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História Civil War: Moon. - Morta.


Escrita por: Seola______

Notas do Autor


Ei amores! Prometi que ia postar dois e aqui está o segundo.
Bom, eu resolvi postar dois capítulos de uma vez só porque esse é meu presente de Natal pra vocês que me fizeram muito felizes esse ano! Meu ano foi tenso, mas uma das melhores coisas em minha vida foi ter montado, escrito e postado Moon, isso me trouxe muitas coisas boas que sou imensamente grata, tipo uma parceria que tô amando (em breve falo pra vocês sobre) e vocês, leitores amáveis e que tiram diversos sorrisos de mim com seus comentários, favoritos e recomendações, então, espero que fiquem felizes com essa postagem dupla!
A outra razão por ter postado dois de uma vez só é que eu volto só ano que vem agora, bom, não desanimem por favorzão! Eu volto logo dia primeiro ou dois de janeiro, no máximo, é que vou ficar com a família nessas semanas finais de 2016, mas não vou abandonar a fic tá? Jamais abandonaria vocês, então, por favor, não me abandonem!
Mas, desde já, desejo um ótimo Natal pra todos vocês, e que as entradas do novo ano sejam incríveis, que 2017 traga só coisas boas para todos nós! E muito Peter e Luna, por favorzinho! UHAUHU
E, sem mais blablablás, aqui está mais um! Espero que gostem!

Capítulo 16 - Morta.


— Oi!

Virei-me na direção da voz já sorrindo, reconheci ser a voz de Peter rapidamente.

— Oi – o cumprimentei sorrindo – bom dia.

— Bom dia – ele segurava nas alças da mochila – é bom te ver do lado de fora.

Sorri dando de ombros – Melhor do que permanecer presa em casa.

Ele apenas sorriu.

— Você está bem?

— Sim, claro – ele me olhou confuso - por quê?

— Você está indo pra escola no horário – brinquei – isso é novo.

Ele riu e coçou a nuca como de costume – Bem, se o senhor Stark precisar de mim, ele chamará. 

— Ah – balancei a cabeça sem sorrir – sim.

— Eu sei – ele disse desviando o olhar – parece que sou só um boneco, mas na verdade isso acaba me ajudando muito nos estudos. 

— Mesmo se atrasando você sempre tirou as maiores notas da sala, Parker.

— Mas se eu continuar atrasando serei expulso.

O fitei assustada. Jamais pensaria que Midtown High School tomaria uma decisão tão violenta. 

— É – ele arqueou as sobrancelhas sorrindo – então, Stark está meio que me ajudando. 

— Legal – resmunguei forçando um sorriso.

Não sei se era apenas implicância de minha parte, mas aquela situação eu mais via como um controle do que uma ajuda. Peter sempre avisava o que estava acontecendo para Tony desde que aceitou o Tratado de Sokovia, afinal, isso fazia parte do mesmo. Compreendo que ele não queria ser expulso da escola que, agora, estava com essa nova medida, mas ainda assim não conseguia ver Tony como um bom cara que só quer ajudar.

Tirei tais pensamentos de minha cabeça quando o ônibus escolar chegou, Peter e eu entramos no mesmo dando de cara com Flash Thompson quem me parou para perguntar de Jullie, respondi a verdade: não sabia onde ela estava. Ele não acreditou, mas infelizmente era a mais pura verdade. Mandei milhões de mensagens, liguei diversas vezes e ainda bati em sua casa para saber se ela estava disponível para conversarmos, mas, obviamente ela estava me ignorando e não tirava sua razão.

Passamos grande parte do caminho com Flash desabafando sobre como gostava de Jullie, mas ele sussurrava, no banco ao lado do meu, como quem estivesse com vergonha de assumir seus sentimentos, Peter apenas o ignorava sentado perto da janela, mas eu sabia que ele escutava tudo o que Flash dizia quando soltava uma risadinha abafada ou se mexia incomodado com algumas coisas que ele dizia sobre ser um grande homem.

Muito mal escutei Flash, apenas o deixei falar enquanto, mentalmente, ensaiava o que diria a Jullie, por mais sincero que fosse tinha ensaiado as desculpas em minha cabeça durante toda a manhã e o fato de ainda não termos nos encontrado me deixava mais ansiosa e amedrontada. Jullie era minha melhor amiga desde que cheguei, ela foi a primeira a me acolher e tentar conversar comigo calmamente porque, segundo ela, eu não tinha cara de americana e ela ficou com medo de não compreender nada do que ela falava, mas ela, no instante em que disse falar inglês naturalmente e ser americana, riu sem graça e falou sem parar. Sorri lembrando de como fiquei tímida por muito tempo ao lado dela quem tagarelava sem parar.

