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História Civilian - Crossbow guy


Escrita por: xxxumaico

Notas do Autor


Oi, gente!

Muito obrigada pelos comentários e favoritos <3 espero que continuem acompanhando!

Capítulo 2 - Crossbow guy


Fanfic / Fanfiction Civilian - Crossbow guy

Civilian – Crossbow Guy

Isabelle Walsh

 

Eu contara sete dias desde que encarei a pior visão de toda a minha vida. Ao final de cada um dos dias dolorosamente vividos, a cena retomava força nos meus sonhos mais obscuros — os únicos que eu costumava ter desde a manhã em que descobri, definitivamente, que o mundo tinha chegado ao seu fim.

 

Se após sete dias que eu me deparei com meu amado pai, Thomas, sendo devorado impiedosamente por aquelas criaturas, ainda não havia conseguido deixar de lado a dor, eu tive certeza que nunca conseguiria. Eu estava carregando sozinha a responsabilidade de manter uma pessoa viva e, além disso, tinha de lutar contra os meus demônios interiores, que me traziam diariamente as imagens da morte dos meus pais. Uma, pré-apocalíptica, que já estava prevista, embora lembrar-me de minha mãe ainda viva era como me submeter a uma tortura por livre e espontânea vontade. A outra, pós-apocalíptica, foi como desabar de repente. Cada pedaço de mim esparramava-se pelo chão ao resgatar as recordações de meu pai, que partiu cumprindo apenas um nobre objetivo: proteger a mim e Elena. E eu morreria pelo mesmo objetivo.

 

— Eu estava lembrando da mamãe — comentou El, enquanto andávamos pelo enorme engarrafamento que ocupava a interestadual. Eu definitivamente não possuía tanta experiência e sempre permaneci protegida pelo meu pai, mas eu sabia que aqueles carros poderiam ser uma mina de ouro. — Ela tinha os olhos azuis como os meus, não acha?

 

Elena, que segurava minha mão, apertou-a levemente e balançou meu braço. Eu não era capaz de evitar meu sofrimento, contudo, sempre que podia, tentava afastar o dela:

 

— Tinha sim. E eu é que nasci azarada, não é? Herdei os olhos do papai — eu ouvi o riso baixo dela e sorri satisfeita.

 

A maioria dos veículos já estava infestada por cadáveres e insetos, mas, ainda assim, decidi encarar o interior de cada um que pudesse nos trazer alguma vantagem. Não havia maneira de saber se algum item útil ocupava os carros exceto os vasculhando e, mesmo receosa, coloquei Elena atrás de meu corpo e abri a porta do primeiro. O porta-luvas estava repleto de mini revistas inúteis e uma bíblia; ao lado destes, alguns frascos de cor alaranjada eram ocupados por pílulas desconhecidas por mim. Decidi por não perder meu tempo analisando os rótulos, apenas joguei todos os frascos para dentro da minha bolsa que, felizmente — e era a primeira vez que eu concluía tal afirmação —, estava quase que completamente vazia.

 

— Posso ajudar? — perguntou Elena, que segurava fortemente a minha cintura. Nós já andávamos assustadas, a noite apenas piorava nossa situação. Falta de visibilidade era o principal problema.

 

— Só fique perto de mim, El — eu pedi, em baixo tom, e ela obedeceu.

 

apenas sete dias eu havia descoberto o que era atravessar uma faca pelo crânio de um walker e ter por toda a pele do meu corpo os vestígios daquele sangue de coloração escura que os mortos-vivos carregavam, sendo assim, qualquer som que surgisse me deixava em estado de alerta e fazia com que um tremor incontrolável atingisse o meu corpo. A pistola que eu carregava em meu coldre, retirada de meu pai após sua morte, ainda não havia sido utilizada por mim e eu não pretendia o fazer tão cedo, contudo, ao ouvir o barulho de diversas risadas, aparentemente vindas de longe, minha mão, num reflexo, foi parar na arma, o que me fez suar frio.

 

— O que foi isso? — Elena me questionou, agarrando a minha cintura com mais força. Eu podia sentir sua respiração ofegante batendo contra minhas costas, o que apenas serviu para me afligir cada vez mais.

 

— Nada, El — eu retirei suas mãos de minha cintura e agarrei seu braço, seguindo rapidamente após encostar a porta do carro. — Vamos andando.

