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História City Of Roses - Capítulo 9


Escrita por: stilinskidrauhl

Notas do Autor


Voltando depois de muito tempo. Desculpe!

Capítulo 10 - Capítulo 9


Roseli Honorem

O barulho de um ventilador velho pairava num lugar até então vazio. Minhas botas estavam sujas de lama deixando rastros pelo assoalho barato, Justin tinha suas sobrancelhas juntas demonstrando nenhuma felicidade pelo local no qual iriamos passar a noite, ele olhava para os lados a procura de algum recepcionista. Me aproximei de uma espécie de balcão e passei os olhos por sua extensão encontrando o pequeno sininho enferrujado e dando dois leves toques no mesmo.

– Me impressiona que isso funcione. - Disse Justin sobre o objeto de barulho irritante.

– Nós não temos muitas opções por aqui. - Respondi vendo o mesmo dar de ombros e umedecer os lábios.

Um cheiro forte de tabaco se espalhou pelo cômodo não muito grande, meu rosto se contorceu pelo odor exagerado e eu acabei por espirrar. Justin, que estava distraído olhando torto para o lugar, virou o rosto em minhas direção e apontou para trás como se estivesse querendo que eu olhasse.

Um senhor de cabelos grisalhos e olhos pequenos olhava em minha direção e tossia algumas vezes. O cheiro de tabaco sem dúvida vinha dele.

– Nós precisamos de um quarto. - Disse com um sorriso desajeitado. Ele pareceu me analisar e parou para olhar a poça de água que eu tinha feito no chão por estar com as roupas molhadas por conta da chuva.

– Não temos quartos. Boa noite e passar bem. - Passar bem na rua? pensei. Ele disse e logo se virou para ir embora junto com sua tosse constante.

– Não deveria mentir desse jeito quando você deixa as chaves disponíveis no quadro logo ali. - Justin se inclina sobre o balcão e aponta para um tipo de quadro/armário pendurado na parede. – Nó só queremos passar a noite. E não acho que o senhor esteja recebendo muitos hospedes para estar negando alguém. - Imediatamente olhei de olhos arregalados para Justin. Ele estava realmente ofendendo a única chance que temos de não dormir na rua?

– Nós só queremos um lugar para passar a noite, prometemos sair o mais cedo possível. - O velho pareceu nos analisar mais um pouco até que virou e estendeu as mãos tremulas na direção das chaves, arrancou uma delas e a jogou na direção de Justin, que a pegou de um jeito desengonçado.

Ele lentamente intercalou seus olhares entre Justin e eu, antes de estreitas os olhos e dar as costas indo em direção a porta de onde tinha saído.

– ESPERE! - Tornando a virar-se com sua enrugada cara de tédio. – Nós somos dois e você só nos deu uma chave. - Eu até poderia estar abusando de sua boa vontade, mas eu não iria dormir na mesma cama com um cara que eu simplesmente não conheço direito. Sem falar nada e demonstrar que não dava mínima para o que eu tinha acabando de dizer, o velho voltou a fazer seu caminho.

– Bem, parece que você está com muita sorte hoje. - Olhei para Justin que rodava as chaves em seus dedos e tinha um sorriso largo parecendo se divertir com a situação. – Não é todo mundo que pode ter Justin Bieber em sua cama. - Bufei. 

Como ele pode ser tão convencido? Aposto que o coitado nunca tinha recebido um não de uma mulher na vida. Ele estava realmente pensando que iriamos subir e deitar de conchinha?

– Mas eu acho que você está com muito azar. - Me aproximei ficando poucos centímetros de seu rosto vendo sua cara em um misto de confusão e malicia. – Por que esse Justin. - Toquei suavemente em seu peito com a ponta dos meus dedos. – Não estará na cama de ninguém essa noite. - Disse o confrontando.

– Você não está dizendo que eu vou dormir no chão, não é? - Ele disse calmo mas parecia inconformado com o que eu tinha proposto. Ainda estávamos bem próximos.

– Eu não disse que você ia dormir no chão. - Ele estreitou os olhos.

– Se eu não posso dormir na cama e aparentemente no chão também não, onde a senhorita Rose sugere que eu durma? - Ele tinha um sorriso sínico em seus lábios. 

– Eu não dou a mínima, desde que seja bem longe de mim. - Tombando sua cabeça para baixo, ele soltou uma leve risada mas logo se recompôs. Seu maxilar travado enquanto umedecia  seus lábios e mantinha seu olhar fixo no meu, assim como antes. 

– Não parece que você quer estar longe de mim agora. - Meu olhar intercalava entre seus lábios e olhos.

Eu estaria ficando louca? isso soava coerente na minha cabeça Já que eu não me movi um centímetro e não tinha intenção de fazer isso. Bem, eu até tinha, mas eu simplesmente não conseguia me mexer e isso me deixava completamente frustrada.