— Ei! – Flash me empurrou de leve esticando seu braço pelo corredor do ônibus – o que você acha?

— O que? – perguntei virando meu rosto para olhá-lo.

— Você acha que ainda tenho chance com ela? – ele forçou um sorriso enquanto me olhava.

— Não faço ideia – respondi me ajeitando no banco – mas, você quer um conselho? 

— Claro! – ele disse um pouco mais alto que o normal atraindo a atenção das pessoas a nossa frente.

— Cai fora.

— O que? – ele me fitou assustado.

— Você foi um imenso babaca, Flash Thompson – cruzei os braços sentindo o olhar de Peter sobre mim enquanto era sincera com Flash – ela merece coisa melhor que um idiota como você. 

Ele então me fitou, pela primeira vez vi Flash Thompson sem seu sorriso largo e vitorioso. Achei que ele fosse se levantar e me insultar de alguma maneira, mas ele apenas se levantou e caminhou em direção aos fundos do ônibus, sentou-se sozinho perto da janela e, momentaneamente, fiquei sem reação e sem entender o que aquilo significava. Olhei para Peter quem mantinha as sobrancelhas erguidas me fitando tão confuso quanto eu me sentia. 

— Merda – resmunguei ficando de pé e deixando minha mochila no banco ao lado de Peter quem apenas me acompanhava com o olhar ainda mais confuso do que antes.

Arrastei-me até os fundos do ônibus enquanto observava Flash Thompson completamente cabisbaixo, era até ridículo vê-lo daquela maneira porque me fazia pensar que, a qualquer momento, ele levantaria rindo da minha cara enquanto seus amigos apontariam para mim e me chamariam de idiota por tentar consolar Flash de alguma maneira, mas eu não viveria em paz se não o fizesse. E, em momentos assim, eu me odiava. 

— Flash…

— Relaxa – ele disse pigarreando enquanto abraçava sua mochila como um brutamontes indefeso – eu tô bem.

Sentei-me no banco à sua frente virando-me de costas para a frente do ônibus enquanto o fitava - O que foi? 

— Nada, latina. Só me deixa em paz – ele olhava pela janela o movimento da rua.

— Eu só não peço desculpas porque não menti, mas – hesitei ao perceber que estava me explicando para o cara mais babaca da escola – poderia ter falado de um jeito diferente.

Ele me fitou – Sei que sou um babaca de vez em quando…

— De vez em quando? – perguntei o interrompendo. 

— É, de vez em quando – ele manteve sua postura cabisbaixa – mas eu gosto dela, Luna. 

— Sério, Flash – bufei coçando a testa enquanto fechava os olhos, prossegui assim que tornei a fitá-lo – não tem essa de ser babaca de vez em quando. Ou você é ou não é. E cara, você é um completo babaca. E ela gostava de você até você se aproveitar dela, e dos sentimentos que ela foi capaz de te dizer, e começar a sair com Amanda esfregando isso na cara dela e da escola inteira.

O ônibus parou, provavelmente para pegar um dos alunos, mas nem eu, nem Flash olhamos. Ele tornou a ficar cabisbaixo olhando para o asfalto morno da rua e eu o fitava falando sem parar:

— Ela é a garota mais incrível que um cara pode querer ter, e, misteriosamente, acredite em mim eu nunca entendi o que ela viu em você, você a tinha e simplesmente jogou tudo fora e não dá pra entender o porquê. Por medo? Por susto? – ele abriu a boca para falar, mas não o deixei – não quero saber o porquê, mas você machucou a garota mais legal e confiante que eu conheço. E ela é maravilhosa! Ela é divertida, bonita, inteligente e se eu gostasse de mulheres, com certeza, já teria me apaixonado por ela porque ela é incrível e não merece um cara como você quem vai fugir na primeira oportunidade ou pisar na bola logo na primeira semana. Por isso eu falei que você devia cair fora – fiz uma breve pausa o fitando – mas isso não cabe a mim, Thompson. A escolha é dela e se ela te quiser de volta não tem quem tente atrapalhar porque ela é uma garota de opinião e você estragou com tudo quando teve a chance. 

O ônibus inteiro estava em silêncio e percebi isso apenas quando parei de falar sobre o quão espetacular Jullie era. Provavelmente estava parecendo estar interessada nela e despachando Flash para poder ficar com ela só para mim, mas eu sabia que não era isso e então isso bastava. Flash ergueu o olhar até mim e então olhou para além de onde eu estava sentada esboçando uma reação incompreensível. Não sabia se ele estava feliz ou triste. 