 

Olhei para trás e vi o que poderia ter parado o meu coração ali mesmo: três homens passavam por entre os veículos, mas eles não pareciam tão interessados em pegar os objetivos ali presentes, apenas rolavam seus olhos por dentro dos carros e seguiam rapidamente atrás de nós. Pude notar que tentavam nos seguir sem que percebêssemos, porém, eu não sabia identificar se realmente o faziam ou se eu apenas estava ficando muito desconfiada. Mas eu decidi seguir todos os ensinamentos que meu pai havia me dado, e o mais importante deles era o de que não podíamos confiar em ninguém naquele mundo; qualquer um era suspeito e poderia nos machucar.

 

Um deles elevou a voz, chamando-nos. Eu fingi não ouvir e não soube dizer se me assustava mais o fato dele querer chegar até eu e minha irmã, ou o fato de que qualquer som mais alto poderia atrair diversos walkers para o lugar. Elena agarrava minha camisa com força e eu fazia o mesmo; qualquer coisa poderia acontecer, mas eu não podia soltá-la. Perdê-la não era uma opção porque eu não podia perder mais ninguém.

 

— Por que estão fugindo? — o mesmo rapaz aumentou seu tom e, ao fundo, as risadas ecoavam como um estrondo.

 

Nenhum deles falou novamente e eu agradeci internamente por isso. Eu e El já praticamente corríamos e eu percebia o quão cansada ela estava, mas não podíamos parar, então enlargueci os passos e a encorajei em baixo tom para que fizesse o mesmo. Foi quando eu caí e senti a dor me atingir em cheio quando meus joelhos encontraram brutalmente o chão, o que, certamente, havia danificado o tecido da calça que eu vestia.

 

— Belle? — Elena me chamou, aflita, balançando meu ombro enquanto eu permanecia no chão, tentando lidar com a dor para poder me reerguer. — Eles estão vindo, Belle!

 

Bastou que Elena exclamasse aquela frase para que eu sentisse outro toque em meu ombro, desta vez, era pesado e desconhecido. Olhei para cima e vi minha irmã sendo afastada de mim por um dos homens que nos seguiam. A torvação invadia o rosto de um dos rapazes, mas o outro tinha perversão presente nos olhos. Senti nojo ao imaginar o que eles pretendiam fazer à Elena, contudo, a sensação de impotência era o que prevalecia no meu corpo e alma: minha mobilidade estava comprometida por conta do homem que segurava meus dois braços por trás de minhas costas e eu ainda sentia a dor da queda.

 

— Tão bonitas e sozinhas… — o homem que mantinha Elena presa falou enquanto acariciava o rosto dela.

 

— Solte-a! — eu gritei, ignorando a racionalidade e esquecendo do fato de que minha voz poderia atrair algum walker.

 

— Ela é brava, então? — ele riu e os outros o acompanharam. — Tire a arma dela, Simon — ele pediu ao rapaz que me segurava, que o fez prontamente retirou minha pistola do coldre. — E agora é a hora em que nos divertimos, certo?

 

— Ela é só uma criança — eu supliquei por Elena enquanto a via derramar lágrimas silenciosas. — Ela só tem doze anos, por favor!

 

— Ah, mas é das jovenzinhas que gostamos.

 

Eu quis vomitar ao ouvi-lo afirmar tal absurdo. Não havia o que fazer, mas eu me debatia incansavelmente contra o tal Simon, que também era incansável na tarefa de me prender. O homem jogou Elena contra o capô de um dos carros ali próximos, e ela se remexia e chorava como eu nunca havia a visto chorar antes. A dor que me invadia já era muito maior do que a da queda, a minha irmãzinha estava sendo atacada e eu não podia fazer nada para ajudá-la.

 

— Por favor, por favor! — eu implorava, ralando cada vez mais a sola de meus sapatos no asfalto. — Eu faço qualquer coisa, por favor! Não a machuquem!!

 

— Ninguém disse que iríamos machucá-la — ele sorriu maliciosamente e colocou ambos os braços de El por cima de sua cabeça, segurando-os. Com a mão livre, começou a desabotoar a calça dela. — Tão madura para apenas doze aninhos…

 

— NÃO! — eu berrei e ela direcionou seu olhar a mim. Os olhos azuis tão marejados que estavam irreconhecíveis. — POR FAVOR!