 – Eu só estou perto de você porque você está com a chave do quarto. - Mas o que isso tem haver? Eu gritava em pensamento e no fundo eu queria que um piano caísse na minha cabeça como em um daqueles filmes mudos antigos.

 – Essa não foi uma das melhores desculpas para tentar desviar do fato de que você me quer muito. - Ele colocou suas mãos em minha cintura e disse com uma feição totalmente séria. Por que ele estava me deixando tão...

Uma parte de mim sem dúvida queria que ele conhecesse cada parte da minha garganta, mas outra parte, a que falava mais auto, queria o mandar se foder por se achar tanto. Eu não tinha insinuado nada para ele, muito pelo contrário. Não que o fato dele se achar fosse o maior dos empecilhos, mas uma pessoas como eu não pode sair por ai me encantando por meninos fisicamente atraentes, por mais atraentes que eles possam ser, e Justin é exatamente esse menino. Eu tenho o tipo de vida não muito normal, até por que, a maioria dos garotos normais não costumam ficar com meninas lobo que tem a incrível capacidade de parecer jovem pelo resto da vida. Não é exatamente o que se diz no primeiro encontro. 

 – Você é a pessoa mais convencida que eu já conheci, e você provavelmente ficaria surpreso com o tamanho da lista de pessoas que eu já conheci. - Até que eu tinha me saído bem, provavelmente só o meu olho esquerdo tinha tremido dessa vez.

– Uoh, você está me insultando. - Ele disse confuso, mas empolgado. – De novo.

– Você ainda está surpreso? Pensei que já tínhamos passado bastante tempo juntos para ter se acostumado. - Eu estava brincando mas havia verdade naquilo.

– Não estou surpreso. É que cada vez que você me insulta, mais eu tenho a certeza de que você faz isso para tentar provar a si mesma que não me quer muito. - Ele mantinha suas mãos em minha cintura e um sorriso convencido no rosto. – E você sabe que isso é mentira.

Merda. Merda. Merda.

Minha cara devia estar como uma lapide de cemitério. Isso estava tão errado, mas eu estava gostando. Não gostando de Justin, mas da situação. Ele podia ser só mais um rostinho bonito no qual eu me aproveitaria e iria embora, mas ele é a merda do meu vizinho. E acredite quando eu digo que se apaixonar por alguém e ter que ir embora sem ao menos explicar o porquê é complicado e dramático, eu sei o que estou falando.

Eu não queria olhar no rosto de Justin para saber qual era sua expressão no momento, eu só queria ir o mais longe possível dele e do clima tenso que ficaria depois disso. Levando em consideração que vamos dormir no mesmo quarto essa noite, ficar longe dele não seria uma opção. Sair dessa situação embaraçosa era só o que eu precisava, dar as costas para Justin e ir em direção ao quarto me pareceu bom na hora em que o fiz.

Fuja de seus problemas Rose, como uma menina de doze anos.

Não me surpreendia que o lugar ficava no meio do nada, por dentro parecia que tinha uns mil anos e quando me refiro a mil anos eu não estou sendo sarcástica. Os móveis todos em madeira escura, um horrível papel de parede dos anos cinquenta assombravam o lugar, as luzes, amareladas, dando um toque mais rústico ao local. Todo o lugar tinha um grande cheiro de mofo e o carpete claramente precisava ser trocado.

– Alguém provavelmente morreu nesse quarto e largaram o corpo debaixo do colchão. - Justin se referia ao cheiro ou a mancha estranha no chão que estavam tentando esconder colocando a mobília por cima?

– Você já deve ter visto algo pior que isso.

– Pode apostar que sim. - Ele falou como um sussurro mas obviamente eu pude escutar. – Mas você parece bem acostumada com isso.

Como ele conseguia agir normalmente depois do que aconteceu? Ignore e faça o mesmo, eu dizia a mim mesma. 

– Passei minha vida inteira viajando com Logan. Tem noção de quantos lugares como esse eu já passei? - Ele riu fazendo uma careta estranha.

– Você não parece o tipo de garota que cai na estrada e roda o mundo.

– Do que você está falando? Eu sou exatamente esse tipo de garota. - Ele riu me fazendo rir junto.

– Como eu não notei isso antes. - Ele se sentou na beirada da cama e pareceu me analisar. – Você dirige uma caminhonete ferrada e usa botas surradas, sem dúvidas você é esse tipo de menina.

– Vou ignorar o fato de que você acabou de insultar o meu carro. - Eu fiz uma pausa. – Outra vez.

– Desculpa. - Ele riu e levantou as mãos em rendimento. – Mas, você não é de Nova York?

– Não. - Eu nunca soube onde nasci, o que pode ser estranho para a idade que eu tenho, mas não é importante, eu provavelmente me mudei da lá no instante em que nasci.

– Que bom para você. - Ele parecia... frustrado consigo mesmo. – Eu nasci aqui, moro aqui e provavelmente vou morrer aqui.

