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História Civilian - Sparkles


Escrita por: xxxumaico

Notas do Autor


Gente, esse capítulo é muito importante!

Ele é narrado pelo Daryl, e eu nunca fiz isso, então me perdoem se não tiver ficado extraordinário, eu prometo melhorar com o tempo. Tentei deixar informal e retratar a personalidade dele lá pelo início da segunda temporada mesmo, mas é claro que o Dixon é um personagem em constante mutação, né? Nessa época, ele estava começando a criar laços com o grupo, e tento fazer isso aqui também através da Isabelle.
Eventualmente, o Rick tb irá narrar, mas estou me preparado mais pra isso pq o acho ainda mais complexo do q o Daryl.

Eu espero que vocês gostem, mas tenho sentido falta de opiniões. Apareçam, fantasmas <3 eu sou legal, juro! Agradeço por vocês acompanharem, de qualquer maneira.

Capítulo 9 - Sparkles


Fanfic / Fanfiction Civilian - Sparkles

Civilian — Sparkles

Daryl Dixon

Meu plano era apenas um desde que aquela garota desbocada tinha chegado no acampamento: ficar longe dela. Eu sabia que ela iria se aproximar para os eventuais agradecimentos irritantes, mas eu já tinha feito a minha parte, salvei a vida dela e da pirralha, nada mais precisava ser cerimonializado. O problema é que Isabelle era diferente, ela era como Carol; desesperada para ter atenção. Eu sabia que as duas se sentiam sozinhas, mas, porra, não seria em mim que encontrariam o super-herói.

Eu não sabia o porquê de, nem num maldito apocalipse, eu não podia ser deixado em paz. Como se já não me bastasse a maldição de um pai bêbado pra me desgraçar a vida e um irmão drogado, mesmo após o fim do mundo, eu tinha a obrigação de aguentar os outros. Eu não queria ter que suportar Carol ou Isabelle, não queria que elas se apoiassem em mim para salvá-las. Eu ia muito bem cuidado de mim mesmo e obrigado. Assim que decidi procurar pela garotinha, ela morreu. Nada dá certo com o meu dedo no meio.

Só que Isabelle era bem diferente de Carol, eu vi logo que ela era pavio curto, como eu. Talvez não como eu, já que ela foi capaz de me aguentar por algum tempo, mas, certamente, ela tinha algo parecido comigo; ela não se conformava. Era o sangue acima de tudo, eu via como ela protegia a irmãzinha a qualquer custo, seria até estuprada pelos filhos da puta que eu flechei na estrada. E exatamente por ser assim é que Isabelle Walsh me irritava: ela não desistiu de mim, mesmo depois de só termos transado.

Geralmente, era só aquilo mesmo entre mim e as mulheres, uma boa foda e tchau – nem sempre boa. Mas para aquela esnobe não, ela talvez tenha sentido que tinha o dever de me curar ou coisa assim, transformar-me numa pessoa melhor. Não! Meu único interesse nela já havia ido embora e eu não queria que voltasse. Não queria desejá-la de novo. E eu não a desejava, com certeza não, mas o que uma garrafa de whiskey não faz? Ela estava lá, eu estava lá também, unimos interesses. Sexo é a única coisa compartilhada que se deveria fazer num apocalipse. Eu só senti falta de uma mulher, não queria papinho depois.

Como eu imaginava, “sem papinho” para a Walsh versão feminina não bastava. Ela com certeza devia ter contado sobre o que aconteceu para a sua nova melhor amiga, Lori, e a Olívia Palito achou que eu tinha amolecido diante dos olhinhos brilhantes de Isabelle. A cara de pau das duas de me pedirem para ir atrás do velho, do chinês e do mandachuva? Foi algo que me explodiu. Por que todos me responsabilizavam? O líder ali era Rick, pelo que todos sabiam. Mas eu servia pra fazer o trabalho sujo, certo? Conveniente. E mesmo depois de passar dias procurando por Sophia, eu ainda saía como o ingrato. Eu ainda estava bravo por ela ter morrido.

E, mesmo não querendo ligar para os problemas com a patricinha, eu admiti que havia sido grosseiro com ela. Eu não sei, era assim que eu reagia em qualquer momento que alguém tentava se aproximar, naquela época. Ninguém nunca se aproximou, ninguém nunca se importou, por que aconteceria justo ali? Vi que tudo que eu mais queria havia acontecido: Isabelle tinha parado de me seguir com a desculpa de sempre querer agradecer. E ao mesmo tempo vi que eu me sentia culpado por ter sido um idiota com ela, pedir desculpas não adiantava – com Carol adiantou.

Depois de levar um belo de um coice daquela garota dos olhinhos brilhantes, eu percebi que com ela não seria fácil. Na verdade, eu nem sabia o porquê de passar tanto tempo pensando nela ou no que tinha acontecido; era só esquecer dos fatos e tudo ficaria bem, certo? Errado. A arrogante só conseguia me deixar ainda mais culpado a cada vez em que eu a olhava e ela estava com aquela cara emburrada de princesinha mimada. Só podia ser sobrinha do Shane mesmo, o cara surtou quando perdeu a liderança do grupo para Rick; e nada mais justo depois dele ter traçado a mulher do cara.

