1. Spirit Fanfics >
  2. Civilian >
  3. A dark day. A bright night

História Civilian - A dark day. A bright night


Escrita por: xxxumaico

Notas do Autor


Eu sei que é a maior falta de vergonha na cara voltar só agora, e peço milhões de perdões, mas... voltei! hahhahaa. Não posso prometer nada, porque estudo agora em período integral, então as coisas estão difíceis, mas eu jamais pararei com Civilian!
Enfim, obrigada pela paciência e espero que gostem do capítulo <3

Capítulo 5 - A dark day. A bright night


Fanfic / Fanfiction Civilian - A dark day. A bright night

Civilian – A Dark Day. A Bright Night

Isabelle Walsh

O dia havia começado escuro, como sempre. Era como se toda a escuridão que nos perseguia desde o início do apocalipse fosse palpável, então, eu sempre me arriscava a tocá-la, quase como se fosse irresistível e, de praxe, escurecia-me cada vez mais. Dale, o homem mais simpático e gentil que eu já havia conhecido, insistira em me deixar no trailer até que eu me recuperasse, junto de Elena. Ele era muito atencioso conosco, e meu tio costumava ficar enciumado com isso, o que nos trazia certos momentos divertidos. Porém, de volta à escuridão: Sophia, a filha de Carol, ainda não havia sido encontrada. Peletier fora tão boa conosco que eu sentira como se fosse um dever auxiliar o grupo nas buscas por Sophia, mas meu corte não estava sequer perto de cicatrizar e ainda parecia um pouco infeccionado, embora os antibióticos que me deram houvessem ajudado muito.

Eu e Elena estávamos no balanço próximo do trailer e de todo o acampamento no momento em que ouvi os desesperados gritos de Andrea, anunciando que um walker adentrava a fazenda. El apertou minha mão e eu a tranquilizei, sabendo que não poderíamos fazer nada a respeito.

– É melhor nos deixar resolver isso. – meu tio apareceu atrás de Rick e ao lado de T-Dog, enquanto Andrea ameaçava atirar no zumbi.

– Shane, espere um pouco. Hershel quer lidar com os walkers. – alertou Grimes.

– Pra que, cara? Nós cuidamos disso. – rebateu Shane. Eu apenas observava o que poderia ser o início de uma discussão. – Não saia daí, Bells. – ele pediu e eu assenti, sabendo que não tinha escolha.

– Que droga! – exclamou Rick, correndo em direção ao trailer para apanhar sua colt phyton. Ele pareceu ceder e logo se apressou atrás de meu tio, T-Dog e Glenn.

Eu e Elena presenciávamos a cena mesmo após os três desaparecerem com a distância. Estava tão distraída tentando observar com mais exatidão se eles haviam conseguido derrubar o zumbi que não notei quando Andrea provocou o disparo na espingarda. A satisfação tomou conta de seu rosto por poucos segundos, até que todos escutamos os berros aflitos de Rick nos dizendo que a moça de cabelos louros havia tomado a decisão errada ao atirar. Os Greene, Lori e Carol saíram da casa, confusos e buscando explicações. Andrea e Dale corriam em direção ao local do disparo, e eu apenas acariciei os cabelos de Elena que era, possivelmente, a pessoa mais assustada por ouvir o som do tiro.

– Está tudo bem. – eu a tranquilizei. – Ela só não podia atirar por…

– Por causa do barulho. – El completou antes que eu pudesse prosseguir. – Para que não atraíssemos mais walkers. – ela disse e eu concordei, mas sempre me causava tristeza vê-la tão desesperançosa quanto nós, adultos.

Bastou alguns minutos para que eu me encontrasse sentada numa cadeira, ao lado de uma porta que me levaria para o quarto onde Daryl estava sendo examinado por Hershel. Dixon era o suposto walker atingindo por Andrea, e isso explicava os gritos de reprovação vindos de Grimes. Lori aguardava ao meu lado, assim como Elena. Daryl não havia sido a pessoa mais gentil do mundo comigo ou com minha irmã, mas ele salvara nossas vidas e, por isso, eu devia um momento de preocupação a ele.

– Ele vai ficar bem. – anunciou Rick ao abrir a porta, logo revelando que meu tio estava atrás dele.