–Você fala como se a minha vida fosse boa e a sua uma merda. - Me joguei em uma poltrona que havia por ali, o que levantou uma leve fumaça de poeira. – Eu daria tudo para ter a sua vida. Sabe? criar raízes. - E eu definitivamente não estava de brincadeira. 

– Você não tem ideia do que está falando. - Ele me encarava como se eu fosse louca.

– Eu só tenho ideia do que é ser uma frustrada sem amigos que viveu a vida toda sendo arrastada de um lugar para o outro. A vida é simplesmente mais fácil quando  você não se importa com todas essas merdas. - Isso certamente importava para mim, nem que fosse minimamente. Eu o encarava sem muita expressão. Nada disso me incomodava mais.

O silêncio se instalou no quarto por um tempo. Não era um silêncio do tipo constrangedor, era algo tranquilo, que acalmava. Parecia ser melhor assim.

Com minha cabeça jogada nas costas da velha poltrona eu aproveitava a ausência de barulho para ouvir os únicos batimentos cardíacos no local. Justin demonstrava estar aflito, já que o coração do mesmo batia rápido, mas seu rosto mantinha uma expressão serena e tranquila. 

Uma leve queimação se iniciou em meu braço direito. Meus dedos foram até o local de ardência apertando-o e logo sentindo um pequeno buraco na parte superior do membro. Trouxe meu indicador até onde eu pudesse ver e observar todo aquele... sangue?

– Eu provavelmente me esqueci que levei um tiro. - Disse meio confusa vendo Justin que a poucos minutos estava deitado de barriga para cima e pés para fora da cama se levantar atordoado.

Isso não deveria estar mais sangrando.

– Não se mexa. - Justin disse com uma expressão aterrorizada. – Eu vou pegar uma caixa de primeiros socorros.

– Esse lugar por sorte tem luz. Você não vai encontrar um kit de primeiros socorros.

Agora ele parecia mais preocupado e resolveu que andar de um lado para o outro seria bom para se acalmar. Ele não podia simplesmente respirar? Sou eu quem está sangrando. O que ainda é estranho. 

– Se acalme ou você vai acabar abrindo um buraco nesse chão velho. Nem está doendo tanto assim. - Na verdade, estava doendo mais do que o habitual, e a essa hora isso nem deveria estar mais aqui.

– Nós precisamos cuidar disso, não podemos esperar que a bala saia dai sozinha. - Bem, era para ter sido assim. – Me deixe ver. - Ele disse já se aproximando.

 – Você aguenta a pressão? - Zombei de sua cara assustada ao ver o ferimento.

Justin pediu para que eu tirasse a jaqueta que até então eu nem lembrava que estava usando, ela tinha custado uma nota e agora tinha um lindo furo de bala a enfeitando. Assim que tirei o pano que cobria meu braço pude ver melhor o pequeno buraco que perfurava a minha pele. Aquilo queimava como brasa por dentro da carne mas eu conseguia suportar. Justin avisou que a bala ainda estava lá, como ele sabe? eu não faço ideia. 

Suas mãos foram até perto do ferimento e ele olhou para mim como se pedisse permissão para alguma coisa, eu apenas dei um aceno de cabeça concordando. Ele então deu um leve aperto no local, oque me fez pressionar os olhos com tamanha dor e agonia. 

 – No que essa merda ajudou. - Fiz menção ao aperto que ele havia dado. 

– Eu precisava ver se você ia aguentar. - Ele disse se levantando e procurando algo pelo quarto.

– Aguentar o que? - Ele não respondeu e continuou revirando as gavetas dos armários empoeirados. 

Justin pareceu empolgado com o que tinha achado em uma das gavetas, sem que eu pudesse ver o que ele achou, foi até o pequeno frigobar e pegou alguma outra coisa da qual eu não fazia ideia do que era. Ele se pôs a minha frente e me entregou duas daquelas mini garrafas de bebida alcoólica. Eu não vou beber isso! 

– Para que tudo isso? - Eu o olhava confusa e receosa. Eu provavelmente tinha uma noção do que ele iria dizer.

Sem nem uma palavra e apenas um sorriso nos lábis ele ergueu uma espécie de cabide retorcido, tirou um esqueiro do bolso de sua calça - espera, ele fuma? - e o ascendeu logo queimando uma das pontas do pedaço de ferro. Eu observava atenta cada um de seus movimentos. Ele me pediu uma das garrafas e logo arrancou sua pequena tampa com os dentes já que suas mãos estavam ocupadas, despejou o liquido na mesma ponta em que havia queimado e depois me pediu a outra garrafa a abrindo do mesmo jeito anterior, só que dessa vez ele me entregou o pequeno frasco. 

– Está pronta? - Ele parecia nervoso com o que estava prestas a fazer. 

– O que? Como assim "pronta"? - Eu o olhava apreensiva. – O que você vai fazer?

– Nós vamos tirar essa bala daí, baby.


Notas Finais


Desculpe pela demora!!


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