Virei-me para frente do ônibus e então dei de cara com Jullie, com seus cabelos ruivos envoltos em duas tranças jogadas para frente por cima de seus ombros, me fitando com os braços cruzados. Ela me fitava completamente séria e se eu não soubesse a razão pela qual ela estava daquela maneira comigo, diria que ela estava com ciúmes de Flash. 

— Obrigada por me defender, Luna – ela disse sarcástica e completamente fria – mas posso fazer isso sem você. 

— Julles, eu…

— Agora se me dá licença – ela me interrompeu – gostaria de falar com Flash, ou você vai querer beijá-lo, também?

Não respondi, apenas lancei um olhar para Peter quem me fitava no banco completamente perdido e sem saber o que fazer. Jullie olhou na mesma direção que eu e Peter ergueu seu olhar até ela quem, rindo, se virou para me fitar. 

— Precisamos conversar – sussurrei em meio ao silêncio do ônibus, todos prestavam atenção no que estava acontecendo. 

Ela não me respondeu. 

Fiquei de pé segurando nas barras de metal enquanto me aproximava dela – Sério Julles, me dá a chance de explicar o que aconteceu. 

— Sério Luna, sai da minha frente – ela fazia questão de falar alto o suficiente para que todos escutassem – eu odeio você. 

Foi como se alguém tivesse me apunhalado sem dó nem piedade. De imediato senti uma vontade absurda de chorar enquanto ela passou por mim me esbarrando de modo que me afastasse de seu caminho. Olhei para frente e metade das pessoas olhavam discretamente enquanto a outra metade empoleirava em seus bancos para ver a confusão nos fundos. Segurando nas barras fui andando em direção a meu assento, peguei minha mochila e sentei-me ao lado de Peter tentando normalizar minha respiração enquanto dizia a mim mesma que não choraria. Era muito mais difícil segurar o choro com o peso da culpa tão forte nos ombros.

Aos poucos, os alunos foram se virando para frente e voltando a conversar entre si sobre seus assuntos pessoais, futebol, novela, algum filme e sobre o que tinha acabado de acontecer. Mesmo concentrada em não chorar dentro do ônibus por causa das palavras de Jullie, podia escutá-los e, inconscientemente, os assuntos que mais me prendiam eram aqueles que especulavam sobre o que tinha acontecido com nossa amizade. 

“Não acredito que ela estava dando em cima do Flash” reconhecia a voz de Gina Jeawlery sussurrar para alguém.

A resposta vinha de imediato: “Parece que ela tava defendendo a Jullie de algo que o Flash falou. Você sabe como ele é, deve ter falado besteira e a amiga foi defender.”

“Algo me diz que elas não são amigas mais” Billy Crawford sussurrava em outro canto.

A voz de Masie Kyle se tornou audível como resposta: “Acho que ela está a fim da Jullie e tentou beijar ela a força.”

A risada de Billy saiu abafada “Que falta de sorte! Mas quem não é a fim da Jullie também?”

“Só quem não pegou… Ainda!”

Ambos riram juntos e eu apenas fechei os olhos tentando isolar todas aquelas vozes dentro da minha cabeça. Abri os olhos ao sentir algo em minha mão direita fazendo cócegas, as pontas quentes dos dedos da mão esquerda de Peter encostavam no peito de minha mão apoiada em minha perna. Virei meu rosto para olhá-lo e ele recolheu sua mão enquanto me fitava com um pequeno sorriso amigável. Por um instante esqueci todas as vozes ao nosso redor e me senti mais tranquila, mas assim que o ônibus parou e todo mundo começou a levantar me dei conta de que havíamos chego na escola.

— Você está bem? – Peter perguntou andando atrás de mim em direção a saída do ônibus.

Balancei a cabeça positivamente como resposta enquanto descia as escadas. Caminhamos lado a lado, mas em silêncio, em direção a entrada da escola. 

— Pete, oi!

Assustei-me com Harry Osborn chegando ao lado de Peter completamente ofegante, ele apoiou as mãos nos joelhos enquanto puxava ar para seus pulmões tentando falar com Peter.

— Você tá bem, Harry? – Peter perguntou desanimado pousando a mão no ombro do seu amigo.

Harry me fitou ainda curvado – Posso falar com você?

Compreendi a indireta forçando um fraco sorriso – Vejo vocês depois.

— Ok – Peter balançou a cabeça positivamente completamente confuso se me deixaria ir mal ou se ficaria para escutar o que o amigo afobado tinha para lhe dizer.