– Odeio dizer isso, mas concordo com Hershel dessa vez. – Shane chamou a atenção do xerife.

– Antes que vocês continuem, deixem-me entrar. Preciso vê-lo. – eu revelei e me levantei com dificuldade da cadeira.

– Por quê? – perguntou Shane.

– Porque ele salvou a mim e Elena, eu devo a ele, no mínimo, uma visita num momento como este. – expliquei. Meu tio era a pessoa mais superprotetora do mundo, até mais do que meu pai.

Walsh fitou-me com seu típico olhar desconfiado, mas eu me armei com a ferramenta que sempre costumava dobrá-lo: minha face fechada, imutável diante da sua, desafiadora. Meu tio, então, suspirou pesadamente, sentindo-se derrotado ao perceber que eu jamais desistiria de meu desejo.

– Tudo bem. – ele abriu a porta novamente e me deu passagem, logo fechando-a.

Daryl ainda tinha o corpo coberto por sujeira, mas seus ferimentos pareciam ter sido cuidados e ele segurava um pano contra a parte de sua cabeça que fora atingida pelo tiro. Dixon não notara minha presença no local e, enquanto ainda estava de costas, eu sorri ternamente para Hershel, que fez o mesmo e deixou o quarto sem dizer nada. Pensei, por alguns rápidos instantes, no que dizer, mas concluí que não havia uma escolha certa ou errada de palavras para serem ditas a Daryl; ele sempre agiria da mesma forma fria.

– Oi. – eu o cumprimentei, ainda fora de seu campo de visão. – Como você está?

– Da mesma forma que você está me vendo. – ele respondeu rapidamente, sem virar seu corpo para poder me ver. – Na merda.

– Eu sinto muito pelo que aconteceu. – desconversei, ainda imóvel. – Eu vou me sentar aqui, caso não se importe. – avisei, mesmo que já estivesse me sentando na cama antes mesmo de obter sua autorização para tal ato. Mantendo uma longa distância entre nossos corpos, ele finalmente se virou para mim.

– Por que está a todo momento atrás de mim agora? – ele perguntou bruscamente.

– Não estou. – eu neguei em mesmo tom, parecendo surpreendê-lo. As pessoas não costumavam bater de frente com ele. – E pare de falar comigo desse jeito, eu só quis te agradecer por ter me salvado e continuo querendo.

– Se arrependimento matasse… – Daryl brincou sadicamente, o que me fez levantar cambaleando da cama.

– Você é um idiota. – eu fui em direção à porta. – E se arrependimento matasse, eu já estaria morta por ter sequer pensado em ser legal com você.

Saí perturbada do quarto, sem falar com meu tio ou minha irmã. Ouvi, ao fundo, vozes proferindo meu nome, porém, minha raiva subiu à níveis inimagináveis por conta daquele caipira abusado. Era frustrante admitir que ele me tirara do sério, mas era a mais plena verdade: ele estivera me tirando do sério desde a nossa primeira troca de palavras, e eu não costumava me descontrolar daquela forma. Pensando em descontar toda aquela raiva em algum lugar, dirigi-me até a cozinha e decidi ajudar minhas mais novas amigas a prepararem o jantar. Eu problematizava internamente aquele sistema machista onde as mulheres eram direcionadas até a cozinha e os homens a qualquer outra atividade que não fosse doméstica, mas decidi não criticar a divisão injusta e fazer o que, naquele momento, eu podia fazer: fatiar legumes.

Eu e Maggie nos tornamos colegas rapidamente. Nós tínhamos idades próximas, pensamentos em comum e histórias a serem compartilhadas. Eu notava, em uma visão muito clara, que ela não imaginava o que se passava no mundo, do lado de fora de sua segura fazenda, e não consegui distinguir se era algo bom ou ruim. Eu desejei, por um mínimo momento, também não ter ideia do horror que se estendia pelo lado externo da fazenda Greene.