 

— Não precisa chorar, o tratamento aqui é todo feito em níveis iguais — a voz doentia de Simon foi como um grito, embora fosse apenas um sussurro próximo do meu ouvido. — E logo depois é o meu amigo aqui.

 

Fechei os olhos com força quando senti minhas costas baterem contra o capô de outro carro. Eu sabia que era inútil lutar, mas num ímpeto minhas pernas atingiram o abdome do homem que tentava prender meus braços também acima da cabeça, e ele gemeu de dor, o que me fez continuar a bater na mesma região.

 

— Paul! — ele chamou o outro rapaz que apenas observava a cena.

 

— Desculpe, estava divertido de assistir — eu ouvi a risada de Paul e logo vi uma faca voar para a mão livre de Simon, que a colocou contra o meu pescoço.

 

— E agora, princesa? Vai continuar a atrapalhar a nossa brincadeirinha? — ele pressionou a lâmina com mais força.

 

— Enquanto eu for capaz. — eu o chutei novamente e ele gritou mais alto.

 

A única coisa que pude sentir foi a faca descendo do meu pescoço para meu abdome, onde Simon passou a lâmina lenta e brutalmente, fazendo-me gritar e formando um corte de tamanho médio, quando ele parou e limpou meu próprio sangue em meu rosto. Eu já não sentia mais nada e não sabia dizer se por decorrência do choque.

 

Minha visão começava a ficar turva e, de repente, o sorriso doentio sumiu dos lábios ressecados do meu agressor. Eu olhei para o lado, em direção a minha irmã, e a vi levantando-se do capô do carro ao mesmo tempo em que o homem à sua frente caía e, o outro, Paul, já não estava mais ali. Olhei para frente e Simon também estava fora do meu campo de visão; pressionei meu ferimento e levei minha mão suja de sangue até meus olhos, tentando avaliar a gravidade do corte. Eu sentia como se meu coração fosse saltar para fora do meu corpo e definitivamente a clareza de meus olhos havia ido embora. A última coisa que pude captar foi a figura preocupada de um homem que carregava, pendurada nas costas, uma crossbow.

 

Instantes depois, senti a escassez de minhas forças começar a pesar tanto até que chegasse no mais absoluto vazio e, então, minhas pálpebras desabaram e eu atingi a inconsciência. Quando acordei, desnorteada e sentindo minha cabeça prestes a explodir, não consegui me mover com plenitude. Ainda não enxergava muito bem e minha visão me entregava apenas uma mulher de cabeços ralos e olhos ternos, azuis. Suas mãos tocavam com delicadeza a minha face, que eu podia sentir ser limpo por um pano. Eu não sabia quem ela era, mas apenas sua presença já me trazia conforto.

 

— Bem-vinda de volta — a moça saudou e seus lábios finos esticaram-se em um pequeno sorriso. — Eu sou Carol.

 

— Isabelle — eu me apresentei brevemente e seu sorriso enlargueceu.

 

— Sua irmã me disse.

 

— Elena? — eu a questionei e ela assentiu. — Onde ela está?

 

— Ela está no banheiro, logo poderão se falar — Carol informou-me, o que me deixou infinitamente mais tranquila.

 

Eu tinha a visão da janela do veículo e constatei ser um trailer. Pelo tamanho e fato de estarmos no meio da estrada, não poderia ser uma casa. Fui repreendida por Carol ao tentar me mexer, já que ela havia improvisado bandagens; eu não tinha muita certeza do que eram, faixas ou curativos simples, mas estancava o sangue temporariamente, e um cinto que servia como torniquete.

 

— Nós vamos continuar procurando.

 

Uma voz grave ecoou pelo lugar. Era um tom que se faria presente mesmo que houvesse falatório constante ali, e eu me impressionei pelo poder da rouquidão da voz, assim logo dirigi meu olhar até o dono dela: o mesmo rapaz da crossbow que eu vira mais cedo e, ao seu lado, uma moça loura, de olhar melancólico e absurdamente bela.

 

— Fique de olho nela — ele pediu à Carol e ajeitou a crossbow nas costas, indo em direção a porta do veículo.

 

— Espere — murmurei e ele parou de andar, virando seu rosto. — Quem é você?


Notas Finais


Guardem esses nomes dos agressores pq eles ainda aparecerão
É isso! Espero que tenham curtido e até o próximo.


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