Mas antes que ele pudesse dispensar Harry ou se preocupar comigo, caminhei em direção a entrada segurando as alças de minha mochila, escutei Harry perguntar o que tinha acontecido comigo e Peter apenas respondeu que era uma longa história logo mudando de assunto. Foquei meus pensamentos em outros locais de modo que não escutasse o que Harry tinha a dizer para Peter, afinal, ele queria falar a sós com o amigo não era a toa.

Fui em direção à sala de aula deixando minha mochila em cima de minha carteira enquanto me dirigia em direção ao banheiro que ainda estava vazio. Parei em frente ao espelho apenas me fitando, ultimamente, especialmente em um único dia, as coisas tinham dado tão errado que eu mal poderia prever tudo isso acontecendo de uma vez só: as condições de estar em liberdade condicional, o momento em que contei para Jullie que Peter e eu havíamos nos beijado, a briga com meu pai sobre ter sido minha escolha ter ficado do lado “errado” da Guerra, dentre outras pequenas coisas que me mantinham abalada. Apoiei as mãos na beirada da pia respirando fundo, mesmo com tudo isso acontecendo eu não podia me deixar abalar e ficar mal com tais situações. 

A porta do banheiro se abriu fazendo um barulho um tanto alto, que indicava que a porta precisava urgentemente de óleo. Olhei na direção da mesma e vi Jullie entrando ao lado de Maria Poddam ambas riam de algo e assim que me viram fecharam a cara como se eu fosse a pior pessoa do mundo. E, honestamente? Estava me sentindo. Caminhei em direção à porta, mas parei no exato instante em que ela me chamou pelo sobrenome com o sotaque americano: 

— Mouraes.

Virei-me para fitá-la sem ter o que dizer. 

— Você sabia que a Maria gosta de um dos garotos de nossa sala? – ela cruzou os braços sorridente.

Novamente, não respondi. 

— E que uma das razões de termos nos aproximado tanto é porque gostávamos do mesmo cara?

Fechei os olhos compreendendo o porquê daquela conversa repentina. Meu coração disparou enquanto eu tentava não me sentir ainda pior.

— Sim. Peter, Peter Parker – Jullie prosseguiu – mas de que adianta, não é mesmo? 

— Jullie – sussurrei abrindo os olhos para fitá-la – me desculpa. 

— Tá tudo bem, Luna – ela deu de ombros andando em direção a pia – estou lidando melhor do que Maria, na verdade. 

— Por que está fazendo isso? – perguntei. 

— Isso o que? – ela perguntou abrindo a torneira – você não queria conversar? Aqui estamos. Mas eu inclui Maria porque ela sabe e, mais do que isso, ela está realmente chateada com você. 

Olhei para Maria quem cruzou os braços após Jullie falar.

— Sinto muito, Maria.

— Mas sério, não vamos brigar por causa de homem – Jullie fechou a torneira sacudindo as mãos – isso é ridículo. Não estamos aqui pra puxarmos nossos cabelos por causa de Parker. 

A fitei novamente em silêncio. 

— Estamos aqui para falar de amigas que traem umas às outras. 

— Julles…

Ela me interrompeu – Certo, você não sabia dos sentimentos de Maria por Peter, mas se soubesse, isso impediria você de beijá-lo e jogar na cara dela? 

— Eu não joguei na sua cara – falei andando em direção as duas.

— Claro, só saiu - ela forçou um sorriso olhando para Maria – quem beijou primeiro, Luna?

Não respondi novamente.

— Vamos, é uma pergunta bem simples: quem beijou primeiro?

— Você quer conversar? – perguntei cruzando os braços enquanto a fitava – para de esconder a merda dos seus sentimentos primeiro. 

— Eu…

A interrompi – E Maria, eu sinto muito, eu não tinha ideia que gostava do Peter e se quiser conversar estou disponível, mas não vou ficar nessa palhaçada no banheiro da escola respondendo a porcaria de um interrogatório. 

Andei em direção a porta quando escutei Jullie berrar – Como você pode?

Parei, mais uma vez, com a mão na maçaneta da porta. Virei-me na direção de Jullie pegando fôlego o suficiente para soltar tudo de uma vez:

— Apenas aconteceu, Jullie. Sei que essa é a pior coisa pra se ouvir, mas você já parou pra pensar que eu poderia estar escondendo isso de você até agora se não estivesse me sentindo a pior pessoa do mundo por ter beijado o cara que minha amiga gosta? Eu beijei primeiro, Jullie – respondi sua pergunta sem sussurrar – fui eu, tá legal? Depois Peter me beijou de novo e eu não me afastei, não parei o beijo quando pude e isso me faz a pior pessoa e amiga do mundo, eu sei disso. Não me interessa o que falem porque estou me sentindo uma idiota e não posso consertar isso de maneira alguma. E eu realmente sinto muito. Me desculpa por ter beijado Peter e por não tê-lo parado quando pude, sou realmente uma traíra porque eu beijei Peter e gostei – fiz uma breve pausa observando a respiração de Jullie ficar cada vez mais ofegante – não tem jeito de escolher o que sentimos e não estou dizendo que gosto de Peter, mas também não vou mentir ao dizer que não estou vendo-o de uma maneira que nunca tinha visto antes. O beijo, para nós dois, foi algo impulsivo e, ao mesmo tempo, surpreendente porque nunca sequer pensamos nisso. Então, eu realmente sinto muito por ter feito você se sentir dessa maneira porque eu sei que você não está bem, mas não sinto muito pelo beijo. E honestamente? Carregar Maria com você foi a pior coisa que você podia ter feito. Sinto muito por fazê-las se sentirem dessa maneira. Mesmo.

O silêncio só foi preenchido pelo sinal da escola tocando, o que indicava que devíamos ir para a sala. Tudo pareceu cronometrado. Apesar de ter dito tudo o que eu queria, e mais um pouco, para Jullie – porque eu estava realmente chateada com sua atitude de contar para Maria o que aconteceu, mesmo sabendo que em minha atual situação não tenho direito algum de me sentir de alguma outra maneira que não seja culpada –, ainda me sentia culpada e com o peso nos ombros. Respirei fundo abrindo a porta e andando em direção a sala entrando junto com o restante dos alunos na sala onde Peter e Harry já estavam sentados como bons alunos. Caminhei em direção a minha carteira vendo minha bolsa da mesma maneira que havia deixado anteriormente. 

— Luna!

Virei para trás ao escutar meu nome e, antes mesmo que pudesse me dar conta do que tinha acabado de acontecer senti meu rosto arder em uma intensidade um tanto quanto exagerada. Olhava para o chão ao meu lado esquerdo e sentia minha bochecha direita queimar e latejar. Havia tomado um tapa na cara com tanta força que meu cabelo curto estava bagunçado em grande parte de meu rosto. 

— Você beijou ele primeiro! – Jullie berrava furiosa.

Virei meu rosto para fitá-la enquanto a sala se situava do que estava acontecendo. 

— Você beijou Peter Parker primeiro e gostou? Como você pode fazer isso comigo? – ela chorava possessa na minha frente enquanto ainda me mantinha surpresa com o tapa forte – você sabia que eu gostava dele!

— Senhoritas! – a professora de Gestão Científica berrou na frente da sala.

— Você sempre soube que eu gosto do Parker e não é de hoje! Eu tentei não ficar com raiva de você e sim dele, porque somos mulheres e devemos nos apoiar, mas você percebeu o quão babaca você acabou de ser comigo? 

Eu não conseguia me mover ou falar algo e muito menos olhá-la.

— Jullie – escutei a voz de Peter atrás de mim, mas sequer virei-me para ouvi-lo.

— Você cala sua boca, Parker, antes que eu te dê um tapa imenso nessa sua cara de nerd. Eu não…

— Senhorita Anders! – a professora gritou furiosa agora entrando no meio de Jullie e eu – você acha que está na sua casa? Quero as duas fora da minha sala agora! Pra diretoria as duas. 

Permaneci parada ainda olhando para Jullie quem, agora, era segurada por Liz e Maria. 

— E você também senhor Parker – ela tomou a frente gritando como nunca havia visto antes – Agora! Vamos! Os três!

Caminhando em direção a porta atrás da professora quem, delicadamente, empurrava Jullie mantendo-a distante de mim o suficiente para que outra briga não se iniciasse. Mas eu não faria nada contra ela, assim como não o fiz quando tomei o tapa. Estava surpresa até aquele momento e, honestamente, jamais esperaria tal atitude de Jullie e por mais que eu ache que mereci estava começando a me sentir um pouco farta de tentar ajustar as coisas e receber, em troca, apenas a raiva e o deboche dela.

Era compreensível o modo como ela se sentia, mas por mais que a pessoa me machucasse eu não a machucaria fisicamente de volta e Jullie também era defensora dessa ideologia até então. Para mim aquela não era a Jullie minha melhor amiga, mas acho que esta Jullie antiga jamais voltará porque ela estava magoada o suficiente comigo para não me perdoar e isso fazia com que eu me sentisse uma pessoa terrível. Mas aquela Jullie eu não reconhecia, me dando um tapa na cara, brigando por causa de Parker, por mais que seus sentimentos estivessem aflorados jamais esperaria isso dela, por isso a surpresa.

