lhes disseram o nome?-ela pergunta
-Não. A senhora sabe?-finjo interesse
-Henry. Henry Leontine Vega. Admito que a junção dos dois sobrenomes me agrada
-A senhora era muito próxima de sua filha, não é?
-Sim. É uma pena que tantos desastres tenham ocorrido em tão pouco tempo
-"Tantos desastres"?
-Tudo comecou no ano passado, meu garoto. Catherine estava estranha, distante, agressiva... Então conversamos e ela me contou que estava grávida. Foi um choque tão forte que tive um infarto. Passei dois meses no hospital e acabei com várias sequelas. Uma delas é o que me prende a essa cadeira...
-Eu sinto muito...
-Querido... Eu preferia ter perdido todos os movimentos do meu corpo, do que perder a relação que tinha com a minha filha. Depois disso, ela saiu de casa e foi morar com uma amiga. Disse que não queria mais me causar nenhum problema. Perdi todo o período de gestação e o parto. Estou vendo esse pequeno milagre pela primeira vez, agora...
-Não queria que meu irmão causasse tantos problemas...
-Não se culpe, está fora do seu alcance. Do alcance de todos nós... Mas, posso lhe dizer uma coisa?
-Sim?
-Estou velha e inválida. Não tenho condições de cuidar sequer de mim mesma, então a lei não estará do meu lado e provavelmente a tutela será de vocês. Por favor... Não abandonem essa criança... É tudo o que restou da minha Catherine
Muitos sentimentos estão baguncandos na minha mente. Preciso chegar ao x da questão:
-A senhora sabe onde fica a casa da amiga dela?
-Sim, fica próximo daqui, posso lhe passar o endereço, se quiser...
-Eu adoraria... Ainda preciso entender essa história...
Mercy me passou o endereço. Saí do fórum e pesquisei pelo gps até achar a rua e o número da casa. Toquei a campainha e uma garota atendeu. Parecia ser maior de idade e usava um pijama:
-Posso ajudar?-ela pergunta
-Sim. Eu sou tio de Henry, filho da Catherine. Preciso entender essa história
-Entra...
A casa parece bem arrumada, exceto pela dona dela. A garota tinha olhos fundos e o cabelo ruivo estava despenteado e bagunçado:
-Então você é o irmão de Nathan...
-Sim. Eu sei que meu irmão é um idiota e que a mãe dela a amava muito, por isso quero entender os dois lados da história
-Okay... Pode se sentar...
Me sento no sofá e ela senta ao meu lado, desbloqueando seu celular:
-Eu sabia desde o início que eles estavam juntos. Eu tentei avisar que ele não prestava, mas ela, iludida, continuou. Ela engravidou, ele não quis fazer parte disso e a mãe dela ficou muito mal. Ela se mudou pra cá e entrou em depressão, porque ela engordou e perdeu a atenção de Nathan. Depois que o filho nasceu, os dois conversaram e ele aceitou registrar o filho com o nome dele. O corpo dela voltou ao normal e ele voltou a fazer coisas impróprias contra a vontade dela. Ela o amava e ele... só queria manter ela iludida pra não arcar com as responsabilidades. Alguns minutos antes do incêndio, ela chorou, dizendo que não queria ir pra lá e que não aguentava mais isso. Ele fodeu com a vida, a carreira e o psicológico dela...
-Então foi tudo culpa do meu irmão....
-Se duvida, tenho prints das conversas com os amigos dele e coisas bem piores...
Eu li cada uuma das mensagens com um nojo e uma culpa imensa por deixar meu irmão ter feito isso, e ainda ser responsável pela morte dessa menina. Saio daquela casa chorando e volto pro meu apartamento. Passo o resto da manhã em casa e mando uma mensagem pra Peter
H: Consiga a tutela do garoto. A avó não tem como criar. É o melhor a ser feito
Eu fiz muita merda na vida de muita gente. O mínimo que eu posso fazer, é amenizar essa dor, criando essa criaturinha e garantindo que ela não sofra assim como a mãe. Vou pagar pelo meu erro...
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