A noite chegou rapidamente pela primeira vez em todo o tempo desde o início do apocalipse. Meus dias sempre passavam de forma lenta e dolorosa. O jantar fora todo em silêncio, com algumas falhas tentativas de se iniciar um assunto, por parte de Glenn. O grupo era separado em duas mesas, e eu, por desejo de meu tio, fiquei ao lado dele, sendo a única jovem presente no que parecia ser “a mesa dos adultos”. Rick estava sentado a minha frente, ao lado de Lori. Eu não consegui agir com discrição ao olhá-lo pois, a cada vez que o fitava, memórias da minha infância e adolescência vinham à tona, as mais doces memórias. Eu o olhava e era atingida pelas lembranças, algo já automático, então aquilo se tornou quase um vício e eu o encarei indiscretamente por toda a noite, mas ninguém pareceu notar, exceto por ele. Todos estavam presos em suas próprias bolhas para perceber algo ao redor.

Todos já haviam partido para o acampamento, mas eu fiquei para ajudar Maggie e Beth com a louça e arrumação da sala de jantar. Mancava tanto que passei a me concentrar apenas em meus pés e em não cair, então não percebi a presença de Rick ali, o que me surpreendeu imensamente. Ele me ajudou a carregar os pratos, ato que não questionei e, quando terminamos, ele tocou meu ombro e me fez parar de andar.

– Tem algo no meu rosto? – perguntou, claramente iniciando uma brincadeira. – Ou alguma sujeira no meu dente? – sorriu a fim de me mostrar seus dentes.

– Não! – eu neguei, rindo pela brincadeira. Ele também riu e logo passei a encará-lo novamente. – Desculpa por isso, mas quando te olho, é como se toda a parte boa da minha vida voltasse, assim, de repente. É a mesma coisa com Elena ou Shane, eu os encaro a cada minuto de cada dia.

– Eu sei como é. Sinto o mesmo quando olho para o Carl ou Lori. – disse o xerife, reconhecendo meu sentimento. – E agora, sinto o mesmo quando olho para você ou sua irmã.

– É louco, não? Como tudo pode mudar num piscar de olhos.

– Sim, e eu queria ser capaz de proteger sua juventude, mas tenho que lhe dizer: tudo vai continuar mudando, e muito mais rápido. – ele me alertou, provavelmente imaginando que eu ainda possuía algum resquício da menina que ele conhecera há anos.

– Meus pais estão mortos, Rick. – salientei e toquei sua mão em meu ombro. – Eu posso aguentar qualquer coisa.

– Vou demorar a me acostumar com a sua versão durona, garota. – o som de sua risada também me fez rir.

– Você vai me conhecer novamente, eu sou outra pessoa.

– Ah é? – questionou em tom de ironia.

– Sim! – eu exclamei, sorrindo.

– Então, muito prazer, Rick Grimes. – o xerife estendeu sua mão e me causou uma gargalhada.

– O prazer é meu, Rick. – eu estendi a mão de volta, selando um cumprimento. – Isabelle Walsh.

Lembramo-nos de todos os momentos possíveis durante aquela conversa, mas sabíamos a hora de nos despedirmos. Rick seria um bom amigo ali, talvez o melhor deles. A relação que eu tinha com ele talvez fosse até mais livre do que a que tinha com meu próprio tio. Eu me apoiei em seu pescoço e ele me ajudou a sair da casa, e eu não negaria a ninguém que aquela era a posição mais desconfortável do universo por conta da nossa diferença de altura, mesmo que não fosse gigantesca. Grimes talvez notara meu desconforto e tirou-me do chão assim que desci o último degrau e alcancei a grama da fazenda.

– Você nem deveria andar. – advertiu enquanto eu agarrava seu ombro para que não caísse.

– Eu não sou uma inválida.

– Deveria ser, ou esse corte nunca irá sarar.

– Rick, por favor… – eu pedi, mas ele me interrompeu.

– Não pode me impedir de cuidar de você, Bells. – ele disse, adquirindo um tom mais sério. – Eu e seu tio estamos aqui para isso.

Nós percorremos o curto caminho da casa até o acampamento ao som da voz do xerife me dando uma aula sobre cicatrização, sem qualquer embasamento científico, apenas milhões de justificativas para me prender à cama. Ninguém do grupo estava fora de suas barracas, o que me fez notar que já era realmente tarde. Então, despedi-me definitivamente de Rick e, em questão de segundos, adormeci embrulhada nas lembranças que ele me trazia.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...