– Ei, cara. – falando no diabo… Shane apareceu como mágica próximo de onde eu assava um esquilo no nosso antigo acampamento. Digo “antigo” porque, de repente, todos estavam naquele vai e vem para a casa dos fazendeiros, foi só aquele maluco do Randall aparecer e, claro, o trabalho sujo sobraria para mim de novo, eu já estava prevendo. – Pode olhar ela um minuto? Nós não estamos achando a Isabelle.

Percebi que, de trás do maromba, saiu a pequena Elena, irmã de Isabelle. Ela nunca tinha trocado uma palavra comigo, acho que por falta de coragem, já que a foto caída no quarto da casa da fazenda deveria ter sido mesmo derrubada por ela. Mais uma garotinha para eu olhar? E se aquela menina sumisse também? Por que, dentre todas as pessoas do acampamento, eu é quem tinha que olhar o projeto de Isabelle? E aquela doida tinha sumido de novo, ótimo! Ela só dava uma de donzela em perigo mesmo desde que tinha chegado.

– Eu dando uma de babá? Não, obrigado. – eu voltei minha atenção para o esquilo. – Vá arranjar outra pessoa.

– Você viu Isabelle? Nós estamos procurando por ela. – ele perguntou, ignorando a minha resposta para sua questão anterior. Eu meneei a cabeça em um “não”. – Eu estarei de volta já com a sua irmã, tudo bem?

A criança assentiu enquanto observava Shane sair correndo pela fazenda. Caralho, aquele cara era mesmo muito neurótico! Isabelle não podia andar sozinha por aí ou então ela já estava automaticamente morta; a menina estava com um cortezinho de nada, não inválida. Eu é que não quereria um tio doido daqueles, um pai maluco já era o suficiente. De qualquer forma, Walsh ignorou totalmente o meu “não” em alto e bom som, me deixando sozinho com a menina. Ela não era nada parecida com a Isabelle, na verdade.

– Minha irmã diz que você é legal. – a garota disse, bem baixo, após alguns minutos de silêncio. Pra que quebrar o tão delicioso silêncio? – Mas bem chato às vezes.

– É? – resmunguei desinteressado. Não queria destratá-la, mas não sabia muito bem o que dizer, ainda mais quando ela tagarelava sobre a irmã.

– Eu acho que ela está certa. – ela falou, metida como a irmã, e eu entendi ali no que eram parecidas. Respire, Daryl, é só uma criança. – Mas você salvou a gente dos caras ruins, isso foi legal. – Elena sorriu e eu reprimi o meu sorriso, mas fora quase impossível.

– É isso que as pessoas devem fazer. – eu a respondi da forma mais simpática possível e percebi que ela encarava a carne ainda em processo de cozimento. – Você quer?

– Não. – Elena negou prontamente, talvez estranhando o formato do bicho. Não consegui evitar uma risada baixa.

– Elena!!

Eu ouvi uma voz familiar, de longe, gritar pela menina. Olhei para o lado e dei de cara com Isabelle correndo desajeitadamente pela grama para chegar até nós dois. Aquela garota não tomava jeito mesmo, não é? Só ouvia todos buzinando no ouvido dela o dia todo sobre como ela não deveria correr ou se esforçar e a maluca fazia o quê? Corria. E por nada. A irmã dela estava sã e salva. Eu realmente nunca a entenderia, mas seria outra chance para eu tentar fazer com que ela me perdoasse, e… droga! Eu queria mesmo que ela me desculpasse, talvez tivesse se tornado uma questão de honra.

– O que você está fazendo aqui? – Walsh afastou sua irmã de mim como se eu tivesse alguma doença ou como se minha grosseria fosse contagiosa. – Cadê o Shane?

– Nós estávamos procurando por você, o tio Shane disse que ia procurar mais e me deixou com o Daryl.

– Eu estava na casa! – Isabelle exclamou, indignada. Sua expressão, de repente, se suavizou e ela soltou o que me fez entender tudo. – Ah… – aquele resmungo soou como se ela estivesse se dando conta de algo óbvio, e realmente estava: Shane não tinha ido a procurar, e sim procurar a esposa do xerife. Eles estavam em um lenga-lenga há séculos. – Eu vou matá-lo. – ela pensou alto, olhando para um ponto fixo aleatório.

– Por que?

– Por nada, bebê, por nada. – acalmou a garota, mesmo que ela própria ainda estivesse ofegante.

– Daryl foi legal. – disse Elena. Eu quis soltar um sorriso vitorioso na cara de Isabelle, mas não pude. – Por que você não fala mais com ele?

– Eu falo com ele, meu amor, eu falo… – Isabelle passou suas mãos pelo rosto da menina e fugiu do assunto. – Agora, por que não vai fazer as suas tarefas com Carl? Ele está esperando por você lá dentro! Está atrasada.