Caminhávamos em silêncio em direção ao hall de entrada que era a espera da sala da diretora, sentamos nas cadeiras azuis e acolchoadas enquanto a professora, visivelmente nervosa, andava de um lado para o outro no pequeno cômodo recém reformado. As paredes estavam pintadas de branco e as telas enormes com suas molduras artísticas tomavam conta do local. Sentei-me ao lado de Peter e Jullie fez questão de se sentar longe de nós, porém, ficamos os três cara a cara: de um lado eu e Peter, ambos surpresos e em silêncio, e do outro Jullie quem, visivelmente, ainda se encontrava irritada respirando fundo e eu sabia que quando ela respirava daquela maneira era porque ela estava segurando o choro.

A professora sentou ao lado dela resmungando:

— Eu podia esperar isso de qualquer outra pessoa, menos de você Juliet – ela cruzou os braços encostando as costas no encosto da cadeira – o que deu em você?

Jullie colocou as mãos no rosto encostando os cotovelos nas pernas e tampou seu rosto, queria levantar e abraçá-la, mas estava assustada o suficiente para fazê-lo. Vê-la daquela maneira fazia com que minha vontade de chorar aumentasse ainda mais a ponto de mal conseguir segurá-la, mas tudo o que eu conseguia fazer era ficar em silêncio, parada ao lado de Peter enquanto mentalizava que não era para chorar. Não ali. Não agora.

Queria falar algo, queria me explicar, queria defender Jullie para a professora quem proferia perguntas como se ela estivesse aplicando uma prova para um aluno, mas simplesmente não conseguia, minha garganta queimava e formava um nó de modo que eu me mantinha em silêncio apenas ouvindo a professora enquanto olhava para Jullie. Olhei para o lado quando escutei uma voz feminina:

— Professora.

A diretora, com toda sua classe, chamava a professora enquanto a esperava parada na porta. 

— Não podemos deixar esses três sozinhos – a professora disse ficando de pé – acabaram de brigar em minha sala e eu não aconselharia.

— Eles são grandes o suficiente para saberem que, caso abusem novamente, serão expulsos – ela olhava um por um e então parou seu olhar no Peter – olá senhor Parker.

— Oi. – ele levantou a mão a cumprimentando.

— Você por aqui por causa de algo que não seja atraso na aula é algo inédito – ela desviou o olhar de Peter estendendo a mão para dentro de sua sala de modo que a professora entrasse – vamos.

A professora, hesitando enquanto nos fitava, assentiu em silêncio entrando na sala da diretora antes de nós. Abaixei o olhar até meus pés visto que Jullie não se movia ou fazia algum barulho indicando que ela estava chorando, apenas escutava as coisas a meu redor evitando escutar a conversa de ambas, dentro da sala da diretora, por mais que quisesse.

— Jullie.

Olhei para o lado, mas dessa vez encontrei Peter de pé andando em direção à ela. Jullie não respondeu e eu apenas observava o que ele faria. Ele sentou-se ao lado dela e ela sequer se moveu.

— Jullie – ele a chamou novamente inclinando seu corpo para frente de modo que falasse em seu ouvido.

Novamente ela não respondeu.

— Tudo bem, você não quer falar – ele endireitou o corpo encostando as costas na cadeira – eu sinto muito. De verdade. Realmente sinto muito por estar fazendo você se sentir dessa maneira – ele me fitava enquanto falava – eu sabia desde o princípio que você estava a fim de mim e não fui um cara legal pra te dizer que não sentia o mesmo. Na verdade, fui bem covarde – ele desviou o olhar para o chão – mas, por favor, se você tem que ficar com raiva de alguém, este alguém sou eu, não a Luna. Sei que parece que estou defendendo ela, mas na verdade – novamente nos fitamos enquanto ele falava – ela não precisa que ninguém a defenda.

Dei um fraco sorriso o fitando.

Após uma breve pausa ele prosseguiu – A pior parte é que vocês costumavam ser melhores amigas. Eu poderia ser o maior babaca do mundo, não que eu seja incrivelmente perfeito e legal, porque não sou, mas... Eu podia estar me sentindo o cara mais incrível do mundo porque, tecnicamente, vocês estão brigadas por minha causa, mas eu não me sinto nem um pouco bem com isso. Sei que nada que eu falar vai adiantar porque você está realmente chateada – Peter olhou para Jullie quem mantinha sua cabeça abaixada – mas não desconte nada na Luna. Eu sou o culpado e o covarde que você tem que odiar.

Balancei a cabeça negativamente quando ele me fitou mais uma vez. Apesar dos apesares discordava do fato dele ser inteiramente culpado, como havia dito eu quem o beijei primeiro e quando tive a oportunidade de parar simplesmente não quis porque estava gostando. E isso se tornou no que estávamos ali agora: em um triângulo amoroso onde a mais machucada era Jullie.