– Você lê pra mim depois?

– Sim, é claro.

Como se aquele fosse o biscoito de recompensa do cachorro, Elena saiu correndo em direção à casa. Isabelle suspirou, aliviada, e se levantou. Ela ignorou minha existência, literalmente, e partiu para sua barraca. Cada vez mais aquilo me irritava, era uma questão de orgulho que Isabelle Walsh finalmente me desculpasse; e cada vez eu me odiava mais por me importar tanto com aquilo. Só uma foda, Daryl! Só uma foda.

Isabelle saiu da barraca instantes depois com alguns papéis nas mãos. Ela andava lentamente, observando cada um deles, mas um em específico a fez parar de andar. A princesinha sorriu abertamente com o que lia no papel amassado e, porra, os olhinhos brilhantes novamente! Eu não sei o que acontecia com aqueles olhos grandes de cachorro, mas eles brilhavam, foi aquilo que me fez beijá-la; caindo de bêbado, mas eu me lembrava do brilho. Que droga, eu estava parecendo um principezinho encantado mesmo! Reparando em olhos de mulher.

– Diga-me, Daryl. – ela me chamou sem tirar os olhos do papel. Àquela altura do campeonato, meu esquilo já estava criando mofo. – Você já se apaixonou?

– Que tipo de pergunta é essa, Barbie? – eu apaguei o fogo e fiz de tudo para não olhá-la.

– Uma pergunta, ué. – junto do tom debochado, ouvi seus pés fazerem barulho sobre a grama, o que indicava que ela se aproximava. – E as pessoas respondem uma pergunta quando ela é feita.

– Eu não vou responder uma idiotice dessa. – reparei que ela se sentava ao meu lado no tronco. Ótimo, bastou que eu fosse legal com a irmãzinha que Isabelle passou a atacar de novo. Eu não queria que ela me enchesse o saco, apenas que dissesse que tinha me desculpado e pronto. – Quem é você? Minha psicóloga?

– Então eu te afetei com a pergunta? – Isabelle sorriu vitoriosa.

– Você não me afeta, Sparkles. – eu percebi que tinha soltado involuntariamente um novo apelido para a garota e, merda, eu não deveria.

– O quê? – ela riu dentre um suspiro. – Por que “Sparkles”? É um nome de cachorro.

– Bom, você mesma já se respondeu! – eu rezinguei, achando ali a minha saída. Eu não diria nem sob tortura que achava os olhos dela brilhantes.

– Eu vou levar como um elogio. – nada afetada, ela se orgulhou do apelido. – Você não vai responder a minha pergunta?

– Eu já disse que não.

– Ok. – Isabelle pareceu convencida e se levantou rapidamente.

– Não, eu nunca me apaixonei! – eu queria saber o porquê daquela pergunta estúpida e fiquei curioso com o conteúdo do papel que a fez me perguntar aquilo, então cedi num tom mal-humorado e ela logo se sentou de novo. Merda, eu não conseguia mais ignorar Isabelle como havia feito durante tantos dias.

– E o que você faria se isso acontecesse?

– Nada, porque nunca aconteceria.

– E se alguém gostasse de você? – Sparkles apoiou os cotovelos nas pernas e o rosto nas mãos, interessada pelas respostas.

– Nunca aconteceria também! O que é isso, garota? – senti que minha paciência estava indo pelos ares quando percebi que a conversa não tinha um objetivo claro. – Um quiz?

– Mas e se acontecesse? – ela insistiu e eu bufei.

– Não aconteceria! – reforcei em um tom muito mais alto.

– Tudo bem, mas eu estou perguntando… – Isabelle disse calmamente, como se tentasse me tranquilizar, e me olhou… diabos, aqueles olhos novamente. Grandes e brilhosos, eu passei alguns instantes os encarando fixamente. – E se acontecesse? – ela repetiu as palavras pausadamente e eu percebi que não desistiria de obter uma resposta.

Eu sempre achei que Merle Dixon seria a única pessoa a se importar comigo. E, diabos, eu não ligava; vivi à sombra de Merle por anos. Sempre. Ele era meu modelo, eu fui criado para ser um mini-Merle, nada melhor como um irmão mais velho que servisse de exemplo, não é? Mas ele não foi o irmão mais velho que compra sorvete e te busca na escola, não… crescer com o Merle era como nunca crescer e ele sempre saía fora, o maldito sempre saía fora e eu era quem fazia malabarismo para segurar os problemas em casa. O ponto é que nunca tive outra relação a não ser aquela, ninguém nunca tinha me perguntado coisas como as que Isabelle perguntava, nem mesmo Merle. O que eu deveria fazer com aquelas perguntas? Só respondê-las?

– Eu faria a pessoa se arrepender de já ter pensado gostar de mim. – declarei, fazendo-a fechar seus lábios semiabertos e ajeitar a postura, parecia ter medo. – Satisfeita?

– Muito. – respondeu, convencida.

– Agora já pode vazar, Sparkles.



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