— Me desculpa – Peter sussurrou ficando de pé e voltando a se sentar no lugar anterior. Lancei um olhar para ele com um fraco sorriso enquanto ele sorria de volta logo desviando o olhar para seus pés. Escutava as vozes da diretora e da professora dentro da sala e no instante em que escutei a professora falar que simplesmente não entendeu nada, que estava arrumando suas coisas quando escutou Jullie gritar algo sobre um beijo e Peter Parker, virei minha atenção para a voz afagada de Jullie quem, finalmente, dizia algo:

— Não estou com raiva de nenhum dos dois.

A fitei enquanto ela retirava as mãos do rosto e erguia o corpo encostando as costas na cadeira. Ela prosseguiu sem nos fitar, olhava para o piso branco do chão:

— Estou muito chateada – ela fez uma breve pausa – muito. Nunca pensei que minha melhor amiga pudesse fazer isso comigo. Não importa o que falem, eu nunca vou te perdoar, Luna.

— Ela não...

— Por favor, Parker – Jullie o interrompeu calmamente – pare de defendê-la porque isso só me faz perceber o quão idiota eu sempre fui.

— Você nunca foi idiota, Julles – sussurrei com a voz embargada.

Ela ergueu o olhar até mim – Eu acreditei que vocês não tinham nada. Mas claro, os dois iam embora juntos, sumiam juntos e viviam de segredinhos.

Fechei os olhos. As únicas razões pelas quais vivíamos juntos era por causa das nossas tentativas como “dupla do bem” pela cidade. Mas claro que ela não poderia saber disso. Jamais.

— Gosto de você mais do que pensei, Parker – ela prosseguiu – achei que seria uma coisa passageira, mas eu devia saber quando voltei a sentir algo por você. Nunca senti algo por um cara duas vezes e muito menos antes de beijá-lo.

Abri os olhos tornando a fitá-la, ela olhava fixamente para Peter com os olhos cheios de lágrimas, seu lábio inferior tremia a medida que ela tentava segurar o choro e então, mais uma vez, ela afagou as mãos no rosto na tentativa de não nos mostrar que chorava. Mas desta vez foi rápido, pois ela logo levantou o rosto com as lágrimas molhando suas bochechas, ela olhava diretamente para mim:

— Não importa quem beijou primeiro, quem gostou mais, se aconteceu mais de uma vez...

— Não aconteceu mais de uma vez – a interrompi enquanto a fitava.

Ela sorriu visivelmente triste – Não importa, Luna. Não mais. Não importa se ficarão juntos, se já estão...

— Nós...

Ela interrompeu Peter fechando os olhos enquanto mais lágrimas escorriam – Não importa, Parker. Não mesmo. Porque os dois estão mortos para mim.

— Jullie, o que tá acontecendo? Você não...

— Isso mesmo – ela me interrompeu abrindo os olhos novamente – “o que está acontecendo?” Nem eu sei, Luna. Me sinto mal por ter brigado por causa de homem, por ter agido como uma louca... Porque... Eu acho isso tão ridículo. Mas, assim como você não sente muito pelo beijo e sim por ter feito eu me sentir dessa maneira, eu não sinto muito pelo tapa que dei na sua cara, mas sim pelas circunstâncias que o dei.

Senti o olhar de Peter sob mim enquanto eu fitava Jullie sem ter o que dizer.

— Você merece muito mais do que um tapa, mas não vou fazer isso por causa de Parker – ela coçou o nariz e olhou na direção da porta da sala da diretora que se abria lentamente, me lançou um último olhar antes de se calar – Eu realmente odeio você.

Desviei o olhar para a diretora quem nos chamou para entrarmos em sua sala, a obedecemos de modo que Jullie foi a primeira a entrar e eu a última, Peter se virou para trás para perguntar se eu estava bem e apenas assenti em silêncio, realmente me sentia melhor depois de Jullie soltar tudo o que queria dizer por mais que isso me machucasse. Talvez até ela estivesse se sentindo melhor naquele momento, o que eu acreditava fielmente já que ela parou de chorar, apenas permanecia de braços cruzados sentada na poltrona que lhe foi destinada.

Sentei ao lado de Peter quem separava ambas de nós. A professora permanecia de pé encostada na parede de braços cruzados, a diretora olhou para ela dizendo que era melhor ela dar continuidade à aula já que os alunos estavam na sala sem supervisão e sem terem o que fazer, ela assentiu saindo da sala e então o questionário começou. A diretora perguntava o que tinha acontecido, o porquê de Jullie ter me atacado, a razão pela qual ela tinha feito isso, como eu me sentia, o que Parker tinha a ver naquela história, entre outras perguntas que não foram respondidas, obviamente, por nenhum de nós. Não queria falar de algo tão pessoal por mais que fosse necessário naquela situação.

A diretora prosseguiu insistindo e então disse que a professora tinha lhe contado um pouco o que tinha acontecido, mas que não era o suficiente já que algumas coisas simplesmente não faziam sentido. Eu apenas olhava minhas mãos, apenas me mantinha em silêncio como Jullie e Peter quem pareciam não querer falar nada, também. A diretora, então, se dando por vencida, disse que suspenderia os três se ninguém falasse nada e foi quando seu telefone tocou tirando nossa atenção. Ela o ignorou até que parasse de tocar seu “trim” em volume baixo, mas ele tornou a tocar assim que ela ameaçou a pegar os papeis em sua gaveta.

— Sim? – ela atendeu rudemente e então sua expressão mudou – ah, oi senhor! – ela forçou um sorriso para o telefone enquanto nos ignorava – como vai? Ótimo... Sim, claro... – e então sua expressão mudou novamente, ela olhava para Peter e eu confusa – Eles estão... Como...? Claro! – ela rodou sua cadeira nos fitando com as sobrancelhas erguidas – Mando-os para o pátio em cinco minutos... De nada... Tchau.

Nós a fitávamos sem compreender o que estava acontecendo, mas ela não foi capaz de dizer e retirou três folhas de papel impressas de dentro de sua gaveta. Olhou para Jullie e a perguntou:

— Nome completo?

— Juliet Haus Anders.

— Juliet – ela rabiscava o papel com sua caneta dourada – você está suspensa por tempo indeterminado e apenas...

— O que? – perguntei a interrompendo.

Peter fez o mesmo – Não é culpa dela.

A diretora ergueu o olhar do papel olhando para Peter com as sobrancelhas arqueadas – Você tem algo a dizer, senhor Parker?

— Eu... – ele fez uma breve pausa respirando fundo.

A diretora abaixou a cabeça novamente – Como pensei.

— É algo pessoal – falei a fitando.

— Deixou de ser pessoal quando sua amiga aqui – ela apontou para Jullie enquanto levantava o rosto para me fitar – acertou em cheio um tapa em seu rosto dentro da sala de aula.

— É algo que aconteceu entre nós três – Peter soltou ainda incerto se era algo certo a se fazer ou não – relacionado a um beijo. Jullie... Juliet ficou chateada e o resto você sabe.

A diretora endireitou as costas na cadeira nos fitando em silêncio. Era um tanto quanto errado ela nos fazer falar de algo pessoal, mas compreendia seu lado de quem tinha que resolver um problema e para isso devia compreendê-lo. Depois de um tempo significativo em silêncio, enquanto no analisava, ela disse:

— Juliet Anders você está suspensa por três dias.

— Ela...

— Cala a boca, Luna – Jullie me interrompeu antes que eu sequer começasse a falar algo.

— Fique quieta – a diretora ordenou a fitando – e cuidado com a boca.

Ela então se calou.

— Diretora, a Jullie...

— Você também, Luna – ela ordenou se virando em minha direção – você e Parker ganharão uma advertência.

— Ela apanhou e ainda vai ser punida? – Peter perguntou de imediato retirando uma risada abafada de Jullie.

— Quer ser suspenso, senhor Parker?

— Relaxa, Peter – sussurrei lhe fitando.

— Vocês dois são patéticos – Jullie sussurrou rindo.

— Calados! – a diretora ordenou – se não querem ser suspensos ou que eu aumente o tempo, fiquem quietos. Isso é tudo o que tenho para dizer. Juliet você espera aqui porque entrarei em contato com seus pais para buscá-la, Peter e Luna vocês estão liberados, mas quero que vão de imediato para o pátio externo, pois tem alguém querendo falar com ambos lá.

Assentimos em silêncio e então saímos da sala, mas antes lancei um olhar para Jullie quem me ignorava. E confesso que estava com medo de estar realmente morta para ela, para sempre.


Notas Finais


Primeiramente: meninas, não briguem com meninas, somos mulheres e precisamos nos apoiar. Mesmo que seja difícil em situações assim. Tentei, ao máximo, deixar claro que mulher brigar com mulher não é nada legal, massss a Jullie não conseguiu se segurar porque estava muito chateada :/ E que situação complicada, né?
Me digam o que acharam tá?
E mais uma vez: Feliz Natal e um excelente fim de ano, que 2017 traga só coisas boas para nós, meus amores!
Beijos!


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